PROBLEMAS AMBIENTAIS NO BRASIL

ENVIRONMENTAL AWARENESS IN BRAZIL

Autoria:

DIAS, Deise Berger – mestranda em Profissional em Ciência,

Tecnologia e Educação

E-mail:deiseberger@hotmail.com

NUNES,Marcus Antonius da Costa

Doutorado em Engenharia Mecânica, área Vibrações e Ruído, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Docente e coordenador de mestrado em Ciência,

Tecnologia e Educação do IVC, São Mateus/ES.

E-mail: marcaonunes@hotmail.com

Resumo

A consciência em torno dos problemas ambientais no Brasil é ainda pequena. Este artigo apresenta uma abordagem sobre alguns desses problemas e há regiões em que os mesmos são mais recorrentes do que em outras. Também traz várias tabelas estatísticas que mostram as principais dificuldades por causa de acontecimentos como desmatamento, poluição da água e do ar e contaminação do solo. Também há amostra de quantos municípios possuem recursos disponíveis para aplicar na área ambiental. Isso tudo no primeiro item, já que o segundo é composto de subitens e aborda basicamente quem deve ser responsável pela conscientização e pelas medidas necessárias a serem tomadas para evitar a derrocada total do planeta Terra. O objetivo do trabalho é mostrar o que acontece e o que precisa e pode ser feito para que a situação possa melhorar. O método é levar apontamentos de diversos autores, junto com os argumentos nossos, enquanto os resultados esperados são os de que mais pessoas se conscientizem, mais os governos se responsabilizem e mais os agentes das escolas sejam fermento nessa massa tão mal formada ainda.



Palavras-chave: meio ambiente, conscientização, problemas, lixo, urbano, rural

Abstract

Awareness about environmental problems in Brazil is still small. This paper presents an approach on some of these problems and there are regions where they are more recurrent than in others. It also brings several statistical tables showing the main difficulties because of events such as deforestation, water and air pollution and soil contamination. There is also a sample of how many municipalities have resources available to apply in the environmental area. This is all in the first item, since the second is made up of sub-items and basically addresses who should be responsible for the awareness and the necessary measures to be taken to avoid the total overthrow of planet Earth. The objective of the work is to show what happens and what needs and can be done so that the situation can improve. The method is to take notes from various authors, along with our arguments, while the expected results are that more people become aware, the more governments take responsibility and the more the school agents are leaven in this still ill-formed mass.

Key words: environment, awareness, problems, trash, urban, rural

INTRODUÇÃO

Os problemas de meio ambiente estão largamente associados a falhas do sistema de mercado. A maioria dos economistas tende a enxergar os problemas ambientais como meros defeitos na alocação de recursos, que poderiam ser corrigidos através de taxações específicas. Argumentam que as externalidades negativas devem ser incorporadas ao sistema de preços, restabelecendo a coincidência entre o ótimo individual e o ótimo coletivo (VEIGA, 1991).

Isso dito em 1991, já era importante, mas atualmente já não se pode apenas querer culpar os outros, porque cada cidadão deve saber que ele integra o ambiente e nele deve agir para que o agrida o mínimo possível e saiba o que é necessário para que o planeta Terra não entre em colapso em pouco tempo.

O presente artigo nasce da preocupação que temos como pessoa e como educadora, por sabermos do nosso papel na sociedade como agente de conscientização em prol do meio ambiente. É claro que a preocupação maior é sempre com o local e o nacional, embora o global seja extremamente sério.

Este trabalho constitui-se de dois itens básicos: no primeiro, os problemas ambientais no Brasil e, no segundo, uma discussão que se faz necessária. Ainda, no primeiro item, trazemos uma série de tabelas que mostram realidades regionais de problemas ambientais já existentes há anos e que, possivelmente ainda não melhoraram. Também, no segundo item, destacamos que alguém deve tomar a dianteira para que aconteça mais conscientização. Ressaltamos que não adianta jogar a culpa nos outros, pois ninguém pode estar acomodado em relação a esse assunto cada vez mais preocupante.

Temos a certeza de que o assunto ambiente precisa ser muito mais debatido, muito mais pesquisadores e educadores devem se envolver e divulgar ações importantes, além de alertar para os perigos iminentes que a poluição da água – a invisível também, como a dos agrotóxicos – causa.

Com esta contribuição, por pequena que possa parecer, pensamos que cumprimos com uma das tarefas que nos cabe como educadora e futura mestre.

1 OS PROBLEMAS AMBIENTAIS NO BRASIL

Conforme o Portal de Pesquisas Temáticas e Educacionais, “Infelizmente, desde a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500, vem ocorrendo um processo de desmatamento contínuo e crescente. A exploração de madeira, a abertura de áreas para cidades e atividades agropecuárias foram, aos poucos, diminuindo as áreas de vegetação nativa dos biomas brasileiros.”

Segundo o mesmo portal, a tabela 1 nos mostra a situação atual dos biomas brasileiros;

Tabela 1 – Desmatamento e Preservação de biomas brasileiros

Tipo de bioma

Desmatado

Vegetação nativa preservada

Caatinga

Cerca de 53%

46%

Cerrado

Cerca de 48%

51%

Mata Atlântica

Cerca de 76%

22%

Amazônia

Cerca de 12%

84%

Pampa

Cerca de 54%

36%

Pantanal

Cerca de 15%

83%

Observação: Nos casos em que os dados não fecham em 100% consideração espaços ocupados por rios e outras formas de ocupação aquática.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente – 2010.

Observa-se que já fazem praticamente 8 anos desde feito esse levantamento e sabe-se que em todos esses biomas houve bastante alteração, pois na Amazônia se desmata para liberar espaços à pecuária, o que também ocorre não cerrado. Já no pampa, há avanços no plantio de soja e a caatinga, nos últimos cinco anos passou por uma seca intensa pela falta de chuvas.

Grandes extensões de monocultura, por exemplo, podem determinar a extinção regional de algumas espécies e a proliferação de outras. Vegetais e animais favorecidos pela plantação, ou cujos predadores foram exterminados, reproduzem-se de modo desequilibrado, prejudicando a própria plantação. Eles passam a ser considerados, então, uma “praga”! (PCNs – Meio Ambiente).

Ainda, os PCNs trazem o seguinte alerta:

Além disso, a degradação dos ambientes intensamente urbanizados nos quais se insere a maior parte da população brasileira também é razão de ser deste tema. A fome, a miséria, a injustiça social, a violência e a baixa qualidade de vida de grande parte da população brasileira são fatores fortemente relacionados ao modelo de desenvolvimento e suas implicações.

Os problemas ambientais estão em toda parte, tanto nas comunidades rurais como nas urbanas. Enquanto na área urbana o lixo e o esgoto se configuram como causadores poluidores ambientais – principalmente da água e do ar – na área rural, em virtude da atividade agrícola – o agronegócio, conforme denominação dos empreendimentos agropecuários – gera sérios problemas para a qualidade da água. Neste sentido, SODRÉ (2012) assim se expressa: “Eventos chuvosos sobre áreas destinadas à agricultura podem levar ao escoamento superficial de águas enriquecidas com partículas de solo, nutrientes, agrotóxicos e retardantes de chama usados em operações de combate a incêndios.”

As atividades rurais e urbanas são causadoras de impacto e devem ser avaliadas considerando medidas para mitigação ou interrupção dos elementos geradores de problemas. As realidades de bacias hidrográficas em áreas de contato rural/urbano constituem um típico cenário para pesquisa e proposição de intervenções a partir da realidade dos problemas ambientais nelas existentes (SILVA & ASSSUNÇÃO, 2015).

WENTZ & NISHIJIMA, (2011) deixam claro que

Os principais fatores que regem o aumento de produção de resíduos nas áreas rurais é o aumento da produção incentivada pelo aumento de renda per capita, para atender as necessidades do mundo atual, assim, o pequeno e o grande produtor tentam buscar em locais inapropriados formas de aumentar sua produtividade e muitas vezes usando estratégias que podem ser devastadoras para o meio ambiente, podendo assim poluir o solo, a água e o ar. A contaminação do solo pode ser de origem orgânica ou inorgânica: materiais contaminados ou em decomposição presentes no lixo; substâncias químicas perigosas; pesticidas empregados na produção agropecuária. Dá-se, sobretudo pelo uso indevido de agrotóxicos e técnicas arcaicas de produção. Alguns mais cedo ou mais tarde chegam ao corpo humano, não somente por respiração da poeira, como principalmente através da água contaminada pelo solo e através dos alimentos. No meio rural, as principais fontes de abastecimento de água são os poços rasos e nascentes que são bastante susceptíveis à contaminação, colocando em risco a saúde da população, uma vez que a ausência de controle da qualidade da água conduz fatalmente, a curto ou a longo prazo, a infecções e envenenamentos que podem ter consequências imprevisíveis ( WENTZ & NISHIJIMA, 2001, p. 559-560).

Conforme artigo na revista Veja de 12 de dezembro de 2008, podem ser formadas várias tabelas estatísticas. Assim, na tabela 2, vemos a incidência de queimadas nas regiões brasileiras.

Tabela 2 – Queimadas no Brasil por regiões mais afetadas

Regiões de maior Incidência

% dos municípios da região

Norte

74,2

Centro-Oeste

62,4

Fonte: Organizada pela autora

A tabela 3 refere-se à incidência de desmatamentos

Tabela 3: Desmatamentos no Brasil por regiões mais afetadas

Regiões de maior Incidência

% dos municípios da região

Norte

71

Nordeste

64,8

Fonte: Organizada pela autora

A próxima tabela mostra a questão do assoreamento

Tabela 4: Assoreamento no Brasil por regiões mais afetadas

Regiões de maior Incidência

% dos municípios da região

Centro-Oeste

63,3

Sudeste

60,2

Fonte: Organizada pela autora

Na tabela 5 temos a situação em relação da poluição da água.

Tabela 5: Poluição da água no Brasil por regiões mais afetadas

Regiões de maior Incidência

% dos municípios da região

Sudeste

43,6

Sul

43,2

Fonte: Organizada pela autora

A tabela seguinte traz a escassez da água.

Tabela 6: Escassez da água no Brasil por regiões mais afetadas

Regiões de maior Incidência

% dos municípios da região

Sul

53,5

Nordeste

52,3

Fonte: Organizada pela autora

A tabela 7 traduz a contaminação do solo.

Tabela 7: Contaminação do solo no Brasil por regiões mais afetadas

Regiões de maior Incidência

% dos municípios da região

Nordeste

27,1

Sul

25,9

Fonte: Organizada pela autora

Mostramos na tabela 8 o problema da poluição do ar.

Tabela 8: Poluição do ar no Brasil por regiões mais afetadas

Regiões de maior Incidência

% dos municípios da região

Norte

36,3

Centro-Oeste

29

Fonte: Organizada pela autora

Na tabela 9, temos clareza sobre o número de municípios de cada região que possui recursos próprios para a área do meio ambiente.

Tabela 8: Municípios com recursos próprios para a área do meio ambiente

Região

Nº Municípios

%

Brasil todo

2079

37,4

Centro-Oeste

-

57,3

Norte

-

54,1

Sul

-

49,1

Sudeste

-

37,2

Nordeste

-

20,4

Fonte: Organizada pela autora

Considerando que todas essas tabelas mostram situações de 10 anos atrás, presume-se que em relação às tabelas de 2 a 8 as situações devem ter pioradas, uma vez que cresceu muito a produção agropecuário nesse período, Já em relação à tabela 9, possivelmente um porcentagem maior de prefeituras deve dispor de recursos próprios para cuidar do meio ambiente em suas respectivas áreas urbanas e rurais.

2 UMA DISCUSSÃO QUE SE FAZ NECESSÁRIA

Considerando os dados que apresentamos, mesmo não sendo os mais atualizados, é importante que se discuta, debata, dialogue em torno das questões ambientais, tanto no âmbito comunitário, político e escolar.

Sem uma conscientização de todas as pessoas muitas das agressões ao meio ambiente serão contínuas e consistentes, tendo em vista fatores como a ânsia em conseguir mais progresso tecnológico, mais produtividade na agricultura e na pecuária, mais imigração dos ambientes rurais para os urbanos e a consequente favelização das grandes metrópoles.

2.1 Quem pode e deve agir?

Antes de nada é importante se conscientizar de que cada ser humano deve se preocupar com o meio ambiente. Assim, cada família deve saber descartar adequadamente o lixo, separando-o, para que seja possível a reciclagem e compostagem e o mínimo possível vá parar em lixões. Na área governamental, é por demais necessário o estabelecimento de uma política ambiental, não apenas para cobrar taxas de licenciamento para liberação de edificações e intervenções no ambiente com desmatamento, construção de barragens de água, irrigação, etc., mas para nortear a todos os cidadãos da necessidade de viver e produzir bens de qualquer natureza com o mínimo agressão ao meio ambiente. Devem todos se preocupar em manter despoluídos os cursos de água, o solo em que se produzem os alimentos necessários para a sobrevivência das pessoas. É necessário se preocupar para que as espécies animais possam viver em absoluta saúde e ambiente próprio deles.

A escola, outrossim, é espaço privilegiado para que se eduquem e formem cidadãos responsáveis e que saibam as consequências de todos os seus atos. Até para diminuir a violência é necessário preocupar-se mais com a preservação ambiental. Por isso, gestores, pedagogos, professores, funcionários e alunos devem dialogar permanentemente acerca dos problemas causados pelo desleixo com o lixo, o desperdício de água e energia, entre outros pontos referentes à consciência consumista e ambiental.

Conforme MORAIS & TUROLA (2004)

No Brasil, particularmente, a questão ambiental encontra-se hoje incorporada na agenda política e no planejamento empresarial. Entretanto, o equacionamento dos problemas ambientais não é trivial e requer uma análise mais profunda e abrangente das relações entre as atividades econômicas e a base natural que estas exploram, ou seja, a adaptação das políticas ambientais ao crescimento econômico.

Concordando com os autores, é preciso enfatizar que governo e empresas precisam agir conforme a ciência ensina e a lei determina para que qualquer empreendimento seja útil aos cidadãos/consumidores, mas preservando as condições de solo, ar e água para que todos os demais seres vivos não corram riscos.

Nada pode ficar esquecido fora de seu lugar, nenhum resíduo pode ser descartado na natureza sem os devidos cuidados. Quem deve zelar pelo respeito às leis é o poder público, mas quem deve agir com consciência é cada cidadão e que precisa receber a instrução desde a mais tenra idade é o filho da família e aluno da escola.

2.2 Onde e quando agir?

É em casa, na família e na escola que deve acontecer a ação formadora cidadã em prol de menos problemas no meio ambiente. Todos os aprendizes têm de se tornar agentes multiplicadores que agirão nas empresas comerciais, industriais e agrícolas. Desde as associações de vilas e bairros, até as esferas governamentais municipais, estaduais e nacional, nenhum agente pode ignorar sua responsabilidade pelos problemas que ocorrem em relação às agressões e não preservação do meio ambiente.

Sabendo como deve ser feita a separação do lixo, os pais ensinam isso aos filhos e o exemplo poupa as falas. Nas escolas não é diferente.

Na esfera governamental, cabe a preocupação constante com a elaboração de leis mais adequadas, mas principalmente com sua efetiva fiscalização. Não adianta criar taxas e multas de tudo que é tipo, é mais necessário ser exemplar e destacar as boas e corretas inciativas particulares e oficiais para servirem de exemplos edificantes.

CONCLUSÃO

Ao terminarmos este artigo, destacamos que o resultado obtido é uma preocupação ainda maior em torno do tema do meio ambiente e dos problemas com relação ao mesmo no Brasil.

Sabendo o quanto de lixo que é descartado sem que haja a reciclagem dos elementos aproveitáveis, a compostagem para transformação em adubo de todos os itens orgânicos, percebemos o quanto de empregos e de geração de renda deixa de acontecer e como os recursos naturais correm o risco de se exaurirem.

Mostramos problemas regionais, casos específicos das áreas rurais, a questão do desmatamento, da contaminação do solo e da água.

Os resultados de políticas ambientais errôneas, equivocadas ou inexistentes são cruéis. A ambição exagerada pelo lucro, uma ânsia por mais conforto e por equipamentos eletrônicos cada vez mais avançados acabam causando transtornos enormes ao ambiente natural. Há cada vez mais falta de água potável e de energia elétrica, sendo que tal escassez leva a ações de urgência sem que as autoridades consigam controlar tudo conforme as leis e a necessidade das pessoas.

Para que o planeta Terra tenha condições de dar conta de tudo que de seus recursos precisa ser retirado, as pessoas necessitam moderar seus excessos de querer ter bens que não são duradouros.

Esperamos ter contribuído para um pouco mais de consciência ambiental de todos que terão contato com o presente trabalho.

Referências Bibliográficas:

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Meio Ambiente – 1998.

MORAES, Sandra Regina Ribeiro de & TUROLLA, Frederico Araújo. Visão geral dos problemas e da política ambiental no brasil. Revista Informações Econômicas, SP, v.34, n.4, abr. 2004.

Portal de pesquisas temáticas e educacionais. Preservação do meio ambiente no Brasil. Disponível em https://www.suapesquisa.com/meio_ambiente/preservacao_brasil.htm (Acesso em 21/03/18)

SODRÉ, Fernando Fabriz. Fontes difusas de poluição da água: características e métodos de controle. Brasília: AQQUA, 2012.

SILVA, Renato Emanuel & ASSUNÇÃO, Washington Luiz. Identificação de elementos da poluição rural e urbana em uma bacia hidrográfica de pequeno porte. XI Fórum Ambiental da Alta Paulista, v. 11, n. 6, 2015, pp. 59-72.

WENTZ, Fabiane Malakowski de Almeida & NISHIJIMA, Toshio. A educação ambiental como meio de ação nas atividades agrícolas para preservação dos solos e da água nas comunidades rurais do município de Santo Ângelo - RS - Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, REGET-CT/UFSM v(4), n°4, p. 558 - 571, 2011.

MORAES, Sandra Regina Ribeiro de & TUROLLA, Frederico Araújo. Visão geral dos problemas e da política ambiental no brasil. Revista Informações Econômicas, SP, v.34, n.4, abr. 2004.

VEIGA, José Eli da. Contabilidade ambiental. Folha de S. Paulo, São Paulo, 3 ago. 1991.

https://veja.abril.com.br/brasil/90-das-cidades-tem-problemas-ambientais/ Acesso em 21/03/18)