Projeto PST/Navegar UFRGS: Dez Anos de Experiências


EDUCAÇÃO AMBIENTAL AO AR LIVRE: UM OLHAR SOBRE O SLACKLINE


Rodrigo Cavasini

Graduação em Educação Física; Especialização em Metodologias do Ensino de Educação Ambiental e em Educação Ambiental; Mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano/UFRGS; Professor da PUCRS. Email: rcavasini@yahoo.com.br


Luiz Fernando Cassal

Graduação em Educação Física. Email: lfcassal@yahoo.com.br


Ana Paula Lima Teixeira

Graduação em Educação Física. Email: ana_esef@yahoo.com.br


RESUMO

Este trabalho relata a experiência do desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline [esporte de equilíbrio sobre fita elástica fixada entre dois pontos, permitindo andar e fazer manobras sobre ela]. Essa experiência ocorreu em disciplinas de curso de Educação Física em 2017. As informações produzidas através do processo avaliativo foram organizadas em três categorias: aplicabilidade dos Princípios de Não Deixe Rastro; atenção aos riscos existentes nas atividades educacionais; e valorização da Educação Ambiental e dos espaços ao ar livre. Uma experiência que terá prosseguimento nos próximos semestres e pode contribuir em relação ao desenvolvimento de outras propostas de Educação Ambiental e à prática eticamente orientada de esportes e atividades ao ar livre.

Palavras-chave: Educação ao Ar Livre; Práticas de Mínimo Impacto; Educação Experiencial; Gestão de Riscos.


Introdução

Nos últimos anos ampliou os números de praticantes e de interessados pelo trekking, ciclismo, slackline, canoagem, surfe e demais esportes e atividades ao ar livre. Essa situação ocorre em vários países e pode ser conferida em materiais produzidos no Brasil, como o Diagnóstico do Esporte elaborado pelo Ministério do Esporte, na Nova Zelândia e nos Estados Unidos, nos quais diversos estudos foram desenvolvidos (CAVASINI; BREYER, 2017).

Entre esses esportes e atividades ao ar livre figura o slackline que teve sua origem na década de 1980, entre escaladores no Vale de Yosemite nos Estados Unidos. No Brasil os praticantes de slackline são facilmente observados em locais próximos e distantes do meio urbano, entre os quais podem ser citados parques, praças, praias, pátios de escolas e espaços ao ar livre em universidades.

O slackline, assim como outros esportes e atividades ao ar livre, é marcado pelo interesse que desperta na população. Esse interesse por esportes e atividades ao ar livre se deve a vários aspectos, em que se destacam as potencialidades ou benefícios que podem ser explorados. Conforme Manning (2011) esses benefícios se relacionam aos aspectos: pessoais, como a melhoria de indicadores de saúde e o desenvolvimento de competências; ambientais, como a ampliação da compreensão da relevância do meio ambiente e da ética ambiental; socioculturais, como a ampliação da identidade das comunidades e da coesão social; econômicos, em que integram a ampliação das oportunidades de emprego e para a qualificação profissional.

Em paralelo a potencialidades, salienta-se que a prática de slackline também pode gerar impactos ambientais. Nesse sentido despontam as atividades de Educação Ambiental realizadas em conjunto com esportes e atividades ao ar livre ou atividades de Educação Ambiental ao ar livre, as quais objetivam a redução dos impactos ambientais gerados nas práticas, bem como a melhoria da qualidade do meio ambiente.

Com o intuito de contribuir para a construção do conhecimento, a promoção de propostas educacionais e a prática eticamente orientada de esportes e atividades ao ar livre, este trabalho relata a experiência do desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline. O texto está organizado em três partes: a primeira parte trata da Educação Ambiental ao ar livre; a segunda parte aborda a experiência de Educação Ambiental focada no slackline; e a terceira parte apresentada as considerações e perspectivas do estudo.


Educação Ambiental ao Ar Livre

A Educação Ambiental é um tema transversal que pode ser caracterizada pela pluralidade de manifestações. No que ser refere às atividades de Educação Ambiental ao ar livre, elas compões dois grupos: práticas de mínimo impacto ambiental; e intervenções pedagógicas realizadas no contexto de esportes e atividades ao ar livre.

A prática de esportes e atividades ao ar livre se relaciona com a geração de impactos ambientais, em especial, quando desconsiderados aspectos éticos. Esses impactos ambientais podem afetar: solo, vegetação, recursos hídricos, vida silvestre, seres humanos (MOORE; DRIVER, 2005, LEUNG; MARION, 2000), qualidade do ar (MOORE; DRIVER, 2005), objetos e locais de valor histórico e cultural (THE LEAVE NO TRACE CENTER FOR OUTDOOR ETHICS, 2017).

Os impactos ambientais produzidos pela realização de esportes e atividades ao ar livre podem ser evitados ou minimizados, por meio da utilização de práticas de mínimo impacto ambiental, como os Princípios de Não Deixe Rastro (MARION, 2014; TILTON, 2003; MACGIVINEY, 2003; HARMON, 1997). Esses princípios são propostos pelo TheLeave no Trace Center for Outdoor Ethics (Centro de Ética em Atividades ao Ar Livre Não Deixe Rastro). Eles possuem fundamentação em estudos produzidos principalmente por pesquisadores das áreas da Ecologia da Recreação e das Dimensões Humanas de Recursos Naturais (THE LEAVE NO TRACE CENTER FOR OUTDOOR ETHICS, 2017).

Os Princípios de Não Deixe Rastro são abordados em diversos trabalhos, como os seguintes: Cavasini e Breyer (2017, 2015a, 2015b), Cavasini (2016),Marion (2014), Cavasini, Petersen e Petkowicz (2013), Hutson (2012), Tilton (2003), McGivney (2003), Hampton e Cole (2003), Harvey (1999) e Harmon (1997). Segundo esses autores os Princípios de Não Deixe Rastro para locais de fácil acesso e grande utilização, como as áreas amplamente usadas para a prática de slackline, podem ser descritos da seguinte forma.

-Conhecer antes de ir: Valoriza o planejamento e sugere o levantamento de informações em relação aos espaços, legislação, regras, praticantes e equipamentos.

-Permanecer nas trilhas e acampar em locais permitidos. Aponta para a importância da utilização de locais adequados e previamente determinados às práticas de esportes e atividades ao ar livre.

-Tratar dos resíduos produzidos e recolher os dejetos de animais de estimação: Enfatiza a necessidade de utilizar os sanitários existentes nos locais de prática, encaminhar de forma adequada tudo que for levado à natureza e de recolher os dejetos dos animais de estimação.

-Deixar os locais como foram encontrados. Salienta que os locais empregados nas práticas não devem ser alterados, prevenindo impactos permanentes e também permitindo a satisfação e o senso de descoberta de outros indivíduos.

-Ser cuidadoso com as fogueiras. Enfatiza que as fogueiras devem ser acesas apenas em locais permitidos. O fogo deve ser mantido reduzido e sob o controle, pois também expõe o meio ambiente e as pessoas a diversos riscos.

-Permitir que os animais silvestres se mantenham silvestres: Aborda a relevância de promover as práticas de modo que os animais silvestres sejam mantidos distantes e não recebam alimentos.

-Compartilhar as trilhas e cuidar dos animais de estimação: Busca ampliar a consideração e atenção em relação às demais pessoas e aos animais de estimação levados aos locais de prática.

Por sua vez as intervenções pedagógicas realizadas no contexto dos esportes e atividades ao ar livre relacionam-se com abordagens educacionais organizadas em três grupos:

-Educação sobre o meio ambiente, em que as atividades de Educação Ambiental propiciam informações sobre os fenômenos ambientais;

-Educação no meio ambiente, em que as atividades de Educação Ambiental empregamos esportes e atividades ao ar livre para o desenvolvimento de habilidades e aprendizados;

-Educação para o meio ambiente, em que as atividades de Educação Ambiental buscam o enfrentamento de problemáticas ambientais (CAVASINI, 2016; MINISTRY FOR THE ENVIRONMENT OF NEW ZEALAND, 1998).

De acordo com Castro (1999) a educação sobre o meio ambiente centra-se em abordagens teóricas para o descobrimento da natureza, objetivando o desenvolvimento de conhecimentos sobre interações do ser humano com o meio ambiente. Por sua vez a educação no meio ambiente utiliza os espaços naturais como uma fonte de materiais para a realização de atividades educacionais experienciais.

Já a educação para o meio ambiente objetiva promover a participação ativa do indivíduo e de grupos sociais na busca por resoluções de problemáticas ambientais. Para Giordan e Souchon (1995) apud Castro (1999) essa abordagem é baseada na compreensão de que as problemáticas ambientais relacionam-se direta ou indiretamente com a utilização e gestão dos recursos naturais, enfatizando a importância do uso sustentável desses recursos e da manutenção da qualidade do meio ambiente.

As intervenções pedagógicas realizadas no contexto de esportes e atividades ao ar livre podem ser exemplificadas de diversas formas, como as realizadas em um projeto esportivo educacional: atividades teóricas realizadas nos momentos anteriores às práticas de esportes e atividades ao ar livre, em que podem ser citadas apresentações e discussões; atividades experienciais realizadas durante a prática de esportes e atividades ao ar livre; e atividades teóricas realizadas no encerramento das práticas, como debates e a proposição de novos temas geradores (CAVASINI et al., 2015).

Cabe salientar que as atividades educacionais no e para o meio ambiente, realizadas durante a prática de esportes e atividades ao ar livre, combinadas com atividades educacionais sobre o meio ambiente, que podem ser promovidas no início e final das práticas, possuem elevado potencial educacional (MAZZE, 2006). Essa forma de realização de atividades de Educação Ambiental contribui para o desenvolvimento de comportamentos ambientalmente responsáveis (DUERDEN; WITT, 2010), além de ser uma proposta educacional de interesse da população (CAVASINI, 2016).

As atividades de Educação Ambiental ao ar livre abordam diversos esportes e atividades ao ar livre e são desenvolvidas em vários contextos, como as disciplinas de cursos de Educação Física (CAVASINI; BREYER, 2017; CAVASINI, 2016). A seguir, são tratadas questões relacionadas à experiência de Educação Ambiental ao ar livre focada no slackline.


A Experiência Construída

As atividades de Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline foram desenvolvidas nos dois semestres de 2017, em disciplinas do curso de Educação Física da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul que fica localizada em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. As disciplinas, intituladas de Esportes na Natureza e Atividade Física na Natureza possuem carga horária de 32 horas/aula, estruturadas em encontros de duas, seis ou oito horas/aula. Elas têm o intuito de agregar, não só acadêmica e profissionalmente, mas também promover a cidadania. São relevantes na formação dos estudantes, considerando que eles irão atuar nas mais diversas áreas.

De modo a ampliar a compreensão sobre a estrutura das disciplinas a Figura 1 apresenta suas principais características:


Características das disciplinas

Figura 1: Elaborada pelos autores.


Ainda sobre as disciplinas, cabe salientar que as atividades experienciais se relacionam com a aprendizagem e educação experienciais. A aprendizagem experiencial é uma forma de aprendizado autêntica, em primeira mão, baseada nos sentidos (BEHRENDT; FRANKLIN, 2014) e que compreende: “o processo de aprendizagem oriundo diretamente de experiências vivenciadas pelos alunos” (ITIN, 1999). A educação experiencial pode ser conceituada como uma metodologia em que educadores, premeditadamente, levam os alunos a experiências e a reflexões com o intuito de desenvolver conhecimento, habilidades, valores e capacidades relevantes para a atuação e contribuição em suas comunidades (ASSOCIATION FOR EXPERIENTIAL EDUCATION, 2017; 1994).

O grupo de participantes foi formado por um professor e estudantes. O docente que atuou nas disciplinas possui graduação em Educação Física, especialização em Educação Ambiental, mestrado e doutorado em Ciências do Movimento Humano. Além disso, possui expertise nas áreas de esportes e atividades ao ar livre, Educação Ambiental, gestão riscos e educação ao ar livre. Os estudantes eram oriundos de cursos de graduação e pós-graduação em Educação Física, Pedagogia, Geografia, Administração de Empresas, Psicologia, Biologia, entre outros. Durante os dois semestres de realização das atividades de Educação Ambiental ao ar livre, o número de participantes foi de 248 indivíduos.

As atividades de Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline foram realizadas através de abordagens teóricas, em sala de aula, e de abordagens experienciais, em espaços ao ar livre na grande Porto Alegre. As atividades teóricas incluíram apresentações, leituras, debates, seminários e construção de propostas educacionais. Já as atividades experienciais se relacionaram à prática de slackline, análise dos espaços e utilização das propostas educacionais. Para contribuir com a compreensão das atividades Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline, a Figura 2 apresenta aspectos descritivos das aulas que trataram especificamente desse tema.


Descrição das atividadesde Educação Ambiental ao ar livre focadas no Slackline

Figura 2: Elaborada pelos autores.


O processo avaliativo ocorreu através da análise de materiais produzidos pelos alunos, como seminários, fotografias, vídeos, postagens em ambiente virtual de aprendizagem, e observações realizadas pelo professor. As informações produzidas foram organizadas em três categorias: aplicabilidade dos Princípios de Não Deixe Rastro; atenção aos riscos existentes nas atividades educacionais; e valorização da Educação Ambiental e dos espaços ao ar livre.

Em relação à primeira categoria os Princípios de Não Deixe Rastro demonstraram ser relevantes para o aprimoramento e fundamentação das atividades de Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline, em especial, os princípios relacionados ao: planejamento das atividades; utilização dos espaços adequados às práticas; responsabilização sobre resíduos produzidos; manutenção da qualidade dos espaços ao ar livre; consideração dos demais indivíduos; e cuidar dos animais de estimação.

As atividades de Educação Ambiental baseadas nos Princípios de Não Deixe Rastro podem minimizar os impactos ambientais gerados na prática de esportes e atividades ao ar livre, além de contribuir para o desenvolvimento de competências pró-ambientais. Nesse sentido Hutson (2012) apresenta exemplos de transferência de competências desenvolvidas em atividades educacionais para o cotidiano dos estudantes, em que se destacam: o encaminhamento adequado dos resíduos produzidos durante as práticas e o maior envolvimento posterior dos indivíduos em questões relacionadas aos resíduos e desperdício de recursos em seus lares e comunidades; a maior consideração dos praticantes de esportes e atividades ao ar livre e o desenvolvimento posterior de maior sensibilidade, em face de questões humanitárias de caráter global.

A Figura 3 explora a aplicabilidade dos Princípios de Não Deixe Rastro em atividades de Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline.


Aspectos abordados nas aulas sobre um espaço de prática slackline

Figura 3: Elaborada pelos autores.


A segunda categoria se relaciona à atenção que deve ser direcionada aos riscos existentes nas atividades de Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline. As informações obtidas pelo processo avaliativo apontaram que a prática de slackline e a realização das atividades educacionais podem expor os participantes a diversos riscos, como: queimaduras causadas pela exposição ao sol; entorses e fraturas causadas por quedas; escoriações e cortes causados pelo uso ou falha dos equipamentos.

Qualquer proposta de Educação Ambiental ao ar livre pode expor os participantes a riscos subjetivos e reais. Em conjunto com descobertas, aventuras e aprendizados os participantes podem sofrer incidentes ou acidentes. Os riscos presentes na realização de atividades educacionais com essas características tornam necessária a utilização de propostas eficientes de gestão, as quais superem a simples intencionalidade de promover aulas seguras (CAVASINI, BREYER; PETERSEN, 2016).

A Figura 4 explora questões relacionadas aos riscos existentes em atividades de Educação Ambiental ar ao livre focadas no slackline.


Considerações produzidas nas aulas sobre a gestão de riscos

Figura 4: Elaborada pelos autores.


A terceira categoria tratou da valorização da Educação Ambiental e dos espaços ao ar livre. Os alunos realizaram, inclusive por iniciativa própria e em momentos distintos às aulas, atividades de Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline e em outros esportes e atividades ao ar livre. Essas atividades educacionais ocorreram em centros de atividades físicas, aulas personalizadas, instituições formais de ensino e projetos esportivos educacionais. Conforme relatado o desenvolvimento dessas atividades educacionais ocorreu devido à valorização da Educação Ambiental e, em especial, dos espaços ao ar livre conhecidos nas atividades experienciais.

Em relação a essa categoria dois pontos podem ser abordados. Primeiro a valorização da Educação Ambiental e dos espaços ao ar livre já havia sido apontada em trabalhos anteriores sobre as atividades educacionais realizadas nas mesmas disciplinas desse relato (CAVASINI; BREYER, 2017; 2015a). Segundo a promoção do contato dos seres humanos com os ambientes naturais, como ocorre na prática de esportes e atividades ao ar livre, é um dos aspectos essenciais para o desenvolvimento de relacionamentos positivos entre os indivíduos e com o meio ambiente (LOUV, 2015; 2013). O desenvolvimento desses relacionamentos amplia a probabilidade dos praticantes de esportes e atividades ao ar livre atuarem na manutenção e melhoria da qualidade do meio ambiente (HUTSON, 2014).

A Figura 5 explora aspectos relacionados à valorização da Educação Ambiental e dos espaços ar ao livre.










Questões de um local de prática de slackline sem orientação ética

Figura 5: Elaborada pelos autores.

Considerações e Perspectivas

Os esportes e atividades ao ar livre são caracterizados pelo: interesse da população; aumento do quantitativo de praticantes; presença de potencialidades; e possibilidade de gerar impactos no meio ambiente. As atividades de Educação Ambiental ao ar livre são uma alternativa relevante para minimizar os impactos ambientais causados nas práticas, bem como desenvolver competências pró-ambientais.

As atividades de Educação Ambiental ao ar livre focadas no slackline tiveram a participação de 248 estudantes de graduação e pós-graduação de vários cursos. As atividades educacionais foram realizadas através de abordagens teóricas, como apresentações, leituras, debates, seminários, construção de propostas educacionais, e de abordagens experienciais, em que se destacam a prática de slackline, a análise dos espaços e a utilização das propostas educacionais. As informações obtidas através do processo avaliativo foram organizadas em três categorias: aplicabilidade dos Princípios de Não Deixe Rastro em atividades de Educação Ambiental; atenção aos riscos existentes nas atividades educacionais; e valorização da Educação Ambiental e dos espaços ao ar livre.

Quanto às perspectivas dessa iniciativa de Educação Ambiental quatro aspectos podem ser tratados. O primeiro aspecto é relacionado à necessidade da ampliação do foco das atividades de Educação Ambiental ao ar livre, com o intuito de abordar outros esportes e atividades ao ar livre e espaços de prática. Em face da expansão dos esportes e atividades ao ar livre no Brasil, como a canoagem, stand up paddle, ciclismo e o skate, torna-se relevante ampliar as discussões em futuras propostas educacionais, bem como em novos estudos.

O segundo aspecto é a maior integração de smartphones e tablets às atividades educacionais. A utilização de dispositivos móveis de comunicação é uma característica da atualidade e pode contribuir nas atividades de Educação Ambiental ao ar livre de várias formas: realização de registros das práticas através de filmagens e fotografias ea partilha imediata de informações em grupos de discussão, as quais foram empregadas com êxito nessa experiência; e a utilização de aplicativos relacionados à Educação Ambiental ao ar livre construídos pelos alunos ou já existentes, que será incorporada nas atividades educacionais nos próximos semestres.

O terceiro aspecto é a continuidade das atividades educacionais. A experiência relatada terá prosseguimento, com o intuito de também ampliar o envolvimento dos estudantes no desenvolvimento e realização de atividades de Educação Ambiental ao ar livre em outros espaços, permitindo atingir diferentes públicos. Desse modo espera-se maximizar o impacto da proposta.

O quarto aspecto é relacionado às contribuições dessa experiência ao desenvolvimento de outras iniciativas de Educação Ambiental ao ar livre. Nesse sentido podem ser citados cursos à distância, gratuitos e abertos à comunidade que foram realizados pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul nos últimos anos. Esses cursos, que serão reoferecidos em 2018 com base na experiência relatada, visam alcançar um maior número de interessados no tema, tornando-os munidos de conhecimentos e habilidades para o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental e a prática eticamente orientada de esportes e atividades ao ar livre.


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