Nós somos o Meio Ambiente e devemos lutar por ele Quando você pensa em meio ambiente, você está inserido nele, ou não? Para a maioria de nós, esta é uma pergunta realmente difícil de responder. Nossa educação não nos colocou como parte integrante do meio ambiente. Em uma reportagem de André Trigueiro jornalista do “O Globo” do dia 23/10/2002, sobre uma pesquisa que vem sendo feita em todo o território brasileiro de 4 em 4 anos desde a Rio 92, a respeito de meio ambiente, ele diz que: a riqueza e a complexidade do material coletado ainda são objeto de estudos, mas alguns dados merecem atenção desde já. Tal como haviam indicado as consultas feitas em 1992 e em 1997, a pesquisa confirmou em 2001 que, para a maioria dos brasileiros, meio ambiente é uma questão que se resume à fauna e à flora. Ao escolher, numa lista com catorze elementos, quais aqueles que fazem parte do meio ambiente, a maioria dos entrevistados deixou de fora "seres humanos", "favelas" e "cidades".Ou seja, aos olhos do brasileiro, meio ambiente é algo em que simplesmente ele não está incluído, e todos os problemas que dizem respeito à qualidade de vida nas cidades - lixo, saneamento, especulação imobiliária etc. – não estão relacionados com o assunto da entrevista. Os solos do planeta Terra, estão passando por muitas mudanças desde sua criação, mas o ser humano está interferindo na velocidade natural destas transformações que ocorrem em eras, séculos, agora estão acontecendo em décadas. O ser humano está interferindo no fator TEMPO. As consequências destes atos estão começando a surgir. A comunidade está sendo obrigada a conviver com fatos que desconhecia e que a estão assustando, como as intempéries do tempo, grandes enchentes, altas temperaturas, erosões, assoreamentos. A noção de que os recursos naturais são esgotáveis é recente, é “novidade”. Somente através da educação que a compreensão e o entendimento deste fato será alcançado. “É melhor prevenir, do que remediar” este dito popular deve ser sempre usado por nós humanos, precisamos aprender a prevenir, e para isto, é necessário conhecer, saber, entender, estudar, e então, recuperar. Recuperar as áreas de floresta, reflorestar para que as matas ao evaporarem, baixem a temperatura, tragam chuvas mais amenas, “segurem” as águas para que não “lavem” os solos; recuperar cidadania, para que o meio antrópico corra menos riscos, que o ser humano se respeite mais, e também tenha amor, amor pelo meio em que vive, pelo seu amigo, por seus companheiros de trabalho, por sua família... Porque quando se envolve com a Educação Ambiental envolve-se com uma mistura de palavras como: respeito, ética, educação, cidadania, compreensão, carinho, envolvimento, que para esta autora todas juntas se resumem em uma só palavra que é AMAR, amar da forma mais prazeirosa que se pode ter, aquele amor que você dará e em troca receberá um MUNDO MELHOR. Como chegar a este patamar é o nosso “gargalo”. Conceitos precisam ser mudados, preconceitos ignorados, é necessário ação, que se “meta a mão na massa”, o trabalho de todos os seres humanos se faz necessário. Mas para isto de fato acontecer , é preciso que hajam mudanças de comportamento. É neste ponto crucial que entra a Educação Ambiental, para SORRENTINO (2002), o desafio para quem deseja realizar a educação ambiental é o da sensibilização/ mobilização do grupo para o enfrentamento/ solução de problemas, é a construção de situações/ jogos/ simulações que nos permitam exercitar nossa capacidade de trabalho interdisciplinar e intersaberes, construindo conhecimentos e procedimentos que nos preparem para a tomada de decisões sobre os grandes impasses com que nos deparamos enquanto espécie humana e enquanto indivíduos. Para a consolidação de atitudes e ações positivas em relação ao ambiente é cada vez mais importante que se compreenda como, quando e porque o problema ambiental está acontecendo e qual é o nosso papel para revertermos este quadro. De acordo com MAIMOM (1993), o direito de propriedade está vinculado ao direito de uso de um recurso, ou seja, de cultivar uma plantação, de usar o meio ambiente. Já para SANTOS (2002), o progresso trouxe consigo uma crescente degradação do meio, decorrente de um modelo econômico que privilegia a exploração incessante das riquezas naturais em prol do acúmulo de capital financeiro. Diante deste quadro para JESUS & MARTINS (2002), é fundamental repensar a relação homem- natureza, o que implica conhecimentos, consciência, valores e atitudes. A visão empresarial de que o lucro está acima dos interesses da comunidade, acima dos interesses ambientais, sociais, educacionais, de cidadania, enfim, esta idéia de que o objetivo principal é o monetário, tem que ser revisto. Nós somos os atores responsáveis e também os mais atingidos pela degradação ambiental e desta forma fica a cada dia mais difícil fecharmos os olhos para o meio ambiente. A crise ambiental em que nos encontramos, não pode se basear na dificuldade em encontrar um ponto em comum entre o desenvolvimento e o sustento. É necessário que se ache este ponto que se chama desenvolvimento sustentável. Aos educadores resta mostrar como fazer para que se chegue a este patamar. Segundo LAYRARGUES (2002), novas perspectivas da educação ambiental, que diametralmente rompem com o modelo convencional, é a hipótese de que só será possível proteger a natureza se ao mesmo tempo se transformar a sociedade, pois apenas reformá-la não seria suficiente. De acordo com SORRENTINO (2002), o compromisso de cada um dos bilhões de habitantes deste planeta é essencial e insubstituível para a implementação das mudanças radicais que o momento exige. Os excluídos acabam por cobrar a parte que lhes cabe nesse latifúndio e o manifestam de diferentes maneiras. No mínimo, não se identificam com as decisões da “chefia” e não se responsabilizam por elas. Inúmeros são os exemplos de fracasso de belas iniciativas que não contaram com o comprometimento de todos os supostamente interessados. É preciso começar, podemos e devemos começar por nós mesmos. A todos, BOM TRABALHO! BIBLIOGRAFIA: JESUS, Edilza Laray de, MARTINS, Ayrton L.U. Educação Ambiental: Impasses e Desafios na Escola Pública. In: PEDRINI, Alexandre de Gusmão (org.) O Contrato Social da Ciência: Unindo saberes na Educação Ambiental. Petrópolis, RJ. Editora Vozes. p. 172-184. 2002. LAYRARGUES, Philippe P. Educação no Processo da Gestão Ambiental: criando vontades políticas, promovendo a mudança. In: Anais do I Simpósio Sul Brasileiro de Educação Ambiental , II Simpósio Gaúcho de Educação Ambiental, XIV Semana Alto Uruguai do Meio Ambiente. ZAKARZEVSKI, Sonia et alli (orgs.). Erechim, RS. EdiFAPES. p. 127-144. 2002. MAIMOM, Dália. A Economia e a Problemática Ambiental. In: VIEIRA, P. F. e MAIMOM, D.(Orgs). As Ciências Sociais e a Questão Ambiental: Rumo a Interdiscplinaridade. APED, Rio de Janeiro, RJ. p. 45- 79. 1993. SANTOS, Erivaldo Pedrosa dos. Educação Ambiental no Âmbito do Curso de Pedagogia: Uma Experiência Singular. In: PEDRINI, Alexandre de Gusmão(Org). O Contrato Social da Ciência, Unindo saberes na Educação Ambiental. Ed. Vozes. Petrópolis, RJ. p. 56-68. 2002. SORRENTINO, Marcos. Portas, Chaves e Restaurantes. In: Anais do I Simpósio Sul Brasileiro de Educação Ambiental , II Simpósio Gaúcho de Educação Ambiental, XIV Semana Alto Uruguai do Meio Ambiente. ZAKARZEVSKI, Sonia et alli (orgs.). Erechim, RS. EdiFAPES. p. 91-100. 2002. SORRENTINO, Marcos. Desenvolvimento Sustentável e Participação, In: LOUREIRO, Carlos Frederico B. et alli (Orgs). Educação Ambiental: repensando o espaço da cidadania. Editora Cortez. São Paulo, SP. p. 15-22. 2002. TRIGUEIROS, André. http://www.perfuradores.com.br/ponto_22.htm Informações sobre a autora: Marina Strachman De Lucca, Arquiteta, Especialista em EA e Mestranda em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente - UNIARA- Araraquara-SP Contato com a autora: strachmandelucca@hotmail.com