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Países de língua portuguesa criam
Rede Lusófona de educação ambiental
Maria Liete Alves Silva
Educadores ambientais do Brasil, Portugal, Açores, Angola, Guiné-Bissau,
Cabo Verde, Príncipe, Macau, Timor Leste e mesmo da Galícia e de
Mallorca, compõem, agora, uma Rede Lusófona. O espaço virtual de
discussão surgiu em janeiro último, em Portugal, durante a XII
Jornadas pedagógicas de educação
ambiental da Aspea (Associação Portuguesa de
Educação Ambiental), constituindo-se na “concretização
de um antigo desejo”, afirma
Michèle Sato, professora da Universidade Federal de
Mato Grosso, convidada para
proferir palestra no evento.
Embora tenha sido criada para debater a Carta da Terra, a Rede Lusófona
tem desenvolvido acirradas discussões sobre a proposta ´´Década da
Educação para o Desenvolvimento Sustentável (EDS- 2005/2014)´´, da
Unesco, principal tema do encontro promovido pela Aspea. A grande
questão da EDS é o deslocamento de eixo da Educação Ambiental (EA),
que passa do ambientalismo para a
economia, uma vez que a ênfase incide no conceito
mercadológico de desenvolvimento. A este respeito, Michèle
pondera dizendo que o importante não é divergir nos argumentos de
contra ou a favor da proposta, mas sim superar
a dicotomia na tentativa do diálogo
entre os diferentes.
O espaço, que abriga essas discussões e já reúne cerca de 200 educadores
ambientais, também discute um amplo leque temático. Além da EA e do
Desenvolvimento Sustentável, outros interesses despertam calorosos
debates, como a Carta da Terra, Agenda 21, Centros de EA, Juventude,
Gênero, Relações Étnicas e outros eixos ligados a sustentabilidade
planetária.
O diálogo, travado na rede, também vem privilegiar a literatura lusófona
em EA, em especial a Brasileira, pois ela “é de riqueza acentuada e
de consistência criativa que merece
ser releva”, considera Michèle. Este fato
vem em movimento contrário à tendência que o mundo das ciências tem
em dar prioridade à produção em inglês,
francês, ou mesmo em espanhol.
Mas, além de possibilitar o fortalecimento de uma identidade lusófona em
EA, ela espera que a rede evolua para um movimento mais amplo, “onde
as pessoas possam mostrar suas ricas
experiências no seu próprio idioma e espelhar
o status de uma produção internacional”. Este espaço pode vir
com a criação de uma Revista Lusófona de Educação Ambiental, com
possibilidade de estabelecer uma aliança com a Revista Brasileira de
Educação Ambiental (Revbea), “que é uma proposição menos acadêmica
e, portanto, mais significativa do
ponto de vista social”, aposta a professora
e educadora ambiental.
Quanto a sua participação no evento da Aspea, Michèle diz que foi uma
oportunidade para mostrar o que está sendo produzido na UFMT e no
Brasil e “uma forma de expressar a
nossa identidade”. Ainda segundo ela, o diálogo
entre educadores ambientais falantes da língua portuguesa,
resulta num “bonito samba lusófono, talvez meio desafinado, mas até
o dançar desajeitado é bem-vindo
nesta passarela”, pois, o que importa é a singularidade
dos sujeitos envolvidos no processo em comum de
fortalecimento da EA, finaliza.
Fonte: Matéria publicada na página da UFMT/Ascom
http://br.groups.yahoo.com/group/RedeLusofona