Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Arte e Ambiente
11/03/2017 (Nº 59) CARTO/FOTO/GRAPHANDO DUNDEE: NA TRILHA DAS ESCRITAS URBANAS
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CARTO/FOTO/GRAPHANDO DUNDEE: NA TRILHA DAS ESCRITAS URBANAS

 

Cláudia Mariza Mattos Brandão[i]

 

 

 

RESUMO: Neste ensaio visual trago registros da vida comunitária pulsante na cidade de Dundee (Escócia) na forma de suas escritas urbanas. As imagens resultam de práticas da carto/foto/graphia, uma metodologia de pesquisa que envolve o andar e o fotografar como principais procedimentos.

 

 

 

Caminhamos para nos reinventar, para nos dar outras identidades, outras possibilidades. Acima de tudo, ao nosso papel social. Na vida diária tudo está associado a função, uma profissão, um discurso, uma postura. Andar a pé é se livrar disso tudo. No final, a caminhada é não mais do que uma relação entre um corpo, uma paisagem e uma trilha (GROS, 2016, s/n)[ii].

 

 

Concordo plenamente com as ideias do filósofo francês contemporâneo (e grande caminhador) Frederic Gros.

Assim como ele, também entendo que “andar nos obriga a ter uma distância, que é também uma distância crítica” (GROS, 2016, s/n). Ao longo dos anos venho cada vez mais associando caminhadas e registros fotográficos à metodologia de pesquisa empregada no grupo que lidero, o PhotoGraphein – Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação (UFPel/CNPq).

E assim nós vamos carto/foto/graphando o mundo ao redor, na busca de sinais da presença humana que nos falem sobre as relações comunitárias com o entorno. Dessas práticas resultam imagens que mais do que (re)apresentar a paisagem, se constituem em escritas/graphias das percepções subjetivas dos fotógrafos. Reunidas, elas se transformam em crônicas visuais narrativas, cujas significações surgem das relações particulares estabelecidas por cada espectador/leitor.   

Fiel às minhas ideias, essa foi a prática que adotei recentemente para descobrir um pouco mais sobre Dundee, uma linda cidade escocesa, com origem no século XII.

O meu interesse era o de me mesclar à paisagem adentrando aos meandros de seu cotidiano, e me distanciando da “cidade turística”. E para isso, nada melhor do que seguir as trilhas das escritas urbanas, dos graffiti e pixos. Afinal, assim como afirma Gros “a caminhada nos ensina a desobedecer” e as escritas urbanas florescem da transgressão/desobediência. Ou seja, elas são discursos potentes, de grande interesse para educadores ambientais, e não meras “sujeiras” a serem “varridas para baixo do tapete”!

Portanto, deixo aqui para vocês, caros leitores, um trajeto alternativo para a descoberta de Dundee, balizado pelas falas silenciosas e coloridas de seus moradores e passantes. As fotografias são de minha autoria, registradas entre janeiro e fevereiro de 2017.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[i] Doutora em Educação, mestre em Educação Ambiental, professora do Centro de Artes, Artes Visuais – Licenciatura, da Universidade Federal de Pelotas. É coordenadora do PhotoGraphein - Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação( UFPel/CNPq). attos@vetorial.net

[ii]Entrevista de Letícia Blanco com Frederic Gros, 30/8/2016. Disponível em: http://outraspalavras.net/outrasmidias/destaque-outras-midias/caminhar-um-meio-de-desobedecer/

 

Ilustrações: Silvana Santos