UTILIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A MELHORIA DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL SOBRE SANEAMENTO BÁSICO E QUALIDADE DE VIDA EM COMUNIDADES TRADICIONAIS

¹Domkarlykisom Mahamede Moraes Ferreira¹

²Milton César da Costa Campos²

³Hilma Magalhães de Oliveira

²Suely Aparecida do Nascimento Mascarenhas

¹Maria Karina Mendonça de Moraes



¹Mestre em Ciências ambientais – PPGCA/UFAM

²Docente – Instituto de Educação, Agricultura e Ambiente – UFAM

³Graduanda em Engenharia Ambiental – IEAA/UFAM


Resumo - O presente artigo é um estudo teórico que objetiva mostrar a interação da percepção ambiental em relação ao saneamento básico e como a educação ambiental trabalhará para que a qualidade de vida em comunidades tradicionais seja alcançada. A educação ambiental é a disciplina que busca o entendimento das questões ambientais e a aplicação de métodos que auxiliem a tomada de decisões das ações pró-ambientais com o intuito de mostrar para a comunidade o valor de se manter a qualidade do ambiente em que vivem. Neste contexto, pôde-se perceber que todas as ações trabalham em conjunto para que a qualidade de vida chegue a ser positiva para as comunidades, mas a percepção do meio em que vive é fundamental para que se iniciem as ações junto das comunidades.


Palavras-chave: Percepção, comunidade, qualidade de vida.


Abstract - The present article is a theoretical study that aims to show the interaction of environmental perception in relation to basic sanitation and how environmental education will work so that the quality of life in traditional communities is achieved. Environmental education is the discipline that seeks to understand environmental issues and the application of methods that help decision making of pro-environmental actions in order to show the community the value of maintaining the quality of the environment in which they live. In this context, it can be seen that all actions work together so that the quality of life is positive for the communities, but the perception of the environment in which it lives is fundamental for the initiation of actions in the communities.

Keywords: Perception, community, quality of life.



INTRODUÇÃO

A educação ambiental é a disciplina que busca o entendimento das questões ambientais e a aplicação de métodos que auxiliem a tomada de decisões das ações pró-ambientais com o intuito de mostrar para a comunidade o valor de se manter a qualidade do ambiente em que vivem. Desta forma, Reigota (2017) diz que a educação ambiental deve ser vista no sentido político, fazendo com que o cidadão seja crítico, de forma que exija e construa uma sociedade que respeite a relação homem/natureza. Compreender a educação ambiental relaciona-se pela vivência dos educadores ambientais, construindo-se uma identidade socioambiental e política, sendo necessária a compreensão em sua complexidade (GOMES, NAKAYAMA, DE SOUZA, 2017).

A percepção ambiental é a tomada de consciência do ambiente pelo homem, o ato de perceber o ambiente ao seu redor, protegendo e cuidando do mesmo (FERNANDES et al, 2004). Em comunidades tradicionais, o estudo da percepção ambiental torna-se importante fonte de fortificação da vida em comunidade, fator este que faz com que a qualidade de vida seja alcançada, tanto no âmbito do conhecimento, como da tomada de decisões dos órgãos a partir das necessidades pedidas e impostas pela comunidade.

O nível de escolaridade é determinante para uma maior percepção dos problemas relacionados ao meio ambiente, mas que mesmo assim, não significa obrigatoriamente em uma maior consciência ambiental. A escola é dita como a maior fonte de informação sobre meio ambiente em qualquer grau de instrução ou ocupação, seguindo-se das mídias divulgadoras (LERMEN & FISHER, 2010). Isto torna-se um ponto de fundamental importância para os estudos ambientais em comunidades tradicionais, já que as mesmas se encontram, em sua maioria, em locais sem acesso aos serviços básicos, tendo desta forma uma educação falha dos pontos básicos e mais ainda dos temas relacionados ao meio ambiente.

Justificando-se, o estudo da percepção ambiental é um importante auxílio para o entendimento do pensamento da população sobre o que ocorre no ambiente em que está inserida, mais especificadamente as comunidades tradicionais, que se encontram em sua maioria isoladas e esquecidas pelo poder público quando se trata de ações que objetivam a melhoria do ambiente e a aplicação das ações de saneamento básico. Além disto, diversas doenças são ocasionadas pelo mau relacionamento entre comunidade e meio ambiente, estando as mesmas intrinsecamente ligadas às condições estabelecidas pelos comunitários no ambiente em que vivem, muito em sua maioria derivados da falta de ações de educação ambiental.

O presente artigo é um estudo teórico que objetiva mostrar a interação da percepção ambiental em relação ao saneamento básico e como a educação ambiental trabalhará para que a qualidade de vida em comunidades tradicionais seja alcançada.

PERCEPÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A percepção ambiental está relacionada à maneira como as pessoas experienciam os aspectos ambientais que estão presentes ao seu redor, não somente os aspectos físicos, mas também os sociais, culturais e históricos (CAVALCANTE & ELALI, 2011). A percepção ambiental é o conhecimento ou a tomada de consciência do ser humano no ambiente em que está inserido e isto não relaciona somente a parte biológica, mas também a psicologia, a geografia, a antropologia e outras ciências que interagem umas às outras (FAGGIONATO, 2016). Em sua própria definição, destaca-se as características do histórico das pesquisas sobre o fenômeno utilizando-se do uso dos sentidos no reconhecimento de objetos e resposta a estímulos revelando a base conceitual desenvolvida nos campos da psicologia, especialmente da psicologia comportamentalista (MARIN, 2008).

De acordo com Fernandes et al (2004), a percepção ambiental define-se como a tomada de consciência do ambiente pelo homem, o ato de perceber o ambiente ao seu redor, protegendo e cuidando do mesmo. Outrossim, Mellazo (2005) diz que os meios naturais, bem como os ambientes modificados pelo homem, são percebidos de acordo com os valores e as experiências vividas individualmente, com atribuição de valores e significados de diferentes graus de importância em suas vidas.

Assim, a percepção individual ocorre através dos órgãos dos sentidos associados às atividades cerebrais. As diferentes percepções do mundo estão relacionadas às diferentes personalidades, à idade, às experiências, aos aspectos socioambientais, à educação e à herança biológica, fatores estes que estão fortemente inseridos na sociedade atual. Ainda segundo Mellazo (2005), os estímulos relacionados ao espaço e a paisagem tem origem de experiências comuns voltadas para o exterior.

A percepção ambiental caracteriza-se por ocorrer mediante a utilização dos órgãos sensoriais, de forma subjetiva de obter conhecimento do local onde se está inserido. Assim, cada ser humano reage e responde diferente a ação ocorrida em relação ao meio ambiente em que se encontra. Quanto a isto, Tuan (2012), diz que a percepção é um estendimento para o mundo, sendo os órgãos do sentido pouco eficazes se não utilizados ativamente. As respostas e manifestações são, portanto, resultado das percepções, julgamentos e expectativas de cada indivíduo. Embora nem todas as manifestações psicológicas sejam evidentes, são constantes, e afetam nossa conduta, na maioria das vezes, inconscientemente (FAGGIONATO, 2016).

A educação ambiental deve ser vista no sentido político, sendo assim, a mesma tem que preparar os cidadãos a serem críticos, exigindo e construindo uma sociedade que respeite a relação homem/natureza (Reigota, 2017). A formação de profissionais que atendam com eficiência os problemas ambientais e que estejam preparados para enfrentar os desafios da percepção e evidenciem os esforços para a promoção do desenvolvimento sustentável, são fundamentais.

Levando-se em consideração a intensidade de como as informações são assimiladas e percebidas, as mudanças podem se tornar lentas e pouco completas (Oliveira & Corona, 2008). Quanto a isto, Amaral & Carnniato (2011), dizem que o desenvolvimento da prática da educação ambiental torna-se efetiva com a participação dos educadores nos programas de formação continuada, fazendo com que os mesmos estejam preparados a utilizar corretamente esta estratégia de ensino, já que os problemas enfrentados na concretização de projetos de trabalho de educação ambiental relacionam-se à falta de formação dos profissionais.

Para isto, em comunidades tradicionais, necessita-se de estudos prévios afim de se obter o entendimento necessário para que escolham as melhores maneiras de se inserir a educação ambiental, sem que isto interfira negativamente na maneira como a comunidade enxerga as ações no meio ambiente.

De acordo com Villar et al (2008), o estudo avaliativo da percepção ambiental faz com que a população desperte para os problemas ambientais tornando-os conscientes do seu papel para a melhoria do ambiente e mais responsáveis pelas cobranças ecológicas dos dirigentes de sua comunidade. Quanto aos estudos da percepção ambiental, Cunha & Leite (2009) dizem que vários instrumentos de coleta de dados se destacam, objetivando a identificação e caracterização do perfil sócio espacial, econômico e cultural do objeto a ser estudado, buscando sempre a sustentabilidade ambiental. Desta forma, estes instrumentos são utilizados juntamente ou separados, dependendo da necessidade do local estudado.



PERCEPÇÃO AMBIENTAL E QUALIDADE DE VIDA

A percepção do ser humano sobre o ambiente em que vive está intrinsecamente ligada à qualidade de vida que o mesmo possui. Qualidade de vida é um tema subjetivo, complexo e diz respeito ao modo de pensar, a cultura e os meios disponíveis de vida das populações. De acordo com Minayo (2000), dentre as autarquias mundiais que mensuram a qualidade de vida, o mais conhecido e difundido é o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que é um programa das Nações Unidas elaborado com a intenção de deslocar o debate acerca do desenvolvimento de aspectos puramente econômicos, dentre os quais se destacam:


Neste ínterim, Barcelos et al (2002) dizem que esta análise multivariada de vários indicadores socioeconômicos obtidos dos censos demográficos tornam-se uma alternativa para a discriminação das regiões que formam um mosaico espacial, pois, a partir deste tipo de análise estabelecem-se grupos de indicadores que representem fatores específicos, o que evita a repetição entre as variáveis. Ainda segundo Barcelos et al (2002), quando se trata de qualidade de vida e saúde, estes indicadores são utilizados para mostrar que existe a desigualdade socioespacial, sendo esta mesma conceituada como sendo a distribuição desigual de oportunidades entre pessoas que se localizam no mesmo espaço.

Conforme Lermen & Fisher (2010), o nível de escolaridade é determinante para uma maior percepção dos problemas relacionados ao meio ambiente, mas que mesmo assim, não significa obrigatoriamente em uma maior consciência ambiental. Ainda segundo os mesmos autores, a escola é dita como a maior fonte de informação sobre meio ambiente em qualquer grau de instrução ou ocupação, seguindo-se das mídias divulgadoras.

Assim, o problema tende a agravar-se ou continuar, já que em comunidades tradicionais, poucas são as iniciativas do estado para que a educação ambiental seja entendida no sentido de melhoria da vida dos moradores locais. É notável mencionar também que o pensamento de que as comunidades não tem o seu papel na busca por melhorias está enraizado, tornando as ações fundamentais para a fortificação do conceito da percepção ambiental, tendo em vista que a disciplina educação ambiental funcionaria como o elemento chave para esta transição.

SANEAMENTO BÁSICO

Saneamento Ambiental: “É o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar Salubridade Ambiental, por meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólido, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis”. (Fundação Nacional de Saúde – Funasa, 2007).

O saneamento é o conjunto de ações socioeconômicas que têm por objetivo alcançar a salubridade ambiental, por meio de abastecimento de água potável, coleta e disposição sanitária de resíduos sólidos, líquidos e gasosos, promoção da disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, controle de doenças transmissíveis e demais serviços e obras especializadas, com a finalidade de proteger e melhorar as condições de vida urbana e rural (FUNASA, 2004, p. 14).


O saneamento é uma das formas de contribuir para a manutenção do equilíbrio na natureza, contribuindo assim para a sobrevivência do ser humano (OLIVEIRA, 2007). Conforme Giesta et al (2005), a falta de um sistema de esgotamento sanitário faz com que a população se utilize de outros meios, como a ligação clandestina de galerias de águas da chuva e o lançamento de esgoto diretamente a céu aberto para lançar seu esgoto doméstico. Essas formas inadequadas de encaminhar os esgotos sanitários trazem sérias consequências para o meio ambiente e para a saúde pública, poluindo mananciais e contaminando águas naturais, que nem sempre passam por estações de tratamento eficientes antes do abastecimento público.

Desta forma, Oliveira (2007) diz que o objetivo do saneamento básico é fazer o controle de fatores que possam afetar negativamente o ambiente físico, trazendo desta forma prejuízos à saúde humana. Para que isto ocorra, o mesmo autor salienta que os princípios abaixo sejam obedecidos para que o objetivo do saneamento seja obtido:



A Lei Federal de Saneamento Básico (Lei nº 11.445/2007) aborda o conjunto de serviços de abastecimento público de água potável; coleta, tratamento e disposição final adequada dos esgotos sanitários; drenagem e manejo das águas pluviais urbanas, além da limpeza urbana e o manejo dos resíduos sólidos. A Lei institui como diretrizes para a prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos:



Apesar de ser assegurado por lei, o saneamento básico é um elemento chave da qualidade de vida que não é abrangido em comunidades tradicionais. Isto torna-se evidente em visitas a comunidades ribeirinhas, na qual são utilizados tratamentos alternativos para a água, não existe coleta de resíduos, mas sim a queima ou enterramento e a eliminação dos efluentes líquidos das residências são feitas da forma mais rudimentar possível, trazendo riscos à comunidade.

O acesso universal aos serviços de água e esgoto no Brasil está amparado de forma implícita e explícita nas diversas legislações vigentes, incluindo-se as diversas áreas afins, como recursos hídricos, ambiente, saúde pública, defesa do consumidor e desenvolvimento urbano (Galvão Júnior, 2009).

Diversas dificuldades são encontradas pelas autarquias estaduais e municipais no processo de elaboração dos planos de saneamento, e apesar disto são aplicadas apenas nas zonas urbanas, deixando comunidades tradicionais, localizadas quase que exclusivamente nas zonas rurais dos municípios sem a devida atenção. Mesmo que não se apresentem efetividade na aplicação dos planos na sua elaboração, observa-se a evolução que se pode chegar com a aplicação do mesmo. Inclui ainda como princípios a universalidade e integralidade na prestação dos serviços, além da interação com outras áreas como recursos hídricos, saúde, meio ambiente e desenvolvimento urbano.

As deficiências no tratamento de esgoto comprometem tanto o meio ambiente, quanto a saúde pública, acarretando danos ambientais que geram efeitos a curto e longo prazo, colocando em sério risco setores fundamentais para a subsistência das comunidades, em especial a pesca e o turismo. Investir em saneamento básico acarreta benefícios muito além da salubridade do ambiente, ajuda no desenvolvimento regional, trazendo investimentos à comunidade (WAGNER & BELLOTTO, 2008).


SANEAMENTO BÁSICO E IMPLICAÇÕES NA SAÚDE AMBIENTAL

O entendimento de que o meio em que vive é um fator primordial para a sua saúde, fez com que o homem desenvolvesse métodos e ações que buscassem a melhoria do uso que faz do local em que reside, bem como o meio que o rodeia. De acordo com Ribeiro & Rooke (2010), o saneamento básico é fundamental na prevenção de doenças, estando desta forma intrinsecamente ligados às ações que o ser humano faz do meio em que vive. Ainda segundo Ribeiro & Rooke (2010), a conservação e limpeza dos ambientes e a retirada dos resíduos sólidos de locais inadequados, evita a proliferação de vetores de doenças.

As condições de saneamento e a aglomeração nos centros urbanos favorecem a transmissão de doenças ocasionadas por estes vetores, como a tuberculose, as hepatites, diarréias infecciosas, dentre outras (MINAYO & MIRANDA, 2002). Os males ocasionados pela intervenção humana sobre o meio ambiente geram dificuldades na mensuração dos problemas ocasionados, acarretando a ampliação da discussão do risco de ressurgência de doenças infecciosas. Segundo Johansen & Carmo (2010), a organização populacional interfere significativamente na extensão de epidemias, como por exemplo a dengue, no tempo, no espaço e sua distribuição na comunidade. Para a compreensão da complexidade e da persistência de epidemia de dengue em um determinado espaço, necessita-se observar as especificidades da região em que a mesma está inserida, observando-se a dinâmica da população com o ambiente.

Conforme Libânio et al (2005) a contaminação dos recursos hídricos representa um dos principais riscos à saúde pública, muito conhecida a relação entre a qualidade de água e as várias enfermidades acometidas à população carente de atendimento correto dos serviços de saneamento do meio. Existe uma complexidade no processo de transmissão de doenças infeccionas, existindo diversos fatores determinantes, estando a qualidade sanitária da água passível de ser modificada pelos aspectos comportamentais e ambientais da população que cerca os corpos hídricos (RAZZOLINI & GÜNTHER, 2008).

Em relação à cultura da comunidade, Mucelin & Bellini (2008) dizem que a mesma dá a caracterização do uso do ambiente e os hábitos de consumo de produtos industrializados e da água. Nas grandes cidades, estes hábitos implicam na produção em massa de resíduos sólidos e a forma com que esses resíduos são tratados ou dispostos no ambiente, geram enormes problemas ambientais nas cidades, além de prejudicar seu entorno.

Segundo dados do IBGE (2008), cerca de 230 mil pessoas morrem no Brasil por exposição a fatores de risco ambiental, como poluição, água não tratada e grandes estruturas urbanas, ou seja, 19% de todas as mortes no país poderiam ser evitadas se fossem adotadas políticas públicas eficientes na área de saneamento básico. Ainda segundo o IBGE (2008), a falta de saneamento básico é uma das principais causas da mortalidade infantil no Brasil, ocasionadas por doenças parasitárias doenças infecciosas. Males que geralmente se proliferam em áreas sem coleta e tratamento de esgoto. Em relação ao sistema de saúde pública, aproximadamente 700 mil internações anuais foram causadas por doenças relacionadas à falta ou inadequação de saneamento básico somente na última década.

Avaliar a saúde consiste em avaliar informações sobre todas as substâncias perigosas emitidas no ambiente, tendo como finalidade a identificação de qualquer impacto destas substâncias no presente ou no futuro, fatores que podem afetar a população (SISINNO & OLIVEIRA, 2000). Ainda segundo Sisinno & Oliveira (2000), existem várias vias de exposição a estes fatores contaminantes a partir de áreas com pouca qualidade ambiental, mais exatamente áreas contaminadas com resíduos sólidos e industriais. A rota de exposição define-se como um processo de contato dos indivíduos com contaminantes oriundos destas fontes de contaminação receptora e é formada por:

Em locais com alto grau de aglomerados urbanos, a eficiência dos indicadores de saneamento básico torna-se menos eficiente na identificação de populações que vivem em situações de risco para a ocorrência de doenças relacionadas à falta de saneamento, como por exemplo a diarreia (PAZ et al, 2012). Em locais com poucos moradores, como as comunidades tradicionais, o uso destes indicadores torna-se mais facilitado, devido ao menor número populacional, porém, o que se vê é um esquecimento das comunidades isoladas quanto a questão da educação com relação às ações ambientais.

Conforme Ayach et al (2012), o saneamento básico é um dos maiores desafios para a administração pública, já que o mesmo está intimamente ligado com as demais atividades do atendimento público, afetando diretamente a saúde e o bem-estar da comunidade que está inserido. Ainda segundo os mesmos autores, inúmeras são as doenças vinculadas à falta de saneamento básico e às formas inadequadas de uso e ocupação do solo, o que se exigem medidas severas de prevenção, tendo como objetivo a melhoria da qualidade de vida, melhores moradias e convivência salubre entre as pessoas e o meio em que vivem.

Populações proativas tem a capacidade de compreender e dar novos significados para as práticas e ações sustentáveis para o saneamento local, possibilitando desta forma a preservação dos corpos hídricos, a redução, reutilização e reciclagem dos resíduos sólidos e a busca por soluções para o tratamento e destinação final dos esgotos domésticos. A contribuição acontece não só para a melhoria do meio ambiente, reduzirá significativamente os índices de mortalidade infantil e das internações por doenças relacionadas a estes fatores. Os impactos positivos só ocorrerão com a aplicação políticas públicas que visem o bem-estar do homem em conjunto com o meio ambiente (ROHR & MIRANDA, 2010).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste contexto, pôde-se perceber que todas as ações trabalham em conjunto para que a qualidade de vida chegue a ser positiva para as comunidades, mas a percepção do meio em que vive é fundamental para que se iniciem as ações junto das comunidades. Os problemas enfrentados pelas autarquias governamentais iniciam-se a partir do momento em que a população, maior beneficiária das mudanças positivas, não cumpre seu papel de vigilante e ativa nestas mudanças, já que não tem a percepção do que está ocorrendo no meio em que vive, ou porque acha que não resolverá sozinha.

Ações como a educação ambiental, tornam-se imprescindíveis na mudança de comportamento da comunidade, ficando evidenciado no papel fundamental exercido por professores e alunos de escolas primárias, grandes colaboradores e divulgadores das ações pró-ambiente na comunidade. O saneamento básico mostrou-se como uma das variáveis que mais impacta em uma comunidade, pois engloba toda a mesma, como na disposição dos resíduos sólidos, no abastecimento de água e no tratamento do esgoto.

Assim, a boa qualidade de vida mostrou-se como o cumprimento de todos os fatores envolvidos na lei de saneamento básico, sendo existente em comunidades onde o esgotamento sanitário, a rede de distribuição de água, dentre outros componentes do saneamento básico são cumpridos, não para deixar a cidade ou a comunidade mais bonita, mas sim para suprir as necessidades mínimas de humanidade para as populações. A avaliação como medida de obtenção da saúde mostrou-se como um método efetivo para a busca por informações sobre as substâncias e ações perigosas emitidas no ambiente, ocasionadas tanto pela falta de conhecimento da população, como pelo descaso e desrespeito ao ambiente em que reside, acarretando problemas à própria comunidade.

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