A merenda escolar dentro do contexto da Educação Ambiental Berenice Gehlen Adams Considero ser de extrema importância um debate e/ou uma reflexão acerca da merenda escolar. Não estou me referindo à merenda escolar distribuída pelo Governo (este seria outro assunto para reflexão), mas à merenda que vai de casa para a escola ou que é adquirida no próprio estabelecimento educacional. É importante refletir quanto ao valor nutricional da mesma, bem como sua origem (caseira ou industrializada) e geração de lixo (embalagens). Todos nós sabemos que quanto mais natural e integral for nossa alimentação, melhor será a nossa saúde. Muitas escolas, cientes desta questão, sugerem aos pais um cardápio para a merenda diária, incentivando uma alimentação mais saudável, o que facilita na aceitação por parte das crianças, o consumo de alimentos com maior valor nutricional. Por outro lado, muitas escolas, na sua grande maioria, deixam para livre escolha, o que as crianças levam ou adquirem para merendar. As escolas que estão empenhadas com esta questão já deram um grande passo em relação à Educação Ambiental, pois a alimentação está diretamente relacionada às questões ambientais. Penso que incentivando a utilização de frutas, leguminosas, cereais, alimentos caseiros, para a merenda escolar, estão contribuindo de forma direta com a conscientização de que quanto mais natural for nossa alimentação, menos lixo será produzido e mais saúde teremos. Na grande maioria das escolas particulares, a merenda escolar é uma questão “esquecida” e não levada a sério. Muitos estabelecimentos mantêm um “barzinho” onde as guloseimas e os refrigerantes são consumidos diariamente. Além da produção de lixo, do baixo valor nutricional dos alimentos oferecidos, dos aditivos químicos, e do incentivo ao consumo, muitas crianças acabam rejeitando sua própria merenda (quando, eventualmente, alguma delas leva frutas, sanduíches, chá, etc.) Devido ao pouco tempo de que dispõem os pais, para a manufatura da merenda escolar, estes recorrem a uma vasta gama de produtos industrializados, o que acaba, também, interferindo na qualidade da merenda escolar. Certa vez ouvi um comentário de uma criança: “Na nossa sala nós separamos o lixo, mas o lixo orgânico está sempre vazio!”. Este comentário é, no mínimo, revelador. Seria interessante a escola fazer um levantamento quanto ao “o quê está sendo consumido na hora da merenda”. Não tenho dúvidas de que o resultado seria, na sua grande maioria, o consumo de produtos industrializados (salgadinhos, refrigerantes, bolachas recheadas, “todynhos”, chocolates). A Escola que deseja inserir a Educação Ambiental de forma ampla e integrada não pode deixar de lado a questão da merenda escolar. Este não é um desafio fácil, mas necessário para uma verdadeira inserção da Educação Ambiental dentro do contexto da mudança de atitudes, para uma reintegração do elemento humano ao meio ambiente. Está lançado o desafio!