BRINCANDO COM OS 4 ELEMENTOS DA NATUREZA: ÁGUA, FOGO, TERRA E AR

Luciana Queiroz Rodrigues Moreira

luciana.queiroz.moreira@hotmail.com



O melhor brinquedo para a criança é a própria natureza. A graça para a criança ao brincar está em subverter os objetos e transformá-los em brinquedos, em algo diferente e novo”. MACHADO, Ana Lúcia


O presente projeto surgiu da união de várias paixões acadêmicas que foram, ao longo de minha trajetória profissional, se revelando como se fossem fios invisíveis conectados através do ideal de poder contribuir para a construção de uma humanidade melhor, tendo como ponto de partida a Infância. Percebo que cheguei até a realização desse projeto levada por muitas de minhas convicções sobre a importância do brincar na infância, pelo amor às crianças, minha prática docente e, principalmente, pela minha feliz vivência infantil onde sempre estive em contato com a natureza no sítio de minha família, onde passei toda a minha infância.

Sou formada no Magistério há 25 anos, e após 5 anos como professora do Ensino Infantil, me graduei com licenciatura plena em Geografia, consolidando assim, uma carreira como professora de Geografia por 10 anos no Ensino Fundamental. Realizei nessa fase o curso BH Itinerante onde recebi o certificado de Agente Ambiental da Secretaria Municipal de Meio Ambiente/PBH (Prefeitura Municipal de Belo Horizonte). Este curso despertou em mim mais uma vocação natural, a de Educadora Ambiental.Tal interesse motivou a busca pela especialização em Educação Ambiental na UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais).

Após o nascimento de minhas duas filhas e vivendo intensamente o mundo infantil, foi despertada em mim uma vocação latente em relação ao brincar. Sempre tive muita facilidade para elaborar atividades ao gosto das crianças e adolescentes no contexto escolar, e isso,me fazia querer desenvolver cada vez mais atividades lúdicas para meus alunos. Assim, paralelamente as minhas atividades como professora, comecei a realizar Colônias de Férias em clubes e escolas de minha cidade. Tornei-me entusiasta do brincar, e fui em busca de uma maior capacitação nessa área. Certifiquei-me como Brinquedista pelaABBri – Associação Brasileira de Brinquedotecas. Idealizei também uma Brinquedoteca Itinerante chamada Colônia do Brincar e em maio de2017ganhei o Oscar de melhor brinquedista pelo ENAI – Encontro Nacional de Animadores Infantis.

Estava formada assim a Educadora Ambiental e Brinquedista: Luciana Moreira. Durante o ano de 2017 fui monitora voluntária do Curso BH Itinerante, onde pude participar por já ter obtido no de ano de 2002 o certificado de Agente Ambiental da PBH. Em uma de nossas travessias urbanas que consta na programação do curso, fomos ao Centro de Educação Ambiental no Parque Professor Amilcar Vianna Martins. Nesta atividade,assistimos a palestra de Laiena RibeiroT. Dib, Mestre em Ecologia, Bióloga e Psicóloga habilitada em Equoterapia e que está como Diretora de Gestão Ambiental do CEA – Centro de Educação Ambiental da regional Centro Sul. Laiena nos apresentou os projetos desenvolvidos pelo CEA, e colocou o espaço disponível a todos os presentes para a realização de novos projetos. Procurei a Laiena logo após a palestra. Em nossa conversa, apresentei a ideia de promover atividades lúdicas de educação ambiental com crianças, no espaço do Parque e essa ideia foi imediatamente acolhida por ela onde também me apresentou ricas ideias e sugestões engrandecendo ainda mais a minha ideia original.

Após alguns encontros para alinharmos nossas expectativas, fomos à Creche Nosso Abrigo, que se localiza nas proximidades do Parque, e apresentamos o nosso projeto de Educação Ambiental no Parque. Para a nossa alegria, a proposta foi muito bem aceita pela direção da Creche, bem como por todas as Educadoras.

Nosso maior objetivo seria o de estimular nas crianças o encantamento pela natureza e favorecer que tivessem um tempo de atividades em espaços ao ar livre fato esse que não era possível devido a permanência diária de 8 horas dentro do espaço da creche, contando apenas com as áreas livres do pequenopátio interno.

Nos centros urbanos brasileiros, as crianças passam 90% de seu tempo diário em lugares fechados impedindo o brincar em áreas livres e tal contato com a natureza em todas as etapas da vida de uma pessoa, é tão relevante, que sua carência foi designada Transtorno do Déficit de Natureza pelo americano Richard Louv, autor do livro A Última Criança na Natureza, essa constatação segundo ele, nada tem a ver com um saudosismo barato mas sim, com os impactos negativos na vida da criança tais como obesidade, depressão, déficit de atenção e hiperatividade. Os vínculos com os seres vivos e elementos naturais, por sua vez, correlacionam-se, segundo o compilado de diversas pesquisas independentes, com a saúde física, psíquica, social e acadêmica dos seres humanos. Brincar na natureza, é portanto, receita de saúde!


O E-book Educando com 4 elementos da Natureza de Ana Lúcia Machado foi a minha maior fonte de fundamentação e inspirição teórica para a realização desse projeto. Em seu trabalho, há uma citação de Rudolf Kishnick onde ele afirma que


As forças mais profundas que vivem no íntimo da criança, podem ser tocadas e avivadas pelo brinquedo mais sadio do mundo: o brinquedo chamado natureza.KISHNICK, Rudolf


Partindo desse pressuposto teórico compreendo que brincar em contato com a natureza seria estimular a criança a viver em sua própria natureza, ou seja, no ambiente natural de sua fase infantil. Neste espaço podemos encontrar também os estímulos naturais para que elas desenvolvam seu potencial humano e criativo, pois ao se colocar em contato com os processos da natureza e a reconhecer neles o movimento e ritmo, ela também se inspiraria a se desenvolver como natureza humana.

Em seu artigo sobre Os processos da natureza, o pensador e humanista Argentino González Pecotche afirma que “Existe uma ordem universal pré-estabelecida, que mantém o equilíbrio da Criação em todas as suas dimensões. A Terra, como parte integrante da Criação, cumpre sua função evolutiva por meio de grandes processos, que se verificam em suas entranhas e em todos os seus confins. O conjunto de suas manifestações físicas se chama Natureza, e é essa mesma Natureza a que, expressando-se num sem-número de variações, mostra à inteligência humana que tudo nela se leva a cabo mediante processos que se efetuam com precisão matemática. À realização desses processos se deve a presença de uma infinidade de maravilhas que a Natureza torna manifestas aos olhos humanos, e é a eles que o homem deve tudo quanto sabe, pois ao observá-los extrai os mais valiosos elementos para sua iniciativa.” E diz ainda que “A Natureza é sábia e contém o néctar da Sabedoria.”’ É a primeira mestra do ser humano, e sendo assim despertar na criança o encantamento com essa natureza seria contribuir para reconhecer nos processos naturais a natureza divina expressa em sua perfeição e que está presente dentro e fora de si mesmo.


Reconhecer o planeta Terra como um ser vivo é uma hipótese da Teoria de Gaia, que foi criada pelo cientista e ambientalista inglês James Ephraim Lovelock, no ano de 1969. De acordo com esta teoria, nosso planeta possui a capacidade de auto-sustentação, ou seja, é capaz de gerar, manter e alterar suas condições ambientais desde que exista uma postura humana de Desenvolvimento sustentável.

Como Educadora Ambiental e Brinquedista, realizo um trabalho com as crianças da Educação Infantil através de jogos e brincadeiras que contemplam os 4 elementos da natureza. O objetivo é fomentar o reconhecimento da natureza viva que existe fora e dentro de si mesmo, promover a valorização e o respeito por seus processos naturais. Segundo Ana Lúcia Machado, colocar a criança em contato com os 4 elementos é conectá-la com sua própria essência, é desfrutar da comunhão com sua natureza interna.

No Brasil mais de 80% da população vive em cidades. Moramos em grandes centros urbanos, onde as áreas verdes estão cada vez mais perdendo espaço para especulação imobiliária, e para procurar diminuir os conflitos urbanos no espaço das grandes cidades. Atualmente, apenas 40% das crianças brasileiras passam uma hora ou menos brincando ao ar livre, por dia.

A proximidade entre creches e áreas verdes é, portanto, muitas vezes, o único modo que muitas crianças, que nelas permanecem por cerca de oito horas diárias de segunda a sexta-feira, terem acesso a áreas verdes em dias de semana, pois podem acessá-las a pé. A localização desses serviços dentro de áreas verdes públicas e o número crescente destas no Município de Belo Horizonte aumentam a probabilidade de acesso à natureza. De fato, todos os Centros Regionais de Extensão em EA – Educação Ambiental da Prefeitura de Belo Horizonte se situam em Parques Municipais, Centros de Vivência Agroecológica (CEVAEs), ou em outros equipamentos com presença significativa de áreas permeáveis vegetadas.

O Centro de Educação Ambiental CentroSul (CEA-CS),sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, está situado no Parque Municipal Professor Almicar Vianna Martins (PMPAVM). Foi este parque que nos acolheu para a realização desse projeto, e para tal, como dito anteriormente, tivemos total apoio e parceria da também Educadora Ambiental Laiena Ribeiro na execução de todo o projeto.

As Crianças regularmente matriculadas na rede municipal de educação (UMEIsUnidades Municipais de Educação Infantile Escolas Municipais de Ensino Fundamental) da capital mineira têm acesso aos CEA – Centro de Educação Ambiental, Parques, Praças, etc., a partir, entre outras iniciativas, do Programa BH para Crianças, que disponibiliza transporte aos alunos e professores até os espaços educadores em questão.

Ocorre que, inclusive por motivo de segurança no trajeto e no destino, o Programa BH para Crianças se dirige aos maiores de três anos de idade, e por isso, as crianças da creche foram autorizadas pelos pais a realizarem o trajeto até o Parque Amílcar a pé juntamente com a equipe de Educadoras da creche. Foi o que ocorreu entre a Creche Nosso Abrigo e o CEA-CS/PMPAVM onde fizemos a proposta de realizar junto as crianças no Parque Amílcar Vianna Martins o projeto Brincando com a natureza.

Maria Consuelo Cabaleiro Rodrigues Cardoso é a presidente da creche Nosso Abrigo que conta hoje com 82 crianças, no bairro Cruzeiro, em Belo Horizonte. As crianças ficam na creche de segunda à sexta, das 7h30 às 17h30, tomam café da manhã, almoço, lanche e jantar. Estudam, praticam esportes, tem apoio psicológico, odontológico e se divertem bastante. Contam com a ajuda de empresas, prefeitura e muitos amigos.



Em nossa reunião de planejamento, concluímos que o melhor seria dividir as crianças em dois grandes grupos, de acordo com a faixa etária, sendo o grupo 1 composto por crianças com idade de 2 e 3 anos, e o 2º. grupo composto por crianças de 4 e 5 anos. Assim, a cada duas semanas focamos especificamente em um dos 4 elementos da natureza, e recebemos as crianças com brincadeiras onde foi possível sentir e despertar a paixão pela natureza! Tudo numa grande brincadeira, cheia de encantamento com as crianças!

De acordo com o s4 grandes estágios do desenvolvimento da inteligência de Jean Piaget podemos perceber o quanto é importante na educação infantil o viver, experimentar e fazer as coisas com a máxima participação dos sentidos, em detrimento do ensinar, ou apenas de transmitir conhecimentos. Porisso, como Educadora Ambiental compreendo que a Educação Ambiental na infância perpassa essencialmente nas vivências com a natureza e como o brincar é uma linguagem de desenvolvimento infantil, nada melhor do que favorecer às crianças o melhor brinquedo que existe: a Natureza!

A vivências e brincadeiras com os elementos naturais propiciam inúmeras conquistas, segundo Ana Lúcia Machado:

Terra, água, ar e fogo estão por toda a parte, são forças vitais que compõe toda a natureza e estão fora e dentro de nós, e delas também fazemos parte com a nossa natureza humana. Colocar a criança em contato com os 4 elementos é conectá-la com sua própria essência, é desfrutar da comunhão com sua natureza interna. Como sugere o nome do documentário Tarja Branca (RHODEN 2014), brincar previne, trata e não possui contra indicações.

Iniciamos o projeto no mês de Setembro, sempre às 2ª feiras pela manhã, no horário de 9h às 10hs. Nos dias de chuva ficou combinado de que realizaríamos a atividade na creche, ou poderíamos remarcar para a próxima 2ª. feira, pois esse era o dia mais favorável para todos os organizadores envolvidos no projeto.

A cada encontro, as crianças eram recebidas por nós em uma grande roda, onde após muitos chamegos, abraços e beijos iniciávamos a nossa atividade com alguma brincadeira cantada. Na sequência, introduzíamos a brincadeira com um dos elementos naturais que estava planejado para aquele módulo.Veja abaixo como foram organizados os módulos e as vivências realizadas em cada um deles.


BRINCANDO COM A TERRA MóduloI


Os brinquedos da Terra estimulam a imaginação da criança que é curiosa por conhecer o interior das coisas, o oculto da natureza. São elementos de estruturação social. Explorar: o tato, observação, criatividade e a criação de brinquedos que imitam a vida em sociedade.

A brincadeira cantada utilizava a música “A árvore na montanha” onde encenamos, exploramos e procuramos identificar no parque os elementos naturais apresentados na música, tais como: árvore, galho, ninho, ovo, pássaro, pena e fruta.

Foi realizado um trajeto com as crianças recolhendo elementos naturais “brinquedos do chão” com uma cestinha de vime, onde as crianças colocavam as folhas, gravetos, sementes e outros elementos encontrados no espaço do parque. Após a coleta dos elementos naturais as crianças criaram um brinquedo enfeitando a cestinha, ou construindo algo usando os elementos naturais. Com um cone de linha fizemos uma tocha usando as folhas recolhidas para simbolizar o fogo. Depois de brincarem com a tocha, as crianças jogaram as folhas no centro do tecido paraquedão, logo após, fizemos uma chuva de folhas pelo ar movimentando todos juntos e bem forte o tecido para verem as folhas voando.Foi lindo demais!!


Atividade de chegada – Grande roda


Recolhendo as folhas do chão para fazer a chuva de folhas no paraquedão


Em busca dos brinquedos do chão: sementes, gravetos e outros elementos naturais


Criando com a natureza: tocha de fogo com as folhas e cone de linha, barcos e navios com a cesta de vime e um lindo arranjo de mesa com folhas secas.







BRINCANDO COM O FOGO MóduloII

Fogo é mobilidade, dinamismo e renovação. Os brinquedos ligados ao fogo remetem ao uso de muita energia. O fogo é ultravivo, ele aquece, acolhe, ilumina, provocando intimidade e aproximação entre pessoas.

Iniciamos as atividades no mirante do Parque, onde observamos no céu o sol que estava escondido entre as nuvens. Conversamos sobre o calor do sol e como ele aquece o nosso corpo. Usamos as mãos para sentir o calor que podemos produzir, e como esse calor pode ser um aconchego e um carinho. Nesse momento, estimulamos as crianças a encostar no rosto do coleguinha após produzir o calor fricsando as mãos, fazendo assim um toque quentinho de carinho.

Brincamos de pega sombra ao observar que o sol projeta no chão a sombra do nosso corpo, e cada criança que tinha sua sombra pega pelo colega, tinha que ficar agachada até todos serem pegos. Usamos corda para as crianças passarem por baixo, e fizemos um divertido chicotinho queimado. Finalizamos a atividade observando o calor do próprio corpo, e como o mesmo poderia ser portador de um abraço quentinho entre os colegas, e assim, fizemos um momento de afeto e carinho entre todos compartilhando o calor humano que aquece e vincula os seres.

Grande roda de chegada e observação do céu: Cadê o sol?



Brincadeiras de roda que aquecem e unem e o carinho quentinho com as mãos



Pega sombra e o desafio da corda de “fogo”

Chicotinho queimado e pular corda


BRINCANDO COM OAR MóduloIII


Ar é movimento, leveza e expansão. Quando a criança brinca com o ar,o corpo e a alma se ampliam,e a imaginação é ativada.

Iniciamos as atividades observando o balanço das árvores, o movimento das nuvens e como em toda natureza podíamos observar o ar em movimento, em sua forma mais visível, o vento. Realizamos uma prática de respiração infantil usando uma imagem mental de cheirar a florzinha e soprar a velinha, e assim, fizemos uma respiração pausada e repetida por 5vezes.

Construímos um brinquedo chamado barangandã, onde usamos jornal e papel crepom, e com movimentos circulares brincamos com o ar vendo o colorido do papel fazer lindos desenhos no ar.

Nesse módulo foi preciso realizar uma atividade com o grupo das crianças menores no espaço da Creche Nosso Abrigo, pois estava um dia muito chuvoso. Percebemos que o envolvimento das crianças não foi o mesmo, e o tempo de concentração delas ficou bem reduzido em relação ao tempo de 1 hora que conseguimos realizar as atividades no parque. Ficou muito claro que desemparedar as crianças contribui para aumentar o nível de participação e concentração, além é claro, da alegria e tranquilidade que o ambiente natural traz para a convivência entre as crianças.


Ensinando a fazer o Barangandã com jornal, barbante e papel crepom



Brincando com o ar usando o brinquedo confeccionado pelas crianças










BRINCANDO COM A ÁGUA MóduloIV


Água é fluidez, entrega, limpeza e vitalidade. As brincadeiras com a água proporcionam o relaxamento do corpo rígido que precisa se entregar, fluir.

No modulo da água iniciaremos com a atividade de bolhas de sabão gigante. Como até o dia do envio desse projeto ainda não havíamos realizado a atividade, não há registros ainda. Faremos na sequência, uma atividade com um balão de água que estoura dentro de um temporazidor em formato de batata, e que ao passar pelas crianças chegará o momento que irá estourar o balão e molhar as pernas ou pés de alguns/algumas delas.


Bolhas de sabão gigante




Como o projeto em andamento durante esse 4 meses, outras ideias foram surgindo durante a execução, como por exemplo, a dos Brincantes Mirins. Esta ideia consiste em estimular a participação de crianças maiores, que não estudam na creche para colaborar na execução das brincadeiras. Essa ideia surgiu com o objetivo de proporcionar às crianças maiores uma rica experiência de convívio social, uma oportunidade de conhecer e desenvolver todo o seu potencial humano e criativo através do brincar. Além disso, elas também são estimuladas a praticar valores humanitários através da doação de brinquedos e livros que eles não curtem mais; ensinando brincadeiras e músicas que fizeram parte de sua 1a. Infância; criar vínculos e fortalecer o pertencimento social; desenvolver a pró-atividade e a capacidade de iniciativa e liderança.


Divulgação do Brincante Mirim por um dia através da minha Brinquedoteca


Crianças Brincantes Mirins que participaram do Projeto



No pé de Jabuticaba e ajudando a distribuir os materiais



Outra atividade que surgiu ao longo da execução do projeto foi a comemoração do dia das crianças no Parque. Nesta data fomos solicitados pela coordenadora pedagógica dacreche Luciene a planejar uma atividade para esta comemoração, pois os pais relataram a ela o quanto os filhos estavam gostando da atividade no parque e que ficavam ansiosos para a chegada da 2ª.feira. Planejamos então um piquenique coletivo seguido de brincadeiras tradicionais monitoradas também pelos Brincantes Mirins. E assim, refizemos o nosso planejamento estendendo mais um dia na programação.


Brincadeiras do Dia das crianças executada pelos Brincantes Mirins


Piquenique coletivo e corrida do saco


Alguns dos resultados alcançados nos foi relatado pelas educadoras, que perceberam uma melhora significativa no desenvolvimento motor das crianças menores e que durante a caminhada até o parque não estavam mais dependentes de colo e conseguiam chegar andando com autonomia e energia.

O contato com diversos materiais e texturas também enriqueceu o desenvolvimento do tato e ampliou o vocabulário das crianças em relação aos elementos naturais.

No início do projeto era mais difícil conseguir um controle das crianças pois elas queriam explorar ao máximo o espaço e acabavam indo para lugares mais distantes e isso exigia de todas uma maior atenção com o tempo as crianças foram se aprpiando do espaço e percebendo os limites naturais para a sua segurança.

A coordenadora Luciene Froes nos disse que já está no planejamento para o próximo ano de 2018 mais um projeto em parceria com o CEA – Centro de Educação Ambiental do Parque e que será sobre o plantio de sementes para a construção de uma horta dentro da creche. Dessa forma as crianças irão manter o contato com a área do Parque com uma maior frequencia fato que acontecia apenas em algumas datas comemorativas da creche e que eram no máximo umas 3 vezes por ano.

Algumas mães relataram que as crianças já mencionavam sobre o dia de brincar no parque que era na 2ª.feira e já esperavam ansiosas para irem a creche.

De acordo com a Coordenadora Pedagógica da Creche Luciene Froes Otoni, existe também a possibilidade de incluirem semanalmente um recreio no espaço do parque onde as crianças poderão brincar com os brinquedos e desfrutar da brincadeira livre no ambiente natural.


Outros desdobramentos que surgiram durante a execução do projeto foi a de oferecer uma formação para as educadoras e pais das crianças sobre o Brincar Sustentável. Conversando com algumas educadoras percebi que tinham a necessidade de aprofundar mais na Linguagem do Brincar e se conscientizarem ainda mais sobre a importância de nossas atitudes como educadoras e pais para favorecer que o tempo e espaço da infância seja plenamente aproveitado para o desenvolvimento Biopsicoespiritual de nossas crianças. Dessa forma apresentarei a comunidade da creche a minha proposta de Atitudes Lúdicas Sustentáveis para a infância conforme explico abaixo:

Desenvolvimento Sustentável é quando somos capazes de realizar o progresso e suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos naturais para o futuro.

Como Educadora Ambiental percebo que o Desenvolvimento Sustentável deve também contemplar os recursos da natureza humana e é principalmente na Infância onde encontramos esses recursos em abundância.

Então, como favorecer o desenvolvimento da criança sem comprometer a sua capacidade humana nas outras fases futuras de sua vida?

Valorizar a infância é uma importante atitude de preservação da natureza humana pois essa é a fase mais fértil da vida e onde podemos oferecer o adubo necessário para que floresça uma vida próspera, cheia de vitalidade, com gosto pela atividade mental, pela realização de tarefas e capacidade de iniciativa.

A criança quando nasce já é alguém, precisamos respeitar o seu tempo e ambiente infantil para que conheça a si mesma através do brincar. A criança não será alguém somente quando crescer, ela já é um indivíduo que está em formação e que precisa conhecer e desenvolver a sua identidade humana e isso também pode ser alcançado através do brincar.

Brincar é para a criança uma meditação que ela faz sobre si mesma através da ação!

Nós, adultos, somos os responsáveis tanto pelos recursos naturais do planeta como também pelos recursos humanos de nossas crianças.

Como ajudar a preservar na infância seus recursos naturais e contribuir para que o seu desenvolvimento seja sustentável para sua vida futura?

Como Educadora Ambiental me inspiro no mesmo conceito dos 5 R´s do Desenvolvimento Sustentável e como Brinquedista desenvolvi os 5 R´s de Atitudes Lúdicas que contribuem para sustentar os recursos humanos durante toda a vida.

São eles: Refletir, Recusar, Reaproveitar, Reduzir e Reciclar.

Destaco abaixo um dos aspectos das Atitudes Lúdicas Sustentáveis

* REFLETIR sobre o tempo de qualidade que passo junto ao meu filho e se o mesmo tem sido aproveitado para aumentar o nosso vínculo de afeto;

* RECUSAR a adultização da infância: maquiagem, ostentação, consumismo ou estimular o namoro e outras atitudes que não são naturais para a idade infantil.

* REDUZIR o tempo de exposição das telas de TV ou eletrônicos. Segundo a OMS, crianças antes dos 2 anos não devem ter contato com telas e eletrônicos e de 2 a 12 anos não devem ultrapassar 2 horas por dia.

* RECICLAR as imagens observadas pela criança durante o dia e favorecer que coloque em ação através do livre brincar essas próprias imagens mentais e que ajudarão a entender tudo aquilo que sua observação foi capaz de captar e que ainda estão em fase de compreensão.

* REAPROVEITAR as observações e interesse das crianças pelos fenômenos da natureza e despertar nela o encantamento e respeito pelos elementos naturais: água, fogo, terra e ar.


A Brinquedoteca Itinerante Colônia do Brincar é o resultado de uma linda história de amor pelas crianças e de convicções profundas sobre a Importância do Brincar na Infância.

Ajudar a construir uma humanidade melhor tendo como ponto de partida a Infância é o nosso maior ideal.

Fazemos isso através da linguagem do brincar criando atividades que também possam fazer parte do acervo das felizes memórias brincantes da infância para reaparecerem depois no adulto como inspiração que irão guiá-lo pelos caminhos do mundo.

Somos Itinerantes porque somos capazes de transitar em diversas realidades através do Brincar e também porque estamos no ritmo da natureza, em constante mudança, crescimento e transformação. Somos Itinerantes também porque reconhecemos que em todo o Planeta Terra há sempre um lugar para nos acolher pois a nossa missão é a infância valorizar e promover!

Bora Brincar no seu lugar?












Referências bibliográficas


MACHADO, Ana Lúcia. Brincando com os 4 elementos da natureza . 1. ed. nov. 2016. Disponível em: http://www.educandotudomuda.com.br/tag/e-book-brincando-com-os-quatro-elementos-da-natureza/. Acesso em: 20/06/2017.


PECOTCHE, Carlos Bernardo Gonzalez. Pedagogia Logosófica. In: Coletânea da Revista Logosofia - Tomo 1. São Paulo: Logosófica, 2010.

Disonível em: http://logosofica.com.br/artigos/os-processos-da-natureza/73.aspx


LOUV, Richard. A Última Criança na Natureza. São Paulo: Aquariana, 2005.


Tarja Branca - A Revolução que Faltava. Direção: Cacau Rhoden. Brasil. 80 minutos. 2014.



PIORSKY,Gandhy.Brinquedos do chão, a natureza, o imaginário e o Brincar.1.ed.Petrópolis:Editora Petrópolis,2016.