PresençAusência[i]

 

Cláudia Mariza Mattos Brandão[ii]

 

 

 

Mas a polarização induzida pela poderosa privatização e individualização das buscas existenciais também tem dimensões planetárias. As chances de cruzar o fosso entre a individualidade de jure e a de facto são altamente desiguais em todo o planeta. Como os governos do rico Ocidente gastam 350 bilhões de dólares por ano para subsidiarem sua agricultura, as vacas européias estão em melhor situação do que a metade da população mundial. Londres ocupa 1500 quilômetros quadrados de terra, mas, segundo os cálculos do Instituto Internacional para o meio ambiente e Desenvolvimento, a cidade precisa usar um território mais ou menos igual ao de toda a terra útil da Grã-Bretanha para suprir o consumo de seus habitantes e armazenar o lixo que eles produzem. Um habitante médio de uma cidade da América do Norte usa para seu sustento 4,5 hectares de terra, enquanto seu correspondente indiano tem de se haver com 0,4 hectares. Quanto melhor a qualidade de vida, maior a “pegada ecológica” deixada por uma cidade no planeta que compartilhamos. Londres precisa de um território 120 vezes maior do que o seu próprio, enquanto Vancourve, por exemplo, no topo do ranking da qualidade de vida, não conseguiria viver sem um Lebensraum 180 vezes maior do que a própria. (BAUMAN, 2007, p.38)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Referência bibliográfica:

 

BAUMAN, Zygmunt. Vida Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007.

 



[i] Todas as imagens são de minha autoria, realizadas com câmera digital no Balneário Cassino, Rio Grande, RS, em 2009.

[ii] Mestre em Educação Ambiental, professora orientadora do curso de especialização lato sensu Mídias na Educação, CTI/FURG, coordenadora do PhotoGraphein – Núcleo de Pesquisa em Fotografia e Educação, FURG/CNPq.