Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL NO CENTRO DE ESTUDOS
DE PESSOAL – FORTE DUQUE DE CAXIAS - RJ Melos,
Márcia Rejane Riccioni – Centro de Estudos de Pessoal- Forte Duque de Caxias
– Exército Brasileiro – marciencias2002@yahoo.com.br Resumo:
Este artigo tem como finalidade apresentar uma metodologia para a implantação
da gestão ambiental no Centro de Estudos de Pessoal (CEP) – Forte Duque de
Caxias – Leme/RJ. O CEP é uma unidade militar que tem como missão
especializar recursos humanos e desenvolver atividades e pesquisas no campo das
ciências humanas, e apresenta como visão de futuro, atuar com responsabilidade
sócio-ambiental. O CEP administra uma Área de Proteção Ambiental que
facilita a introdução da educação ambiental na unidade. Desta forma,
dividimos em etapas a implantação da gestão ambiental, iniciando pela
sensibilização dos funcionários militares e civis, continuando com a busca de
interesses e motivos de não participação dos funcionários. Com o resultado,
iniciaremos o trabalho no sentido de criar uma política ambiental do
CEP. Várias atividades deverão integrar os diferentes setores e
assim atingir uma gestão ambiental participativa. Palavras-chave:
Gestão Ambiental Participativa, Proposta Metodológica, Educação Ambiental
A gestão ambiental apresenta prática de gerenciamento que se baseia nos
parâmetros do desenvolvimento sustentável. Essa atuação vem sendo reforçada
nos últimos anos, tendo em vista a preocupação com os efeitos das ações
antrópicas sobre o meio ambiente. Desde a Revolução Industrial, no final do século
XVIII, o planeta vem sofrendo muitos impactos entre eles, os grandes aglomerados
urbanos, e em conseqüência a expansão da agricultura, a apropriação dos
recursos naturais, a produção de lixo não reciclável, etc. Na década de
1980, muitos países criaram leis e órgãos ambientais, para regular as
atividades industriais e comerciais, tentando minimizar os impactos sobre o
solo, água e ar.
Em 1991, ocorreu a promulgação da “Carta de Roterdã” que definiu
os “Princípios do Desenvolvimento Sustentável”. Esta carta possui 16 princípios
que estabelecem a gestão ambiental como uma das mais altas prioridades das
empresas. Foi criada também a série ISO 14000 e introduzida no Brasil em 1996.
O Centro de Estudos de Pessoal - CEP (fig. 1), unidade do Exército
Brasileiro, também se propõe a fazer parte destas empresas que se preocupam
com o meio ambiente. O Exército Brasileiro possui o Parecer 050 – EME de 18
de junho de 2003, que se refere a prática da gestão ambiental em suas
unidades, e o CEP, também possui como visão de futuro, atuar com
responsabilidade sócio-ambiental.
O CEP é uma escola do Exército Brasileiro, onde desenvolve estudos e
pesquisas na área de ciências humanas. Possui cursos pedagógicos para
militares, como Coordenação Pedagógica, Psicopedagogia e Orientação
Educacional, cursos de Idiomas entre outros. O CEP se localiza no Leme, Rio de
Janeiro/RJ e administra uma Área de Proteção Ambiental que possui um órgão
gestor onde fazem parte, pessoas da comunidade. Nesta APA encontramos o Forte
Duque de Caxias (fig.
O CEP pretende atua com responsabilidade sócio-ambiental através da
implantação do Sistema de Gestão Ambiental que “é a parte de um sistema da
gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política
ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais” (Mansur, 2004),
utilizando das leis ambientais, iniciando pela Constituição Federal de 1988 no
Art 225 onde diz que “Todos
tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações.”
O Meio Ambiente é descrito na Lei 6.938 - Política Nacional do Meio
Ambiente,
O desenvolvimento traz soluções e problemas, pois possibilita o
crescimento populacional e em conseqüência a pobreza, a precariedade dos
sistemas de saneamento básico, muda o padrão de consumo e provoca maior
destruição de recursos naturais e degradação do meio ambiente. Devemos então
ter um “Modelo de desenvolvimento
que atenda às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações
futuras atenderem as suas próprias necessidade.”
Desta forma, o impacto ambiental causado no meio ambiente, são todas
alterações provocadas por motivos diversos, podendo ser positivos, porém
aqueles que mais nos preocupa, são os que causam destruições do meio ambiente
e ou perda da qualidade de vida . Sendo assim impacto ambiental é “Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas,
biológicas e das características socio-econômicas e culturais do ambiente
causado por qualquer forma de matéria e energia, resultante da atividade humana
que direta ou indiretamente, afete a saúde, as atividades sócio econômicas,
as condições sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos
naturais.” (Barbosa – Curso Cened - 2007)
Para colocarmos em prática a Gestão Ambiental no CEP, precisamos
identificar os aspectos ambientais, que são elementos das atividades, produtos
ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente e pode
ser significativo quando tem ou pode ter um impacto ambiental considerável. Os
aspectos podem ser ligados ao processo produtivo, as matérias primas e recursos
naturais e ligados ao produto. Estes conduzirão aos impactos ambientais e assim
poderemos priorizar os impactos mais significativos. Após essa etapa se propõe
planos de ação e após o desenvolvimento da atividade, reavalia os aspectos
ambientais. No CEP por ser uma
escola, as atividades desenvolvidas
no CEP apresenta pouco impacto ambiental, visto que o produto é o conhecimento,
contudo, utiliza-se para o ensino, o consumo de papel, tintas e outros. Ocorre a
produção lixo, utiliza-se energia elétrica, tem consumo de água, entre
outros. Faremos um resumo na tabela abaixo, que contem os aspectos ambientais
analisados, os impactos ambientais e as possíveis interferências. Assim
verificaremos as categorias do ar, água, resíduos, recursos naturais , meio
antrópico, fauna/flora.
Temos como finalidade lançar mão de ferramentas para a criação de um
plano de Gestão Ambiental no CEP para melhor desenvolver nossas atividades em consonância com as normas
estabelecidas para uma sociedade sustentável e para
contribuirmos com a melhor condição da vida humana sobre a face da
Terra. Para isso, o CEP, estabelecerá metas aplicáveis à organização ou a
parte dela, com meios e prazos no qual eles devem ser atingidos e para avaliação,
definiremos itens de controle.
A política ambiental do CEP será formulada após a aplicação de
questionários que visualizem a preocupação da
maioria dos integrantes.
Contudo, encontramos um entrave, a não disponibilidade da grande parte
de funcionários a participarem da proposta. Esse é o conflito que teremos de
gerenciar. De acordo com a classificação estamos diante de um conflito de
integração que “ocorrem em função dos tipos de relacionamentos entre
pessoas ou grupos de interesse. Surgem quando se negligenciam oportunidades para
persuasão ou a persuasão é ineficiente, existem valores diferenças de
valores...”. O que percebemos é que a intenção da instituição existe, porém
algumas pessoas que aqui trabalham não possuem os mesmos valores
institucionais. Se torna um conflito interno. Para tentar gerenciar esse
conflito, tentaremos implementar algumas ações mitigadoras para a implementação
do sistema de gestão ambiental nesta unidade.
O trabalho iniciou a partir de 2006 com um projeto de educação
ambiental, realizando anualmente um ciclo de palestras para os soldados recrutas
da unidade que constam dos seguintes assuntos: Biomas Brasileiros (Cerrado, Amazônia,
Mata Atlântica), Valores do Brasil e Legislação Ambiental. Realizamos também
um curso de Educação Ambiental para a capacitação de soldados que conduzem
escolas visitantes e um curso de Meio Ambiente para soldados da unidade (fig.
3). Os cursos são em média de 40 horas, com a finalidade de sensibilizar os
soldados para a preocupação com o meio ambiente, o seu local de trabalho e a
Área de Proteção Ambiental. No ano de 2006 trabalhamos com
o “Projeto Jovens Talentos” da FAPERJ e CECIERJ, que construiu uma
metodologia para a visita ao caminho ecológico (fig. 4) que conduz ao Forte
Duque de Caxias, chamamos de caminhada ecológica competitiva. A Colônia de Férias
a partir de 2007, apresentou a oficina de meio ambiente, onde promovemos
atividades lúdicas com a intenção de fazer a criança perceber a dinâmica
ambiental, se sensibilizar para a preservação da biodiversidade existente em
sua comunidade, etc. Em algumas oportunidades, como no programa de leitura, e
palestra para todo os funcionários, aproveitamos para expor assuntos
relacionados a educação ambiental realizadas nesta unidade. Algumas apresentações
em congressos realçaram o trabalho
Essas ações de alguma forma, já atraíram pessoas envolvidas com o
tema e buscamos parcerias, observadas na semana do meio ambiente realizada este
ano, onde tivemos funcionários envolvidos nas atividades. Contudo, percebemos
que para a implantação do sistema de gestão ambiental, ainda falta
desenvolver algumas ações. Desta forma técnica estudaremos formas de
sensibilizar o restante do pessoal.
Percebemos que apesar de muitas pessoas já se envolverem direta ou
indiretamente nas ações ambientais, existe um grupo que entende a educação
ambiental, e em conseqüência as ações ambientais, como algo infantil, desta
forma deveremos envolver as pessoas que trabalham nas diversas seções e divisões
existentes na unidade, assim teremos que determinar os fatores de complicação
para a não participação do SGA. Acreditamos que possa ser duas as causas, a
falta de valores ambientais ou a falha de comunicação, não tendo as informações
corretamente e provocando a preocupação no aumento de atividades.
Para iniciarmos esse processo, dividiremos
Na segunda fase, faremos questionário para verificar como está o SGA da
empresa. Diante
das respostas poderemos fazer a discussão e chegar em um consenso, propondo uma
política ambiental na unidade. O status atual pode ser feito através de questionários
de auto-avaliação, será um primeiro passo para situar o estágio atual da
empresa quanto a gestão ambiental.
Na terceira fase haverá promoção de discussão sobre questões
ambientais através de palestras e Informações de palestras e seminários em
outras instituições sobre o assunto, para os integrantes do CEP. Informações
pela intranet (sistema de informação interna) sobre assuntos e sites
interessantes sobre o assunto.
Na quarta fase formaremos a
política ambiental do CEP. A política ambiental da unidade deverá ser
desejada pela comunidade local para solucionar e ou participar de algum problema
existente na unidade. É assim, um movimento participativo, porém como tirar da
inércia essas pessoas? Como sensibilizar essas pessoas? Como promover valores
ambientais a essas pessoas? Seria assim um processo participativo que
gerenciaria toda atividade, incluindo a transformação, o acompanhamento e a
avaliação do processo.
Na quinta fase ocorrerão reuniões setoriais onde serão verificados os
impactos causados pelas ações de trabalho e serão feitas palestras que
facilitem o entendimento das ações ambientais para a sustentabilidade.
Estabeleceremos metas, definiremos claramente as responsabilidades ambientais de cada uma
das áreas e do pessoal administrativo.
Na sexta fase será planejado e proposto as pessoas, embasando com
informações e documentos possíveis ações a serem executadas em cada
setor.Possíveis propostas por setor: -
Setor do Ginásio – Cuida da área esportiva e do caminho ao Forte
Duque de Caxias ·
Projeto
de compostagem: produção de humus para a jardinagem e colônia de férias ·
Palestra
sobre a APA, biodiversidade, reciclagem e compostagem –
Setor
de Ensino – Juntar papel para a reciclagem, para a produção de folder da APA,
economia de energia elétrica. Identificação da fauna e flora para a transmissão
dos conhecimentos para os guias ao Forte e a confecção de folder, folhetos e
livretos explicativos. Promover cursos de meio ambiente e educação ambiental
para os soldados. –
Setor
de Comunicação – Juntar papel para a reciclagem, distribuir folder e
econimia de luz . Atividades
durante datas comemorativas: semana do meio ambiente, dia da árvore, etc. –
Setor
de Alimentação – Participar do projeto de compostagem, economia de água e
energia elétrica.. ·
Palestras
sobre conservação de alimentos, higiene, doenças transmitidas por alimento,
projeto compostagem. ·
Oficina
de compostagem para visitantes da APA. ·
Projeto
horta –
Companhia
de soldados – Serviços de limpeza e auxílio aos demais setores. Economia de
água, energia elétrica. ·
Palestra
sobre reciclagem, higiene, sociedade sustentável ·
Projeto
reciclagem de papel ·
Oficina
de reciclagem de papel para visitantes da APA e colônia de férias. ·
Oficina
de artesanato em reciclagem para os visitantes da APA, colonia de férias e
comunidade. ·
Curso
de Meio Ambiente, Educação Ambiental, Introdução a Gestão Ambiental, Drogas
e Doenças Sexualmente Transmissíveis, para soldados e cabos da unidade.
Na sétima fase será divulgado internamente e externamente a política
ambiental, os objetivos e metas e as responsabilidades do CEP. Com a política
ambiental definida, iniciaremos a oitava fase, obter recursos necessários para
a implantação do SGA. Na
nona fase que será o treinamento de pessoal, serão feitas palestras e/ou reuniões
para a transmissão de informação aos funcionários – palestras setoriais,
assim estarão preparados para a décima fase, que é a execução de ações
localizadas. Será verificada a viabilidade das ações e a interligação das ações
nos diversos setores.
A décima primeira fase é a avaliação das ações, em que
verificaremos se as pessoas estão agindo de acordo com o combinado e
redefiniremos as ações. Terá acompanhamento constante das ações e
monitoramento com possíveis mudanças comportamentais e planejamento com
alternativas reparatórias. A décima
segunda fase é a continuidade de sensibilização com palestras para propiciar
discussão sobre as questões ambientais.
Neste momento o CEP estará em condições de passar para a sua décima
terceira fase, que poderá integrar
com a comunidade. Proporcionar
a escolas vizinhas, oficinas e palestras sobre as questões ambientais e educação
ambiental.
Como décima quarta fase verificaremos a conciliação dos interesses da
instituição com os funcionários. Conciliar os diferentes interesses
existentes entre todos os envolvidos – pessoal e a instituição.
A última fase, décima quinta, será da avaliação/reflexão, onde será avaliado o grau de atendimento aos requisitos
legais e seu principal planejamento; Identificação dos passivos ambientais da
empresa. Avaliação dos procedimentos internamente adotados em relação as
questões ambientais; Avaliação das práticas e procedimentos adotados.
Registros de não conformidade; Avaliação das relações
com a comunidade e outras partes interessadas. Essas diversas svaliações serão
feitas através de observação e entrevistas. Cada
fase terá um tempo previsto, registrado na tabela abaixo:
O Sistema de Gestão Ambiental incorpora várias ações que buscam
interligar setores e departamentos com a meta de atingir a sustentabilidade dos
recursos naturais e econômicos para uma maior qualidade de vida social, assim o
Centro de Estudos de Pessoal a Área de Proteção Ambiental e o Forte Duque de
Caxias, atuam e corroboram com os objetivos da sustentabilidade e desenvolvem ações
que contribuam para uma sociedade mais consciente.
Assim, concluímos que a nossa proposta de implementar planos de ação
para um programa de gestão ambiental, visa o treinamento e a conscientização
dos funcionários, possibilitando a instituição obter conquistas de seus
objetivos e metas ambientais que contribuirão para a construção de uma
sociedade sustentável e para atingir a visão de futuro que
o CEP possui de responsabilidade sócio-ambiental.
–
BARBOSA,
Sandra. Curso de gestão ambiental. CENED – 2007. –
Constituição
Federal – Artigo 255 – 1988. –
MANSUR,
Elizabeth de Souza. Sistema da gestão ambiental – meio ambiente – NBR
isso 14001:2004. Apostila da apresentação no CEP/RJ, 2004. –
Política
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