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Entrevist@ com Vilmar Berna
Por Berenice Gehlen Adams - bere@apoema.com.br
Para a revista eletrônica Educação Ambiental em Ação (15a. Edição)
Apresentação: Esta edição da revista eletrônica Educação
Ambiental em Ação tem a honra de apresentar a entrevista com o ambientalista
Vilmar Berna, jornalista e editor do Jornal do Meio Ambiente (www.jornaldomeioambiente.com.br
), pessoa que muito contribuiu e contribui com a revista eletrônica Educação
Ambiental em Ação, quer seja com a autorização de publicação de seus
artigos, quer seja na divulgação deste trabalho que aqui realizamos. Enfim,
Vilmar é muito mais do que um jornalista, ambientalista, escritor, editor. É
um sonhador, é idealizador de um "mundo mais justo e fraterno que começa
na gente", um batalhador incansável pelas questões ambientais, e suas ações
são verdadeiras lições de Educação Ambiental. E, por falar em Educação
Ambiental, vamos saber o que pensa o Vilmar sobre este assunto...
- Vilmar,
conte-nos como surgiu o seu interesse pelas questões ambientais e desde
quando você se dedica a esta temática?
VB: minha atuação na área ambiental não se deu por alguma necessidade
profissional ou objetivo econômico, mas por um compromisso com a formação de
uma nova consciência ambiental em nossa sociedade onde a maior e primeira necessidade
é a de informação, pois, uma vez informado, o cidadão busca seus direitos,
cumpre com seus deveres, procura formação adequada, etc. Após mais de dez
anos como militante ambientalista, primeiro na Univerde, depois nos Defensores
da Terra, no período entre 1984 e 1994, vi crescer a consciência ambiental
na sociedade e também vi multiplicarem-se os números de novos militantes
ambientalistas e de novas ONGs. Achei, então, que poderia investir minhas
energias em outras frentes onde eu poderia ser mais útil na luta por uma nova
consciência e atitudes com o Planeta. Por que as pessoas tinham tanta
dificuldade de se mobilizarem na defesa dos seus direitos a um meio ambiente
preservado e mesmo para mudarem de atitude? Existem vários fatores mas um
deles, sem dúvida, é a falta de formação ambiental adequada na sociedade,
o que me levou a escrever livros de educação ambiental, entre os quais
"Como Fazer Educação Ambiental" que é adotado em muitas escolas e
por muitos professores no país e hoje é curso à distância da UFF. Neste
livro, proponho a criação de uma Rede de Clubes de Amigos do Planeta, para
que as novas gerações já cresçam com a preocupação de pensar e agir
concretamente na melhoria do meio ambiente em vez de ficar esperando por
'salvadores da pátria'. Esta idéia vem se multiplicando pelo país e, por
exemplo, só no município de Barra Mansa, no Rio de Janeiro, já são mais de
40 clubes, reunindo mais de 500 jovens que realizam ações concretas como
plantio de árvores, etc. Importante também a iniciativa de criar
instrumentos para favorecer a ação da sociedade através do trabalho voluntário
ambiental, que resultou em inúmeras atividades concretas pela melhoria
ambiental e resultou na criação do IBVA - Instituto Brasileiro de Voluntários
Ambientais, atualmente presidido por mim. A diferença entre o Projeto dos
Voluntários Ambientais e o Clube de Amigos do Planeta é que o primeiro se
propõe a estabelecer um canal permanente para atender à demanda já
existente na sociedade para o trabalho voluntário, enquanto o segundo se propõe
a motivar e ajudar a organizar os jovens em idade escolar para serem voluntários
ambientais. A idéia é fazer de cada escola um clube, e de cada clube uma ação
concreta em benefício do meio ambiente adjacente, num trabalho que procura
envolver toda a comunidade e contribuir para formar cidadãos críticos e
participativos. Mas, sem informação ambiental em quantidade e qualidade
suficientes, a formação de um novo cidadão ambiental mais consciente, crítico
e atuante fica mais difícil, e a própria divulgação das lutas ambientais,
da legislação ambiental e da educação ambiental fica comprometida. Assim,
fundei em janeiro de 1996, o Jornal do Meio Ambiente, com a proposta de ser
uma espécie de ponte de informação entre os diferentes segmentos da
sociedade dedicados ao meio ambiente, unindo ambientalistas, empresários,
governos, políticos, lideranças comunitárias, para que através do
conhecimento do que cada segmento realizava o jornal atuasse como um
incentivador e facilitador para o diálogo entre os multiplicadores e
formadores de opinião ambientais.
- o que foi que te motivou ou te impulsionou para adentrar nestas
questões tão importantes para a vida, e gostaria de saber, também, se
você teve um momento de "despertar"?
VB: Carta que o cacique índio Seatle, da tribo Duwamish, do Estado
de Washington, escreveu ao presidente Franklin Pierce, dos Estados Unidos, em
1855, depois do governo norte-americano ter dado a entender que desejava
adquirir o território da tribo. Quase 150 anos atrás, quando nem mesmo
haviam inventado o termo ecologia, um índio já ensinava os mais profundos
conceitos ecológicos, válidos até hoje. Foi a leitura deste texto, na década
de 80, que me fez decidir pela defesa do meio ambiente.
O Grande Chefe de Washington mandou dizer que deseja comprar nossa terra.
O Grande Chefe assegurou-nos também de sua amizade e sua benevolência. Isto
é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa
amizade. Porém, vamos pensar em tua oferta, pois sabemos que se não o
fizermos o homem branco virá com armas e tomará nossa terra. O Grande
Chefe em Washington pode confiar no que o chefe Seatle diz, com a mesma
certeza com que os nossos irmãos brancos podem confiar na alteração das
estações do ano. Minha palavra é como as estrelas. Elas não impalidecem.
Como podes comprar ou vender o céu - o calor da terra? Tal idéia nos é
estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do resplendor da água.
Como podes comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre o nosso tempo. Toda
esta terra é sagrada para o meu povo. Cada uma folha reluzente, todas as
praias arenosas, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e
todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na consciência
do meu povo.
Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele
um torrão de terra é igual a outro. Porque ele é um estranho que vem de
noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, mas
sim sua inimiga, e depois de exauri-la, ele vai embora. Deixa para trás o túmulo
do seu pai, sem remorsos de consciência. Rouba a terra dos seus filhos.
Nada respeita. Esquece as sepulturas dos antepassados e os direitos dos
filhos. Sua ganância empobrecerá a terra e vai deixar atrás de si os
desertos. A vista de tuas cidades é um tormento para os olhos do homem
vermelho. Mas talvez isto seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que
nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem um lugar onde se
possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o tinir das asas dos
insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades
é para mim uma afronta contra os ouvidos. E que espécie de vida é aquela em
que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no
brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho
d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com
aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os
seres vivos respiram o mesmo ar - animais, árvores, homens. Não parece que
o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é
insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição. O homem branco deve
tratar os animais como se fossem irmãos. Sou um selvagem e não compreendo
que possa ser certo de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas
pradarias abandonados pelo homem branco, que os abatia a tiros disparados do
trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro
possa ser mais valioso do que um bisão que nós, índios, matamos apenas para
sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os
animais acabassem, os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo
quanto acontece aos animais pode afetar os homens. Tudo está relacionado
entre si. Tudo quanto fere a terra fere também os filhos da terra.
Os nossos filhos viram seus pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros
sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio,
e envenenam o corpo com alimentos doces e bebidas ardentes. Não tem
grande importância onde passaremos os nossos últimos dias - eles não são
muitos. Mas algumas horas, até mesmo uns invernos, e nenhum dos filhos das
grandes tribos que viveram nesta terra ou que têm vagueado em pequenos bandos
nos bosques, sobrará para chorar sobre os túmulos. Um povo que um dia foi tão
poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos que o homem branco talvez venha um dia a descobrir: o
nosso Deus é o mesmo Deus. Julgas, talvez, que O podes possuir da mesma
maneira como desejas possuir a nossa terra. Mas não podes. Ele é Deus da
humanidade inteira. E quer o bem igualmente ao homem vermelho como ao branco.
A terra é amada por Ele. E causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo
seu Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do
que as outras raças.
Continua poluindo a tua própria cama e hás de morrer uma noite, sufocado nos
teus próprios dejetos! Depois de abatido o último bisão e domados todos
os cavalos silvestres, quando as matas misteriosas federem à gente - onde
ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora.
Restará dar adeus à andorinhas da torre, à caça do fim da vida e o começo
da luta para sobreviver...
Talvez compreenderíamos se conhecêssemos com que sonha o homem branco, se
soubéssemos quais esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de
inverno, quais visões do futuro oferece às suas mentes para que possam
formar os desejos para o dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos
do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos, temos de
escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos, é para garantir as
reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos
dias conforme desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a
sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das
pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias,
porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe.
Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós
a protegíamos. Nunca esqueças como era a terra quando dela tomaste posse. E
com toda a tua força, o teu poder, e todo o teu coração conserva-a para
teus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso
Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por ele. Nem mesmo o homem branco
pode evitar o nosso destino comum.
- Como você percebe a Educação Ambiental (EA) de uma forma geral?
Ou, como você definiria EA em poucas palavras?
VB: a Educação Ambiental é ensino para a cidadania ambiental crítica
e transformadora.
- Quais relações são possíveis de serem feitas entre a Educação
Ambiental e Jornalismo? Qual é a importância da informação para a
consolidação da Educação Ambiental?
VB: Só democratizar a informação ambiental não é suficiente sem
uma articulação com a educação ambiental, afinal, não é pelo maior ou
menor volume de informações que a população aprende a pensar criticamente
e atuar em seu mundo para transformá-lo, se não tiver uma cultura e uma
formação que predisponha as pessoas a valorizar esta informação. Sem isso,
as pessoas vão pouco a pouco tornando-se insensíveis diante da informação,
como se fosse mais uma espécie de poluição onde as palavras perdem o
significado e importância, e tanto faz saber que derrubaram uma árvore ou
uma floresta. A educação, por sua vez, não se dá ao vácuo, mas inserida
em seu tempo e no contexto. Deve, portanto, saber aproveitar dos meios de
comunicação seu compromisso com o contemporâneo, trazendo a realidade
vivida para o processo educativo, crítico e participativo, adequado à
realidade dos alunos. Por outro lado, não há educação ambiental sem
participação política. Não basta estimular a participação dos cidadãos
e não garantir os instrumentos de acesso à informação, primeiramente, pois
sem ela dificilmente o cidadão consegue se mobilizar, e garantir canais de
participação, com comitês e conselhos paritários, e, finalmente,
instrumentos que permitam aos cidadãos participarem do estabelecimento das
regras do jogo. A educação ambiental é fundamentalmente uma pedagogia de ação.
Não basta se tornar mais consciente dos problemas ambientais, sem se tornar
também mais ativo, crítico e participativo. O comportamento dos cidadãos em
relação ao seu meio ambiente, é indissociável do exercício da cidadania.
É preciso reconhecer que os meios de comunicação, por
sua própria natureza, estão muito mais em sintonia com o que a sociedade
está querendo num determinado momento do que o sistema educacional. A
diferença se dá no tempo. Os meios de comunicação procuram mostrar o
fato quando o mesmo ocorre, ao vivo, ou quase. É tão eficiente, quanto mais
rápido conseguir informar. Não há tempo para explicações didáticas e,
com isso, pode ocorrer uma verdadeira confusão de conceitos envolvendo termos
como ecologia, meio ambiente, preservação ambiental, controle de poluição,
combate ao desperdício de recursos naturais, proteção à fauna e flora
etc. Ecologia é um tema do cotidiano das pessoas. Por isso, o ideal é que
que a educação ambiental formal utilize jornais em sala de aula, ou mesmo vídeo
com programas e shows com temas ambientais como motivadores para aulas bem
interessantes e, sobretudo, próximas da realidade vivida. Desta forma, a
educação ambiental formal incorpora a educação informal, garantindo maior
agilidade ao processo educativo, levando o aluno a fixar o aprendizado ao
mesmo tempo em que se torna capaz de pensar criticamente sobre sua realidade
e também de influir sobre ela.
O Jornal do Meio Ambiente lançou o projeto "O JMA em
Sala de Aula" (veja em http://www.jornaldomeioambiente.com.br/JMA-Escola.asp
) inspirado no livro “Educação Ambiental - Uma Abordagem Pedagógica
da Atualidade”, editado pelo CEDI/CRAB sugere o uso do jornal em sala de
aula como instrumento didático. “(...) O jornal é um instrumento
privilegiado para se articularem os conhecimentos espontâneos dos alunos, os
conteúdos escolares e os temas do presente. (...)Vale enfatizar a necessidade
de que os alunos tenham contato com o jornal como um todo, antes de partir
para o estudo de um artigo específico. Assim, além de identificar os
assuntos tratados nas diversas seções, eles podem constatar qual a importância
dada a cada notícia; podem observar quais notícias merecem destaque na
primeira página e quais merecem apenas uma nota num canto de seção. (...)
É interessante os alunos observarem como a questão ambiental é enfocada.
Muitas vezes, uma mesma notícia pode ser tratada de formas diferentes,
dependendo do veículo de informação. Os alunos podem ser incentivados ainda
a comparar o noticiário da imprensa com o da televisão. (...) O jornal pode
ser um excelente material didático para introduzir a atualidade em sala de
aula e abrir a escola para a realidade cotidiana dos estudantes. No que diz
respeito aos temas ambientais, ele é um recurso indispensável para que
possam relacionar as grandes questões mundiais, nacionais ou regionais com as
suas experiências vividas, com suas percepções do que é o meio ambiente e
qualidade de vida. Desde cedo, a criança e o adolescente podem formar suas
opiniões e se posicionar diante dos fatos que ocorrem ao seu redor. O
trabalho com jornal é ainda uma boa oportunidade de integrar os conteúdos de
linguagem com os das outras disciplinas curriculares. Os estudantes podem, por
meio dele, desenvolver sua capacidade lingüística não apenas decorando
regras e categorias gramaticais, mas utilizando o texto para compreender
criticamente a realidade.”
- Em suas atividades relacionadas à Educação Ambiental
especificamente, quais são as maiores dificuldades que você enfrenta nesta
prática?
VB: A distância entre a boa intenção ambiental e o gesto concreto.
Cada vez mais pessoas tem a consciência que o meio ambiente é importante,
que precisamos mudar nosso jeito de estar no Planeta, mas daí para a prática
ainda há um enorme abismo que precisamos ultrapassar através de pontes como
a educação e a comunicação ambiental pois não dá para esperar que a
sociedade mude a tempo de preencher o abismo. Por trás de nossos problemas
ambientais, não está apenas a ação de poluidores, o desmantelamento dos órgãos
públicos de controle ambiental, ou a falta de consciência ambiental, mas
também um tipo de atitude e valores, que julga natural explorar ao meio
ambiente e aos nossos semelhantes para atingir um modelo de desenvolvimento
que, por si só, gera agressões ambientais e problemas sociais. Logo, não
basta exigir mudança de comportamento de empresas e governos. Precisamos ser
capazes de enfrentar a nós próprios, pois não haverá planeta suficiente
capaz de suprir as necessidades de quem acha que a felicidade e o sucesso estão
na posse de cada vez mais bens materiais. Também não basta se tornar mais
consciente dos problemas ambientais sem se tornar também mais ativo, crítico
participativo. Em outras palavras, o comportamento dos cidadãos em relação
ao seu meio ambiente, é indissociável do exercício da cidadania. Só que
tem gente que acha mais fácil ficar reclamando que ninguém ajuda, mas não
se pergunta se está fazendo a sua parte. Acha mais prático ficar esperando
que o governo ou algum político salvador da pátria faça alguma coisa -
afinal, costuma argumentar, já se paga tanto de impostos -, em vez de arregaçar
as mangas por sua comunidade ou escola. Na base da falta de participação não
está a ausência da consciência ambiental, mas de cidadania. Então, como
convencer os outros a modificarem seus hábitos, se não modificamos os nossos
primeiro? Como exigir que os poluidores deixem de envenenar o ar da
comunidade, se os fumantes jogam sua fumaça no ar de quem está do lado,
mesmo sabendo que incomoda e prejudica a saúde do vizinho? Se queremos uma
natureza preservada, devemos começar mudando nossos hábitos, comportamentos
e atitudes com o planeta, os animais, as plantas, o meio ambiente e,
principalmente, com o nosso próximo, pois não há coerência em quem ama os
animais e as plantas mas explora, humilha, discrimina, odeia seus semelhantes.
Sem coerência, a comunicação é vazia, seja atuando em nível familiar,
seja no bairro, seja através do próprio trabalho na escola, na Prefeitura,
na comunidade, na empresa, sindicato etc.
- Deixe uma frase, uma palavra, uma poesia ou uma idéia que você
pode compartilhar com os/as leitores/as da revista eletrônica Educação
Ambiental em Ação:
VB: O mundo melhor que sonhamos não depende nem começa no outro,
mas em nós. Sugiro que façamos um esforço para romper com o imobilismo de
apenas reclamar e não fazer nada, ou de viver encontrando desculpas para não
fazer as coisas acontecerem, e passemos a encontrar um jeito de fazer. Sugiro
ainda que façam o curso de educação ambiental à distância da UFF ( http://www.jornaldomeioambiente.com.br/JMA-cursouff.asp
) e que ajudem a implantar um Clubes de Amigos do Planeta para sairmos da
teoria e da boa vontade para a prática ( http://www.jornaldomeioambiente.com.br/ClubedeAmigosdoPlaneta/index.asp
) ou organizem uma ação voluntária ambiental em seu local de moradia ou
trabalho (veja em http://www.jornaldomeioambiente.com.br/JMA-Voluntarios.asp
).
Minha palavra final deixo aos professores que desejam
enfrentar o desafio de fazer uma educação ambiental crítica e
transformadora com seus alunos:
Defina palavras e conceitos - Defender a natureza, a flora e
a floresta, o meio ambiente, a ecologia, preservar os ecossistemas e os
habitats, combater a depredação dos recursos naturais, a poluição de mananciais
e do lençol freático, são palavras e conceitos que se tornaram comuns hoje
em dia, mas afinal, do que se trata? É preciso definir o que se está
falando, tomando o cuidado de não cair num tecnicismo que distancie o aluno
da ação transformadora que ele precisa empreender como cidadão de seu
tempo.
Mostre a importância - Por mais sério que seja, ninguém
consegue ter a sensação de importância por uma coisa abstrata, fora de
sua realidade. Antes de se importar com a sobrevivência das outras espécies,
o aluno precisa estar consciente de sua própria importância, sua
capacidade de interferir no meio ambiente e de agir como cidadão. Afinal,
como respeitar espécies consideradas inferiores se o aluno percebe que não
há respeito entre os indivíduos de sua própria espécie?
Estimule a reflexão - A cada ação deve corresponder uma
reflexão, pois não é possível pretender transformar o mundo ou criar uma
relação mais harmônica com a natureza ou os outros indivíduos de nossa própria
espécie baseando-se apenas no academicismo, onde se acumula um volume imenso
de conhecimentos e informações sem que isso reverta em melhoria das condições
de vida; ou no tarefismo, onde se procura transformar o mundo pela ação
direta, como se nosso esforço fosse o suficiente para contagiar a todos. O
equilíbrio entre as duas forças deve ser o objetivo de uma boa educação
para o meio ambiente.
Estimule a participação - Uma vez que o aluno já domina um
mínimo de conhecimentos sobre palavras e conceitos e está consciente sobre
a importância de seu papel como agente transformador o próximo passo é
a participação. É no enfrentamento dos problemas de seu cotidiano que o
aluno se formará como cidadão. Além disso, o jovem não precisa chegar à
maioridade ou ter um diploma técnico para só então defender seus direitos a
um meio ambiente preservado, pois cada omissão equivale à destruição de
mais e mais recursos naturais, de mais e mais poluição. A mudança deve
começar já, inicialmente através de novas atitudes e comportamentos, mas
logo a seguir procurando engajar-se nas ações da sociedade em defesa do meio
ambiente e da qualidade de vida. Para estimular os alunos, uma boa técnica é
estabelecer parceiras com os grupos ecológicos comunitários do lugar,
convidando-os para se integrarem ao trabalho na escola.
Interesse-se a descobrir coisas novas - Um diploma de conclusão
de curso não significa o domínio total de um conhecimento. A gente
continua aprendendo sempre. Interesse seus alunos pelos estudos da natureza,
lendo com eles notícias recentes de jornais e revistas, comentando a última
programação sobre ecologia na televisão. Estimule cantinhos da natureza
na sala de aula, museus naturais, álbum de recortes, leituras coletivas
de materiais etc.
Faça junto com eles - O exemplo vale mais do que mil
palavras. Os alunos são bastante impressionáveis diante da figura do professor.
Ver o professor falar, falar, mas não agir conforme o que fala é desestimulante
para os alunos e, ao mesmo tempo, um apelo ao não-agir, considerar o ensino
para o meio ambiente como mais uma disciplina aborrecida que deve ser estudada
apenas para tirar uma boa nota. Aproveite a oportunidade e engaje-se com
seus alunos na tarefa de se construir as novas relações com o planeta,
afinal, essa é uma tarefa de cidadania, muito mais que um compromisso de
trabalho.
Saia da sala de aula - O meio ambiente da sala de aula não
é o mais adequado para ensinar sobre o mundo que está lá fora. Sair da
sala de aula, entretanto, traz inúmeros problemas quando se dispõe de
apenas 45 minutos para uma aula. Uma das soluções pode ser mutirão pedagógico
com colegas de outras disciplinas, o que reforça o caráter interdiciplinar
do ensino para o meio ambiente. Outra possibilidade é sugerir aos pais dos
alunos que façam incursões em finais de semanas ou feriados para realizar
estudos do meio ou investigar e fotografar um problema ambiental, levando no
carro dois, três ou mais coleguinhas dos filhos. E isso nem é uma proposta
absurda, já que muitos pais ajudam os filhos nos trabalhos escolares, e não
deixa de ser um passeio interessante, além de promover a integração entre
pais e alunos, escolas e comunidade.
Vilmar, nós, Editoras e Colaboradores(as) da revista eletrônica
Educação Ambiental em Ação agradecemos imensamente pela gentileza de
conceder-nos esta entrevist@. Aproveitamos para agradecer pela constante
parceria e pelo compartilhamento de seus saberes com a EA em Ação desde o início.
Muito Obrigada!