Educação Ambiental em Ação 26
Cresce pressão por medidas eficazes contra as
mudanças climáticas
12/12/2008 - 01h12
Por Juliana Radler, especial para a Envolverde/Rebia
Nos últimos dois dias da Conferência da ONU de Mudanças Climáticas, que
ocorre em Poznan, na Polônia, cresce a pressão pública para que os
ministros dos 192 países que integram a Convenção consigam alinhar suas
posições no sentido de implementar o futuro acordo para redução das emissões
dos gases do efeito estufa. Esse acordo, que entrará em vigor entre 2012 e
2020, substituindo o Protocolo de Quioto, deverá ter metas de redução mais
ambiciosas, chegando a 40% de corte das emissões nos países desenvolvidos até
2020. Esse é o percentual estimado pelos cientistas para que o aquecimento
global não ultrapasse dois graus Celsius de elevação, considerado ainda
como um nível "seguro"de aquecimento.
Nesta quinta-feira, dia 11 de dezembro, os ministros do meio ambiente chegaram
a Poznan para as rodadas de negociações finais. Enfrentando um frio de quase
zero Graus, manifestantes de organizações não governamentais protestavam na
entrada do Centro de Convenções, com cartazes e faixas pedindo "Justiça
Climática", e "O mundo está de olho em vocês".
A Oxfam Internacional realizou uma dramatização comparando as emissões de
CO2 por habitante de países ricos e industrializados em relação às emissões
das populações de países da África, como Mali e Uganda. Nos Estados
Unidos, por exemplo, cada habitante emite anualmente 20 toneladas de CO2 e no
Japão a média é de 10 toneladas. Em Mali, na África sub-saariana, um dos
países mais afetados pela desertificação acentuada pelo aquecimento do
planeta, a emissão per capita por ano é de 0,1 tonelada. E em Bangladesh,
onde, anualmente, milhares de pessoas são afetadas pelas enchentes, a emissão
é de 0,3 toneladas. "Isso é injusto. Isso é uma grande injustiça",
gritavam os manifestantes. Os mais pobres do mundo são os que menos emitem,
mas os que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas causadas
pelos mais ricos.
A pressão da sociedade civil parace ter surtido algum efeito. Poucos minutos
após o protesto, o secretário geral da ONU, Ban Ki Moon ,abriu seu discurso
na Plenária referindo-se à escultura do Greenpeace que foi montada na
entrada do Centro de Convenção. "Muitos de vocês devem ter notado na
entrada deste centro uma grande escultura no qual o planeta é engolido por
uma onda de emissões de gases do efeito estufa. Infelizmente, isso não é
uma metáfora", ressaltou o secretário-geral.
* Juliana Radler é jornalista e documentarista da Sumaúma Documentários
Socioculturais e Ambientais
(http://www.sumauma.org">http://www.sumauma.org) e está em Poznan,
Polônia, acompanhando a Conferência do Clima.
(Envolverde/O autor)
© Copyleft - É livre a reprodução exclusivamente para fins não
comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída.