Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Entrevistas
28/05/2009 (Nº 28) Entrevista com a artista Maria Helena Bueno
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Educação Ambiental em Ação
Entrevista para a 28ª Edição da Educação Ambiental em Ação (www.revistaea. org)
Por Bere Adams

Apresentação: A entrevista desta edição é com mais uma pessoa que sabe encantar, e que faz a diferença na busca da tão necessária sociedade sustentável, através da arte com reaproveitamento de materiais. Maria Helena Bueno, moradora de Novo Hamburgo/RS, começou sua carreira artística a partir de cursos que frequentou no Ateliê Livre Municipal de Novo Hamburgo/RS, desde 1998, e hoje é integrante do Projeto Apoema - Educação Ambiental, onde coordenará trabalhos e oficinas de arte com reaproveitamento voltadas para crianças e para a adultos da terceira idade. Esta entrevista retrata um pouco da sua trajetória que dividimos com todos leitores da Educação Ambiental em Ação.
 
Bere (B) - Como você se descobriu como artista? E quando você começou a trabalhar com materiais descartados ou resíduos?
 
Maria Helena (MH) - A arte sempre me fascinou, na dança, no teatro, na pintura, no desenho, na poesia, enfim, quando a gente tem uma afinidade com a beleza da diversidade, a gente não tem como não se sentir artista. A sintonia que existe entre você e o ser artista está no inusitado, na criação que é um momento único e divino. A gente não se descobre artista, os outros que enxergam você como um ser artista. Sou de uma família humilde. Morei muitos anos com meus avós que eram pessoas muito simples, mas muito sábias. Eles viam muito valor na simplicidade. Então, trabalhar com materiais recicláveis não foi uma escolha. O desejo veio ao natural. Eu amava sair pelos campos e matas a procura de uma pedra estranha, um galho seco, e coisas naturais que tivessem formas exóticas. O canto dos pássaros me encantava. As cores das borboletas, o balanço das árvores na dança da brisa, o canto do córrego entre as pedras, tudo isso era motivo para dar forma a uma obra de arte, pois tinha movimento, cor, som, e me inspirava, e tudo isto ainda é fonte de inspiração para mim.
 
B - Você tem preferência por algum tipo de material para os seus trabalhos?
 
MH - Não tenho preferência por algum tipo de material. O que acontece é que quando vejo alguns materiais: uma caixa, uma embalagem plástica, um pedaço de madeira, logo me vem muitas idéias para transformá-los em algo mais do que simplesmente um material descartado. Caixas viram mesas, armações de sombrinhas viram móbiles, e cada material me traz um novo desejo de transformação através da arte.
 
B - Como você percebe o seu processo criativo?
 
Maria Helena - Para mim o processo criativo é algo divino. Observo por algum tempo, em meditação, e aflora mais uma obra de arte.
 
B - Você tem alguém que lhe incentivou para fazer este trabalho?
 
MH - Meu incentivo, como já falei, vem de meus avós, mas também vem pelo meu Anjo da Guarda!
 
B - Tem algum trabalho especial que você gostaria de destacar?
 
MH - Sim, as "Marias". São sete bonecas que foram nascendo, uma a uma. Cada uma tem um nome e uma história. Em 2008 elas acabaram ganhando vida na peça "Marias", e me proporcionou ir ao palco para contracenar com elas. Foi uma experiência maravilhosa. Esta peça teve uma grande equipe, uniu a arte, a representação e dança, que foi coordenada e coreografada pela bailarina e coreógrafa Carla Regina Macedo, também de Novo Hamburgo/RS.
 
B - Em 2008, então, foi apresentado o espetáculo "Marias". Conte-nos um pouco de como foi esta experiência.
 
MH - Este espetáculo foi supreendente e teve muita repercussão local. Quase lotou o teatro com capacidade para 500 pessoas. Foi uma experiência com muita verdade e muito descobrimento, pois tratava da essência do universo feminino. Houve uma transformação na vida de muitas pessoas depois do espetáculo. Foi uma mensagem de amor que alcançou muitas pessoas.
 
B - Como você percebe a reação das pessoas quando admiram o seu trabalho?
 
MH - Com muita surpresa, pois meu trabalho é um trabalho bem diferente. Eu gosto muito de ver e sentir a reação das pessoas, é algo mágico, que mexe com elas.
 
B - Desde que começou este trabalho, o que mudou na sua vida?
 
MH - Este trabalho me proporciona trabalhar o lado terno das pessoas, e me dá muita paz. Sinto que não preciso muito para ser feliz e quero ter mais tempo para me dedicar a este trabalho criativo. É neste momento que me conecto com os mistérios do Universo.
 
B - Deixe-nos um recado. Pode ser uma frase, um poema, um pensamento.
 
MH - Deixo esta mensagem: seja sempre gentil, amável. Tenha paciência, não julgue, brinque muito e sonhe muito sempre. Para brincar e sonhar não tem idade.
 
B - Agradecemos a você, Maria Helena, por sua disponibilidade em nos conceder essa entrevista e pelo trabalho que você desenvolve, pois a Arte é fundamental na vida das pessoas, pois ela é uma importante fonte de inspiração para promover a sensibilização e a mudança. A Equipe da Educação Ambiental em Ação, agradece por sua valiosa participação nesta edição.
 
 
Ilustrações: Silvana Santos