VISÃO DOS ALUNOS DO CURSO TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO SOBRE O HORTO DE DOIS IRMÃOS, RECIFE – PE

Horto de dois irmãos, Recife, PE, como instrumento de educação ambiental para alunos do curso técnico em segurança do trabalho



Arthur Vinícius de Oliveira Marrocos de Melo 1

Graciane Maria de Lemos 2



  1. Biólogo Especialista em Educação Ambiental; Escola Técnica Regional – Rua Gervásio Pires, 698, Boa Vista, Recife-PE, 50-050-070. . email: arthur_marrocos@yahoo.com.br

  2. Técnica em Segurança do Trabalho. email: gracianemlemos@hotmail.com




RESUMO
A percepção ambiental é um dos fatores mais importantes quando se pensa em realizar atividades de educação ambiental, pois facilita sabermos o que o grupo que pretendemos trabalhar sabe em relação ao tema. com relação ao Técnico em Segurança do Trabalho ele deve saber perceber as questões ambientais para poder desenvolver atividade embasadas na sua área de trabalho. Pretende-se avaliar a percepção dos alunos do curso em segurança do trabalho, usou-se a metodologia de livre interpretação do ambiente, conclui-se que os alunos tiveram uma percepção boa e dentro de uma coerência relativamente boa. Demonstrando todos os pontos fracos e fortes do Horto de Dois Irmãos em Recife - Pernambuco.

Palavras- chaves: Educação, meio ambiente, percepção ambiental, horto

ABSTRACT

The environmental perception is one of the most important factors when you think to hold environmental education activities, as facilitates knowing what the group knows that we want to work on the subject. with regard to technical safety in the work he should know understand the environmental issues to develop activity based on their area of work. Aims to assess students' perception of the course in work safety, used is the method of free interpretation of environmental it appears that the students had a good perception and in a relatively good consistency. Showing all the strengths and weaknesses of the two brothers in Horto Recife - Pernambuco.

Key-Words: Education, environment, environmental perception, garden



INTRODUÇÃO

De acordo com Mergulhão (1997) as populações residentes em metrópoles têm demonstrado uma crescente necessidade de aproximação com a natureza buscando nos jardins zoológicos e unidades de conservação esta aproximação. Os zoológicos modernos, mais do que meros expositores de animais e áreas de lazer ampliaram seus objetivos investindo no desenvolvimento de pesquisas, na reprodução de espécies ameaçadas de extinção e na educação ambiental (Witte, 1990). Ainda para Mergulhão (1997) os zoológicos deixaram de ser uma simples vitrines de animais passando a contribuir para a conservação de habitats e de várias espécies.

Os espaços educativos informais, como parques, praças, museus, grutas, supermercados, etc, são considerados particularmente importantes principalmente por proporcionarem um aprender vinculado ao cotidiano e permitirem uma integração do saber científico à realidade sócio-cultural dos educandos (Meyer, 2000). Apesar do reconhecimento de sua importância para o ensino, estes espaços têm sido pouco explorados pelos educadores, principalmente, no que diz respeito ao desenvolvimento de atividades de educação ambiental e conservação (Menegazzi & Vaz, 2000).

Pernambuco (2009) o Parque de Dois Irmãos tem uma área de 384,42 hectares, sendo 14 hectares de zoológico. A reserva do Parque, considerada uma das maiores áreas de Mata Atlântica de Pernambuco, proporciona aos visitantes conhecer o ecossistema, suas plantas e seus animais nativos, como preguiças, sagüis, quatis, capivaras, além de uma enorme variedade de pássaros. O Parque possui cerca de 600 animais entre aves, répteis e mamíferos distribuídos em mais de 200 espécies. O Parque Dois Irmãos representa os zôos do Norte e Nordeste e se destaca pelos eventos pioneiros e atividades inovadoras nas áreas de educação ambiental e reprodução de animais em cativeiro.

Podemos destacar que o Parque de Dois Irmão é um espaço reservado a atividades educativas, desenvolvidas pela própria administração do parque, tem o museu Vasconcelos Sobrinho, e o Centro de Educação Ambiental – CEA, onde os monitores desenvolvem atividades de conscientização e informação sobre os animais, seus hábitos, habitats etc, quando solicitados previamente por escolas os monitores realização a visitação guiada, ainda existe ainda as trilhas dentro da Mata Atlântica..

Para Del – Claro (2004) os animais em cativeiro, um dos pontos importantes é zelar para que estejam sendo mantidos em condições adequadas. Um ambiente limpo, saudável, que reduza o estresse do animal, é essencial. Porém, não devemos entender este ambiente limpo como algo estéril, sem nada que possa entreter, exercitar a mente' e o físico do animal cativo. É muito importante que animais mantidos em zoológicos, laboratórios, celas de experimentação tenham seu recinto enriquecido com algum objeto, detalhe que lhe permita exercitar alguns de seus instintos básicos. Isso pode significar até mesmo, algo com que passar o tempo na sua prisão (Del – Claro, 2004)

A educação ambiental tem se tornado cada vez mais importante, como um meio de buscar apoio e participação dos diversos segmentos da sociedade para a conservação e a melhoria da qualidade de vida, uma vez que propicia ampliação dos conhecimentos, a mudança de valores e o aperfeiçoamento de habilidades, que juntos podem fazer com que os homens assumam comportamentos e atitudes que estejam em harmonia com o meio ambiente (Pádua & Tabanez, 1997).

Pose-se observar que os zoológicos são utilizados corriqueiramente como estratégia de educação ambiental, mas muitas vezes de forma inadequada e não efetiva para os objetivos da educação ambiental que é a busca da conscientização e de mudanças concretas na relação do homem com o meio ambiente. Como esse trabalho objetivou-se descrever quais as percepções que alunos do curso técnico em segurança do trabalho tem em relação as questões ambientais e do local como objeto de educação ambiental.

METODOLOGIA

Foram realizadas visitas ao Parque de Dois Irmãos, localizado no bairro de Dois Irmãos, Recife – PE durante o período de janeiro a dezembro de 2008 com alunos de 12 turmas do curso técnico em Segurança do Trabalho, buscando a conscientização sobre as questões ambientais que são discutidas na disciplina de educação ambiental do referido curso. Freitas e Ribeiro (2007) realizaram também um estudo de educação e percepção ambiental para a conservação do meio ambiente, levando os alunos a uma visita ao zoológico de Manaus buscando um processo educativo na área de preservação ambiental.

As visitas foram realizadas durante o horário de funcionamento do Parque em dias de semanas, os alunos passaram por uma conversa prévia visando o direcionamento dos mesmos as questões ambientais que seriam vivenciadas dentro das dependências do parque, foram demonstradas as questões do impacto ambiental causado pela relação do homem com o meio ambiente, da importância da flora e fauna, as turmas eram divididas sempre em grupos de cinco alunos onde tiveram que desenvolver um relatório onde tinham que buscar os recursos naturais encontrados, os danos ambientais, as estruturas físicas do local, bem como as condições que os animais se encontram nesse local as condições da qualidade de vida dos trabalhadores e visitantes.

Os alunos passaram sempre por uma conversa com os monitores do parque que estão vinculados ao Centro de Educação Ambiental (CEA), após essa conversa os mesmo fizeram a visita ao local de forma autônoma sem interferência do professor da disciplina de educação ambiental nem de nenhum funcionário e/ou estagiário do parque, achou-se melhor não interferir na percepção dos alunos em relação aos temas solicitados. Buscou-se conhecer como os alunos percebem o ambiente apenas pela descrição dos seus relatórios direcionados pelos questionamentos feitos pelo professor (Fig. 1).

Figura 1. Aluna escrevendo o seu relatório, referente as suas vivências no Jardim Zoo- Botânico de Dois Irmãos, Recife – PE.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Foi destacado pelos alunos a falta de estrutura física encontrada no local, como lixeiras enferrujadas e quebradas colocando em risco a integridade física dos visitantes (Fig. 2 A). Ainda relatado que durante todo o trajeto os visitantes só encontram dois lixeiros de coleta seletiva, e lixeiros com formas de animais. (Fig. 2 B, C)

Figura 2. A lixeira quebrada expondo os ferrugens e as estruturas perfuro cortante. B. as lixeiras em forma de animais. C. Lixeiras de coleta seletiva na área do jardim

Em alguns locais pode-se perceber a falta de manutenção estrutural, como visualizado na Figura 3 a falta de guarda corpo, que expõe os visitantes principalmente criança de quedas que podem causar sérios problemas, principalmente porque a falta dessa estrutura fica em frente ao recinto do hipopótamo (Hippopotamus amphibius), já que esse animal tem no habito de defecar as fezes são lançadas e os visitantes podem querer correr e podem cair de uma altura de mais ou menos um metro de altura..

Figura 3. Falta do guarda corpo em frente ao recinto do hipopótamo (nome da espécie).

Foi ainda relatado ainda pelos alunos as dificuldades que os deficientes físicos passam em visitar o local, pois só encontram um banheiro adaptado as suas necessidades e o mesmo se encontra logo após a entrada e durante o trajeto não existe outra instalação sanitária, ainda encontram dificuldade de locomoção, pois o asfalto não é plano, e as rampas de acesso não são encontradas na frente de todos os recintos dos animais, com isso os caderantes perdem a oportunidade de deslumbrar-se com os animais encontrados na área. (Fig 4 A, B, C)

Figura 4. Acesso para caderantes com estrutura danificada. B muro de contenção no acesso das pessoas correndo risco de cair. C. Caderante tendo acesso em um local adequado para o mesmo.

Alguns pais e/ou responsáveis muitas vezes se tornam displicentes com as crinaças durnate todo o trajeto do zoológico, pois não obervam que as crianças passam das estrutas que a separam dos recintos, com isso as crianças ficam expostas a riscos, podemos destacar que os alunos colocaram esse problema como resposanbilidade dessas pessoas, pois entenderam que as placas informativas, as palestrads dadas pelos funcionários e/ou estagiários são suficientes para informar o visitante que deve partir dos mesmos a resposanbilidade com os menores, sua integridade física e a sua interação com os animais. Os pais e/ou resposnaveis devem buscar uma maior obsevração com os menores, pois os riscos são grandes e depois terminam culpando a falta de estrutura mas podemos vizualizar na figura 5 que a estrutura existe.

Figura 5. Demonstração do descuido dos pais e/ou responsáveis pelos menores.

Quanto aos riscos que os funcionários passam no seu local de trabalho os alunos destacaram que os maiores riscos estão no ato de alimentar os animais, pois alguns funcionários o fazem sem uso de qualquer equipamento de proteção individual (EPI), se colocando em risco, foi destacado ainda o ato de limpeza do Açude do Prata, onde os funcionários retiram algas da lâmina d’água em um flutuador também sem EPI (Fig. 6 A, B e C) Quando questionados pelos alunos alguns funcionários destacam que recebem o EPI mas os mesmo incomodam durante o exercício do trabalho e que retiram, mas quando o funcionário responsável vem eles o colocam para não receber reclamações, esse tipo de fato acontece em várias empresas como destacado por vários autores.

Figura 6. Os trabalhadores do Jardim sem uso de equipamentos proteção individual – EPI.

Os alunos destacam ainda o descarte inadequado de lixo durante todo o trajeto, por falta em alguns lugares de lixeiros e em outros locais, uma falta de atenção e responsabilidade do visitante que descarta os seus lixos no chão.

Quando perguntados quais as sugestões que os alunos dariam para melhorar as condições ambientais do local, pode-se destacar que os mesmos destacam as questões estruturais, como falta de acesso para deficientes físicos (de qualquer natureza), a falta de organização dos funcionários, a falta de iluminação e informação estruturais do zoológico, a falta de lixeiras de coleta seletiva, o grande acumulo de lixo, não relacionando em nenhum momento a responsabilidade de cada visitante na manutenção do local nem na atuação direta na mudança necessário, como destacado por Couto – Santos (2004) a percepção dos entrevistados na sua pesquisa é de que eles não podem atuar diretamente na conservação das espécies e dos habitats demonstra como a população, se exime de responsabilidades em relação às causas ambientais. O homem usa o ambiente natural, mas em nenhum momento se sente responsável pela manutenção do mesmo.

Assim como destacado por Meunier (2003) os alunos quando perguntados de que atividades na área ambiental gostaria de fazer destacam a ida ao zoológico, com isso consegue-se perceber que esse ambiente de educação ambiental não formal pode e deve ser usado como estratégia de educação ambiental independe da grau de escolaridade e/ou conhecimento.

CONCLUSÃO

Contatou-se com o presente estudo que os alunos assim como os visitantes percebem as falhas existentes mas não relacionam essas falhas em nenhum momento a sua responsabilidade, deixando apenas a “culpa” a organização do jardim, o local deve passar por uma reforma para uma melhor adaptação aos deficientes físicos tentando melhorar a acessibilidade. Tentar melhorar as formas de educação ambiental para uma melhor conscientização ambiental. O espaço é propício para a realização de atividades de educação ambiental em qualquer nível de escolaridade, na formação profissional fica super importante pois os futuros técnicos já tem uma visão mais sistêmica do meio ambiente. Pode-se ainda dizer que o local do estudo é um local agradável para atividades familiares e contemplação da natureza.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COUTO – SANTOS, F. R., MOURTHÉ, I. M. C., MAIA – BARBOSA, P. M. Levantamento preliminar da concepção de jovens estudantes sobre a conservação de primatas da mata atlântica em duas instituições não-formais de ensino. Ensaio, vol 6 . nº 2 . Dez. 2004.

DEL – CLARO, K. Comportamento Animal - Uma introdução à ecologia comportamental. Jundiaí – São Paulo, 2004.

FREITAS, R; E., RIBEIRO, K. C. C. Educação e percepção ambiental para a conservação do meio ambiente na cidade de Manaus uma analise dos processos educacionais no Centro Municipal de Educação Infantil Eliankin Rufino. Aboré, Ed. 03, Nov. 2007.

MERGULHÃO, M. C. 1997. Zoológico: Uma sala de aula viva. In: S.M., Pádua & M. F., Tabanez (ed.), Educação Ambiental: Caminhos Trilhados no Brasil. Ed. Gráfica e Fotolito Ltda, Brasília, Brasil. 283 p.

WITTE, G. 1990. “Phaenomena – Non exotical using the unusual behavior of zoo animals to increase visitor observation”. Journal of International Association of Zoo Educators, 24: 3-9.

PÁDUA, S. M. & VALLADARES-PÁDUA, C. 1997. Um programa integrado para a conservação do mico-leão-preto (Leontopithecus crysopygus) – Pesquisa, educação e envolvimento comunitário. In: S.M., Pádua & M. F., Tabanez (ed.), Educação Ambiental: Caminhos Trilhados no Brasil. Ed. Gráfica e Fotolito Ltda, Brasília. 283 p.

PERNAMBUCO. Parque de Dois Irmãos. Governo do Estado de Pernambuco. Disponível em: Acesso, 13 abr. 2009. 2009

MEYER, M. A. A. 2000. Além das quatro paredes. In: Coletânea do 7º Encontro Perspectivas do Ensino de Biologia, São Paulo. 849 p.

MEUNIER. I. M. J., FELICIANO, A. L. P., FERRAZ, J. S. F., OLIVEIRA, L. A. A., MARANGON, L. C. Percepção de estudantes de Catende e Palmares. 2003Disponível em: < http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=187&class=21> . Acesso: 13 abr. 2009.