UNIR EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SOCIOEMOCIONAL TORNA OS ALUNOS MAIS CONSCIENTES E ATUANTES ENQUANTO CIDADÃOS
Por Thaís Lenhardt, Coordenadora Pedagógica da Mind Lab
O
mundo contemporâneo enfrenta desafios cada vez mais complexos
relacionados ao meio ambiente, como as mudanças climáticas,
a perda da biodiversidade e a escassez de recursos naturais. Diante
desse cenário, a Educação Ambiental emerge como
um componente essencial e potente na formação de
indivíduos capazes de compreender e agir frente a essas
questões. Mais do que transmitir conhecimentos técnicos
e/ou teóricos sobre ecologia e sustentabilidade, é
necessário pensar e estruturar uma Educação
Ambiental que tenha como objetivo o desenvolvimento de competências
cognitivas e socioemocionais atreladas à construção
de uma cidadania ativa, ética e comprometida com o bem comum.
Ou seja, pensando sob a perspectiva de formação
integral.
A
Educação Ambiental precisa promover o engajamento
afetivo e crítico dos estudantes com as problemáticas
socioambientais, exercitando o desenvolvimento de qualidades humanas
fundamentais como empatia, cooperação, resiliência
e liderança. Tais habilidades não apenas facilitam a
compreensão dos desafios socioambientais, como também
municiam os alunos para atuarem como agentes de mudança
positiva em suas comunidades e no mundo.
Pesquisas
recentes apontam para a importância da dimensão
emocional na sensibilização e mobilização
de crianças e adolescentes frente às questões
ecológicas. Em um cenário marcado por atitudes
especistas e visões antropocêntricas, o trabalho com
competências socioemocionais, como o gerenciamento emocional e
a abertura a novas experiências, pode contribuir para a
construção de posturas mais empáticas e éticas
em relação aos demais seres vivos. Dessa forma, a
Educação Ambiental se entrelaça com o processo
de desenvolvimento humano integral, ao promover a consciência
crítica e o envolvimento afetivo com a natureza.
Nesse
sentido, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) representa um avanço
significativo ao estabelecer entre suas Competências Gerais o
desenvolvimento de habilidades como empatia, responsabilidade,
cooperação e tomada de decisões éticas,
sustentáveis e solidárias. A Competência Geral
10, por exemplo, ressalta a importância de agir com
responsabilidade e cidadania, enquanto a Competência Geral 7
enfatiza a argumentação baseada em dados confiáveis
e valores éticos, promovendo uma consciência
socioambiental. Tais pontos dialogam diretamente com os
princípios da Educação em Direitos Humanos
(EDH), expressos no Plano Nacional de Educação em
Direitos Humanos (PNEDH) e nas Diretrizes Nacionais para a Educação
em Direitos Humanos consolidando um compromisso de formar indivíduos
capazes de reconhecer e combater desigualdades, promover a paz e
atuar de forma solidária em contextos democráticos.
O
direito à educação, portanto, deve ir além
do acesso universal, contemplando também a garantia de uma
formação que promova o desenvolvimento integral —
cognitivo, afetivo, ético e social. Trata-se de assegurar uma
educação que contemple não apenas o aprendizado
do dia a dia da sala de aula, mas também ferramentas para que
esses conhecimentos sejam aplicados com ética,
responsabilidade e sustentabilidade em diferentes contextos. Isso
inclui o estímulo a habilidades sociais como empatia,
resolução de conflitos e interação
sociocultural e ambiental.
Entre
os exemplos podemos citar rodas de conversa sobre problemas
ambientais - que podem ser mapeados e diagnosticados de acordo com a
realidade de cada local. Essas iniciativas incentivam a empatia e a
escuta ativa, ao permitir que os estudantes expressem seus
sentimentos diante de situações de degradação
ambiental e ouçam diferentes perspectivas. Outra possibilidade
são os projetos de intervenção comunitária,
como hortas escolares ou campanhas de conscientização
sobre o consumo responsável, que mobilizam a cooperação,
o senso de responsabilidade e a tomada de decisões éticas.
Também é possível realizar diagnósticos
ambientais participativos — com mapeamento de áreas
verdes, observação do descarte de resíduos ou
levantamento do uso da água na escola — estimulando o
pensamento crítico e o engajamento coletivo. Além
disso, práticas como a escrita de diários reflexivos ou
a produção de vídeos e podcasts sobre temas
socioambientais favorecem o autoconhecimento, a argumentação
ética e o fortalecimento de vínculos afetivos com o
território. Ao integrar essas experiências ao currículo,
a escola potencializa o desenvolvimento de uma consciência
ecológica sensível, crítica e transformadora,
fundamentada no cuidado de si, do outro e do planeta.
Assim,
é imprescindível compreender que a Educação
Ambiental, quando orientada por uma ética genuinamente
ecológica e comprometida com a inclusão, contribui para
superar discursos superficiais de sustentabilidade. Ao se sentirem
parte de uma comunidade social e ambiental mais ampla, os estudantes
aprendem a conhecer e a valorizar o cuidado consigo, com o outro —
humano ou não — e com o planeta.
*Thais
Lenhardt é Coordenadora Pedagógica da Mind Lab.