O tradicional e
exuberante encontro do mar com a Mata Atlântica em toda Costa Verde do nosso
litoral, onde, felizmente, ainda existem faixas bem conservadas, sempre me faz
refletir sobre a semelhança de visual encontrado pelos primeiros navegantes que
aqui aportaram e a importância de se preservar essa memória ambiental.
De lá para cá, a crescente e desordenada ocupação da zona costeira por
loteamentos e o grande incremento das atividades esportivas e de lazer ligadas
ao mar têm provocado uma forte pressão impactante sobre os ecossistemas
locais.
Quem não gosta de ancorar o barco em uma enseada com águas claras e limpas ou
frequentar uma praia com a areia branquinha? Porém, poucos sabem que manter
esses ambientes limpos vai além da educação e do aspecto puramente visual.
Os canudinhos, pontas de cigarro, cotonetes, tampinhas e sacos plásticos
descartados de forma incorreta poluem nossos mares e podem provocar uma
significativa mortandade de inocentes animais marinhos. Linhas de pesca, cabos e
restos de redes abandonados no mar permanecem nesse ambiente por muitos anos e
acabam vitimando inúmeros animais que se enroscam e acabam morrendo por asfixia
ou por inanição.
Peixes, tubarões, aves, focas, golfinhos e tartarugas são as principais vítimas.
Confundem os detritos que ficam boiando no mar com alguns dos alimentos que
formam parte de sua dieta e podem morrer de inanição. Um saco plástico à
deriva no mar é facilmente confundido com a água-viva, componente alimentar de
várias espécies de tartarugas-marinhas
Assim, lembre-se na próxima vez que for passear de barco ou freqüentar alguma
praia: seja consciente.
Não custa nada levar um saco plástico para jogar seu proprio lixo e, quando
for embora, levá-lo com você para ser descartado corretamente na lixeira.
Poder vislumbrar dias melhores para o ambiente marinho e para nós mesmos só
reforça a importância do cuidado e do respeito que devemos ter pelo Planeta
que nos sustenta.
Marcelo Szpilman, Biólogo Marinho formado pela UFRJ, com Pós-Graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE) pela Coppe/UFRJ, é autor do livro Guia Aqualung de Peixes, editado em 1991, de sua versão ampliada em inglês Aqualung Guide To Fishes, editado em 1992, do livro Seres Marinhos, editado em 1998/99, do livro Peixes Marinhos do Brasil, editado em 2000/01, do livro Tubarões no Brasil, editado em 2004, e de várias matérias e artigos sobre a natureza, ecologia, evolução e fauna marinha publicados nos últimos anos em diversas revistas e jornais e no Informativo do Instituto. Atualmente, Marcelo Szpilman é diretor do Instituto Ecológico Aqualung, Editor e Redator do Informativo do citado Instituto, diretor do Projeto Tubarões no Brasil (Protuba) e membro da Comissão Científica Nacional (Cocien) da Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos (CBPDS).
Fonte: http://www.mergulho