Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/09/2018 (Nº 38) Educação Ambiental baseada em eixos temáticos, na escola Municipal Santa Catarina, Porto Limão Cáceres, MT
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Revista Educação Ambiental em Ação 38

Educação Ambiental baseada em eixos temáticos, na escola Municipal Santa Catarina, Porto Limão Cáceres, MT

 

 

Autores
Lilian Machado Marques; (MS. em Ciências Ambientais e profª. da UNEMAT)
liliambio@terra.com.br

Maria Antonia Carniello (Drª. em Etnobotânica e profª. da UNEMAT)
carnielo@terra.com.br
Germano Guarim Neto (Dr. em Ciências Biológicas (Botânica)e prof. da UFMT)
guarim@cpd.ufmt.br

 

RESUMO: A escola é o espaço ideal para a realização da Educação Ambiental, é onde o aluno estrutura ainda mais seu processo de socialização e adaptação. Porém muitas ainda são as dificuldades para a realização dela na escola, pensando desta forma é que surge novas metodologias para o desenvolvimento e efetivação do trabalho em Educação Ambiental na escola. Este trabalho teve como objetivo desenvolver a Educação Ambiental por meio de eixos temáticos, observou-se que esta é uma forma assertiva para o desenvolvimento deste trabalho, principalmente quanto estes eixos partem das necessidades dos próprios alunos. Foram desenvolvidas no decorrer do ano letivo atividades cujos eixos temáticos foram sugeridos pelos alunos por intermédio de uma entrevista. As atividades realizadas para o desenvolvimento dos temas sugeridos foram elaboradas contemplando o currículo escolar e extra-escolar, segundo a perspectiva dos alunos.

Palavras Chaves: Ambiente, percepção, alunos, escola, comunidade

ABSTRACT: The school is the ideal place to carry out the Environmental Education, is where the student   develop and establishes substantial process of socialization and adaptation. But many difficulties still remaining in achieving it in school, As a result of this challenging issue new methodologies have been suggested for the development and execution of the work in Environmental Education at school. This study aimed to develop environmental education through lines themes, it was observed that this method was positive for improve and develop this type of work, mainly when these lines come from the needs of the students. During the school year were developed activities whose main themes were suggested by the students through interviews. Activities undertaken for the development of the topic suggested were prepared contemplating the school curriculum and extra-school, according to students perspective.

Keywords: environment, perception, students, school, community

 

Introdução:

Agir em prol do meio ambiente exige que cada indivíduo saiba o porque da importância de suas ações, desta forma este indivíduo agirá com consciência de que faz não para o meio, e sim para o conjunto constitutivo do meio, sendo ele parte deste conjunto, Reigota (1994, p. 21) define meio ambiente como “[...] um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relações dinâmicas e em constante interação entre os aspectos naturais e sociais [...]”.

Para a consolidação de atitudes e ações positivas em relação ao ambiente é cada vez mais importante que se compreenda como, quando e porque o problema ambiental está acontecendo e qual é o papel de cada um para revertermos este quadro.

A Educação Ambiental, busca não só a conservação dos meios naturais, mas a valorização dos seres que neste meio vivem, desde valorizar sua importância social a respeitar sua cultura, porém muitas vezes a Educação Ambiental é trabalhada visando apenas à conservação dos recursos naturais, e é esquecida a interação Ser Humano/natureza/sociedade.

Costumeiramente, os trabalhos educacionais, visando a conservação, tratam do ser humano como um manipulador e destruidor do meio natural, sem levar em consideração sua importância para a reversão no quadro de agressão que se encontra o mundo atual.

Trabalhar a Educação Ambiental na escola requer atenção a estes fatos, e deve principalmente, ter o objetivo de proporcionar o conhecimento sobre as questões ambientais em sua totalidade, enfocando também a importância do homem como ser vivo habitante do planeta e parte do fluxo de energia que o mantêm, e trabalhar esta importância buscando fazer o homem sentir-se como parte deste fluxo.

Desta maneira a escola tem papel fundamental no desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental, pois ela tem o dever de veicular informações e propostas que tornem os cidadãos mais conscientes de suas atitudes perante as questões ambientais, voltado a se enxergar como parte integrante e sendo assim respeitar sua casa.

Pensando assim, a Educação Ambiental não está presente como uma forma de impor atitudes, mas como forma de buscar maneiras de trabalhar e educar o cidadão para o ambiente.

A Educação Ambiental tem um papel fundamental na comunidade escolar, ela está inserida em todas as disciplinas cada qual com suas atribuições, devendo ser trabalhada visando à conservação e a valorização da vida.

Concordando com exposto acima, Trivelato (2001, p. 57) afirma que “da década de 70, até a atual, a Educação Ambiental vem se consolidando: ganhou destaque na mídia, conquistou o status de tema transversal do currículo nacional, marca presença na Constituição Federal”. 

Na escola o aluno está apto a adquirir conhecimentos nas mais diversas áreas e como afirma Marques (2002, p. 128), “A participação de alunos na prática da Educação Ambiental nas escolas é de suma importância para a efetivação de atitudes de conservação ambiental”. Os currículos visam como meta à formação de indivíduos conscientes da própria responsabilidade na conservação do meio ambiente. Trabalhar a Educação Ambiental não é papel de uma disciplina voltada para ela e sim ela deve permear todas as disciplinas do currículo escolar.

Mas, por outro lado, a integração curricular poderá funcionar no sentido de tornar mais dócil e receptivo as novas configurações espaciais que o neoliberalismo e a globalização estão engendrando no mundo contemporâneo. Isso não deve, absolutamente, ser entendido como um argumento contra a integração curricular, como uma posição a favor da disciplinaridade nos currículos, (VEIGA-NETO, 2002 apud MARQUES; CARNIELLO, 2003, p. 04), é através dele que se busca atuar no estudo do Ambiente na escola levando proposta para uma conservação que visa a interdisciplinaridade nas áreas de atuação da escola.

Para o Ministério do Meio Ambiente: “Educação Ambiental é um processo permanente, no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas ambientais presentes e futuros” (MMA, 2003, s.n.p).

Regulado pelo art.1º da Lei Federal nº 9.795, de 27/4/99: “Educação Ambiental é o processo por meio dos quais o indivíduo em coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”(CARDOSO,1999, s.n.p)

Na legislação a educação ambiental é vista como essencial e devendo estar permanente inserida no cotidiano das disciplinas escolares.

A escola Municipal Santa Catarina é um espaço ideal para a realização de trabalhos de Educação Ambiental assim como todas as escolas.

A escola acima citada foi criada pelo decreto nº 013 de 18/02/88; autorizada pela Resolução nº 119/91, reconhecida pela Portaria 3277/92, para as séries iniciais. Desde 1997 atende de 5ª a 8ª séries autorizadas pela Resolução nº 026/97, passando a atender a Educação Infantil a partir de 2003.

No período vespertino e noturno o prédio da escola é cedido para o estado, onde funciona a o Ensino Médio, sendo este uma extensão da escola Demétrio Costa Pereira localizada no Perímetro Urbano da Cidade de Cáceres MT.

O terreno onde foi construído o prédio da mesma foi doado à prefeitura pelo morador da comunidade José de Larvas em 18 de fevereiro de 1988.

A Escola Municipal Santa Catarina apresenta-se com boa qualidade física, onde os alunos encontram um espaço com qualidade para realizarem seus estudos e garantirem um bom rendimento escolar.

A comunidade de Porto Limão localiza-se na região limítrofe Brasil/Bolívia, a margem direita do rio Jauru e a BR 070, pertencendo à Bacia do Alto Paraguai, no Pantanal Mato-grossense (ALCÂNTARA, 2001)

Segundo Cabral (2003, p. 04) “A comunidade de Porto Limão em sua maioria concentra-se à margens direita do Rio Jauru e a rodovia BR 070, outra parcela dessa população concentra-se no outro lado da rodovia, formando assim uma vila” A maioria dos moradores dessa comunidade é descendente de Chiquitanos e a autora acima mencionada afirma que “o grupo de Chiquitanos, em termos de população, forma o maior número de pessoas que ocupa a fronteira. Estas famílias são formadas por remanescentes dos indígenas do Oriente Boliviano que vive na fronteira há décadas.”.

O Decreto nº 6.040, de 07 de fevereiro de 2007, que traz no seu artigo 3, a definição de povos e comunidades tradicionais como sendo “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas geradas e transmitidas pela tradição”.

Anexo 1 artigo 1 “As ações e atividades voltadas para o alcance dos objetivos da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais deverão ocorrer de forma intersetorial, integrada, coordenada, sistemática e observar os seguintes princípios”:

I - o reconhecimento, a valorização e o respeito à diversidade socioambiental e cultural dos povos e comunidades tradicionais, levando-se em conta, dentre outros aspectos, os recortes etnia, raça, gênero, idade, religiosidade, ancestralidade, orientação sexual e atividades laborais, entre outros, bem como a relação desses em cada comunidade ou povo, de modo a não desrespeitar, subsumir ou negligenciar as diferenças dos mesmos grupos, comunidades ou povos ou, ainda, instaurar ou reforçar qualquer relação de desigualdade;

A comunidade Porto Limão é circundada por fazendas cujas atividades ali exercidas causam mormente impactos ambientais, ocasionando danos diversos, muitos deles irreparáveis à região, que apresenta uma rica fauna e flora.

Com a instalação da Usina Hidroelétrica do rio Jauru, que embora tenha gerado emprego na região circunvizinha, não obstante, houve danos desastrosos no ambiente.

O Clima desta região e tipicamente o da Região Centro - Oeste, quente e úmido; o período mais quente é o trimestre que vai de dezembro a fevereiro , com temperaturas média de 26° C; e o mais frio, de junho a agosto, com 20° C. AS Estação chuvosa vai de outubro à abril; a estação seca esta restrita ao intervalo entre os meses de maio e setembro.(ALCANTARA, 2001, p. 18)

O Cerrado é, em termos de dimensão, o segundo maior bioma brasileiro ocupando 24,25% de território nacional. Neste bioma ocorre um complexo de tipos de vegetação, compondo uma variedade de paisagens e tipos fitofisionômicos que são elementos determinantes da riqueza ambiental local. Pereira et al. (1997) apud Pereira (2002, p. 43).

O Pantanal é uma extensa planície periodicamente inundável, esse fenômeno é regulado pelas cheias e vazantes, secas e enchentes do rio Paraguai, com altitude média de 120m acima do mar. Os principais tributários do rio Paraguai são: Jauru, Cabaçal e Seputuba pela margem direita e Cuiabá, Taquari, Miranda e Apá à esquerda (FERREIRA, 1997, 26).

Nesta Perspectiva o presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma proposta pedagógica em Educação Ambiental orientada por Eixos Temáticos que visem as necessidades da região onde a escola Municipal Santa Catarina esta inserida, na comunidade de Porto Limão em Cáceres, MT.

 

Metodologia

O trabalho de Educação Ambiental na escola, buscou desenvolver a  pesquisa de forma qualitativa conforme Ludke e André (1986, p.13-15). Este trabalho teve uma abordagem da observação participante de Bernard (1988, 148-179) na qual ele afirma que este tipo de observação envolve e estabelece harmonia com a nova comunidade, onde a escola municipal “Santa Catarina” foi o ambiente da pesquisa.

Deu-se início à execução do projeto de pesquisa de caráter extra-curricular, no período de setembro de 2003 estendendo até maio 2004. Envolvendo 26 alunos, desde a Educação Fundamental ao Ensino Médio, que inicialmente foram indicados pelos seus professores, tornando-se voluntários a partir do conhecimento do objeto de pesquisa.

 

Localização da área de estudo.

A Escola Municipal Santa Catarina, localizada na Comunidade de Porto Limão, situada no município de Cáceres – MT, Km 45, BR 070 que liga Cáceres/Brasil à San Matias/Bolívia, entre as coordenadas 16°06’39’’ S e 58° 00’ 08’’ W. (Figura 1)

 

Procedimentos metodológicos

Os dados obtidos em uma entrevista com os alunos no decorrer do trabalho foram indispensáveis e fundamentais para a elaboração dos eixos temáticos trabalhados em oficinas temáticas com os alunos, durante o desenvolver das atividades de educação ambiental.

As palestras ministradas no desenvolvimento do trabalho tiveram como palestrante a própria responsável pelo projeto e os alunos envolvidos.

Em alguns momentos do trabalho os alunos se separam em grupos que foram divididos por meio de sorteio.

As atividades desenvolvidas e suas respectivas produções artísticas, para serem utilizadas no corpo desse trabalho foram escolhidas aleatoriamente.

Foram desenvolvidas as seguintes atividades, aulas campo as margens do rio Jauru, dinâmicas, produções artísticas, produções escritas baseadas em leituras como Kucera; Kucera; Küster, (2001). Participação com um cartaz da “Conferencia do Meio Ambiente na Escola” realizada pelo Ministério do Meio Ambiente.

 

Resultados e Discussões

 

Para a realização de trabalhos na área ambiental, é necessário que os envolvidos se interessem e atuem perante estas questões. Partindo desse princípio, os alunos envolvidos foram consultados, para diagnosticar se estavam interessados em participar das atividades propostas e sua relação com as questões ambientais. 100% dos alunos disseram que sim que gostariam de participar e que estavam preparados para atuar em prol da conservação ambiental local. Uma das alunas entrevistada ressaltou “Sim, porque tanto no presente como no futuro, se nós não cuidarmos agora quais serão as conseqüências que isto trará para nós” (15, S. G. S., Porto Limão-MT).

Como afirma Marques; Carniello (2003, p. 11): “o homem é o responsável pela degradação ambiental, porém pode vir dele mesmo proposta para a conservação”. Pensando desta maneira, o trabalho realizado na escola teve como enfoque os temas mencionados na entrevista, e assim os envolvidos se mostraram mas interessados e dispostos na realização do mesmo.

Segundo Tuan (1980, p. 06) “[...] por mais diversas que sejam as nossas percepções do meio ambiente, como membros da mesma espécie, estamos limitados a ver as coisas de uma certa maneira”. Cada indivíduo percebe o ambiente a sua maneira, e esta percepção é de grande relevância para a conservação ambiental, pois é a partir dela que surgem as propostas para a realização de trabalhos desta natureza.

Os seguintes eixos temáticos foram sugeridos e trabalhados na escola com os alunos: homem como parte do meio, água, mata ciliar, diferenças especiais, pantanal, cadeia alimentar, reciclagem e percepção em relação ao meio percebido e o vislumbrado

Foram realizadas muitas atividades entre elas palestras, construção de objetos com material reutilizados, feiras, aulas teóricas em conjunto com as disciplinas escolares, aulas campos, ilustrações, colagem, pinturas, feira de poemas, dinâmicas, palestras entre outras atividades, todas em conjunto com as disciplinas escolares.

Com a realização desta pesquisa foi possível compreender que a temática ambiental deve ser trabalhada com os cidadãos, para que todos passem a perceber sua importância tanto na relação com o ambiente como também nas responsabilidades para a conservação deste. Foi evidenciado no decorrer da pesquisa que os estudantes apresentaram grande interesse pelos temas ambientais e uma percepção clara, dos problemas que os cercam. Além disto, demonstraram disposição para participar dos trabalhos e das ações que visem a conservação ambiental.

As questões trabalhadas nos eixos temáticos contribuíram para o intercâmbio de conhecimentos referentes ao meio ambiente. No decorrer do desenvolvimento das atividades baseadas nos eixos temáticos foi possível perceber que os alunos se envolveram em todos porém, o tema que mais chamou a atenção deles foi “AGUA” tendo em vista que a comunidade esta localizada as margens do rio Jauru, que muitos deles sobrevivem deste rio. Estes deram sugestões para a conservação do patrimônio natural de grande importância para a comunidade local.

Constatou-se que o rio é um grande patrimônio da comunidade e que na escola, constantemente, ele é citado em sala de aula para a exemplificação de diversos temas, assim os alunos o têm como um bem precioso que deve ser conservado

Em conformidade com Tuan (1983, p. 10) “experienciar é aprender; significa atuar sobre o dado e criar a partir dele”. Daí a sensibilidade deles quanto à importância dos cuidados com o lixo e com o rio. “Somente depois que as pessoas conhecem o problema e o interiorizam, passam a percebê-lo como passível de soluções práticas” (OLIVEIRA, 1983, p. 49). As afirmações dos alunos demonstram que trabalhos anteriores os sensibilizaram quanto à questão do lixo, e foi reafirmado com o trabalho atual.

A interdisciplinaridade esteve presente a todo momento no desenvolvimento do trabalho, pois os alunos utilizaram-se de todos os seus conhecimentos formal e informal das diversas áreas do conhecimento para a realização das atividades do projeto, demonstrando que um trabalho de Educação Ambiental quando realizado na comunidade escolar, trazem resultados, pois os alunos se envolvem de maneira intensa e trabalham em prol da aquisição de conhecimentos para conservar seu local.

No séc XXI, o homem está vivenciando a necessidade de rever os conceitos, transpor barreiras e evoluir holisticamente. A prática interdisciplinar implica em viabilizar subsídios para que essa transformação ocorra, pois a partir do momento que o “eu” integra o “coletivo”, juntos poderão vivenciar uma educação mais produtiva.

Os projetos educacionais buscam o envolvimento das diversas áreas do conhecimento. Nesse sentido a interdisciplinaridade, envolve este contexto e contribui com a formação de cidadãos aptos a atuarem perante as questões ambientais.

Segundo Trivelato (2001, p.58), “Nossa Responsabilidade com as gerações atuais e futuras é enorme, por isso são sempre bem-vindas propostas pedagógicas que considerem a complexidade das problemáticas e trabalhem em conjuntos para suas possíveis resolução”.

O trabalho interdisciplinar, quando desenvolvido na escola, possibilita ao aluno perceber as relações entre as disciplinas e, então, a enxergar o mundo à sua volta com outros olhos e contribui para que o professor trabalhe de maneira a buscar novas metodologias e transformar a educação atual. A educação não se dá apenas na escola, mas no convívio entre: alunos, professor, escola e comunidade.

Junto a essa sociedade globalizada onde tudo está relacionado, conectado é impossível que a escola, ainda apresente um modelo curricular, fragmentado, para a sociedade atual. Como nos mostra Moreira (1999, s.n.p)

Concebido igualmente de forma crítica, tal instrumento poderá apoiar a reflexão coletiva de professores e demais profissionais da educação, reunidos em processos de formação permanente, em serviço, aperfeiçoamento e extensão, desde que tais estratégias formadoras não se limitem a pensar a escola dentro dela mesma, nem reduzam a educação a sua dimensão instrucional.

Cada cidadão tem a sua maneira de pensar e agir, e cada um percebe os problemas à sua volta de diferentes maneiras, segundo a sua história de vida, sua cultura. Consubstanciada a esta idéia a percepção ambiental busca compreender como o indivíduo percebe o ambiente à sua volta, e como este acredita que pode resolver os problemas que afetam este ambiente. Pensando assim, as propostas de Educação Ambiental trabalhadas nas escolas que envolvem e oportunizam o indivíduo a perceber e agir perante os problemas ambientais, lhe possibilitam contribuir para uma perspectiva dessa conservação em nível global.

 

 

6. Considerações Finais

 

Foram realizadas atividades que aguçaram no aluno o interesse pelas questões ambientais, para cada eixo temático, foram desenvolvidas atividades, leituras que contemplaram o currículo escolar e extra escolar.

Pode-se perceber no desenvolvimento deste trabalho que a Educação ambiental quando trabalhada de forma que envolva as questões locais, das necessidades locais e principalmente quando o aluno se vê naquela realidade, ela se torna mais concreta, mais funcional e principalmente mais crítica.

A condução do trabalho de Educação Ambiental para a comunidade escolar Santa Catarina valorizou os aspectos locais da cultura e do ambiente, com produção de materiais e atividades apropriadas para o enfrentamento dos problemas locais. Atividades práticas, visitas, excursões, os alunos foram incentivados e apoiados para realizar estas atividades, como forma de envolvimento criativo e consciente dos jovens na preocupação pela resolução dos problemas ambientais.

É preciso urgentemente repensar um modo educacional, implantando-se um currículo interdisciplinar, em que haja uma maior interação das disciplinas e construído com base no conhecimento integrado, objetivando a formação de sujeitos auto-suficientes, seguros e capazes de atuar diante da sociedade.

 

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Ilustrações: Silvana Santos