UM PANORAMA DA PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NA ÁREA DE CIENCIAS AMBIENTAIS


José Santana da Rocha1, André Bastos da Silva2, Márcio Luciano Pereira Batista3, Nathalie Barbosa Reis Monteiro4, Aníbal da Silva Cantalice5


1 Mestrando em Administração Pública pela Universidade Federal do Piauí – UFPI, Assistente em Administração no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA da Universidade Federal do Piauí – UFPI (jose.srocha@ufpi.edu.br)

2 Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Piauí - UFPI (andrebastos.bio@gmail.com)

3 Doutorando em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Piauí - UFPI (marciolpb@hotmail.com)

4 Doutoranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Universidade Federal do Piauí - UFPI (nathaliereis@hotmail.com)

5 Licenciando em Ciências Biológicas, Universidade Federal do Piauí - UFPI (anibalcantalice@gmail.com)


Resumo:

O presente artigo apresenta um panorama da expansão da pós-graduação Stricto Sensu na área de ciências ambientais (CACIAmb) em nível nacional e regional, especialmente na região Nordeste, abordando, principalmente a expansão de programas de mestrado e doutorado no período de 1999 a 2016, destacando o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA). A pesquisa foi baseada em um levantamento bibliográfico sobre aspectos históricos e institucionais das políticas públicas voltadas para a pós-graduação na área de ciências ambientais, no Brasil. Os dados foram coletados, principalmente, do Portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que é um órgão diretamente subordinado ao Ministério da Educação – MEC, que é responsável pela implementação e fiscalização de políticas e diretrizes voltadas para a pós-graduação no Brasil. Dentre os principais resultados encontrados destaca-se a expansão do número de programas da CACIAmb, especialmente, na região Nordeste, por meio do PRODEMA.


Palavras chave: CACIAmb. CAPES. PRODEMA. Interdisciplinaridade


A STRICTO SENSU POST-GRADUATION PANORAMA IN THE ENVIRONMENTAL SCIENCES AREA


Abstract

This article presents an overview of the expansion of Stricto Sensu Post-graduation in the ​​environmental sciences area (CACIAmb) at national and regional level, especially in the Northeast region, focusing mainly on the expansion of masters and doctorate programs, from 1999 to 2016, highlighting the Post-Graduate Program in Development and Environment (PRODEMA). The research was based on a bibliographical survey about historical and institutional aspects of the public policies geared towards postgraduate studies in the ​​environmental sciences area, in Brazil. The data were collected mainly from the Portal of Periodicals of the Coordination of Improvement of Personnel of Superior Level (CAPES), which is an agency directly subordinated to the Ministry of Education (MEC), which is responsible for the implementation and monitoring of policies and guidelines for post-graduation in Brazil. Among the main results, it can be highlighted the expansion of the number of CACIAmb programs, especially in the Northeast region, through PRODEMA.


Keywords: CACIAmb. CAPES. PRODEMA. Interdisciplinarity



  1. INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo mostrar a contextualização histórica e expansão da pós-graduação Stricto Sensu na área de ciências ambientais (CACIAmb), no Brasil, demonstrando, em números, o crescimento dos programas de mestrado e doutorado. Neste contexto, o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) na região Nordeste do Brasil, tem crescido demonstrando a importância do mesmo nas áreas de estudos e pesquisas com temáticas voltadas para o meio ambiente, nesta região do Brasil.

Dentre os principais resultados encontrados, ressalta-se o crescimento no número de programas de mestrado e doutorado na área de ciências ambientais, no país entre 1999 e 2016. Segundo dados dos documentos de área da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), os números da pós-graduação Stricto Sensu da CACIAmb no Brasil têm expandido de forma significante. Durante o período de 1999 até o fim de 2015, o número de programas de mestrado e doutorado cresceu aproximadamente 618,8%, isto é, passou de 16, em 1999, para 115 programas, em 2015. Cabe ressaltar que de 1999 a 2010, os números de programas indicados referem-se à Câmara I: Agrárias e Meio Ambiente da Área Interdisciplinar e entre 2011 e 2015 à Área de Ciências Ambientais, tendo em vista que a CACIAmb foi reconhecida como área em 2011. O levantamento, também, mostra o crescimento do número de mestres e doutores titulados pela CACIAmb no último quadriênio (2013 a 2016) avaliado pela CAPES. A área chegou a titular 3.986 mestres e 723 doutores no Brasil em todo o quadriênio. Além disso no final de 2016 haviam 3.439 mestrandos e 1.444 doutorandos matriculados nesta área, no território nacional.

Destacamos, também, que um dos responsáveis pela impulsão do crescimento da CACIAmb no Brasil e, especificamente, na região Nordeste, é o PRODEMA, considerado um dos principais programas de desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionadas para temáticas relativas ao meio ambiente e que vem contribuindo, não só para o conhecimento dos principais problemas ambientais que afetam, principalmente, a região Nordeste, como também, propondo políticas que visem a proteção da Sociobiodiversidade, atrelado ao desenvolvimento sustentável.


  1. METODOLOGIA

Foi realizada uma revisão de literatura, por meio de pesquisa bibliográfica, no Portal da CAPES, durante o período de 1999 a 2017. Foram acessados os documentos de área de 2012 a 2017, onde constam dados referentes a pós-graduação em ciências ambientais, no Brasil.

Para compreender a evolução de um programa, de forma pontual, foram revisados relatórios do PRODEMA, desde a sua criação, na década de 1990, a fim de avaliar sua contribuição para a área de ciências ambientais no Nordeste.


  1. RESULTADOS E DISCUSSÃO


    1. A PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU NA ÁREA DE CIENCIAS AMBIENTAIS NO BRASIL

A área de estudo nos Mestrados e Doutorados na área de ciências ambientais- (CACiAmb), no Brasil, vem de um cenário recente, segundo os relatórios da CAPES (2016, p. 3) “a Área de Ciências Ambientais (CACiAmb) foi criada em 2011 em decorrência da experiência de Programas da Área Interdisciplinar, sobretudo da Câmara de Meio Ambiente e Agrárias”.

Segundo este mesmo relatório:

Em 2011, a CACiAmb iniciou suas atividades com 57 programas que corresponderam a 73 cursos. Atualmente, a área possui um total de 82 instituições diferentes, 115 Programas, 147cursos e 2.166 Docentes (1.652 permanentes, 463 colaboradores e 51 visitantes). Entre os 2.082 titulados no último biênio (2013-14), 1.781 são mestres e 301 doutores. Registrou-se também 2.385 matriculados em 2014, equivalendo 2.415 mestrandos e 970 doutorandos. (CAPES, 2016, p. 4)

Antes da efetiva criação da CACiAmb existiam cursos Stricto Sensu voltados para o estudo desta área, de forma interdisplinar. Para Rabelo et al. (2013, p. 4), a preocupação com questões ambientais vem se arrastando desde os anos 70 com “a Declaração de Estocolmo, documento resultante da Cimeira da Terra, em 1972, que definiu o termo educação ambiental e o seu propósito de conscientização ecológica do cidadão comum”. Segundo a CAPES (2012, p. 99), a CACiAmb “surge com expressivo número de programas de Pós-Graduação em virtude preponderantemente da migração da maioria dos programas alocados anteriormente na Câmara I - Meio Ambiente e Agrárias da Área Interdisciplinar.

Figueiredo (2016) expõe que os programas de pós-graduação ligados ao meio ambiente surgiram o final dos anos 1980 e início dos anos 1990, baseados em debates voltados para a interdisciplinaridade. O termo interdisciplinaridade pode ser compreendido como a “abertura ao diálogo e parceria entre diferentes áreas de conhecimento na formalização de conhecimentos novos”. (FIGUEREDO, 2016, p. 5). Na visão da CAPES (2016, p. 8), a interdisciplinaridade é caracterizada, de forma geral, como “uma emergência oriunda de grandes problemas contemporâneos, dentre os quais as questões ambientais, que requerem nova epistemologia baseada na complexidade que demanda colaboração e coprodução entre diversos campos de conhecimento”.

A Área de Ciências Ambientais surge neste contexto, pautada na perspectiva do desenvolvimento sustentável, um conceito multidimensional e naturalmente interdisciplinar que exige intercambio no campo conceitual, metodológico e na colaboração cientifica entre diversas áreas de conhecimento. Adverte-se que a complexidade ambiental e a interdisciplinaridade não podem ser confundidas com a contribuição de conhecimentos técnicos ou instrumentos que possibilitam práticas de pesquisas e intervenção na natureza, mas como colaboração dos diversos conhecimentos, originando algo novo, construindo um novo saber, que possibilite a busca de soluções para os problemas oriundos da relação sociedade e natureza. (CAPES, 2016, p. 8)

Neste contexto, antes de 2011, ano em que foi criada a CACiAmb, existia a área das ciências ambientais interdisciplinares – (CAInter), formada pelas migrações de programas de outras Áreas de Avaliação que aglomeravam cursos de Pós-Graduação relacionados às questões ambientais existentes na Área Interdisciplinar (CAPES, 2013). Neste processo de formação da área de pesquisa voltada para temáticas ambientais deve-se destacar o papel da Câmara I abrangida pelas áreas de “Meio Ambiente e Agrárias, agregando também outros programas da Área Interdisciplinar e de outras áreas, com características e afinidades temáticas, como Ciências Agrárias, Engenharia I, Engenharia III e Ciências Biológicas I”. (CAPES, 2013, p. 2).

Antes da criação da CACiAmb, existia a área multidisciplinar da CAPES criada em 1999 e que, mais tarde, passaria a ser designada de área interdisciplinar, passando assim a compor a grande área multidisciplinar (CAPES, 2013). Em decorrência do grande número de programas abrigados nesta área, em 2004, foram criadas quatro Câmaras Temáticas com o intuito de melhorar a qualidade desses Programas e otimizar o processo avaliativo dos mesmos. Tais Câmaras ficaram subdivididas da seguinte forma: Câmara I – Meio Ambiente e Agrarias; Câmara II – Sociais e Humanidades; Câmara III – Engenharia, Tecnologia e Gestão e Câmara IV – Saúde e Biológicas. Em 2011 a Câmara I se desmembrou formando a CACiAmb e, atualmente, a área interdisciplinar possui o seguinte formato: “Câmara I – Desenvolvimento e Políticas Públicas; Câmara II – Sociais e Humanidades; Câmara III – Engenharia, Tecnologia e Gestão e Câmara IV – Saúde e Biológicas” (CAPES, 2013, p. 2).

No gráfico 1 está demonstrada a variação no número de programas na área ambiental entre o período de 1999 a 2015, conforme dados unificados dos documentos da área da CAPES de 2013 e 2016:


Gráfico 1 – Série histórica da evolução de programas da CACiAmb e a Área Interdisciplinar

Nota: Os números de Programas indicados entre os anos de 1999 e 2010 referem-se à Câmara I: Agrárias e Meio Ambiente da Área Interdisciplinar e, entre 2011 e 2015, à Área de Ciências Ambientais.

Fonte: Adaptado da CAPES, 2013 e 2016


No gráfico 1 está indicado que, no período de criação da CACiAmb em 2011, houve uma redução no número de programas, comparado ao crescimento registrado nos anos anteriores. A redução foi de, aproximadamente, 34% em relação a 2010. Porém, nos anos seguintes houve uma retomada do crescimento. Em 2015 a CACiAmb registrou um crescimento de aproximadamente 102% desde a sua criação em 2011. A redução em 2011 provavelmente ocorreu em virtude da criação da CACiAmb onde alguns programas, anteriormente pertencentes as Câmaras, não terem migrado para a área recém-criada. No entanto, a partir de 2012 a CACIAmb retornou ao crescimento e no final de 2015 apresentou uma expansão de 101,7%, em relação a 2011.

Na tabela 1 consta a evolução da CACiAmb por região, no Brasil, entre período de 2011 a 2015, conforme o relatório da CAPES em 2016.


Tabela 1 – Evolução do número de programas da CACiAmb e sua distribuição regional

Fonte: CAPES, 2016


Segundo dados da primeira fase avaliação quadrienal da CAPES (2017), foram avaliados 112 programas na área de ciências ambientais, em todo país. E, as principais informações, coletadas e avaliadas, mostraram que a área apresentou 1.746 docentes permanentes; 452 colaboradores e 54 docentes visitantes. Em relação ao corpo discente este “apresentou uma média de 4.127 discentes matriculados por ano, 997 mestres titulados por ano e 181 doutores titulados por ano, totalizando 4.709 titulados no quadriênio (3.986 mestrados + 723 doutorados)” (CAPES, 2017, p. 3).


Além destes, um mestrado iniciado no segundo semestre de 2016, não foi nem se quer acompanhado. Quanto aos Mestrados Profissionais foram avaliados 22 e acompanhados 5. Além destes, a área ainda tem dois mestrados em rede com menos de um ano em funcionamento: “Gestão e Regulação de Recursos Hídricos – PROFÁGUA” e “Mestrado Profissional em Rede Nacional para Ensino das Ciências Ambientais - PROFCIAMB”. Ressalta-se que o PROFCIAMB apesar de ser um programa de ensino em rede não foi avaliado pela comissão especial criada pela Capes para avaliar os programas em rede de ensino, por estar ainda em fase de implementação, alguns polos tiveram início em 2017 e um dos polos irá iniciar em 2018. (CAPES, 2017, p. 1).


Na figura 1 é mostrado, de acordo com a CAPES (2017), o panorama atual da CACiAmb no Brasil em relação ao fluxo de discentes no mestrado, baseado em dados coletados no quadriênio de 2013 a 2016:


Figura 1. Fluxo dos Discentes - Mestrado


Fonte: CAPES, 2017


O número de mestres titulados no quadriênio chegou a 3.986 em todo Brasil. Outra informação de cunho relevante, é que esse número de titulados tende a aumentar pois, ao final de 2016, a área possuía 3.439 novos discentes matriculados o que representa um aumento de 47,5% em relação a 2013 (início do quadriênio). Em relação ao número de abandonos, percebe-se uma oscilação no quadriênio chegando ao ponto mais alto em 2014. Porém, no final de 2016 esse número se estabilizou e apenas 61 dos 3.439 mestrandos matriculados no final do ano citado abandonaram o curso.

Em relação ao doutorado o número de titulados chegou a 723, no quadriênio, em 2016, pela figura houve 245 titulados, um aumento de 72,5% em relação a 2013 (início do quadriênio). O número de matriculados no final de 2016 chegou a 1.444 o que representou um crescente de 48,7% em relação a 2013. No que se refere ao número de abandonos, diferentemente do mestrado, esse quesito se manteve, relativamente, estável no quadriênio avaliado conforme demonstra a Figura 2:

Figura 2. Fluxo dos Discentes – Doutorado

Fonte: CAPES, 2017.


Conforme percebido, a área de ciências ambientais no Brasil vem tomando contornos cada vez mais significativos e positivos, em termos de expansão. Os dados tendem a continuar aumentando fortalecendo, não só a multidisciplinaridade, que predomina dentro da área, mas também, vem trazendo à tona debates sobre problemas e proposições de políticas que podem levar a soluções relacionados a proteção e/ou equilíbrio do meio ambiente. Destarte, não procuramos aqui esgotar todas as informações e/ou dados provindos da CACiAmb, apenas levantamos um conjunto de dados que oferecem informações que demonstram um panorama de comportamento dessa grande área que, apesar de ser nomeada e institucionalizada de “recente”, os debates relacionados aos estudos e pesquisas perduram desde a segunda metade do século XX.

Neste cenário, especificamente na região Nordeste, nos anos 90, ganha significativa importância, o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente – PRODEMA, onde o principal objetivo é o desenvolvimento regional priorizando a sustentabilidade ambiental de forma regionalizada.


    1. PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE (PRODEMA)

A área de ciências ambientais, em sua gênese, foi pautada em critérios multidisciplinares no início dos anos 1990. Na região Nordeste não foi diferente, apesar das dificuldades de implantação de um programa na área ambiental, na região (OLIVEIRA; ARAÚJO, 2012), o Nordeste vem mantendo o ritmo de crescimento em relação ao número de programas desta área e praticamente atingindo o crescimento semelhante ao de outras regiões do país como a Centro-Oeste e Sul conforme visto na Tabela 1. Segundo a CAPES (2016), no período compreendido entre 2011 a 2015, o Nordeste agregava 99 programas o que correspondia a 23,5% do total de programas existentes, no Brasil.

Nesse cenário, cabe destacar o papel do Programa de pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) como o mais importante na área ambiental da região Nordeste. Institucionalizado em 1995, porém, desde 1992 que o projeto de criação do Programa já tramitava pela CAPES, conforme afirma Oliveira e Araújo (2012, p. 2):


Em novembro de 1992, a proposta de Programa foi apresentada na 54ª Reunião Plenária do Conselho de Reitores de Universidades nordestinas. Embora 17 Universidades tenham participado desta Reunião, somente a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Fundação Universidade Federal de Sergipe (FUFS), Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal da Paraíba e Universidade Estadual da Paraíba (UFPB/UEPB), estas duas últimas trabalhando conjuntamente, expressaram interesse em participar da proposta de criação do Programa.


O PRODEMA faz parte de um conjunto de sete Instituições de Ensino Superior- IES com o objetivo de compreender melhor a complexidade dos problemas de sustentabilidade e propiciar ações que visem desenvolver políticas sustentáveis de monitoramento e proteção da biodiversidade. Cabe ressaltar, que os mestrados possuem autonomia, ou seja, cada IES dita as normas e linhas de pesquisa a serem seguidas por seus mestrandos.


O Prodema-Rede foi consolidado, inicialmente, com a participação de seis Instituições de Ensino Superior (IES); no entanto, como afirma Ramalho Filho (1999), sob pressões acadêmicas, as atividades nessas IES foram iniciadas localmente em períodos diferenciados – Universidade Federal de Sergipe (UFS); Universidade Federal do Ceará (UFC); Universidade Regional do Rio Grande do Norte (URRN), em 1995; Universidade Federal da Paraíba (UFPB); conjuntamente com a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) em 1996 e Universidade Federal de Alagoas (Ufal) em 1997. (RABELO et al. 2013, p. 16-17).


Neste contexto, o PRODEMA passou por um processo de crescimento sobre as questões ambientais voltadas para a região Nordeste, nas últimas décadas, além de aglomerar mais uma Instituição de Ensino Superior (IES), a Universidade Federal do Piauí - UFPI, em 2010, a Rede PRODEMA passou por uma estruturação, pois, além do amadurecimento do mestrado, o programa passou a contar com o Doutorado em Desenvolvimento e Meio Ambiente organizado através unificação de associações plenas em rede incluindo sete IES do Nordeste, geridas por uma Coordenação Geral e vários subprogramas a ela subordinados (RABELO et al. 2013).

Atualmente a Rede PRODEMA é formada pelas seguintes IES: Universidade Federal de Sergipe (UFS); Universidade Federal do Ceará (UFC); Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC); Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Federal do Piauí – UFPI.

Diante do exposto, cabe salientar que o PRODEMA vem produzindo e ampliando um leque de conhecimentos na área de ciências ambientais e assim colaborando de forma significativa para a interação com os objetivos contidos nas missões de cada IES que os compõe, incluídos o de promover a educação ambiental por meio da agregação de conhecimento de diversas áreas (interdisciplinaridade).

Conforme expõe Oliveira e Araújo (2012), a filosofia do PRODEMA está pautada na interdisciplinaridade, que era o objetivo dos principais eventos que discutiram a importância da pesquisa e conhecimento interdisciplinar, tais como a 1a Conferência Intergovernamental sobre Educação Relativa ao Meio Ambiente (UNESCO/PNUMA, Tbilisse-URSS, 1977), 1o Seminário sobre Universidade e Meio Ambiente para América Latina e Caribe (PNUMA, Bogotá-Colômbia, 1985) e o Colóquio Internacional sobre a Interdisciplinaridade (UNESCO, Paris, 1991).

Isto posto, o PRODEMA pode ser considerado o principal programa de pesquisa na área de ciências ambientais do Nordeste, que visa a proposição de políticas que possam intermediar conflitos entre o crescimento econômico, as novas tecnologias e a preservação do meio ambiente. Para que isto seja possível, Oliveira e Araújo (2012, p. 3), afirmam que o PRODEMA vem desenvolvendo, no teor de suas pesquisas e/ou estudos, mecanismos que permitem lapidar recursos humanos em nível de pós-graduação capazes de lidar com a alta complexidade dos problemas ambientais, para assim, serem capazes de compreendê-los e, a partir da interdisciplinaridade, que é a característica predominante do Programa, proporem soluções inovadoras que aspirem o desenvolvimento sustentável na região Nordeste.

Segundo as descrições contidas na Página eletrônica do Programa na UFPI (2018, p.1) a Rede PRODEMA possui como objetivos geral e específicos:


Gerar conhecimentos científicos com base interdisciplinar e complementaridade interinstitucional, direcionados principalmente para o desenvolvimento sustentável do Nordeste brasileiro, em particular do semiárido e da zona costeira, e atender à necessidade premente de qualificação de recursos humanos capacitados a compreender a complexidade e proporcionar equacionamento, em base interdisciplinar, da inter-relação sociedade/desenvolvimento/meio ambiente.

Especificamente, pretende-se:

1) Fornecer a efetiva base científica e técnica para qualificar profissionais com visão integrada e de natureza multi/interdisciplinar que possa contribuir para a geração de conhecimento técnico-científico voltados para o desenvolvimento sustentável da região Nordeste, em especial, do semiárido e da zona costeira;

2) Construir um novo padrão de racionalidade, interação e harmonia no trato das questões sociais, culturais, ambientais e econômicas, considerando-se, criticamente, os princípios da sustentabilidade;

4) Consolidar competências para contribuir diretamente em nível científico e, indiretamente, em níveis político, econômico, sociocultural e ambiental, para o processo de superação das desigualdades regionais, particularmente do nordeste brasileiro, de modo a superar as assimetrias;

5) Oportunizar a fixação de egressos de cursos de mestrado nos diferentes estados do Nordeste, particularmente daqueles formados na Rede PRODEMA, na perspectiva de estabelecer competências para propor alternativas para o enfrentamento de problemas regionais.


Cabe destacar que, segundo os dados descritos na Página eletrônica do Programa na UFPI (2018), a área de concentração de pesquisa do PRODEMA é a de Desenvolvimento e Meio Ambiente, e as linhas de pesquisa, que passaram por uma mudança no final de 2017, atualmente se dividem em três, A primeira, nomeada de Planejamento e Gestão e Politicas Socioambientais, objetiva desenvolver pesquisas e formar pessoas que atue nos temas de políticas públicas rurais e urbanas, governança e participação social, sustentabilidade ambiental, fundamentos e gestão socioeconômica dos recursos naturais e culturais, espaços livres e sustentabilidade urbana, planejamento e gestão integrada dos recursos naturais, gestão participativa, movimentos sociais rurais e urbanos, políticas públicas de convivência com o semiárido, gestão dos resíduos sólidos, políticas públicas agricultura familiar e agroecologia, políticas públicas de recuperação de áreas degradadas, turismo, educação ambiental, visando o desenvolvimento sustentável.

A segunda, relações Sociedade-natureza e Sustentabilidade tem por objetivo desenvolver pesquisas e qualificar recursos humanos que busquem o equacionamento nas interrelações sociedade-natureza, no que concerne ao conhecimento destas, uso sustentável dos recursos naturais, avaliações de riscos, desastres e vulnerabilidades socioambientais, causas e consequências da perda da biodiversidade, Benefícios ambientais da biodiversidade para a humanidade, conservação e etnoconservação da sociobiodiversidade.

Por fim, a terceira, denominada Tecnologias para o Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo desenvolver pesquisas e formar recursos humanos capacitados para atuar em temas, tais como: tecnologias de convivência com a seca, tecnologias para energias renováveis, sistema de monitoramento dos recursos naturais, geotecnologias para monitoramento socioambiental, sistema de alerta e monitoramento dos desastres naturais, modelagem dos recursos naturais, reciclagem dos resíduos sólidos, monitoramento do sequestro de carbono de sistemas ambientais, sensoriamento remoto aplicado a análise socioambiental, modelagem hidrológica para monitoramento dos recursos hídricos, mudanças, variabilidades e eventos climáticos extremos e suas repercussões na sociedade.

Como se pode notar, o PRODEMA possui um papel importante, não só no cenário local e regional, mas para todo o território nacional pois, este Programa tem desenvolvido pesquisas sobre problemáticas voltadas para políticas de detecção, prevenção e combate a problemas que afetam o meio ambiente.


4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O artigo proposto abordou a história da pós-graduação Stricto Sensu na área de ciência ambientais no Brasil, dando ênfase na importância do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente (PRODEMA) para região Nordeste fazendo referência ao contexto de criação deste programa e também, apresentou a expansão dos programas de mestrado e doutorado na área entre o período de 1999 a 2016 sendo constatado um crescimento significativo do decorrer desses 18 anos em termos de aumento de investimentos dentro deste campo de ensino e pesquisa.

Portanto, o que se pode inferir é que, apesar de ainda necessitar de políticas regulares voltadas para um maior incremento institucional e de investimentos, a pós-graduação Stricto Sensu na área de ciência ambientais no Brasil teve um avanço quantitativo no período considerado, além de promover uma descentralização visível, haja vista o número de programas criados em Universidades fora das regiões Sul e Sudeste se mostrou numa perspectiva de crescimento positiva, especialmente com a implementação do PRODEMA na região Nordeste.

Por fim, este levantamento bibliográfico se revela importante no sentido de se formar uma reflexão sobre planejamento, avaliação e rumos da pós-graduação na área ambiental no Brasil. Um outro aspecto a ser considerado, e que não foi objeto desta investigação, é o qualitativo pois é de suma importância que o vislumbro da expansão, em termos de quantidade, não torne opaca a evolução da qualidade dos estudos voltados para o entendimento e possíveis sugestões de melhorias em relação aos gargalos que afetam o meio ambiente.


REFERÊNCIAS

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RABELO. Laudemira Silva. RABELO. Melca Silva. FREIRE. George Satander Sá. OLIVEIRA. Vládia Ponto Vidal de. LIMA. Patrícia Verônica Pinheiro Sales. A experiência do Prodema na pós-graduação brasileira: ciência para a sustentabilidade na UFC. RBPG, Brasília, v. 10, n. 21, p. 633 - 660, out./2013. Disponível em: Disponível em: <http://ojs.rbpg.capes.gov.br/index.php/rbpg/article/view/416/347>. Acesso em: 26 de junho de 2017.

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