RECURSOS HÍDRICOS: PROBLEMAS AMBIENTAIS E A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO E PERCEPÇÃO AMBIENTAL

Thayanna Maria Medeiros Santos1; José Lucas dos Santos Oliveira2; Habyhabanne Maia de Oliveira³; Edevaldo da Silva4



1 Aluna do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba – thayannamdrs@hotmail.com

2 Aluno do Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA), Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba – lucasoliveira.ufcg@gmail.com

3 Aluna do Programa Pós-graduação em Horticultura Tropical, Universidade Federal Campina Grande, Pombal, Paraíba – haby_habanne@hotmail.com

4 Professor do Programa de Pós-Graduação Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal da Paraíba e Professor Adjunto e Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Educação Ambiental da Universidade Federal de Campina Grande. UFCG, edevaldos@yahoo.com.br



Resumo: O crescente desenvolvimento tecnológico e inovações científicas das sociedades têm estimulado o consumismo e a relação desarmoniosa com o meio ambiente. Com isso, diversos impactos negativos são observados sobre o meio físico, biológico e social. Nesse contexto, a Educação Ambiental é fundamental, em todos os níveis de ensino, para sensibilizar e informar os alunos para melhor percepção sobre a importância dos diversos recursos ambientais, tal como os recursos hídricos, com foco particular ao semiárido brasileiro. Esta pesquisa objetivou realizar uma revisão de literatura sobre educação e percepção ambiental e os problemas ambientais relacionados aos recursos hídricos. Quanto aos aspectos metodológicos, trata-se de uma pesquisa de revisão de literatura, as fontes bibliográficas para desenvolvimento desta pesquisa foram livros, dissertações e teses e artigos científicos dos últimos 10 anos, pesquisados em periódicos indexados. A pesquisa traz a reflexão para compreender desde os problemas ambientais, até como a percepção pode auxiliar no desafio de educar ambientalmente. No que tange aos aspectos formais da Educação Ambiental, a percepção ambiental torna-se relevante no âmbito escolar, pois é o local oportuno para diagnóstico e tomadas de decisões didáticas e metodológicas e, esse processo educacional tem relevante importância para a sensibilização e conhecimento dos alunos que convivem em regiões com constante escassez hídrica, tal como a região semiárida do país.

Palavras-chave: Semiárido. Meio ambiente. Água.



Abstract: The increasing technological development and scientific innovations of societies have stimulated consumerism and the disharmonious relationship with the environment. With this, several negative impacts are observed on the physical, biological and social environment. In this context, Environmental Education is fundamental, at all levels of education, to sensitize and inform students to better understand the importance of various environmental resources, such as water resources, with a particular focus on the Brazilian semi-arid. This research aimed to carry out a literature review on education and environmental perception and environmental problems related to water resources. As for the methodological aspects, it is a review of literature, the bibliographic sources for the development of this research were books, dissertations and theses and scientific articles of the last 10 years, searched in indexed journals. The research brings the reflection to understand from the environmental problems, to how the perception can help in the challenge of Educating environmentally. Regarding the formal aspects of Environmental Education, environmental perception becomes relevant in the school environment, as it is the opportune place for diagnosis and decision-making and didactic and methodological, and this educational process has relevant importance for students' awareness and knowledge that live in regions with constant water scarcity, such as the semi-arid region of the country.

Keywords: Semi-arid. Environment. Water.



Introdução

A base conceitual do paradigma entre ciência e filosofia, no contexto mecanicista-racionalista repercutiu profundamente na cultura, no pensamento ambiental, nos modelos de desenvolvimento e na vida das sociedades ocidentais da atualidade (RODRIGUEZ; SILVA, 2016). Segundo os mesmos autores, é a partir desta análise que entende-se melhor, do porquê que o ser humano desenvolvido adotou pensamentos, atitudes e ações anti-ambientais que poderiam causar condições socioambientais inviáveis.

O modelo de desenvolvimento econômico atual, prima pela exploração dos recursos naturais, gerando comportamentos humanos predatórios, descompromissados com o futuro e produzindo situações de risco.

Assim, os recursos naturais são utilizados do modo irracional, sem prudência e sem consideração de seu valor intrínseco (SGARIONI; RAMMÊ, 2012). Dentre eles, estão os recursos, que são fonte de toda a vida e de seu sustento direto.

A crise hídrica no Brasil tem se tornado mais severa, apresentando um cenário que reportam baixos índices pluviométricos registrados desde 2012 (ANA, 2015). De acordo com o relatório Conjuntura dos Recursos Hídricos – Edição 2014, da Agência Nacional de Águas (ANA, 2015), as causas da referida crise devem ser agregadas a outros fatores e enfatiza a necessidade de valorização dos recursos hídricos como “bem público finito”, que demanda gestão e uso racional.

O acesso à água potável e ao saneamento é um direito humano essencial ao pleno gozo da vida, e está intrinsecamente ligado aos direitos à vida, à saúde, à alimentação e à habitação. Em 2010 a ONU reconheceu os Estados e organizações internacionais signatários devem prover recursos financeiros, capacitação e transferência de tecnologia, em especial, aos países em desenvolvimento, a fim de intensificar os esforços para disponibilizar água potável e proporcionar saneamento seguro para todas as pessoas (ONU, 2010).

No contexto da região semiárida brasileira a água de muitos reservatórios do semiárido do nordeste do Brasil se torna imprópria e/ou escassa para o consumo em períodos de estiagens prolongadas (VIANA et al., 2016).

Neste contexto de intensas degradações ambientais, Leff (2009), apresenta a Educação Ambiental, como um processo dialógico que fertiliza o real e abre as possibilidades para que se chegue a ser o que ainda não se é. Essa educação permite, preparar a sociedade para a construção de uma nova racionalidade. Não para uma cultura de desesperança ou alienação, mas para um processo de emancipação que permiti novas forma de reaproximação do mundo e de convivência com os outros.

Conforme Córdula et al. (2015), desde a Conferência de Tiblisi em 1977, com a formulação do Programa Internacional de Educação Ambiental, esta abordagem de sensibilização vem sendo adotada globalmente para transformar valores e atitudes dos seres humanos frente aos problemas ambientais crescentes.

Deste modo, a Educação Ambiental vem sendo valorizada como um processo educativo interdisciplinar e transversal, que colabora para a formação de atitudes e sensibilidades ambientais do ser humano. O tema meio ambiente abre portas para o processo de Educação Ambiental, condição necessária para a construção da consciência ambiental (SANTOS; FOFONKA, 2015).

De acordo com a Política Nacional de Educação Ambiental (BRASIL, 1999, p. 1) “a Educação Ambiental é um componente essencial e permanente na educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”. Assim, conforme a Brasil (1999, p.1), cabe as “instituições educativas promover a Educação Ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem”.

No Brasil, a questão ambiental tem sido tratada de tal modo, que os problemas são identificados, mas as soluções não são aplicadas (MARTINS, 2016). Entretanto a sua correta aplicação pode contribuir sensivelmente para a preservação dos recursos naturais, entre eles os recursos hídricos (SANTOS, 2016).

Nesse sentido, uma questão que requer atenção é o estudo da percepção ambiental, já que esta área diz respeito às inter-relações entre o comportamento humano e o meio ambiente e, também pode apontar o melhor caminho para se enfrentar e controlar os danos ambientais dentro de determinadas comunidades (CARVALHO; RODRIGUES, 2015).

O estudo da percepção ambiental permite conhecer como um determinado grupo de indivíduos percebem o ambiente em que convivem, suas fontes de satisfação e insatisfação (FAGGIONATO, 2007).

Por meio da análise da percepção se obtém informações sobre como os sujeitos investigados veem aspectos ambientais, qual amplitude e o grau de importância que os destina e avalia a necessidade de sua participação em situações que os envolvam (BRITO, 2013).

Compreender a percepção de uma dada comunidade acerca dos recursos naturais é muito importante, e frente à escassa disponibilidade de água, as comunidades desenvolvem um mecanismo adaptativo, a fim de mudar sua maneira de encarar as dificuldades referentes à obtenção do recurso, visto que este é um elemento imprescindível para a qualidade das condições socioambientais (FREITAS et al., 2012).

Esta pesquisa objetivou realizar uma revisão de literatura sobre educação e percepção ambiental e os problemas ambientais relacionados aos recursos hídricos.



Metodologia

Quanto aos aspectos metodológicos, trata-se de uma pesquisa de revisão de literatura, na qual os tópicos relevantes ao tema são apresentados e analisados de forma contextual. A pesquisa foi realizada por meio da determinação do tema, bem como da questão que direcionou a pesquisa, analisando os estudos relacionados, interpretando os resultados, e apresentando-os por meio da revisão (COSTA; BATISTA, 2016).

As fontes bibliográficas para desenvolvimento desta pesquisa foram livros, dissertações e teses e artigos científicos dos últimos 10 anos, considerando, para os artigos científicos, aqueles publicados em periódicos indexados, como: SciELO, Periódicos CAPES, Science Direct, Web of Science.



Problemas Ambientais e os Recursos Hídricos

Após a segunda guerra mundial, o mundo tem passado por grandes mudanças estruturais. As indústrias e a forte concorrência entre os países na busca por desenvolvimento têm levado a natureza a situações limites, acentuando os problemas de ordem ambiental. A sociedade civil tem se organizado e exercido fortes pressões sobre aqueles que gerenciam ou governam os diversos setores da sociedade. Muitas organizações não governamentais (ONG), destinadas à proteção ambiental, foram criadas nas últimas décadas em virtude da conscientização da necessidade de proteção ao meio ambiente (NOGUEIRA; ANGOTTI, 2011).

Os problemas ambientais, num sentido geral e biológico, podem ser entendidos como decorrentes de um desequilíbrio entre a espécie e suas possibilidades de adaptação ao meio ambiente biótico e abiótico (BORINELLI, 2011).

Nas sociedades humanas, esses problemas, mediados pelas relações sociais específicas e históricas, são em boa medida consequência direta da intervenção humana nos diferentes ecossistemas da Terra, causando desequilíbrios por meio do esgotamento e contaminação de recursos naturais, e interferindo nos ciclos ecológicos que sustentam a vida humana e de outras espécies (BORINELLI, 2011).

Dessa maneira, é preciso compreender a crise ambiental como uma crise com fortes influências culturais, que com o desenvolvimento acelerado em detrimento dos recursos naturais (FARIAS; BORGES; SILVA, 2012).

De acordo com Rodriguez e Silva (2009):

Levou a civilização humana a um desenvolvimento explosivo da capacidade cultural da exploração dos seres humanos e dos bens naturais. Ocorreu um uso intensivo dos sistemas naturais que lhe modificou as propriedades e os conduziu a uma perda irreversível dos seus atributos de auto regulação e homeostase (RODRIGUEZ & SILVA, 2009, p. 175).

Deste modo, a situação-problema imposta pelos impactos ambientais atinge tamanha complexidade e extensão, que mobiliza esforços globais para soluções. O ritmo em que as alterações ambientais se desenvolvem reclama repensar modelos e regimes de ação social, já que a gestão da produção de bens industriais e agrícolas, e a própria noção de bem-estar, são questionadas (ALMEIDA; PREMEBIDA, 2014).

Os problemas ambientais deste ponto de vista, também acaba englobando outros tipos de problema (além do desequilíbrio ecológico), já que pode resultar em crises econômicas, políticas, desigualdades e desestabilização sociais, representadas por fome, guerras e migrações forçadas (ALMEIDA; PREMEBIDA, 2014). Sobretudo, desafia-nos “a refletir o que significa fazer parte de uma comunidade humana ecologicamente interdependente” (SCHONS, 2012).

No universo dos problemas ambientais, entre os inúmeros problemas que afligem especialmente ambientalistas e cientistas, mas também a população em geral, a preocupação com o recurso água assume papel de destaque, seja por sua importância para a sobrevivência da vida no planeta, seja por sua já visível escassez em alguns pontos do globo (POLLI; KUHNEN, 2013).

O problema ambiental se manifesta de forma mais contundente no aquecimento global, causado pelo aumento de gases de efeito estufa na atmosfera desde a revolução industrial. Entre as várias consequências desenha-se um novo ciclo da água. Acompanhar o aquecimento global sob o prisma do acesso à água leva-nos à constatação de um aprofundamento da exclusão para significativas parcelas da humanidade, sobretudo as mais empobrecidas (SCHONS, 2012).

Augusto et al. (2012) afirmam que os impactos ambientais relacionados aos poluentes e ao uso intensivo do solo, segundo o modelo agrícola oriundo da Revolução Verde, afetam negativamente a disponibilidade e qualidade da água para consumo humano.

Segundo Azevedo (2008), nos problemas ambientais, o problema da água se encontra em escala planetária, cujos conflitos geopolíticos e comerciais poderão tomar maior envergadura, pois se trata de um recurso indispensável à vida, não substituível e existente em quantidade fixa.

Entretanto a preocupação da água como um direito fundamental é uma questão recente, como afirma Augusto et al. (2012),

No entanto, a água, como um direito humano fundamental e a preocupação com a edição de legislações para salvaguardar a qualidade e o acesso a esse elemento natural, mediante políticas públicas, são questões recentes. Uma grande diversidade de órgãos legisla sobre a água no Brasil, inclusive uma Agência Nacional das Águas foi criada no ano 2000 (Augusto et al. 2012, p.2).

A gestão dos recursos hídricos possui grande relevância porque afeta quase todos os aspectos da economia (AUGUSTO et al, 2012), segundo Castro e Scariot (2008) a produção de alimentos, saúde, segurança do abastecimento doméstico de água, esgotamento sanitário, indústria, energia e sustentabilidade ambiental. Diversos trabalhos reportam pesquisas sobre vulnerabilidades ambientais de bacias hidrográficas (GUERREIRO et al., 2017; ASSIS et al., 2017) e de águas superficiais (MELO et al., 2018).

A gestão inadequada das bacias hidrográficas tem ocasionado problemas sérios de disponibilidade de água à população, tanto em níveis quantitativos quanto qualitativos, configurando situações de crise hídrica.

Estes dois enfoques - o da quantidade e o da qualidade – são problemas originados devido ao uso múltiplo da água, que serve, ao mesmo tempo, a diferentes usos e usuários. A mesma água de um rio serve à indústria, à agricultura e pecuária, ao abastecimento humano de uma cidade, à pesca, ao lazer, à navegação, mas funciona também como receptora dos esgotos e rejeitos dessas diversas atividades econômicas. Os conflitos de interesses econômicos e sociais no uso de uma mesma água por diferentes consumidores (pequenos, médios e grandes) são inevitáveis e, por essa razão, os especialistas dizem que administrar recursos hídricos é administrar conflitos de interesses (GUERRA, 2009).

A pouca disponibilidade de água numa região pode causar problemas ambientais oriundos da sua escassez, como citado por Silva et al. (2014, p.2), a saber:

a) a perda da umidade do solo o torna pobre em matéria orgânica e, consequentemente, mais pobre e estéril; b) com o solo mais seco e menos denso, o processo de erosão eólica torna-se mais efetivo; e c) com a escassez de água no solo, a vegetação perde sua pujança e reduz a oferta de sementes e frutos.

Além das consequências no solo, os problemas ambientais relacionados a qualidade da água também estão relacionados aos usos de agrotóxicos, como citado por Gama, Oliveira e Cavalcante (2013, p.1)

No Brasil, a contaminação dos recursos hídricos pode ser potencializada, considerando que os dados gerados no estudo do Monitoramento do Mercado de Agrotóxicos, realizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, apontam maior ritmo de expansão no mercado brasileiro de consumo de agrotóxicos do mundo. O mercado brasileiro cresceu, aproximadamente, 176% na última década, ou seja, quatro vezes mais do que a média mundial.

Neste debate sobre a qualidade dos recursos hídricos, a água presente no subterrâneo é de grande relevância, por ser menos vulnerável a terremotos, enchentes e outros eventos naturais, além de representar uma reserva estratégica durante a época de estiagem. (PORTO, 1991).

No mundo existem mais de 200 milhões de poços, sendo 10% destes no Brasil (FEITOSA et al., 2008). Segundo Feitosa et al. (2008) é devido a grande importância que estes aquíferos possuem para as comunidades, que há uma preocupação com à contaminação dessas águas subterrâneas.

Leinz e Amaral (2001) afirma que a degradação de águas subterrâneas ocorre através de produtos utilizados no solo para a prática da agricultura, bem como os agroquímicos e metais pesados, ocorre também pelo processo desordenado e sem planejamento das áreas urbanas, em consequência as áreas industriais, potencializando o uso dos recursos hídricos, sem que haja um tratamento adequado das águas residuais, retornando aos mananciais e águas subterrâneas, contaminadas.

Com toda essa problemática acerca dos recursos hídricos, a percepção da relação entre ambiente e qualidade da vida humana trouxe à baila a questão da disponibilidade de água e seu impacto na inviolabilidade, autonomia e dignidade da pessoa. Essa substância é um recurso natural imprescindível, finito, vulnerável e escasso. Tais características, aliadas ao progressivo aumento de seu consumo, a degradação das reservas, o grande número de excluídos hídricos, a competição entre os diversos usos e a tendência à sua mercantilização geraram a necessidade da “humanização” do direito internacional das águas que tradicionalmente se preocupava com questões de navegação ou fronteiras, mas não com a substância em si ou o acesso a ela por parte das populações (DUPUY, 2006).

Sabendo disto, a ONU estabelece que os direitos humanos sejam garantidos por normas internacionais, que asseguram as liberdades, os direitos fundamentais e a dignidade de indivíduos e comunidades (AUGUSTOS et al. 2012).

No tocante do direito a água, cabe ao Estados devem respeitar e proteger o gozo do direito à água para os indivíduos e coletividade, bem como cumprir medidas, caso sejam cabíveis, para que os indivíduos e a coletividade possam alcançar a plena realização deste direito (OMS, 2003).

Entretanto, para autores como Guerra (2009) a crise da água é essencialmente política e institucional. Para resolvê-la, os governos precisam fazer mais investimentos em infraestrutura e reformas estruturais na administração atual das empresas de água e saneamento. Entretanto, os interesses e prioridades da maioria da população se contrapõem aos dos grandes grupos econômicos, que sempre fazem alianças com os governos e saem vencedores no final (GUERRA, 2009).

Precisamos desacelerar esse processo de destruição. Sair da visão egocêntrica - o mundo natural tem um valor em si mesmo, que precisa ser preservado diante dos avanços frente ao crescimento demográfico e da devastação do mundo moderno; para uma visão mais contemporânea que aponta para a necessidade de um uso mais racional e criterioso dos recursos naturais, redefinindo as relações homem/meio ambiente que busquem a interdependência necessária para uma sobrevivência mais harmônica (CAVALCANTE, 2010).

Deste modo, afirma Leff (2007) que iniciou-se a busca por um método capaz de reintegrar esses conhecimentos dispersos num campo unificado do saber. Desta forma a análise da questão ambiental exigiu uma visão sistêmica e um pensamento holístico para a reconstituição de uma realidade total (LEFF, 2007).

Recursos Hídricos no Semiárido

Segundo Brasil (2005), para a nova delimitação do semiárido brasileiro, tomou-se por base três critérios técnicos: I. Precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros; II. Índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a evapotranspiração potencial, no período entre 1961 e 1990; e III. Risco de seca maior que 60%, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990.

A problemática da degradação dos recursos, quando contextualizada para o semiárido brasileiro, se torna ainda mais urgente. Segundo Lima (2011), por se tratar de uma região naturalmente “castigada” por fatores climáticos que dificultam a qualidade da água sobretudo, a água superficial nesta localidade do Brasil.

Muitos impactos ambientais podem ser observados nas áreas urbanas e neste intuito podem-se destacar os recursos hídricos que sofrem graves pressões, sobretudo em virtude do elevado nível de urbanização e industrialização, que, em muitos casos, ocorre de forma inadequada comprometendo a qualidade dos ecossistemas localizados nas cidades (MEDEIROS; SILVA JÚNIOR, 2016).

Guerra (2009) afirma que a apropriação e uso dos nossos recursos naturais (águas, biodiversidade, minerais) de forma racional e eficiente é um grande desafio para esta e para as próximas gerações. Segundo o mesmo autor, é muito importante uma mobilização social de forma organizada e contínua, com a colaboração de pessoas e instituições, na defesa da vida.

Em especial, enfrentar os sérios problemas de acesso à água, que atingem mais severamente a população de baixa renda dos pequenos municípios e das periferias dos grandes centros urbanos, é fundamental para avançar no caminho do crescimento ambientalmente responsável (ANA, 2010).

Os reservatórios do semiárido do nordeste do Brasil, se tornam impróprios e/ou escassos para o consumo em períodos de estiagens prolongadas, a exemplo do reservatório Epitácio Pessoa (Boqueirão), que apresenta uma drástica redução do volume acumulado, acarretando um severo racionamento da distribuição de água em alguns municípios abastecidos pelo reservatório, incluindo a cidade de Campina Grande, Paraíba (VIANA et al., 2016).

Todavia, é importante frisar que a compreensão do semiárido com o olhar único para a falta de água, provocou e tende a continuar a promover a indústria da seca, como apresentado por Ferreira (1993) é uma prática na qual grupos políticos e seus aliados se aproveitam das secas periódicas que ocorrem na região Nordeste para se apropriarem de recursos públicos com o pretexto de combatê-las.

O semiárido possui uma trajetória marcada por diversos conflitos e eventos relacionados com a escassez de água. Esses conflitos, além de provocar inúmeros problemas de justiça ambiental, causam impactos desiguais nos grupos sociais que há décadas vem sendo castigados com a falta de recursos (SANTOS; SANTOS; SANTOS, 2014).

Andrade e Cordeiro Neto (2016) criticam as ações estatais na região semiárida brasileira, que foram dirigidas sempre com o intuito de combate à seca, em uma realidade marcada por fome, flagelo, saques e insegurança. A partir do final do século XIX, porém com a mesma característica de políticas e medidas emergenciais, as ações estatais promoveram a construção de açudes, que, no entanto, privilegiavam muito mais os grandes proprietários rurais (ANDRADE; CORDEIRA NETO, 2016).

Nesse contexto, com as condições edafoclimáticas que se tem na região semiárida do Nordeste brasileiro, é necessário maior empenho e racionalidade da gestão dos recursos naturais, e da água, em especial, porém, não podem ser responsabilizadas pela pobreza e pela cultura das secas no semiárido nordestino (REBOUÇAS, 1997).

Como destaca Malvezzi (2007), o problema da falta d’água no Semiárido refere-se muito mais ao acesso regular do que ao seu volume. A falta de acesso ocorre especialmente para os mais pobres, que são muitíssimo mais fragilizados nos períodos de seca em virtude da estrutura socioprodutiva da região (ANDRADE; CORDEIRA NETO, 2016).

Para Malvezzi (2007), há dois tipos de escassez: qualitativo, quando há a degradação dos mananciais; social, quando, além de haver apropriação privada das águas, o poder público não assegura uma distribuição igualitária.

Duarte et al. (2015), apresentam que o discurso político, agora, fala da convivência com a seca e não mais de seu combate, preconizando a necessidade de gestão dos recursos hídricos para a promoção do desenvolvimento sustentável e a diminuição da fome e da miséria no sertão.

À primeira vista, parece um detalhe, mas representa grande diferença (DUARTE et al., 2015), sendo um deslocamento paradigmático, da ótica de negação das características ecológicas da região, para um enfoque de aceitação e adequação de políticas. Isso é básico para que ocorra a efetiva “convivência” do homem com o seu meio ambiente (CHACON, 2007).

Para Silva et al. (2016) são necessárias ações que promovam condições de se captar a água em períodos de chuva e utilizá-la em tempos de maiores necessidades, estimulando políticas de convivência com o semiárido.

Educar para o uso racional da água, é necessário, pois, como afirma Santos Júnior et al. (2013, p.2),

O uso racional da água diz respeito as mais diversas atividades antrópicas e por isso possui caráter interdisciplinar. Pensar o uso da água significa identificar a oferta deste recurso, e então delimitar as prioridades e formas do seu uso e aplicação, garantindo a quantidade e qualidade deste bem na “devolução à natureza”, possibilitando a manutenção do seu ciclo e, consequentemente, a conservação da sua oferta (2013, p.2)

A convivência com o semiárido é apropriada para identificar as realidades dos ecossistemas, valorização de conhecimentos e práticas relacionadas ao ambiente, e elaborando iniciativas que busquem à melhoria da qualidade de vida da coletividade (SILVA, 2003; FALCÃO; FALCÃO, 2008).

Deste modo, tem-se a Educação Contextualizada, que contempla esta ideia, que de acordo com Pereira (2013, p.4)

é interessante considerar a Educação Contextualizada como elemento fundamental para a construção de um projeto de desenvolvimento sustentável no semiárido brasileiro, buscando valorizar a região e as pessoas com a elaboração de políticas públicas adequadas que possibilitem uma educação que contemple a realidade (PEREIRA, 2013, p.4).

Nesse contexto, Farias, Borges e Silva (2012) abordam a importância da Educação Ambiental contextualizada no semiárido, inserida como uma perspectiva que colabora para a gestão e preservação dos recursos hídricos, fornecendo subsídios para uma convivência com as adversidades climáticas que caracterizam a região e para a melhoria da qualidade de vida da população.

Evidentemente, sabemos que sozinha a educação ambiental não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente é condição sine qua non para essa mudança (CAVALCANTE, 2010).

Mas, se a crise é uma criação humana, pode também ser desfeita por essa mesma humanidade (SOLER; DIAS, 2016). Nesse sentido, “é importante perceber que a realidade social é transformável; que feita pelos homens, pelos homens pode ser mudada; que não é algo intocável, um fardo, uma sina, diante de que só houvesse um caminho: a acomodação a ela” (FREIRE, 1979).

Sobre a Educação Ambiental

Para Durkheim (2011) e Halal (2015) o homem, mais do que formador da sociedade, é um produto dela, dessa forma, a educação beneficia a sociedade e quanto mais eficiente for o processo educativo, melhor será o desenvolvimento da comunidade em que a escola esteja inserida.

Segundo Freire (2008) educação é a constante busca do conhecimento realizada por um sujeito que é o homem, apresentando caráter permanente, e, portanto o conhecimento só tem sentido quando situado no contexto.

Sem dúvida, as atividades educativas representam um espaço concreto para a ação-reflexão (TREIN, 2012), e para uma possível ruptura de um estado de alienação generalizada, de desencantamento com o mundo e de perda do controle sobre o sentido da existência humana, o que pode levar a uma reapropriação do mundo pelas vias do saber (LEFF, 2011), razão pela qual a Educação Ambiental é um dos processos fundamentais na busca por alternativas para os problemas ecológicos (OLIVEIRA; CARVALHO, 2012).

A aprendizagem educacional, inicialmente, tem por base os pais que fomentam o afloramento dos sentimentos e ensinam as primeiras noções de comportamento íntimo, social e ambiental; após essa fase, a educação passa a ser também recebida pela sociedade, através da própria vivência e da escolarização (ANDRADE; SILVA, 2008).

Deste modo, entende-se por Educação Ambiental, conforme o artigo primeiro da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade” (BRASIL, 1999).

Neste contexto, a educação ambiental entra em discussão na medida em que há uma busca de novos valores na relação entre o homem e o meio ambiente, aonde a educação torna-se essencial para a formação destes valores e o desenvolvimento de atitudes e comportamentos compatíveis com a manutenção da saúde ambiental (CARDOSO; CARDOSO; CAMAROTTI, 2012).

Parece-nos que o processo de educação, voltado para um relacionamento diferenciado com o meio ambiente, requer a apropriação da realidade por meio da ação-reflexão, afirmam Ruscheinsky e Costa (2012).

A educação deve refletir a perspectiva de uma nova organização social, de um fazer educacional que abranja as questões ambientais. Por meio da Educação Ambiental, busca-se um novo comportamento tanto no âmbito individual quanto no âmbito coletivo. Comecemos em casa e avancemos às praças, ruas, bairros, periferias, enfim, evidenciemos as peculiaridades regionais apontando o “pensar globalmente e agir localmente" (CAVALCANTE, 2010).

Conforme Pereira (2014), é em função desta formação para um novo agir social, moral e ético que se propõe que a temática seja desenvolvida sob a perspectiva da interdisciplinaridade, a fim de que a Educação Ambiental alcance seus objetivos. Deste modo, as chances de enfrentamento dos problemas ambientais residem em nossa capacidade de perceber as limitações do padrão dominante de fragmentação do conhecimento, ou seja, perceber as limitações do padrão cognitivo centrado na análise, na fragmentação e na separação (PEREIRA, 2014).

Como afirma Enrique Leff (2003), a Educação Ambiental é essencial para preparar novas mentalidades e valores, abrindo portas para um futuro sustentável, equitativo e democrático.

O Brasil tem uma produção teórica e uma prática importante e diversificada em Educação Ambiental, seja nas instituições públicas ou nas organizações não governamentais. Também possui significativo marco legal, com previsão constitucional e uma gama de leis infraconstitucionais, como a que trata da Política Nacional de Educação Ambiental (SOLER; DIAS, 2016).

Soler e Dias (2016) afirmam que, na América Latina, o Brasil foi pioneiro na produção de uma lei específica para formatar uma Educação Ambiental como política nacional, em decorrência da reivindicação da sociedade civil, notadamente através de Organizações Não Governamentais (ONG), atuantes no campo da Educação Ambiental não formal, especialmente.

O caráter permanente e articulador, presente na lei da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), deverá perpassar todos os níveis e modalidades, sendo estas formais ou informais, apresenta-se como uma "sugestão" de ubiquação, que traz a ideia de estabilidade e permanência (GONÇALVES; DIAS; MOTA, 2014).

A Educação Ambiental, como campo de conhecimento permeável e articulável em rede a outros tantos saberes, demanda movimentos de religação e associação do que está disjunto. Ela desponta como possibilidade de “reencantamento da educação” pela introdução de novos conhecimentos e novas metáforas oriundos do diálogo e da convergência de várias áreas do saber. Por ser portadora de novas sensibilidades e postura ética, sintonizada com o projeto de uma cidadania ampliada, a Educação Ambiental apresenta uma gama de possibilidades para o desenvolvimento de práticas pedagógicas mais solidárias e comprometidas com a emancipação humana (RODRIGUES, 2014).

Correa e Silva (2015) citam que a Educação Ambiental pode contribuir efetivamente para renovar o processo de ensino, uma vez que constitui a base para a transformação crítica dos sistemas educativos, podendo alcançar uma mudança comportamental na população, e consequentemente, uma sociedade sustentável.

A Educação Ambiental na perspectiva emancipatória reconhece que, para politizar a questão ambiental e pensá-la de forma complexa, é preciso sair das amarras paradigmáticas que nos confinam a visões simplistas e reducionistas, e reconhecer que a crise ambiental é produto das contradições e das crises da razão e do progresso (RODRIGUES, 2014).

Nesse sentido, o educador mediador na construção de referenciais ambientais e deve saber usá-los como instrumentos para o desenvolvimento de uma prática social centrada no conceito da natureza (BENTO; THOMAZI, 2013). Segundo Bento e Thomazi (2013) com essa responsabilidade atribuída aos educadores, é possível dizer que as práticas educativas são consideradas ferramentas essenciais para o trabalho dos docentes e da Educação Ambiental, que conduzem o aluno aos temas relacionados ao meio ambiente e fomentam mudanças de posturas, de comportamentos e reflexões.

Conforme Silva Filho e Camarotti (2015) mudanças relevantes ocorrem nas vidas dos educandos, quando há uma formação com qualidade, assim, estas mudanças irão refletir em sua vida social e profissional. Desenvolver a consciência ambiental não é uma das tarefas mais fáceis de executar-se, mesmo as pessoas que possuem um maior grau de instrução apresentam certa resistência em modificar seu modo de vida para um ecologicamente mais correto, ainda mais por que já tem arraigado reflexões que julgam corretas (SILVA FILHO; CAMAROTTI, 2015).

O Brasil, hoje, é considerado um dos países com maior variedade de experiências em Educação Ambiental com iniciativas originais. Portanto, qualquer política nacional, regional ou local que se estabeleça deve levar em consideração essa riqueza de experiências e nela investir. Apesar das recomendações internacionais e da previsão constitucional, que declara como prioridade em todas as instâncias do poder a educação ambiental ainda está longe de ser uma atividade plenamente aceita e desenvolvida por implicar em profundas mudanças (CAVALCANTE, 2010).

Uma vez que se reconheça a relevância da Educação Ambiental na promoção de mudanças, torna-se necessário discutir sobre as dificuldades encontradas na efetivação dos processos educativos. Olhar para a existência dessas dificuldades, e entendê-las, significa encará-las como desafios a serem transpostos, na tentativa de tornar a Educação Ambiental promotora da sustentabilidade socioambiental (SARI; CAMPONOGARA, 2014).

O desafio colocado pela Educação Ambiental para os processos de educação formal consiste na capacidade de mobilizar os saberes parcelados a fim de formar novos territórios de saberes, mais abertos e dinâmicos, que respondam às necessidades de nosso tempo e às nossas interrogações cognitivas (RODRIGUES, 2014).

Sabendo dos desafios, é preciso que a Educação Ambiental necessita ser abordada de forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino, assegurando a presença da dimensão ambiental de forma interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das atividades escolares (BUENO; ARRUDA, 2013).

Neste aspecto, Loureiro (2008), posiciona-se,

Uma pedagogia crítica e ambientalista deve saber relacionar os elementos sóciohistóricos e políticos aos conceitos e conteúdos transmitidos e construídos na relação educador-educando, de modo que evite um trabalho educativo abstrato, pouco relacionado com o cotidiano dos sujeitos sociais e com a prática cidadã. (LOUREIRO, 2008, p. 80).

Neste contexto de educação formal, nas escolas, a Educação Ambiental contribui para a formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade (MEDEIROS et al., 2011).

Como apresentado por Bueno e Arruda (2013, p.3):

A escola poderá vir a ser um espaço gerador de uma nova mentalidade na relação ser humano com meio natural; pode contribuir para a construção da cidadania ambiental, pois ao se trabalhar os problemas e as possíveis soluções todos terão oportunidades para refletir sobre a sua realidade, propondo um ambiente equilibrado e consequentemente uma melhor qualidade de vida a todos.

Nas escolas, os professores de todas as disciplinas podem envolver algum aspecto relacionado ao meio ambiente em seus conteúdos, precisa-se trazer a atenção dos educandos para alcançar a sensibilização desejada (SILVA FILHO; CAMAROTTI, 2015).

O desenvolvimento de atividades que promovam uma sensibilização ambiental na escola contribui na formação do conhecimento crítico dos educandos, levando-os a refletir sobre suas ações em relação ao meio ambiente (CARDOSO; CARDOSO; CAMAROTTI, 2012).

Para isso o professor precisa buscar junto com os discentes mais informações, com o objetivo de desenvolver neles uma postura crítica diante da realidade ambiental e de construírem uma consciência global das questões relativas ao meio ambiente para que possam assumir posições relacionadas com os valores referentes à sua proteção e melhoria (MEDEIROS et al., 2011).

Silva Filho e Camarotti (2015) afirmam que o busca pela aprendizagem, visando à diminuição de toda uma malha de problemas sociais que decorrem de uma educação deficiente, não se restringe só na escola, mas também para a comunidade, onde ambas precisam interagir cada vez mais, se complementarem em prol de um objetivo comum que é a aprendizagem.

Sabendo da realidade de grande parte das escolas públicas brasileiras, tornar a escola um espaço educador sustentável parece situar-se no terreno da utopia. Por outro lado, considerando os diversos biomas, os recursos tecnológicos disponíveis – que vão de técnicas arrojadas às mais tradicionais –, além da diversidade de públicos a que essas adequações se destinam, abre-se um leque de variáveis e possibilidades (BRASIL, 2012).

Educação Ambiental no Semiárido

Para o semiárido brasileiro não seria diferente, a Educação Ambiental desenvolvida nessa região deve buscar a contextualização do ensino e a aprendizagem com a cultura do povo, além de considerar e divulgar as potencialidades e limitações do semiárido (FARIAS; BORGES; SILVA, 2012).

De acordo com Mattos e Kuster (2004), a educação desenvolvida no semiárido não deve ser construída sobre valores e concepções equivocadas sobre a realidade da região, reproduzindo uma ideologia preconceituosa do semiárido como espaço de pobreza e miséria, negando todo o potencial dessa região e do seu povo.

Questões como a utilização, captação e distribuição dos recursos hídricos enquadram-se como temáticas relevantes para o desenvolvimento e qualidade de vida da população que vive nas áreas semiáridas. Sendo assim, desenvolver técnicas e abordagens que viabilizem a aplicação e resolução dessas questões significa mudar a maneira com que as pessoas se relacionam com esse ambiente, promovendo uma valorização em âmbito local (FARIAS; BORGES; SILVA, 2012).

Um dos fundamentos para a Educação Contextualizada no Semiárido apresenta está no artigo 1° da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDBEN (9.394/96) onde os temas ambientais passaram a ser considerados como transversais nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN's) (BRASIL, 1996).

A transversalidade tratada nos PCN’s é muito relevante, pois são conhecimentos que perpassam diferentes disciplinas, conduzindo a promoção de uma aprendizagem que permitam ao aluno potencializar valores que tragam respostas às necessidades individuais e da coletividade. (BRASIL, 1998)

Essa aprendizagem também está diretamente relacionada à Educação Ambiental que aborda a preservação da fauna e flora do semiárido, o cuidado com as reservas de água, e, a adubação natural da terra a ser cultivada, na tentativa de restaurar a biodiversidade e combater a desertificação apresentando propostas de convivência adequadas ao ambiente local (BAPTISTA; CAMPOS, 2013).

Nesse contexto, a Educação Ambiental insere-se como uma perspectiva de ensino pautada nos princípios da sustentabilidade, que pode contribuir de maneira significativa para a preservação dos recursos hídricos no semiárido, viabilizando a implantação de técnicas de manejo dos recursos hídricos e convivência com a seca (FARIAS; BORGES; SILVA, 2012).

A Educação Ambiental contextualizada no semiárido, objetivando a preservação dos recursos hídricos, deve divulgar para a população técnicas de preservação e utilização racional da água, além de promover discussões sobre a importância da mudança de atitude para garantir a melhoria da qualidade de vida das gerações presentes e futuras (FARIAS; BORGES; SILVA, 2012).

Percepção Ambiental

A percepção ambiental dos indivíduos revela a verdadeira relação existente entre o homem e a natureza. A partir desta identificação é possível planejar e implementar programas de Educação Ambiental dentro e fora da escola (MEDEIROS; TABOSA, 2010).

Costa e Colesanti (2011) afirmam que os estudos a partir da abordagem perceptiva buscam conhecer a maneira pela qual os seres humanos respondem ao seu ambiente físico, ou seja, a percepção que dele tem e o valor que nele agregam.

Ferreira, Folha e Tobias (2013) entendem que a percepção do ambiente está relacionada diretamente às formas, aos sentidos e aos significados com os quais a ocupações são desempenhadas. Barber e Legge (1976) definiram percepção como o processo de recepção, seleção, aquisição, transformação e organização das informações fornecidas por nossos sentidos.

Faggionato (2007) define percepção ambiental como sendo uma tomada de consciência do ambiente pelo homem, o ato de perceber o ambiente que se está inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do mesmo.

Estudos relacionados à percepção reportam que é possível desenvolver uma melhor compreensão sobre as interrelações entre o homem e o meio ambiente, expectativas, julgamentos e condutas, além disso, estudos com esse teor podem revelar ideias e impressões que os grupos têm sobre algo, considerando que possuem necessidades, valores, interesses e expectativas (RIO; OLIVEIRA, 1996; SILVA; EGLER, 2002).

A pesquisa sobre percepção ambiental reporta os valores, necessidades, atitudes e expectativas que determinados sujeitos têm em relação ao seu meio vivencial, afirmam Bay e Silva (2011). Essa importância foi ressaltada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1973 para o planejamento do ambiente (BAY; SILVA, 2011).

Para Freire (1987, p. 106) “no momento em que a percepção crítica se instaura, na mesma ação, se desenvolve um clima de esperança e confiança que leva os homens a empenha-se na superação dos problemas”. Este pensador expõe que se o homem tem uma “percepção parcializada da realidade” não tem a possibilidade de uma ação autêntica sobre esta realidade. Por outro lado, Gonçalves (1990) fala sobre o aspecto interdisciplinar das questões ambientais:

Verifica-se que a questão ambiental não pode ser reduzida ao campo específico das ciências da natureza ou das ciências humanas. Ela convoca diversos campos do saber, pois a questão ambiental, na verdade, diz respeito ao modo como a sociedade se relaciona com a natureza. Estão aí implicadas, portanto, as relações sociais e as complexas relações entre o mundo físico e o mundo orgânico. (GONÇALVES, 1990, p. 139-140).

Vale ressaltar que as relações sociais, os valores e vínculos acontecem e se estabelecem num determinado espaço e, como consequência, moldam e alteram o território e o meio ambiente, afetando os recursos naturais presentes. Esse espaço-território-meio ambiente funciona como um locus de convergência de saberes e de vivências, de experiências, de contradições, de conflitos e de possibilidades (GUERRA, 2009).

Tuan (2012) em seus estudos sobre percepção ambiental explora as ligações de intimidade e de pertencimento existentes entre o homem e o meio ambiente e como os significados e valores produzidos por determinados grupos possibilitam um envolvimento com um lugar, uma “filia”.

Segundo Vieira (2014), nesta perspectiva, é necessário pensar que as singularidades a partir das experiências e vivências de diversas comunidades permitem um mundo de possibilidades perceptivas e que se refletem na significação com os mais diversos fenômenos naturais e na produção territorial com que cada uma dessas comunidades possui com o meio ambiente.

Estudo da percepção ambiental possibilita o conhecimento dos participantes envolvidos na pesquisa, facilitando a realização de um trabalho com bases locais, ou seja, partindo da realidade do público alvo é possível conhecer como os indivíduos percebem o ambiente em que vivem, suas fontes de satisfação e insatisfação (FAGGIONATO, 2007).

A educação e a percepção ambiental despontam como ferramentas para auxílio em defesa do meio natural e ajudam a reaproximar o homem da natureza, garantindo um futuro com mais qualidade de vida para todos, já que despertam maior responsabilidade e respeito dos indivíduos em relação ao ambiente em que vivem (FERNANDES; PELISSARI, 2003).

A percepção ambiental está intimamente ligada à cultura, história, experiência e tempo de cada indivíduo. Para que se possa perceber algo de fato, é necessário que se tenha algum tipo de interesse pelo objeto de percepção. Os paradigmas e os conhecimentos de cada um são bases fundamentais do interesse e permitem que cada ser humano possua uma percepção única para o mesmo objeto (PALMA, 2005).

Dessa maneira, é de fundamental importância identificar a forma como os seres humanos percebem o ambiente em que vivem para entender a relação que os mesmos desenvolvem com o meio. Diante deste conhecimento é possível planejar ações duradouras para a problemática ambiental, pois os problemas ambientais são fundamentalmente problemas humanos, e este quer sejam econômicos, políticos ou sociais, dependem do centro psicológico da motivação, dos valores e atitudes dos seres humanos (TUAN, 1980).

O estudo da percepção ambiental de uma comunidade configura-se em uma ferramenta essencial para a compreensão acerca de comportamentos vigentes e para o planejamento de ações que promovam a sensibilização e o desenvolvimento de posturas éticas e responsáveis perante o ambiente (MARCZWSKI, 2006).

No âmbito escolar, o estudo da percepção ambiental oportuniza a compreensão de como a comunidade escolar percebem a relação homem-natureza, servindo como um diagnóstico para futuras tomadas de decisões didáticas e metodológica, que busquem a melhoria dessa percepção.

Reigota (2010) afirma que para que as práticas de Educação Ambiental tenham êxito, é importante conhecer a percepção ambiental apresentada pelos atores envolvidos, tendo em vista que a partir desse conhecimento da percepção é que torna-se possível realizar ações de sensibilização ambiental.



Conclusão

A crise ambiental é consequência direta da intervenção humana desmedida, que é uma crise de fortes influências culturais, e por consequência, a frequente degradação dos recursos naturais em específico dos recursos hídricos aumentam o risco de escassez deste recurso tão imprescindível, afetando negativamente tanto na disponibilidade quanto na qualidade, tornando-se um problema ainda mais grave quando situado na região semiárida do Brasil.

Quanto à abordagem da Educação Ambiental, a educação contextualizada auxilia na sensibilização por meio da valorização das pessoas e das condições edafoclimáticas da região, quebrando o paradigma de combate à seca para a convivência com o semiárido. Por meio do auxílio da Educação Ambiental abordada de forma interdisciplinar e sistêmica, em específico para a Educação Ambiental formal, tendo as escolas como um local de formação de cidadãos conscientes, com o desenvolver de atividades que promovam a sensibilização ambiental.

Portanto, as pesquisas em percepção ambiental tornam-se relevantes no âmbito escolar, pois é o local oportuno para diagnóstico e tomadas de decisões didáticas e metodológicas, para que se conheça qual valor os estudantes agregam ao meio ambiente e como eles o percebe.



Agradecimento

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão de bolsas de estudos de mestrado.



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