Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Entrevistas
04/09/2014 (Nº 49) ENTREVISTA COM SUZANA MACHADO PADUA
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ENTREVISTA COM SUZANA MACHADO PADUA PARA A 49ª EDIÇÃO DA REVISTA VIRTUAL EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM AÇÃO

POR BERE ADAMS

 

Créditos da fotografia: Claudio Rossi

 

A entrevistada desta edição é Suzana Machado Padua, uma referência nacional e internacional na área da Educação Ambiental. Ela é doutora em desenvolvimento sustentável e mestre em educação ambiental. É, também, uma das fundadoras do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas - http://www.ipe.org.br/ -  onde é Presidente. Entre suas façanhas, ela criou e coordenou por três anos, um programa de educação ambiental no Pontal do Paranapanema (SP). Além disto, realiza pesquisas em educação ambiental e já publicou diversos trabalhos no Brasil e no exterior. Ministra cursos para professores e profissionais de diversos campos de interesse e ajudou a construir o centro educacional do IPÊ, que hoje congrega cursos livres, Mestrado e MBA, na Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade - ESCAS. Suzana é fellow Ashoka, líder Avina e empreendedora socioambiental da Folha de São Paulo. Por seu merecido reconhecimento, recebeu prêmios nacionais e internacionais, como o Prêmio Claudia, em 2002, Prêmio Mulheres mais Influentes do Brasil pela Forbes, Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil, em 2005, o Prêmio Ford Motor Company de Conservação Ambiental, em 2006,  Prêmio Empreendedores Sociais da Folha de São Paulo e Fundação Schwab, em 2009.

 

Bere  – Suzana, é um enorme prazer e uma honra tê-la como entrevistada desta edição e agradecemos muito por você ter aceitado o nosso convite, dispondo de seu precioso tempo para compartilhar suas experiências conosco. Vamos começar falando sobre como surgiu o seu interesse pelas questões ambientais. Teve algo significativo que lhe despertou a atenção, ou é algo que vem desde sua infância?

 

Suzana - Acho que minha paixão pela natureza vem da infância. Meu Pai era caçador e nos levava para áreas naturais de grande beleza cênica, o que ajudou a nos sensibilizar. O fato de ele caçar sempre me intrigou e eu achava que nem combinava com a sua personalidade sensível e delicada - ouvia música clássica e lia autores interessantes. Sempre o questionei sobre o porquê caçar - qual a graça de ver uma onça viva e com vitalidade e força cair de uma árvore após um só tiro. Nossas discussões não duravam muito, por ele ser bastante calado, mas o fato é que me influenciou a gostar e me importar com o que acontece na natureza. E nós, brasileiros, temos um patrimônio natural inigualável e precisamos acordar para a riqueza que herdamos antes de nos tornarmos pobres ou mesmo órfãos desse legado...

 

 Bere – Interessante, Suzana, o meu pai caçava perdizes e era uma atividade muito importante para ele em relação a estar no meio natural para desestressar, e naquele tempo, como na época em que o seu pai caçava, certamente não havia informação e nem a preocupação em relação a isto, que há hoje, principalmente através de ações de Educação Ambiental como as que vocês desenvolvem. Sem dúvida, a sua experiência com Educação Ambiental é fascinante! Neste percurso, quais foram as suas maiores dificuldades?

 

 Suzana - Comecei a trabalhar em educação ambiental meio por acaso. Meu marido, Claudio Padua, foi coletar os dados de seu doutorado, cujo foco era o mico-leão preto,  espécie endêmica de São Paulo, o que nos levou ao Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado. Enquanto ele passava o dia nas matas eu convivia com a comunidade local e percebia que o valor que a maioria das pessoas atribuía à natureza local era ínfimo. Em uma região onde sobrou tão pouco da vegetação original, Mata Atlântica de Interior, e que ainda tem grande diversidade, com espécies ameaçadas como o mico-leão preto, a onça e outros, é fundamental que as pessoas se importem com as áreas naturais. Quando chegamos à região haviam muitas estórias das matas terem sido destruídas sem critérios e por razões absurdas, em nome de um "desenvolvimento" questionável, como por exemplo, a construção de um aeroporto dentro da área do Parque Estadual do Morro do Diabo (Instituto Florestal de SP), uma rodovia que cruza o Parque, ou até uma estrada de ferro planejada para escoar grãos de outros estados, que afortunadamente não foi adiante. Minha visão era compartilhar o amor que eu sentia pelo mundo natural e, quem sabe, tocar as pessoas a ponto delas se tornarem aliadas à conservação. Foi assim que desenvolvemos trilhas interpretativas e atividades na área do Parque e na cidade de Teodoro Sampaio, promovendo eventos lúdicos e leves, mas sempre com mensagens conservacionistas. O objetivo era despertar orgulho por haver espécies que só vivem ali e a responsabilidade de cada um e da coletividade em salvaguardar essa riqueza, tornando o mico e as florestas remanescentes em símbolos da região. 

 

Bere – Depois de tratar de dificuldades, nada melhor do que trazer à tona as conquistas. Destaque uma delas (ou mais) que você considera relevante.

 

 Suzana - Educação é um processo e por isso os resultados nem sempre são imediatos. Mas, as conquistas foram muitas. Por exemplo, depois do Claudio e eu já termos ido embora, estávamos nos Estados Unidos terminando nossos estudos (Claudio doutorado e eu mestrado), houve um incêndio nas matas do Parque. A descrição que recebemos de como a comunidade em peso foi ajudar os guarda-parques a apagar o fogo, nos fez chorar de alegria, em meio à tristeza do fato em si. Muitos incêndios já haviam ocorrido no passado, pois uma das características da Mata Atlântica de Interior é ser semi-descídua, com um longo período de seca que propicia a propagação do fogo rapidamente. Esta foi uma, mas tivemos muitas outras com os alunos e professores que participavam do programa educacional. Muitos se envolveram de maneira significativa, dando continuidade a estudos e carreiras nas áreas da ecologia e da sustentabilidade, contribuindo de alguma forma com questões relevantes Brasil afora. 

 

 Bere – E como é desenvolver este trabalho em parceria com o seu marido Claudio Valadares Padua (outra importante referência da área ambiental brasileira)? Conta-nos como foi este encontro tão sublime, como pssaram a trabalhar juntos?

 

Suzana - Claudio formou-se em administração de empresas e eu em comunicação visual. Aos 30 anos, Claudio resolveu mudar o rumo de sua vida e trabalhar com algo relacionado com conservação. Ninguém o levou a sério (no início nem eu, para dizer a verdade - achava que tinha ficado maluco) e ele voltou a estudar, dessa vez Biologia, e depois fomos para a Universidade da Flórida para seu mestrado e doutorado. Nessa jornada já tínhamos nossos três filhos e eu tomava conta da casa no início para que ele pudesse estudar. Mas, como tenho muita energia, apliquei para um mestrado no Centro de Estudos Latino-Americano em outra área porque eu ainda não sabia que iria me apaixonar pela educação ambiental. Minha virada foi mesmo quando moramos no Pontal e eu comecei a trabalhar com educação ambiental, no início sem qualquer pretensão de ser para toda a vida. A ideia era de ocupar meu tempo com algo que poderia ser útil e dar alguma contribuição para a região. Porém, me envolvi de corpo e alma e daí em diante só queria saber de trabalhar com gente e natureza, melhorando a vida de uma maneira geral para todos. Foi assim que o destino do Claudio e o meu se entrelaçaram ainda mais - ele cuidava e cuida mais do que é ecológico e eu da interface com o social. Isso deu um bom balanço às ações do IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, que fundamos em 1992. 

 

 Bere – Qual é, para você, a importância da Educação Ambiental (EA) nos ambientes educacionais da educação básica?

 

 Suzana - Hoje existem pesquisas que mostram que se a pessoa for tocada na infância ela tem mais chances de se tornar interessada em conservação e sustentabilidade. Por isso, levar crianças a ambientes naturais, como um processo educacional, é de suma importância. Mas, é também crucial sensibilizar os adultos, pois as perdas estão cada vez maiores e precisamos que mais e mais pessoas compreendam que a vida tem valor e que nossa responsabilidade é de mantê-la. A educação ambiental pode não ser o único caminho, mas certamente é um com potencial de render bons frutos para que esta compreensão se dê. 

 

 Bere – Escolha uma palavra para resumir o que é a Educação Ambiental para você e explique o por quê.

 

 Suzana - celebração da vida - Estamos acostumados a nos colocar no centro de todas as decisões e assim nos posicionamos como a espécie que merece destaque sobre todas as demais que habitam nosso planeta. A educação ambiental pode inspirar o respeito e essa admiração profunda pelas maravilhas que existem na natureza, inclusive em outros seres humanos que nem sempre são tão considerados por nossa sociedade como merecedores de atenção. Por isso, a educação ambiental trata do socioambiental de uma maneira indissociável, integrada, propiciando um ambiente harmônica para gente e natureza. 

 

 Bere – Para professores que estão iniciando, e que se sentem perdidos em relação a Educação Ambiental, o que você diria a eles? Por onde começar?

 

 Suzana - Sempre indico que comecem pequeno e com objetivos factíveis. Quando a gente percebe algo que precisa ser modificado e consegue transformar a realidade, mesmo que de maneira singela, a satisfação é grande e aflora a força interna transformadora que cada um de nós tem, trazendo mais e mais energia. Daí para frente fica fácil, porque acredito que um dos entraves é que fomos criados para não crermos em nosso próprio potencial, em nossa capacidade empreendedora. Na verdade, o professor precisa ousar e incentivar os alunos a criarem e se desenvolverem de uma maneira integral. Precisa instigar cada aluno a desempenhar algum papel de que se orgulhe, porque isso empodera e ajuda a formar cidadãos conscientes, responsáveis e engajados no mundo. 

 

Bere – Você é uma das Fundadoras do Instituto IPÊ, que é uma das maiores ONG’s do Brasil relacionadas ao meio ambiente e educação ambiental. Fale um pouco do instituto, destacando o principal objetivo e algumas estratégias para alcançá-lo.

 

Suzana - Nossa missão aos poucos se "complexizou", assim como nossa atuação. No início, pensávamos em "Proteger a vida e sua diversidade no Brasil", ou algo assim. Depois fomos somando áreas e nossa missão teve que ser modificada várias vezes até chegar ao que é hoje: "Desenvolver e disseminar modelos inovadores de conservação da biodiversidade e de desenvolvimento sócio-econômico por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis". Creio que isso reflete a própria complexidade que a conservação e a sustentabilidade representam. A inclusão de áreas não foi porque queríamos, mas porque as demandas surgiram e a gente precisava contemplar o que emergia para atingirmos nossos objetivos. Infelizmente, vivemos num mundo onde as necessidades parecem crescer exponencialmente e por isso precisamos formar cidadãos que tenham a coragem de sair da zona de conforto e agir em prol de algo em que acreditam e pelo bem da coletividade e não de si próprios - cabe a nós, educadores, inspirar o que pode vir a ser a semente dessa mudança em cada indivíduo. Na ânsia de formar pessoas nas mais diversas áreas, o IPÊ criou um centro de capacitação, a Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade - ESCAS, que oferece cursos de curta duração nas mais diversas áreas, um Mestrado Profissional (aprovado pela CAPES - MEC) e um MBA (em parceria com o CEATES-USP). Estamos trabalhando para ampliar ainda mais e no futuro quem sabe conseguimos aprovação para oferecermos um doutorado, ensino à distância e até uma escola que tenha as questões socioambientais como pano de fundo para um aprendizado diferenciado?

Em retrospectiva, o processo educacional do IPÊ começou dentro de casa, pois a maioria dos que iniciaram o IPÊ conosco eram jovens e ainda na graduação (a Gracinha ainda no segundo grau!). O IPÊ funcionou como estágio para muitos que depois foram se especializando em áreas diferentes do conhecimento, completando mestrados e doutorados. Hoje o IPÊ tem mais de uma dúzia de doutores e por isso a CAPES aprovou o mestrado que oferecemos. Foi um processo lento, mas muito gratificante porque as pessoas cresceram profissionalmente e desde cedo se sentiam donas da instituição. A equipe engajada e de qualidade  talvez seja a maior riqueza da instituição, porque gente de primeira linha não se acha facilmente no mercado - se constrói junto com cada um, de modo a que haja uma cumplicidade boa e construtiva para atingirmos os resultados que almejamos juntos.

 

Créditos da fotografia: Claudio Rossi

 

 Bere – Qual é o público que frequenta as atividades do Instituto IPÊ? 

 

 Suzana - O IPÊ atua no campo por meio de programas integrados e por isso o público é amplo - estudantes, professores e comunidades locais. No Pontal, por exemplo, trabalhamos com assentados e outros segmentos sociais, oferecendo alternativas sustentáveis de desenvolvimento que possam melhorar a vida familiar deles e ao mesmo tempo beneficiar a natureza. Assim, oferecemos cursos em viveiros de árvores nativas que podem ser replantadas formando corredores e zonas de amortecimentos ao redor de fragmentos de matas nativas para protegê-las do que é chamado de "efeito de borda" - se não fizermos nada com as matas que sobrevivem, elas acabam sendo reduzidas por fogo das plantações vizinhas, gado que pisoteia o sub-bosque, ou assim por diante.  Na Amazônia, o IPÊ atua com as comunidades ribeirinhas e com a cadeia de produção para torná-la sustentável e benéfica para todos - gente e natureza. Em Nazaré Paulista, o foco principal é a água, pois estamos na beiro do reservatório do Rio Atibainha, que faz parte do Sistema Cantareira. Mas, desenvolvemos também pesquisa, reflorestamento e iniciativas com as comunidades locais. Estamos em cinco regiões do Brasil e em cada uma atuamos conforme as necessidades e as características regionais. Mas, na ESCAS, os cursos atraem públicos bem variados, desde estudantes universitários, professores, agentes de governo, profissionais de ONGs e membros de comunidades. Os cursos livres podem ser sobre tecnologias  avançadas até biscoitos caseiros e artesanatos que foquem a natureza local e melhorem a vida das pessoas com um adicional de rendimento familiar. 

 

 Bere - Há alguma atividade específica para capacitação de professores?

 

 Suzana - Sim, mas em geral ocorrem onde existem projetos do IPÊ. Além disso, muitos cursos que oferecemos interessam a professores de escolas ou mesmo de universidades. Mas, como a ideia é capacitarmos o maior número possível de pessoas nas áreas socioambientais variadas, professores são especialmente importantes por serem multiplicadores de conhecimentos e valores. 

 

 Bere – Vocês têm parceira com escolas? Se sim, como ela funciona?

 

 Suzana - Trabalhamos com as escolas vizinhas a nossos projetos, como é o caso do Pontal, Nazaré Paulista, Ariri (SP) e Novo Airão (AM). No Pontal, a Secretaria de Educação formulou uma lei que garante que as escolas incluam a educação ambiental em seu currículo programático. São muitos anos de um programa contínuo coordenado pela Gracinha (Maria das Graças de Souza), que começou sua trajetória no final dos anos de 1980, quando eu iniciei minhas aventuras nesse campo. Gracinha é da região e hoje é uma referência na área, com conquistas muito significativas. Aliás, um dos segredos da educação ambiental, é que seja contínua, o que nem sempre é possível. Nesse caso foi, e a gente percebe a diferença de incorporação de conhecimentos e valores que fazem diferença nas ações humanas.  

 

 Bere - Quais avanços significativos você percebe em relação à conscientização ou sensibilização ambiental das pessoas?

 

 Suzana - Quando Claudio e eu começamos nesse caminhar, há quase 30 anos, muitos, inclusive a família, achavam que éramos excêntricos e que estávamos seguindo uma tendência de moda. E, ansiavam que "acordássemos" para retornarmos a algo mais convencional em um espaço curto de tempo. Essa visão hoje não existe. Devo confessar que é uma lástima, pois o ideal seria que as condições planetárias tivessem melhorado a ponto de não haver mais a necessidade de existirem pessoas como nós. Acordar um dia com a humanidade compreendendo a importância da vida, das espécies, do seu semelhante não importa quem seja, dar chance à natureza de se regenerar e evoluir em sua plenitude é o sonho que nutro dentro de mim. Acho que a sociedade hoje compreende mais o que está acontecendo, mesmo que não queira admitir a gravidade de muitos cenários atuais. E, saber nem sempre reverte em comportamentos condizentes com as mudanças que deveriam estar ocorrendo se queremos permanecer na Terra com qualidade, beleza e dignidade. 

 

 Bere – Diga uma frase, um poema ou uma citação que você gosta, para encerrarmos nossa entrevista.

Suzana -  "No final, só se conserva o que se ama. Amamos apenas o que compreendemos. Compreendemos somente aquilo que nos é ensinado" (Babr Dioum Dioum). Daí a importância do educador: ajudar a abrir portas e janelas em todos aqueles com os quais convivemos, disseminando amor pela vida.   

 

 

Créditos da fotografia: Claudio Rossi

 

 Bere – Prezada Suzana, sem dúvida o compartilhamento da sua experiência com a Educação Ambiental, nesta entrevista, vai enriquecer muitas ações para a concretização das necessárias mudanças. Nós, da equipe da revista virtual Educação Ambiental em Ação, te agradecemos pela sua valiosa contribuição e desejamos a você e ao IPÊ cada vez mais sucesso! Forte abraço e muito obrigada, Bere Adams e equipe da EA em Ação.

 

Ilustrações: Silvana Santos