Entrevist@ coletiva com Patrícia Otero, (do Instituto 5 Elementos), Rita Mendonça e Arianne  Brianezi (ambas do Instituto Romã) para 19ª. Edição da revista eletrônica Educação Ambiental em Ação

 

Por Berenice Gehlen Adams

 

Apresentação das entrevistadas:

 

Patrícia Otero é Pedagoga pela PUC-SP, com especialização em Teoria e Prática do Meio Ambiente pelo ISER-RJ. É Diretora do Instituto 5 Elementos (www.5elementos.org.br). Atua desde 1987 na área ambiental, notadamente no desenvolvimento de projetos de Educação Ambiental. Ministra cursos e palestras e desenvolve materiais (publicações, jogos, peças de comunicação) em apoio aos projetos de Educação Ambiental. Desenvolveu competências na área de cultura digital quando cursou o Módulo Mídias Interativas e Práticas Pedagógicas na USP-Cidade do Conhecimento-2003. Foi delegada pela região sudeste da I Conferência Nacional de Meio Ambiente-2003. Nos últimos anos vem se especializando na área de tecnologias de comunicação para a educação ambiental. É idealizadora do Mais Ambiente – site de educação ambiental (www.maisambiente.com.br)  e  elo articulador da  REPEA - Rede Paulista de Educação Ambiental. Contato: patriciaotero@5elementos.org.br .

 

Rita Mendonça é Diretora do Instituto Romã (www.institutoroma.org.br), bióloga e socióloga. Desenvolve projetos transdisciplinares envolvendo Natureza e Cultura, oferecidos a instituições públicas, privadas e do terceiro setor. É professora universitária e escritora. É coordenadora no Brasil da Sharing Nature Foundation desde 1996. É coordenadora das Caminhadas Ecológicas e Filosóficas e do Grupo de Diálogo Filosofias da Natureza da Associação Palas Athena. Publicou os livros: Como cuidar do seu meio ambiente, pela editora BEI, À sombra das árvores-transdisciplinaridade e educação ambiental em atividades extra-classe, pela editora Chronos e Conservar e criar-Natureza, cultura e complexidade, pela editora Senac (no prelo), além de diversos artigos sobre meio ambiente, educação ambiental e ecoturismo. Contato: ritam@institutoroma.org.br

 

 

Arianne Brianezi é Diretora de projetos da Associação Brasileira de Vivências com a Natureza, Sócia fundadora do Instituto Romã (www.institutoroma.org.br), Diretora de Projetos, especialista em Ecoturismo pela Faculdade SENAC de Turismo e Hotelaria. Além disto, é Facilitadora do Grupo de Diálogo Filosofias da Natureza da Associação Palas Athena, guia nacional pela EMBRATUR, consultora ambiental em diversos projetos. No Instituto Romã desenvolve trabalhos de monitoria ambiental, ministra palestras, coordena e executa projetos de Vivências com a Natureza com jovens, crianças e professores, projetos de formação de monitores ambientais e oficina de multiplicadores da técnica do Aprendizado Sequencial. Colaborou no artigo Experimentando a Sustentabilidade do Turismo na Natureza” do livro Análises Regionais e Globais do Turismo Brasileiro (2005), editora Roca e participou da tradução e coordenação da edição do livro Vivências com a Natureza 1, de Joseph Cornell (2005), Editora Aquariana. Contato: arianne@institutoroma.org.br

 

 

 

Patrícia, Rita e Arianne, agradeço muito por vocês aceitarem o convite para esta entrevist@ coletiv@. É uma honra tê-las conosco compartilhando suas vivências e experiências na realização do importante evento dedicado aos educadores ambientais brasileiros, que ocorreu recentemente, em SP: o seminário “A natureza que nos une”, com o educador naturalista norte-americano Joseph Cornell, autor do livro Sharing Nature with children (Vivências com a natureza 1 – Guia de atividades para pais e educadores). Vamos dividir um pouco desta experiência com nossas/os leitoras/es?

 

- Como a metodologia vivencial, criada por Joseph Cornell na década de 70, foi recebida pelos educadores ambientais brasileiros?

 

Patricia Otero: Tive contato com o trabalho de Joseph em 1993 quando trabalhei com Educação Ambiental na Fund. Brasileira para a Conservação da Natureza-FBCN no Rio de Janeiro. Naquela época desenvolvíamos atividades de EA nos Parques da cidade e as atividades propostas por Joseph Cornell eram perfeitas para sensibilizar e aproximar os participantes da Mata Atlântica. Nossa dificuldade, na época, era traduzir as atividades com um dicionário do lado e fazer as adaptações para a realidade carioca, talvez foi a partir dali que algumas atividades se multiplicaram no Brasil. Quando fui pra a Califórnia em 1995 comprei um livro de bolso e um vídeo com o trabalho dele, e a cada dia fui aprendendo e compartilhando as vivências. Com o trabalho do Instituto Romã hoje no Brasil facilitando a metodologia do Joseph Cornell as vivências na natureza têm se tornado mais divulgadas e conhecidas.

 

Rita: Antes da primeira vinda do prof. Cornell ao Brasil, em 1996, o conhecimento de sua proposta pelos educadores brasileiros dava-se apenas através de seus livros, em inglês, como a Patrícia testemunhou acima. Em 1996, ele veio para fazer o lançamento de seu livro "Sharing Nature with Children", que em português chamou-se "Brincar e Aprender com a natureza". Foi publicado pelas editoras Senac e Melhoramentos. Nessa ocasião ele ofereceu 2 workshops no Parque Estadual da Cantareira e uma conferência no Senac, todos em São Paulo. O início da difusão de seu trabalho se deu a partir dos participantes dessas atividades e dos leitores de seu livro. Em 1997 foi lançado o "A alegria de aprender com a natureza"(do original Sharing the Joy of Nature), o que ampliou e facilitou o trabalho dos educadores interessados. Sou a coordenadora da Sharing Nature no Brasil desde 1996 e fiz a revisão técnica dos 2 livros. A compreensão do método do Aprendizado Sequencial não é muito fácil, pois o método parte de pressupostos muito diferentes ao da educação usual. Por esse motivo, o uso da proposta da Sharing Nature se restringiu à aplicação dos jogos de natureza, sem um grande aprofundamento sobre o método.

 

- Vocês consideram a metodologia apresentada “aplicável” aos ambientes educacionais brasileiros, levando em conta realidades tão distintas?

 

Patricia: Sim, mas devemos adaptar alguns termos e incluir a nossa rica biodiversidade socioambiental.

 

Rita: A metodologia é perfeitamente aplicável no Brasil, talvez até com maiores possibilidades do que nos países do hemisfério norte, uma vez que nossa biodiversidade é maior e a disponibilidade de espaços naturais também.

 

- Sabemos que as atividades de sensibilização são importantíssimas para o desenvolvimento da consciência ambiental. A metodologia vivencial privilegia a sensibilização?

 

Rita: Sim, essa metodologia prioriza o desenvolvimento da sensibilidade, e encaminha os participantes a uma ampliação de sua percepção de si mesmo, dos outros e da natureza. Amplia, portanto, a consciência (não só a ambiental).

 

- Do evento, o que mais chamou a atenção, ou o que merece destaque, para vocês?

 

Patricia: A vontade e amor comum que todos demonstraram em sentir e cuidar da natureza.

 

Rita: O professor Cornell é aquilo que diz: cria um ambiente leve, alegre e receptivo, estimula o desenvolvimento da empatia e afetividade, compartilha aquilo que é, muito mais do que ensinar fatos, é extremamente receptivo, aceitando todas as possibilidades, ajuda as pessoas a acalmar a mente, pois tem, ele próprio, uma mente muito trabalhada. A relação que ele tem com o que faz me parece ser o mais extraordinário desse incrível educador.

 

- Quantas pessoas participaram das atividades e qual foi o envolvimento delas?

 

Rita: Participaram cerca de 580 pessoas, que demonstraram grande receptividade. Muitos já conheciam a proposta, devido ao seu relacionamento com o Instituto Romã, mas puderam se encantar com o carisma do mestre.

 

- Sobre o livro Sharing Nature with children (Vivências com a natureza 1 – Guia de atividades para pais e educadores), como é possível adquirir:

 

Rita: Está sendo muito bem distribuído, podendo ser encontrado nas boas livrarias. A editora é a Aquariana.

 

- Sobre o Instituto 5 Elementos, e sobre o Instituto Romã, falem-nos um pouco das características de cada instituição e sobre planos, projetos e principais ações.

 

Patricia: O 5 ELEMENTOS - Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP[1], instituição sem fins lucrativos fundada em São Paulo – Brasil em 1993, que tem como missão aprofundar a relação das pessoas com o Meio Ambiente, promovendo uma educação ambiental emancipatória e transformadora. Acreditamos ser possível promover a defesa da cidadania e do meio ambiente com o sentido de co-responsabilidade entre as pessoas, comunidades, cidades e nações. Baseamos nossas ações no respeito a todas as formas de vida, estimulando o diálogo e a complementaridade entre as ciências e as múltiplas dimensões da realidade. Para nós a EA deve abranger a complexidade ambiental, associando argumentos técnico-científicos à orientação ética do conhecimento. Atentamos para não tratar separadamente as ciências naturais e as sociais; os processos de produção e os de consumo; os instrumentos técnicos dos princípios éticos e políticos; a percepção dos efeitos e das causas dos problemas ambientais; e os interesses individuais dos interesses coletivos, entre outras. Nesse sentido, o Instituto 5 Elementos vem apoiando e desenvolvendo programas de fomento às Redes socioambientais,  implantação de Centros de Educação Ambiental, Capacitações em Educação Ambiental e desenvolvimento de matérias de apoio a todass essas ações como jogos, vídeos e DVds, e publicações.

 

 

Arianne: O Instituto Romã dedica-se a promover processos educativos com a Natureza fundamentados no compartilhar de experiências, sentimentos e saberes, tendo em vista a ampliação da consciência humana e a conservação da Natureza. Somos o representante oficial da Sharing Nature Foundation no Brasil, e um de nossos objetivos é difundir a técnica do Apendizado Sequencial, a filosofia e os princípios desta instituição.  Desenvolvemos projetos na área da educação, meio ambiente, conservação da Natureza e cultura de paz. Oferecemos oficina de formação de educadores multiplicadores na técnica do Aprendizado Sequencial, programa com crianças e adolescentes em parques urbanos de São Paulo, treinamento para empresas, palestras e voluntariado para os educadores que fizeram a nossa formação. Atualmente estamos com dois grandes projetos em fase de captação de recursos. O primeiro deles é o "Projeto Bairro", que consiste em vivências para crianças de escolas públicas e formação de professores. O piloto deste projeto é no bairro do Butantan onde fica a sede do Instituto Romã. O outro projeto é a criação de núcleos representantes do Instituto Romã em 06 estados brasileiros, sendo a primeira atividade de cada núcleo, a oficina de formação de educadores.

 

- Aproveitem para deixar uma mensagem para os/as leitores/as da revista eletrônica Educação Ambiental em Ação:

 

Patricia: O 5 Elementos tem um site: www.5elementos.org.br  e lá é contada a nossa trajetória, projetos, equipe e o procedimento para adquirir nossas publicações e jogos. Será um prazer recebê-los.

 

Arianne: O Instituto Romã (www.institutoroma.org.br) sempre trabalha em parceria com instituições e pessoas que buscam ampliar a atuação da educação ambiental vivencial no Brasil. Qualquer dúvida e mais informações sobre os nossos projetos entre em contato que teremos satisfação de atendê-lo e criar novas possibilidades.

 

 

Patrícia, Rita e Arianne, nós da equipe da revista Educação Ambiental em Ação agradecemos pela valiosa participação de vocês nesta edição da Educação Ambiental em Ação. Foi um presente! Muito obrigada!

 

 

[1] de acordo com a Lei no 9.249, de 1995, as empresas de lucro real podem doar até 2% do lucro operacional às Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, e entre as quais se inclui o Instituto 5 Elementos.