O DESAFIO REAL DO COMPLEXO CONHECIMENTO AMBIENTAL



Francisco Prancacio Araújo De Carvalho1 João Batista Lopes2 Francisco Eduardo de Oliveira Cunha3 Fernanda Rocha Veras e Silva4



1 Professor do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Piauí e doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente / PRODEMA – UFPI.

2 Professor do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Piauí e Professor do Doutorado / PRODEMA - UFPI

3 Professor do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Piauí e Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pelo PRODEMA-UFC

4 Professora do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Federal do Piauí e Doutora em Economia pela URGS.



RESUMO

Diante da evolução das discussões ambientais e do entendimento do seu grau de complexidade, vem surgindo a necessidade da construção de uma ciência das ciências que seja capaz de articular e integrar os conhecimentos para respostas complexas aos problemas ambientais, econômicos e sociais. As ciências ambientais desenvolvem-se para responder a complexidade de entender e interferir nessa realidade. Nesse sentido, este artigo tem por objetivo apresentar a natureza dos conhecimentos em ciências ambientais, exibindo exemplos latentes do desafio real desses conhecimentos para as soluções atualmente exigidas na agenda global das sociedades humanas. Os procedimentos metodológicos resumem-se a uma pesquisa qualitativa e exploratória com uso de conteúdo bibliográfico. Alguns dos principais resultados apontam que a reflexão crítica sobre o conhecimento científico convencional é um instrumento balizador das transformações sociais e ambientais, diante do latente agravamento dos desequilíbrios ambientais. Um desafio real para o desenvolvimento de novos conhecimentos através do “saber ambiental”, para a quebra da estrutura convencional dos conhecimentos, ações, práticas e atitude da sociedade.

Palavras-Chave: Interdisciplinaridade. Ciências Ambientais. Problemas Ambientais.



ABSTRACT

THE REAL CHALLENGE OF THE COMPLEX ENVIRONMENTAL KNOWLEDGE

Facing the evolution of environmental discussions and the understanding of their degree of complexity, the need for the construction of a science of sciences that is capable of articulating and integrating knowledge for complex answers to environmental, economic and social problems, arises. The environmental sciences develops to respond to the complexity of understanding and interfering with this reality. In this sense, this article aims to present the nature of knowledge in environmental sciences, showing latent examples of the real challenge of this knowledge for solutions currently required in the global agenda of human societies. The methodological procedures are summarized in a qualitative and exploratory research using bibliographic content. Some of the main results point out that the critical reflection on the conventional scientific knowledge is a tool for social and environmental transformations, in view of the latent aggravation of environmental imbalances. A real challenge for the development of new knowledge through "environmental knowledge", for breaking the conventional structure of knowledge, actions, practices and attitude of society.


Keywords: Interdisciplinarity. Environmental Sciences. Environmental Problems.



1 INTRODUÇÃO

A agenda global se depara com o conflito entre o progresso econômico e social e os problemas ambientais, revelando a necessita de um processo contínuo de transformações que exige a articulação de todos os agentes sociais e, ações capazes de promover o equilíbrio sustentável da vida natural e social.

Nesse sentido, a questão ambiental tem se embrincado de dimensões diversas e amplitude mundial, mostrando que seus problemas e soluções partem de uma compreensão holística de um equilíbrio natural e humano, que é dinâmico, complexo e sistêmico.

Diante disso, surge o constructo da ciência das ciências, que seja capaz de articular e integrar os conhecimentos diversos para respostas mais amplas aos problemas multidimensionais da sociedade. Nesse contexto é que se integram as ciências ambientais, como forma de entender e interferir em realidades complexas, através do confronto entre a prática, a técnica, a vida e a ciência, especialmente pela dinâmica emblemática e irreversível da natureza.

Em seu processo, as ciências ambientais exigem o desenvolvimento da interdisciplinaridade, na busca de transformações paradigmáticas e “cultivo” de relações multidimensionais integradas na formação de pensamentos, conhecimentos, métodos, ações e atitudes.

Nesse sentido, este artigo tem por objetivo apresentar a natureza dos conhecimentos em ciências ambientais, exibindo exemplos latentes do desafio real desses conhecimentos para as soluções atualmente exigidas na agenda global das sociedades humanas.

A forma de pesquisa deste artigo, conforme Pradanov e Freitas (2013), foi de natureza básica; do ponto de vista do problema caracterizou-se como uma pesquisa qualitativa e quanto aos fins, exploratória. Discute-se conhecimentos já estabelecidos. Os procedimentos básicos utilizados foram de pesquisa bibliográfica e documental. E quanto ao instrumento de pesquisa, a fonte foi principalmente bibliográfica, com enfoque em autores como Lef (2000), Capra (1982, 2002, 2003) e Nações Unidas, ONU (2014, 2015, 2016 e 2017).

O artigo divide-se em três seções. A primeira trata desta introdução, a segunda das ciências ambientais, a terceira dos exemplos reais dos desafios dos conhecimentos ambientais e, por último, tem-se a conclusão.



2 CIÊNCIAS AMBIENTAIS: O DESAFIO DE NOVOS CONHECIMENTOS



Com a evolução do conhecimento e das formas e amplitudes da intervenção humana nas sociedades e na natureza, a escala da exploração social e do meio ambiente consolidaram diversas formas de desigualdades, dentre as quais as de renda e ambientais, privando a maioria das pessoas ao acesso pleno as garantias fundamentais de um ambiente econômico digno e de uma natureza saudável; apesar de importantes ganhos tecnológicos, sociais e econômicos. Enquanto algumas comunidades locais, regiões ou nações usufruem dos benefícios do fortalecimento do sistema capitalista, outras, não de forma homogênea, “digerem” suas mazelas e; ao mesmo tempo, de forma desigual, pagam o preço dos desequilíbrios ambientais, apesar destes terem seus efeitos globais e atingirem também as nações desenvolvidas.

Nesse interim, surgiu o movimento ambientalista que se associou inicialmente com as preocupações de proteção da natureza, mas foi fortalecido com os ativistas ecologistas, ideário romântico e com o progresso científico. Teve suas primeiras influências na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, mas emergiu em lugares, tempos e motivos diferentes, consolidando-se em instituições a partir do século XIX (MCCORMICK, 1992).

As discussões ambientais são marcadas por um dualismo. Diegues (2001) afirma que na visão "biocêntrica" ou "ecocêntrica", a natureza tem uma dimensão mais elevada, valor em si, e o homem é apenas parte dela, assim como qualquer outro ser. Já na corrente "antropocêntrica" o ser humano, por meio da ciência e tecnologia, tem direito e posse sobre a natureza, esta é apenas reserva de recursos naturais.

Em consonância, Tozoni-Reis (2008) em sua discussão sobre educação ambiental, aponta três formulações teóricas, que tem abrangência nas ciências ambientais. Uma dita natural, em que as relações homem e natureza não têm mediações da cultura e da sociedade; os indivíduos são parte do meio natural e se adaptam a ele. Outra, associa-se a razão, com extrema valorização do conhecimento técnico-científico na vida dos indivíduos, que define as relações entre o homem e a natureza e determina a organização social. Por último, as relações dos seres com o meio ambiente advêm de uma construção histórica; tanto os problemas civilizatórios quanto ambientais são resultantes de relações sociais historicamente estabelecidas.

A teoria econômica também segue essas relações de conflito. Para a economia ambiental neoclássica entende-se que o meio ambiente é uma restrição relativa, pois o progresso científico e tecnológico é capaz de superar os problemas ambientais. Já para a economia ecológica admite que a natureza impõe o limite que o sistema econômico deve operar (MAY, 2010).

Apesar das divergências, a literatura entende que existia um ambiente inicialmente mais equilibrado que se converteu em problema, diante do desenvolvimento antropocêntrico do meio social e da natureza. Morimoto e Salvi (2009, p.8) afirmam:

As relações dos homens com a natureza constituem o pressuposto para as relações recíprocas dos homens entre si, a dialética do processo de apropriação como processo natural se amplia à dialética da história humana em geral. Nota-se que a natureza é a primeira condição material de existência da espécie humana, sendo que o homem é fundamentalmente constituído por ela. Esta natureza por sua vez sofreu transformações pela ação concreta do homem em sociedade, com o objetivo de assegurarem melhores condições de sobrevivência.



É como Mariano et al. (2011) expõem, a procura do homem por romper a dependência com a natureza criou diversas interferências sociais e os impactos ambientais. Essencialmente, após a Revolução Industrial prevaleceu um sistema de exploração da natureza de escala cada vez maior, gerador de preocupações sociais com o meio ambiente que culminaram com o fortalecimento do debate sobre a questão ecológica, principalmente, a partir de 1960 (BRÜSEKE, 2003).

As ações humanas na busca de transformar a realidade vêm ocorrendo através de um processo histórico abonançado pelo ganho material e ao mesmo tempo nefário pelas externalidades negativas.

A primeira Conferência sobre meio ambiente das Nações Unidas (ONU), em Estocolmo, 1972, revelou um balanço do impacto humano global sobre o meio ambiente, apontando amplas metas ambientais para o desafio de preservar e melhorar o ambiente humano. Após esse evento, verificaram-se avanços na perspectiva ambiental dos agentes da sociedade e ampliação da legislação sobre meio ambiente, embora definisse conflitos entre desenvolvimento e natureza (ONU, 2014).

No final dos anos 80, com o conceito de desenvolvimento sustentável atenuando os conflitos entre o meio ambiente e o crescimento econômico, a questão ambiental passou a se incorporar na agenda formal das empresas e, o Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD) criou, para a Rio-92, o conceito de eco-eficiência, segundo o qual as empresas disponibilizariam bens e serviços com cada vez mais valor, reduzindo os impactos ambientais e o consumo de recursos não renováveis. Torna-se a partir daí um pilar para orientar as alterações nos processos produtivos sob novos paradigmas ambientais e, por consequência, perpetuadores da ideia de sustentabilidade e de melhores condições sociais (ALMEIDA, 2002; CARVALHO; GOMES, 2005; WBCSD, 2006).

Na conferência Rio-92, houve o fortalecimento das bases legais (marco legal) e a elevação das políticas de desenvolvimento sustentável, difundindo o conceito ora citado já com a ideia menos conflituosa onde se preserva o discurso de direito a vida saudável e produtiva, mas harmoniosa com a natureza (ONU, 2014).

Em meio ao discurso e as ações, há um certo consenso que existe uma crise ambiental, não menos social e científica, acelerada pela intensidade da interferência humana no equilíbrio natural. Seus efeitos perversos e complexos pairam sobre uma organização econômica e social dinâmica, desigual e fragmentada, com fundamentos insuficientes para garantia de um ambiente favorável ao meio natural.

Capra (1982) e Leff (2000) confirmam que a evolução social, em especial a ocidental, ocorreu sem uma visão sistêmica, pautada na fundamentação cartesiana, positivista, mecanicista, com conhecimentos disciplinares e especialistas, que recusam a compreensão do conjunto e as capacidades de convergência das especialidades em respostas mais complexas aos problemas sociais e ambientais, inclusive os conhecimentos de teor naturalista, biologista e ecologista.

Na nova era da humanidade baseada na revolução tecnológica e do conhecimento, para Leff (2000) existe uma realidade do mundo conjugada com a desvalorização do conhecimento, esquecimento dos saberes e práticas tradicionais. A construção histórica de um pensamento metafísico, da ciência positivista e da racionalidade tecnológica que se conjuga com a coisificação do ser no ambiente econômico alienador. Essa realidade é resultado de uma visão complexa da vida como construção social dominada pela racionalidade econômica.

Por isso, Mariotto e Coraiola (2009) afirmam que se deve romper com o paradigma cartesiano-mecanicista para criar, de forma integrada e unida, uma nova concepção do mundo. Corroborando com o que Leff (2000) já dissera, as questões ambientais exigem uma abordagem holística com conhecimentos e métodos interdisciplinares. E também com a expressão de Capra (1982) ao falar da necessidade das mudanças de paradigmas capazes de criar novos pensamentos em modelos complexos de interação sistêmica qualitativamente superiores para natureza e sociedade. “Da concepção de uma educação ambiental fundada na articulação interdisciplinar das ciências naturais e sociais, avançou-se para uma visão da complexidade ambiental aberta a diversas interpretações do ambiente e a um diálogo de saberes” (LEFF, 2000, p.22).

Além dos mais, para Capra (2002, p. 20) a vida, em suas diversas formas, até a ordem econômica e social organiza-se em um padrão de redes complexas que pode ser compreendida e unificada em todas suas dimensões através da ideia de sistema. “Os sistemas vivos são fechados no que diz respeito à sua organização - são redes autopoiéticas -, mas abertos do ponto de vista material e energético. Para se manterem vivos, precisam alimentar-se de um fluxo contínuo de matéria e energia assimiladas do ambiente”.

O elemento central de qualquer análise sistêmica é a noção de organização, ou "padrão de organização". Os sistemas vivos são redes autogeradoras, o que significa que o seu padrão de organização é um padrão em rede no qual cada componente contribui para a formação dos outros componentes. Essa idéia pode ser aplicada ao domínio social, desde que as redes vivas de que estamos falando sejam identificadas como redes de comunicações. (CAPRA, 2002, p. 93)



É nesse ambiente complexo com múltiplos processos materiais e simbólicos, diversas ordens naturais, sociais e humanas com características não lineares e dimensões geográficas e culturais múltiplas (LEFF, 2000), onde transbordam os problemas na natureza, alterações sociais, econômicas, tecnológicas e científicas, que surgem as chamadas ciências ambientais. São oriundas de preocupações isoladas com a natureza e convergentes em constructos de mudanças nas formas de organização econômica, social, política, cultural e tecnológica. Vem tornando-se alicerce para o entendimento e transformação propositiva da complexa realidade socioeconômica e natural. Nesse sentido, associam-se ao que se costuma chamar de ciência das ciências; para integrar ideias e métodos em soluções unificadas dos problemas, a partir de elementos propositivos de uma sociedade multidimensionalmente sustentável.

Nessa perspectiva, não se faz conhecimento novo, diante de estrutura de organização social e ambiental complexas, sem uso de métodos interdisciplinares que permitam a compreensão da realidade de maneira holística e, desenvolva uma consciência ambiental ampla a partir dos pilares da sustentabilidade.

A interdisciplinaridade implica assim um processo de inter-relação de processos, conhecimentos e práticas que transborda e transcende o campo da pesquisa e do ensino no que se refere estritamente às disciplinas científicas e a suas possíveis articulações. Dessa maneira, o termo interdisciplinaridade vem sendo usado como sinônimo e metáfora de toda interconexão e “colaboração” entre diversos campos do conhecimento e do saber dentro de projetos que envolvem tanto as diferentes disciplinas acadêmicas, como as práticas não científicas que incluem as instituições e atores sociais diversos (LEFF, 2000, p.22).



A construção de uma nova racionalidade depende da colaboração de profissionais de formações disciplinares e do diálogo de saberes através da interdisciplinaridade. Usada como uma “perspectiva transformadora dos paradigmas atuais do conhecimento, da abertura à hibridização das ciências, das tecnologias e dos saberes populares”. Demanda uma reflexão crítica conceitual e epistemológica nas ciências com a incorporação de um saber ambiental, emergente nos paradigmas “normais” de conhecimento com articulação multidimensional das ciências naturais e sociais. É um saber que deve desconstruir a formação ontológica da sociedade de configuração unilateral, de ordem globalizada e de padrão uniforme; para criar um conhecimento novo, integrador das questões da natureza e da sociedade, que supere os conceitos e metodologias disciplinares e, incorpore saberes tradicionais (LEFF, 2000, p.36), de forma a:

  1. Pensar o homem como indivíduo e as formações sociais como populações biológicas inseridas no processo evolutivo da natureza [...];

  2. Considerar a Ecologia como a disciplina por excelência das interrelações, a fim de convertê-la em uma “teoria geral de sistemas”, em uma “ciência das ciências”[...]

  3. Fundar a interdisciplinaridade na Teoria Geral de Sistemas [...];

  4. Orientar a produção de conhecimentos por um critério de eficácia e eficiência na integração de um sistema científico-tecnológico a um sistema social dado, como um instrumento de controle e de adaptação funcional da natureza e da sociedade através da ciência [...]

  5. Confundir as condições teóricas para a produção de conhecimentos interdisciplinares sobre os processos materiais que convergem em sistemas socioambientais complexos [...];

  6. Reduzir o estudo das determinações estruturais e dos sistemas de organização de diferentes ordens de materialidade do real[...]

(LEFF, 2000, p.25-26)



A ideia do referido autor é que a interdisciplinaridade exige o combate dos principais efeitos ideológicos do reducionismo ecologista e do funcionalismo sistêmico, de maneira a não criar apenas a união de conhecimentos, nem meramente realizar uma análise sistêmica das inter-relações. Mas causar uma ruptura com a transformação de paradigmas para fazer emergir o citado saber ambiental, pois em sua visão, a questão ambiental ainda se enquadra em políticas científicas e educativas guiadas pelas bases da ciência convencional; dependente de indivíduos e não de política institucional.

Ao mesmo tempo em que o ser humano superexplora recursos e desgasta ecossistemas para convertê-los em valor de troca, “tecnologiza” a vida e coisifica o mundo. A ciência e a tecnologia se converteram na maior força produtiva e destrutiva da humanidade. [...] Nessa civilização supercientificada e “hipertecnologizada”, tanto os que dominam como os que são dominados, se encontram alienados de seus mundos de vida, em um mundo no qual a incerteza, o risco e o descontrole aumentam proporcionalmente ao aumento dos efeitos de domínio da ciência sobre a natureza (LEFF, 2000, p.23).

[...] “a estratégia epistemológica proposta para compreender as possíveis articulações das ciências no campo da interdisciplinaridade ambiental, acaba sendo oposta ao positivismo lógico e a todo idealismo empirista e subjetivista”. (LEFF, 2000, p.27).



Por isso, deve-se procurar a união de diferentes disciplinas por um problema comum, em busca de reintegração e “retotalização” dos conhecimentos; da interação entre as ciências disciplinares sem o afastamento de seus conceitos e métodos. Em sentido forte é um processo de “colaboração” entre ciências que leva à construção de seus objetos teóricos pelo saber ambiental. Ao mesmo tempo, deve ser acompanhado de práticas sociais que interfiram na construção do ambiente e colaborem para o processo de hibridização das ciências, tecnologias e saberes, culminando, em sentido amplo, com a transdisciplinaridade, um ponto extremo no horizonte do conhecimento (PHILIPPI JÚNIOR, 2000).

[...] interdisciplinaridade é uma busca de “retotalização” do conhecimento, de “completude” não alcançada por um projeto de cientificidade que, na busca de unidade do conhecimento, da objetividade e do controle da natureza, terminou fraturando o corpo do saber e submetendo a natureza a seus desígnios dominantes; exterminando a complexidade e subjugando os saberes “não científicos”, saberes não ajustáveis às normas paradigmáticas da ciência moderna. Para salvar os problemas que colocam a interdisciplinaridade como processo de recomposição do saber fracionado, se postula a transdisciplinaridade como sua solução final: um conhecimento holístico e integrador, sem falhas nem vazios; um conhecimento reunificador que transcende o propósito de estabelecer pontes interdisciplinares entre ilhotas científicas isoladas. No entanto, a transdisciplinaridade não é a constituição de uma super-disciplina [...] [...] é um processo de reconstrução do saber que transcenda a divisão e a configuração disciplinar do conhecimento em compartimentos estanques (LEFF, 2000, p.32).



A interdisciplinaridade depende de transformações paradigmáticas e o “cultivo” de relações multidimensionais integradas na formação de pensamentos, conhecimentos, métodos, ações e atitudes sustentáveis. Como expõe Capra (2003), é preciso uma definição operacional para sustentabilidade que passa por reconhecer que não é necessário inventar comunidades humanas sustentáveis, mas sim moldar as existentes com os ecossistemas naturais, de modo que as atividades humanas de produção, tecnologias e estilos de vida não interfiram na capacidade de manter a vida.

Layrargues (2006, p.2) entende que as transformações nas ciências ambientais não criam um distanciamento das clássicas doutrinas político-ideológicas, na verdade colaboram para suas afirmações.

[...] trilhar o rumo do “desenvolvimento sustentável”, incorporar os sistemas de gestão ambiental nas empresas, ou adotar um comportamento individual “ecologicamente correto” não significa estar imune às clássicas doutrinas político-ideológicas, e tampouco estar afastado das relações sociais cotidianas, mas sim, significa ser declaradamente eco-capitalista, eco-socialista, eco-anarquista ou simplesmente ser movido por uma dessas subjetividades, para ficar na dimensão mais genérica do espectro doutrinário político-ideológico. Um cidadão “ecologicamente correto”, preocupado com a construção da sustentabilidade planetária, pode ser um cidadão que adote comportamentos que favorecem o capital ou o trabalho, o mercado ou a sociedade, os princípios liberais ou o ideal da justiça distributiva. E tantas outras implicações e decorrências das escolhas que são feitas, para se corrigir o rumo civilizatório [...]



Também “não bastassem os aspectos citados, a produção de objetos na dimensão capitalista predominante também torna o ambiente um fator central para a reprodução do capital”. A busca do lucro fez com que se ignorasse a finitude dos elementos essenciais à produção, cuja oferta é limitada. A tecnologia seria a maneira de garantir a reprodução do capital e criar uma independência dos recursos não renováveis (RIBEIRO, 2010, p.10).

Em meio as discussões nas ciências e, ao mesmo tempo diante das mudanças sociais e econômicas que vêm sendo impressas pela questão ambiental, o tempo torna-se fator fundamental, pois não se pode esperar que seja ultrapassado o limite da capacidade de suporte do planeta, nem que ocorram transformações que geram um equilíbrio onde a vida não suporte mais, como já afirmou Capra (1982). Nesse mesmo tempo, é necessário que se construa:

É fato que, apesar de tratar-se de uma questão recente de forma sistemática e global, o meio ambiente tornou-se uma agenda irreversível das questões humanas, institucionais e sociais. Mas depende de ações amplas e integradas não apenas balizadas pela natureza. É necessário resolver o problema fundamental de ordem econômica e social, a desigualdade, tanto em renda quanto em outras formas de privações.

A secretária-executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Bárcena (2017, p.1) afirmou que “A América Latina e o Caribe precisam avançar rumo a um novo paradigma de desenvolvimento baseado na igualdade e na sustentabilidade ambiental como motor do crescimento. O atual modelo, o capitalismo, não funciona.”

No Brasil não é diferente. Salvo et al. (2015) afirmam ainda que há forte pressão sobre o meio ambiente no Brasil diante desse modelo econômico que é liderado pelas exportações, que pressionam a mineração e agricultura, setores causadores dos maiores impactos ambientais em nível mundial. Pois, segundo os referidos autores, há uma dilapidação do capital natural das economias mais pobres em função do uso intenso dos bens primários destas pelas economias mais ricas, o que torna necessário o enfrentamento da crise ambiental a partir do controle da biofísica, materiais, energia, terra e água.



3 O DESAFIO REAL DA CIÊNCIA DAS CIÊNCIAS



Perante as limitações provocadas pelas heterogeneidades econômicas, sociais, políticas e naturais e, diante da complexidade do objeto ambiental, as Nações Unidas (ONU) entendem o conceito de desenvolvimento sustentável como um desafio que exige o uso contínuo de metas e indicadores objetivos e mensuráveis. Não se pode negar efeitos positivos para um ambiente natural sustentável. Após a Rio+10 (Joanesburgo, África do Sul, 2002) e a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio de Janeiro, 2012); em Nova York, 2015, a ONU lançou a agenda de desenvolvimento sustentável 2030 para promover os objetivos de desenvolvimento do milênio e integrar a agenda de desenvolvimento sustentável. Foram definidos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) segunda a Nações Unidas no Brasil (ONUBR, 2015, p.1 e ONU, 2015, p.1)

Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares;

Objetivo 2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável;

Objetivo 3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades;

Objetivo 4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos;

Objetivo 5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas;

Objetivo 6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos;

Objetivo 7. Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos;

Objetivo 8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos;

Objetivo 9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação;

Objetivo 10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles;

Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis;

Objetivo 12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis;

Objetivo 13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos (*);

Objetivo 14. Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável;

Objetivo 15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade;

Objetivo 16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis;

Objetivo 17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.



Em função da complexidade da estrutura das relações humanas e ambientais em suas interações para promoção da vida social, os objetivos são amplos e multidimensionais, pois as ações para um ambiente natural saudável passam pela superação de inúmeros problemas sociais, sem os quais a natureza retorna apenas para uma agenda secundária, mesmo que não seja de forma generalizada.

Sem renunciar a importância da efetividade integral e mundial do demais objetivos, nem depreciar suas análises em profundidade, neste artigo a discussão resume-se a alguns aspectos relacionados às emissões de CO2 e ao uso indiscriminado da água que causam impactos ambientais e socioeconômicos relevantes. Exemplos da dimensão dos desafios apresentados a sociedade atual, diante das prospecções ambientais desfavoráveis e das perspectivas de sociedades do saber ambiental.



3.1 Emissões de CO2: elementos dos desequilíbrios globais



Como as questões ambientais possuem interações globais, as ações humanas locais, regionais e nacionais afetam o equilíbrio ambiental mundial, a exemplo do clima. Uma questão complexa que despertou um dos maiores destaques das discussões internacionais. Elevação da temperatura do planeta ligada as emissões antrópicas de carbono, as mudanças climáticas, aumento dos níveis dos oceanos e desastres socioambientais e, seus efeitos, são pautas intensas nas ciências ambientais.

O Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC, 2014a) subdivide o sistema terrestre, para fins de estudo em grupos de trabalho, em sistemas humanos, natural e climáticos conforme Figura 1. Percebe-se uma interação integrada entre os sistemas, em que as ações desenvolvidas em qualquer um deles afeta diretamente e indiretamente os demais, gerando novos equilíbrios com outras dimensões de impactos.

Figura 1 – Interação e impactos entre sistemas do globo terrestre

Fonte: IPCC (2014b, p. 985).

Nota: 3 Poluição das bacias hidrográficas – impacto: colapso das pescas. 4 Pragas agrícolas - impacto: queda do rendimento das culturas. 5 incêndios florestais – impacto: mudanças na umidade. 6 ocorrência do El Niño – impacto: mais incêndios. 7 ocorrência do El Niño – perdas de safras.



A exemplo as emissões de CO2 (seta vermelha 1) do sistema humano provocam impactos diretos de aquecimento, afetando o sistema climático, que por sua vez, retornam sobre o sistema humano (1a) alterando o rendimento agrícola e, afetam também o sistema natural com mudanças na fenologia das plantas (1b). Além disso, as mesmas emissões de CO2 da ação humana afetam diretamente a o sistema natural (seta vermelha 2), gerando a fertilização de Carbono das plantas (para Allen Jr., Baker e Boote (1996) o aumento da concentração de CO2 na atmosfera e a elevação da temperatura, ampliam o tamanho e peso seco da maioria das plantas C3 e tendem a diminuir seu índice de colheita) que por sua vez retroalimentam impactos no sistema humano com incremento no rendimento florestal (2a) e mudança de umidade (2b).

Apesar do entendimento que o clima se altera naturalmente no tempo e no espaço, a ciência tem provado que as ações antrópicas aceleram as alterações climáticas, especialmente pela emissão de CO2. O IPCC (2014c) mostra a evolução anual dos gases de efeitos estufa de ação antrópica de 1970 a 2010 que pode ser observado na Figura 2.

Figura 2 – Total de emissões antrópicas anuais de gases de efeito estufa – 1970 – 2010 (1) (2).

Fonte: IPCC (2014c, p. 7).

Nota: (1) F-Gases são os fluoretos. CO2 FOLU são as emissões associadas silvicultura e outros usos da Terra. CH4 é Metano e N2O é o Óxido nitroso (IPCC, 2014c); (2) Para os United States Environmental Protection Agency (EPA, 2017, p.1), os gases de efeito estufa são o Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4), o Óxido Nitroso (N2O), e os Gases Fluorados.



Vem ocorrendo uma aceleração das emissões de gases de efeito estufa de ação antrópica, especialmente de CO2, ligadas a queima de combustíveis fósseis e processos industriais, que tem maior participação. Em geral, o crescimento total entre 1970 e 2000 com 1,3% ao ano, foi menor que em período mais recente, pois entre 2000 e 2010, cresceu 2,2% ao ano, passando de 40 Gt em 2000 para 49 em 2010.

As emissões de CO2 provenientes da combustão de combustíveis fósseis e processos industriais contribuíram com cerca de 78% do GEE do aumento total das emissões de 1970 a 2010, [...] [...] As emissões de CO2 relacionadas com o combustível fóssil atingiram 32 (± 2,7) GtCO2 / ano, em 2010, e cresceram ainda mais em cerca de 3% entre 2010 e 2011 e cerca de 1-2% entre 2011 e 2012. Dos 49 (± 4.5) GtCO2eq / ano no total emissões antropogênicas de GEE em 2010, o CO2 continua a ser o principal, responsável por 76% (38 ± 3,8 GtCO2eq / ano) das emissões totais, em 2010. 16% (7,8 ± 1,6 GtCO2eq / ano) são provenientes de metano (CH4), 6,2% (3,1 ± 1,9 GtCO2eq / ano) do óxido nitroso (N2O) e 2,0% (1,0 ± 0,2 GtCO2eq / ano) de gases fluorados (IPCC, 2014c, p.6).



Entendida como a maior ameaça ao desenvolvimento, as mudanças climáticas (objetivo 13), marcam um impacto profundo e alarmante no mundo; as emissões de CO2 (400 partes por milhão, em 2016) continuam aumentando, a temperatura apresentou níveis recordes de elevação entre 2011 e 2015, atingindo 1,1 graus Celsius acima do período pré-industrial, em 2016, e, o gelo atingiu seus níveis mais baixos da história. Além do mais, tem ocorrido forte influência do fenômeno El Niño e comuns desastres naturais ligados ao clima, afetando principalmente quem não tem condições de se proteger, pobres e mais vulneráveis (ONU, 2016; ONU, 2017a).

Isso ocorre mesmo com os acordos internacionais, a exemplo do Protocolo de Quioto, que definiu metas de redução de emissões para os países desenvolvidos, e inúmeras outras ações das agências ambientais. Em 2016, 175 países-membro reuniram-se para um novo acordo em Paris como o objetivo de acelerar e intensificar ações e investimentos para inibir as mudanças climáticas e ampliar a sustentabilidade com baixo carbono, gerando esforços para que as temperaturas globais não subam mais de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais (ONU, 2016).

As mudanças climáticas geram efeito diversos e heterogêneos entre as regiões do Planeta, para o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC, 2017, p. 1)

Países em desenvolvimento são, especialmente, vulneráveis aos extremos climáticos e meteorológicos. Tais eventos extremos provocam desastres naturais como deslizamentos em encostas, colapso de safras agrícolas de subsistência, poluição do ar, epidemias, entre outros. Aprender a conviver com a variabilidade natural do clima, incluindo seus extremos, é o primeiro passo para adaptar-se às mudanças climáticas e com um eventual aumento da ocorrência de fenômenos extremos. Isto pressupõe o entendimento dos fenômenos naturais como as secas do Nordeste do Brasil, e o desenvolvimento econômico e social, ambientalmente saudável. São questões difíceis de equacionar em países em desenvolvimento com grandes contrastes e desigualdades, como é o Brasil. Aumentar a resistência de sistemas sociais é a melhor estratégia para fazer frente aos fenômenos naturais extremos no país.



O Brasil tem participação no enfrentamento dos problemas do clima. Além de participar dos acordos internacionais e desenvolver ações setoriais, criou a Política Nacional sobre Mudança do Clima, através da Lei nº 12.187, de 2009, que procura dentre outros objetivos, compatibilizar o desenvolvimento social e econômico com a redução dos gases de efeito estufa (BRASIL, 2009).

Mas, é necessário ampliar os esforços para combater as alterações climáticas. Pois como apontou Bárcena (2017) as mudanças climáticas são uma falha de mercado que exigem um grande esforço ambiental que torne a produção e consumo livres de carbono.

Mensurar os níveis de emissões de gases de efeito estufa, torna-se fator determinante para o conhecimento modificador das atividades produtivas por alterações em processos e produtos que colaborem para sustentabilidade ambiental, econômica e social. Há uma densa literatura mundial sobre mudanças climáticas e diversos estudos mensuram os níveis de emissões para setores e regiões a partir do IPCC (2006), que elenca os parâmetros e medidas necessárias.

Considerando as informações do IPCC (2006), os dados detalhados da oferta e consumo de produtos energéticos do Brasil do Balanço Energético Nacional - BEN (construído pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e disponibilizado periodicamente com dados anuais para consulta); e com o instrumental de insumo-produto, é possível calcular as emissões de CO2 de um determinado setor, região ou atividade produtiva no país.

O Núcleo de Economia Regional e Urbana da Universidade de São Paulo (NEREUS) tem realizados inúmeros trabalhos, dentre os quais, Montoya et al. (2013) e Montoya, Bertussi e Lopes (2017), calculam emissões de CO2 para o agronegócio e para cadeia da soja no Brasil a partir do consumo de energia, respectivamente, considerando os setores de atividade econômica descritos pelo IBGE.

Além disso, Silva e Perobelli (2009), usando insumo-produto, avaliaram as emissões de CO2 entre 2000 e 2005 para 15 setores da economia brasileira, mostrando que os setores com maior associação de emissões por demanda final foram, transportes, siderurgia e, alimentos e bebidas.

Vale e Perobelli (2013) calcularam a intensidade de emissões de CO2, considerando indicadores de produção e consumo, para 27 países da União Europeia e 13 países selecionados, entre 1995 e 2009, evidenciando, por exemplo, divergência entre China e Estados Unidos no saldo do comércio global de emissões. Além disso, Vale, Perobelli e Chimeli (2014), considerando as bases de dados ora citadas e os multiplicadores de Miyazawa, verificam as emissões no corte regional ora citado.

Perdigão (2017) faz a decomposição das emissões de CO2 pelo consumo energético entre 1999 e 2009, utilizando insumo-produto para o Brasil, Rússia, India e China (BRIC). Seus resultados mostram que no Brasil e na Rússia, os efeitos da geração de CO2 são mais elevados em relação a demanda final e na China e Índia pelos investimentos.



3.2 Uso de água: escassez como base de insustentabilidade



A água é um recurso fundamental para vida humana biológica e para suas atividades de produção, distribuição e consumo de bens e serviços, mas é um bem escasso e fonte de descarga de inúmeros resíduos da atividade humana.

A ONU ao discutir o objetivo de desenvolvimento sustentável 6 (Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos), em 2017, afirma que morrem ainda milhões de pessoas por ano, a maioria crianças, por escassez de água (40% da população mundial), abastecimento de água inadequado ou falta de saneamento (2,4 bilhões de pessoas), impactando na segurança alimentar e falta de oportunidades econômicas, especialmente para os mais pobres. Além do mais, da maior parte das águas captadas, cerca de 70%, são usadas para a irrigação e 80% das águas residuais humanas são descartadas sem tratamento em rios ou mares. Um outro agravante é que as inundações e outros desastres relacionados com a água são responsáveis ​​por 70 % das mortes relacionadas com desastres naturais (ONU, 2017b).

Além disso, os oceanos (objetivo 14, referente à Conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável) em sua temperatura, correntes e química conduzem os sistemas globais que fornecem e regulam os fatores determinantes para atender as necessidades biológicas da vida humana, animal e natural e até o desenvolvimento das atividades humanas de produção e distribuição, permitindo a vida na Terra. Sendo, em 2017, responsável por 97% das águas do Planeta e por 3 trilhões de dólares dos recursos marinhos e costeiros por ano, algo de aproximadamente 5% do PIB global. Além de ser a maior fonte mundial de proteína, empregar direta e indiretamente 200 milhões de pessoas e absorver 30% do CO2 emitido pelas atividades humanas. Mas, 40% dos oceanos mundiais são amplamente afetados pela poluição, sobrecarga dos recursos pesqueiros e destruição da costa marítima (ONU, 2017c).

O uso humano intenso de água e descarte de resíduos pode trazer sérios danos ao ecossistema, já que a água representa base importante de sua manutenção. Os desequilíbrios sistêmicos gerados podem prejudicar a vida selvagem, danificar os micro e macro sistemas naturais e a própria vida humana, ao esgotar a capacidade de sustentabilidade da vida física e social, como, por exemplo, inviabilizar a geração de emprego e renda. Algumas regiões do planeta já apontam preocupações, a demanda de água em parte da Europa e da América do Norte já excede os estoques disponíveis, e no Oriente Médio, o uso da água já excede os suprimentos locais (CHISHOLM, 1993).

Em função das necessidades interregionais de água, as regiões que possuem menor volume desse recurso podem compensar pela comercialização de bens com maior volume de recursos hídricos. Essa transação indireta de água embutida nos bens é chamada de água virtual (ALLAN, 1993; VISENTIN, 2017; USSAMI; GUILHOTO, 2017).

O Brasil é um país com abundância de recursos hídricos, de extensa área costeira e diversas fontes de água doce, escassa em muitos países do mundo como aponta Johns Hopkins University (1998) em função do crescimento da população e da urbanização, demandas para irrigação e desenvolvimento industrial.

O território brasileiro contém cerca de 12% de toda a água doce do planeta. Ao todo, são 200 mil microbacias espalhadas em 12 regiões hidrográficas, como as bacias do São Francisco, do Paraná e a Amazônica (a mais extensa do mundo e 60% dela localizada no Brasil). É um enorme potencial hídrico, capaz de prover um volume de água por pessoa 19 vezes superior ao mínimo estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) – de 1.700 m³/s por habitante por ano (MMA, 2017, p.1).



Mas a Agência Nacional de Águas (ANA, 2017) assegura que há um desequilíbrio na distribuição das águas disponíveis no Brasil, enquanto a região Norte possui cerca de 80% desta, concentra apenas 5% da população do país e, as regiões próximas ao Oceano Atlântico possuem mais de 45% da população e menos de 3% das águas.

São fatos que ainda persistem mesmo existindo a lei das águas no Brasil a 20 anos, Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que tem por objetivos, a utilização racional e integrada dos recursos hídricos para o desenvolvimento sustentável; assegurar a disponibilidade de água de qualidade para as futuras gerações e, prevenir eventos hidrológicos críticos de ordem natural ou em função de seu uso inadequado. Em 2017, adicionou-se ainda o objetivo, incentivar e promover a captação de águas pluviais (BRASIL, 1997).

Estudos que mensurem o nível de retirada de água do ecossistemas em função da atividade econômica são importantes para o desenvolvimento de políticas de uso sustentável da água, assim como, para determinar quais setores ou atividades produtivas tem maior pegada hídrica (definida por SILVA et. al, 2017, p.1 “como o volume de água total usada durante a produção e consumo de bens e serviços, bem como o consumo direto e indireto no processo de produção”). A exemplo, o estudo de Visentin (2017) calcula os coeficientes técnicos diretos de captação, consumo e retorno de água, os fluxos inter-regionais e pegada hídrica em bacias hidrográficas. Uma referência fundamental para os cálculos dos coeficientes técnicos de uso da água foi a FBB, MMA, FUNARBE (2011) que expõe dados, para 2006, sobre retirada, consumo e retorno de água.

Além disso, Ussami e Guilhoto (2017) avaliaram o uso direto e indireto da água para São Paulo e o restante do Brasil através de um matriz multi-regional de insumo-produto, desagregada em 83 setores e 23 regiões, mostrando que o Alto Tietê exporta bens que são menos intensivos em água. Nesse estudo, os autores apresentam bases metodológicas importantes para estudos sobre recursos hídricos, apresentando coeficientes de água para 83 setores da economia do Brasil.



4 CONCLUSÃO



Diante dos crescentes problemas ambientais, associados as desigualdades econômicas, sociais e regionais, os estudos em ciências ambientais vêm apresentando alinhamento teórico independente, na prospecção de representar a expressão de um saber ambiental das sociedades, para além da aglomeração cartesiana do conhecimento científico tradicional. Pois este não tem sido capaz de subsidiar, com as ações sociais e políticas, a solução dos problemas sociais. Ao mesmo tempo em que é latente o agravamento dos desequilíbrios da natureza.

As ciências ambientais são na verdade o resultado de um processo histórico que se intensifica a partir dos anos de 1960, quando a questão ambiental começa a tornar-se pauta contínua de discussões dos atores socais.

É fato que a ciência evolui de forma mecanicista e fragmentada. A especialização distanciou respostas completas e complexas para os problemas econômicos, sociais e ambientais. Unificar pensamentos, ideias e conhecimentos têm sido uma tarefa complexa, diante da evolução científica, econômica e social fragmentada. As disciplinas evoluíram em seus métodos e resultados, mas as relações interdisciplinares foram disciplinadas a desintegração.

Diante do exposto, o mais razoável é pensar na interdisciplinaridade além da integração entre disciplinas, como algo que deve alavancar a reconstrução dos conhecimentos disciplinares baseados em novos conceitos e métodos, mais complexos, sistêmicos e integradores, associados a uma nova base epistemológica do ambiente natural e social. Objetiva-se, reconstruir, sob novos paradigmas, um conhecimento novo, agregado, não mais baseado em disciplinas de princípio mecanicista e isolacionista, mas em disciplinas sistêmicas e complexas.

A fusão de conhecimentos não seria realizada por aglutinação, mas por adaptação da realidade em que se vive. Atualmente o ambiente é disciplinar, nesse sentido, a prática interdisciplinar que envolva todos os agentes e setores sociais exige a transformação das disciplinas com mudanças capazes de convertê-las, no agregado, em conhecimento integrado.

Cada conhecimento disciplinar modificado pelos paradigmas da prática da interdisciplinaridade permitiria a construção de novas disciplinas preparadas para integrarem-se na revelação e transformação da realidade complexa.

Nesse sentido, o mais importante é criar, no ambiente disciplinar, a capacidade de integração e interação entre disciplinas que permita a construção do conhecimento conexo no agregado da realidade social. Para isso, é necessária uma política global das ciências, integrada com todos os conhecimentos não científicos, de implantação nas disciplinas do paradigma da interdisciplinaridade, da complexidade, como se fosse a “disciplina complexa” das disciplinas, que permitisse o encadeamento dos seus conhecimentos e métodos (em modificação dinâmica diante da complexidade) para a construção do conhecimento conjugado e integrado.

Portanto, considerando que cada disciplina isoladamente fornece uma compreensão limitada e parcial de situações e fenômenos complexos, a superação dos limites disciplinares, certamente contribuirá para uma resposta mais eficiente frente à complexidade.

Os conceitos e métodos desenvolvidos e em desenvolvimento nas ciências ambientais, a exemplo da interdisciplinaridade, tem colaborado para criar experiências e ações na busca de conhecimentos e transformações da realidade de forma qualitativa do ponto de vista do meio ambiente.

Os desafios reais que as sociedades enfrentam, em função do seu nível de integração e complexidade, tornam-se cada vez mais críticos, amplos e irreversíveis. A exemplo das emissões de CO2 e uso da água que revelam desafios reais da necessidade humana de transformação da realidade, agendada na prática da sustentabilidade.

Por isso há necessidade da fundamentação coletiva da consciência humana e das ações efetivas de alterações nos padrões de manutenção dos sistemas econômicos e sociais. Seja de ordem da dinâmica da vida, da ciência, da política e suas interações.

Nesse sentido, no curto e médio prazos não haverá outra saída senão a prática da ciência das ciências, como forma de atenuar o progresso devastador das alterações estruturais nas vidas naturais e humanas.

Espera-se que no longo prazo, construa-se, de fato, uma educação ambiental e os ambientes econômicos, políticos, sociais e naturais transformem a vida para além do aglomerado de indivíduos, métodos e processos. Crie-se uma vida coletiva integrada e qualitativamente superior em todas suas dimensões.



REFERÊNCIAS



ALLAN, T. Fortunately there are substitutes for water: othetwise our hydropolitical futures would be impossible. World environmental library: Priorities and conflicts in water resource development, 1993. Disponível em: <https://goo.gl/d6mGtX>. Acesso em: 20 setembro 2017.

ALLEN JR., L. H.; BAKER, J. T.; BOOTE, K. J. The CO2 fertilization effect: higher carbohydrate production and retention as biomass and seed yield. In: BAZZAZ, F.; WIM, S. Global climate change and agricultural production: direct and indirect effects of changing hydrological soil and plant physiological processes. Rome: FAO, 1996. Disponível em: <https://goo.gl/rRHAzx>. Acesso em: 20 setembro 2017.

ALMEIDA, F. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 2002.

ANA (AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS). Quantidade de água. Agência Nacional de Águas: Panorama das águas, 2017. Disponível em: <https://goo.gl/LzvUMq>. Acesso em: 02 outubro 2017.

BÁRCENA, A. CEPAL cita necessidade de novo modelo de desenvolvimento em fórum com Noam Chomsky. ONUBR: Desenvolvimento sustentável, 2017. Disponível em: <https://goo.gl/6vNcC6>. Acesso em: 18 novembro 2017.

BRASIL. Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997. Brasília: Presidência da República: Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos, 1997. Disponível em: <https://goo.gl/Sqde4C>. Acesso em: 26 setembro 2017.

BRASIL. Lei nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009. Brasília, DF: Presidência da República: Casa Civil - Subchefia para Assuntos Jurídicos, 2009. Disponível em: <https://goo.gl/MjWtNn>. Acesso em: 20 setembro 2017.

BRÜSEKE, F. J. O problema do desenvolvimento sustentável. In: CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza: Estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 2003. p. 29-40.

CAPRA, F. O Ponto de Mutação: A Ciência, a Sociedade e a Cultura Emergente. São Paulo: Cultrix, 1982. 447 p.

CAPRA, F. As conexões ocultas: ciências para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002.

CAPRA, F. Alfabetização ecológica: o desafio para a educação no século 21. In: TRIGUEIRO, A. Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da questão ambiental nas suas áreas de conhecimento. Rio de Janeiro: Sextante, 2003. p. 19-33.

CARVALHO, F. P. A.; GOMES, J. M. A. Eco-eficiência na Produção de Pó e Cera de Carnaúba no Município de Campo Maior (PI). Teresina: PRODEMA-UFPI, 2005. Disponível em: < https://goo.gl/n59N3V>. Acesso em: 20 junho 2014.

CHISHOLM, M. Demographic trends: implications for the use of water. World environmental library: Priorities for Water Resources Allocation, 1993. Disponível em: <https://goo.gl/gTyHYR>. Acesso em: 20 setembro 2017.

CPTEC (CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E ESTUDOS CLIMÁTICOS). Princípios de Meteorologia e Meio Ambiente. Centro de previsão de tempo e estudos climáticos: glossários, 2017. Disponível em: <https://goo.gl/nyktrj>. Acesso em: 25 setembro 2017.

DIEGUES, Antonio Carlos Santana. O Mito Moderno da Natureza Intocada. São Paulo: HUCITEC, 2001. Disponível em: <https://goo.gl/6yPkE4>. Acesso em: 5 dez. 2016.

EPA (UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY). Overview of Greenhouse Gases. United States Environmental Protection Agency: Greenhouse Gas Emissions, 2017. Disponível em: <https://goo.gl/94gUHH>. Acesso em: 26 outubro 2017.

FBB (FUNDAÇÃO BANCO DO BRASIL), MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE), FUNARBE (FUNDAÇÃO DE APOIO À UNIVERSIDADE DE VIÇOSA). Desenvolvimento de uma matriz de coeficientes técnicos para recursos hídricos no Brasil: Relatório final dos coeficientes técnicos de recursos hídricos das atividades industrial e agricultura irrigada. Brasília - DF: FBB, MMA, FUNARBE, 2011. Disponível em: <https://goo.gl/tAjPa3>. Acesso em: 15 novembro 2017.

IPCC (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE). 2006 IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories - Volume 2 – Energy. Hayama – Japão: IPCC, 2006. Disponível em: <https://goo.gl/wf6U6v>. Acesso em: 5 agosto 2017.

IPCC (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE). Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. New York: Cambridge University Press, 2014a. Disponível em: <https://goo.gl/r6NV7K>. Acesso em: 25 setembro 2017.

IPCC (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE). Chapter 18 - Detection and Attribution of Observed Impacts. In: IPCC Climate Change 2014: Impacts, Adaptation, and Vulnerability. New York: Cambridge University Press, 2014b. Disponível em: <https://goo.gl/nTQQMP>. Acesso em: 25 setembro 2017.

IPCC (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE). Summary for Policymakers and Technical Summary. In: IPCC Climate Change 2014: Mitigation of Climate Change. New York: Cambridge University Press, 2014c. Disponível em: <https://goo.gl/mWC96D>. Acesso em: 25 setembro 2017.

JOHNS HOPKINS UNIVERSITY. Solutions for a Water-Short World. Population Reports, Baltimore - USA, XXVI, n. 14, setembro 1998. 1-31. Disponível em: <https://goo.gl/WiPa6p>. Acesso em: 06 junho 2017.

LAYRARGUES, P. P. Muito além da natureza: educação ambiental e reprodução social. In: LOUREIRO, C. F. B.; LAYRARGUES, P. P.; CASTRO, R. C. D. Pensamento complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2006. p. 72-103. Disponível em: <https://goo.gl/QEpei3>. Acesso em: 25 novembro 2016.

LEFF, E. Complexidade, Interdisciplinaridade e Saber Ambiental. In: PHILIPPI JÚNIOR, A.; TUCCI, C. E. M.; HOGAN, D. J. N. R. Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000.

MARIANO, Z. F. et al. A relação homem-natureza e os discursos ambientais. A Relação Homem-Natureza e os Discursos Ambientais, São Paulo, 22, 2011. 158-170. Disponível em: <https://goo.gl/rmEJRL>. Acesso em: 7 janeiro 2015.

MARIOTTO, S. C.; CORAIOLA, M. Educação Ambiental na concepção do pensamento sistêmico. Revista acadêmica: ciências animal, Curitiba, 7, n. 2, abil/junho 2009. 237-243.

MAY, PETER H. (ORG). Economia do meio ambiente: teoria e prática. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.

MCCORMICK, J. Rumo ao paraíso: A História do Movimento Ambientalista. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992. 224 p.

MMA (MINISTÉIO DO MEIO AMBIENTE). Água. Ministério do Meio Ambiente, 2017. Disponível em: <https://goo.gl/bvx3nk>. Acesso em: 10 outubro 2017.

MONTOYA, M. A. et al. Consumo de Energia, Emissões de CO2 e a Geração de Emprego e Renda no Agronegócio Brasileiro: Uma Análise Insumo-Produto. Núcleo de economia regional e urbana da Universidade de São Paulo, São Paulo, 16 abril 2013. 1-36. Disponível em: <https://goo.gl/rYVwN5>. Acesso em: 19 setembro 2017.

MONTOYA, M. A.; BERTUSSI, L. A. S.; LOPES, R. L. A cadeia soja no Brasil: uma abordagem insumo-produto do PIB, emprego, consumo de energia e emissões de co2 no período de 2000 a 2014. Núcleo de economia regional e urbana da Universidade de São Paulo, São Paulo, 27 julho 2017. 1-40. Disponível em: <https://goo.gl/xkFW9Z>. Acesso em: 9 outubro 2017.

MORIMOTO, C.; SALVI, R. F. As percepções do homem sobre a natureza. Observatório geográfico da América Latina, 2009. Disponível em: <https://goo.gl/2P5KMi>. Acesso em: 15 maio 2014.

ONU (NAÇÕES UNIDAS). Declaration of the United Nations Conference on the Human Environment (Stockholm Declaration), 1972 and the Rio Declaration on Environment and Development, 1992. Audiovisual library of international law: Environmental Law, 2014. Disponível em: <https://goo.gl/fS89nE>. Acesso em: 20 agosto 2014.

ONU (NAÇÕES UNIDAS). Transforming our world: the 2030 Agenda for Sustainable Development. SUSTAINABLE DEVELOPMENTKNOWLEDGE PLATFORM, 2015. Disponível em: <https://goo.gl/d5WxUX>. Acesso em: 20 março 2016.

ONU (NAÇÕES UNIDAS). The Sustainable Development Goals Report. New York: United Nations, 2016. Disponível em: <https://goo.gl/X1PD6y>. Acesso em: 10 abril 2017.

ONU (NAÇÕES UNIDAS). Sustainable Development Goals Report. New York: United Nations, 2017a. Disponível em: <https://goo.gl/nicVBA>. Acesso em: 04 outubro 2017.

ONU (NAÇÕES UNIDAS). Goal 6: Ensure access to water and sanitation for all. Sustainable Development Goals, 2017b. Disponível em: <https://goo.gl/eqkRJs>. Acesso em: 25 novembro 2017.

ONU (NAÇÕES UNIDAS). Goal 14: Conserve and sustainably use the oceans, seas and marine resources. Sustainable Development Goals, 2017c. Disponível em: <https://goo.gl/UhNtiJ>. Acesso em: 25 novembro 2017.

ONUBR (NAÇÕES UNIDAS NO BRASIL). Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, 2015. Disponível em: <https://goo.gl/ZybHQM>. Acesso em: 15 setembro 2016.

PERDIGÃO, C. et al. Decomposição estrutural das emissões de CO2 do BRIC. Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos (RBERU), 11, n. 3. 2017, 293-313. Disponível em: <https://goo.gl/GdkkxH>. Acesso em: 10 jan. 2018.

PHILIPPI JÚNIOR, A. Interdisciplinaridade como atributo da C&T. In: PHILIPPI JÚNIOR, A.; TUCCI, C. E. M.; HOGAN, J. D. N. R. Interdisciplinaridade em Ciências Ambientais. São Paulo: Signus Editora, 2000. Disponível em: <https://goo.gl/Y1Wswn>. Acesso em: 17 abril 2014.

RIBEIRO, W. C. Teorias socioambientais: em busca de uma nova sociedade. Estudos avançado, São Paulo, 24, 2010. Disponível em: <https://goo.gl/JzbVX4>. Acesso em: 08 setembro 2014.

SALVO, G. et al. Estimating the human appropriation of land in Brazil by means of an Input–Output Economic Model and Ecological Footprint analysis. Ecological Indicators, 53, 2015. 78-94. Disponível em: <https://goo.gl/1zV6kh>. Acesso em: 6 março 2017.

SILVA, M. P. N.; PEROBELLI, F. S. Efeitos tecnológicos e estruturais nas emissões de CO2 brasileira para o período 2000 a 2005: uma abordagem de análise de decomposição estrutural (SDA). TD. Mestrado em Economia Aplicada FEA/UFJF, Juiz de Fora, 2009. Disponível em: <https://goo.gl/hbKMAq>. Acesso em: 5 jan. 2017.

SILVA, V. D. P. R. D. et al. Pegada Hídrica Brasil - Unıversıdade Federal de Campina Grande - UFCG. Pegada Hídrica Brasil, 2017. Disponível em: <https://goo.gl/JsZBkN>. Acesso em: 20 jullho 2017.

TOZONI-REIS, M. F. D. C. Educacao Ambiental, Natureza, Razão e História. São Paulo: Autores associados, 2008. Disponível em: <https://goo.gl/FhtTbe>. Acesso em: 15 janeiro 2016.

URANI, A. et al. Construção de uma matriz de contabilidade social para o Brasil. Texto para Discussão do IPEA (346), Rio de Janeiro, agosto 1994. 38. Disponível em: <https://goo.gl/HsDXKy>. Acesso em: 16 maio 2016.

USSAMI, K. A.; GUILHOTO, J. J. M. Economic and water dependence among regions: the case of Alto Tiete, Sao Paulo State, Brazil. Ecological Economics (Preprint submitted), São Paulo, 13 nov 2017. (trabalho transferido pelos autores - arquivo pessoal).

VALE, V. A.; PEROBELLI, F. S.; CHIMELI, A. B. International trade and emissions: a Miyazawa approach. 42° Encontro Nacional de Economia, Natal (RN), 9-12 dez. 2014. Disponível em: <https://goo.gl/M4KrKm>. Acesso em: 5 maio 2017. (anais).

VALE, V. D. A.; PEROBELL, F. S. Comércio internacional e emissões: uma análise intertemporal de insumo-produto. 41° Encontro Nacional de Economia, Foz do Iguaçú (PR), 10-13 dez. 2013. Disponível em: <https://goo.gl/sMvztY>. Acesso em: 5 maio 2016.

VISENTIN, J. C. O uso da água e a interdependência das economias regionais: o caso das Bacias Hidrográficas brasileiras. São Paulo: USP, 2017. 163 p. Disponível em: <https://goo.gl/sDCL1B>. Acesso em: 12 setembro 2017.

WBCSD (CONSELHO EMPRESARIAL MUNDIAL PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL). Eco-efficiency: Learning Module. [S.l.]: WBCSD, 2006. Disponível em: <https://goo.gl/h1LX42>. Acesso em: 29 abril 2015.