O USO DO SENSORIAMENTO REMOTO EM MATERIAL PARADIDÁTICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA: DISCUTINDO A PROBLEMÁTICA

DA DESERTIFICAÇÃO

Joélia Natália Bezerra da Silva1

 Janaina Vital de Albuquerque1

Jéssica Laís Bezerra da Silva2

JosiclêdaDomicianoGalvíncio3

 

 

 

1 Mestrandos do Programa em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Prodema – UFPE.

2Graduanda em Ciências Biológicas – UNIVASF

3 Professora do Programa em Desenvolvimento e Meio Ambiente – Prodema – UFPE.

 

RESUMO:O uso e aplicação do sensoriamento remoto no processo de ensino-aprendizagem aplicado ao ensino da geografia constitui uma nova alternativa de conhecimento proporcionando e permitindo aos alunos informações de cunho geográfico, possibilitando o conhecimento contextualizado dos ambientes reais. Com isso o presente estudo objetiva apresentar aos alunos do ensino básico a temática da abordagem em sala de aula do sensoriamento remoto como detecção de imagens e suas aplicações para a identificação do processo de desertificação no município de Petrolina- Pe. O estudo contribuiu para o processo de ensino-aprendizagem, onde foi possível que os discentes compreendessem os conceitos abordados e utilizarem os as geotecnologias para a compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula.

 

Palavras-chaves: Geotecnologias; Degradação ambiental; Educação.

 

ABSTRACT: The use and application of remote sensing in the teaching-learning process applied to the teaching of geography constitute a new alternative of know ledge providing and allowing to the students information of geographic character, allowing the contextualized know ledge of the real environments. With this, the present study aim satthe essay of the students of elementary education thetheme of the classroom approach of remote sensing as the detection of images and their applications for an identification of the desertification process in the municipality of Petrolina-Pe. Contributed to the teaching-learning process, it was possible for the discourses to cover concepts addressed and use as geotechnologies for an understanding of the contents addressed in the classroom.

 

KEY-WORDS: Geotechnology; Environmental degradation; Education.

 

INTRODUÇÃO

O uso e aplicação do sensoriamento remoto no processo de ensino-aprendizagem aplicado ao ensino da geografia constitui uma nova alternativa de conhecimento proporcionando e permitindo aos alunos informações de cunho geográfico, possibilitando o conhecimento contextualizado dos ambientes reais.

Vários autores definem sensoriamento remoto como obtenção de imagens por meio das interações, detecção e mediação da força da energia eletromagnética, onde são acoplados equipamentos para o processamento e transmissão de dados em aeronaves, espaçonaves e outras plataformas, tendo por objetivo estudar a eventualidades e processos que ocorrem na superfície terrestre sem que haja o contato com a terra (MENEZES, 2012; FLOREZANO,2011; NOVO, 2010).

Para Carvalho, Cruz e Rocha (2004), o uso do sensoriamento remoto na pesquisa geográfica vem ganhando bastante espaço, já que possibilitam o monitoramento espacial e temporal, podendo assim ter eficácia aos estudos observados na superfície terrestre. O sensoriamento remoto tem sido de suma importância, pois disponibilizam diversas aplicações nas ciências geográficas, facilitando os estudos nas temáticas e também no monitoramento meteorológicos, estudos globais entre outros. Segundo Vilhena, Júnior e Neta (2012), o sensoriamento remoto tem sido um instrumento que tem auxiliado os estudos geográficos, e que está sendo muito bem utilizado e valorizado pelos cientistas que tange principalmente ás questões ambientais e espaciais.

Para Maia et al, (2008) apudVelheno, Júnior e Neta (2012) as imagens disponíveis pelo sensoriamento remoto, vem sendo cada vez mais utilizadas em suas potencialidades, permitindo uma visão conjunta das porções terrestres. Carvalho, Cruz e Rocha (2004) expressão a preocupação com o acervo bibliográfico de publicações no Brasil, em meados dos anos 80, poucos livros e artigos sobre sensoriamento remoto eram publicados no Brasil, essa defasagem, se deu também porque os primeiros satélites imageadores são do início da década de 70, Novo lança seu primeiro livro em 1989, colaborando para os estudos nacionais.

Florenzano (2011), relatam que só a partir dos anos 2000 é que as publicações do sensoriamento remoto começam a ser publicados e ganhar impulso. Carvalho, Cruz e Rocha (2004) reforçam, que não só o incentivo de novas publicações, mais também a inovação e as novas estratégias que podem ser utilizados por meio do sensoriamento, trazendo mais ampliação da potencialização desses recursos.

Vários estudos vêm sendo realizados no mundo inteiro, no Brasil a prática do uso do sensoriamento remoto aplicado aos estudos geográficos tem ganhado bastante percussão.

Ribeiro (2012) enfatiza que os órgãos de cunho espaciais e educadores veem cada vez mais a necessidade de difundir, popularizar e explorar o uso do sensoriamento remoto no ensino básico. Ele afirma que o uso do sensoriamento remoto em sala de aula contribui para que os estudantes possam compreender as relações entre o mundo e a sociedade.  

Nesse contexto abre a possibilidade de trabalhar o sensoriamento remoto em sala de aula, já que possibilita aos alunos a obterem imagens de vários lugares sem que haja a necessidade de retira-los da escola, podendo usufruir de varias temáticas das ciências naturais como das sociais.

Entre varias temáticas que podem ser trabalhadas em sala de aula com o uso do sensoriamento remoto, o processo de desertificação apresenta viável tema a ser abordada como material em sala de aula, já que existe pouco material disponível nos livros didáticos. 

Segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD), desertificação conceitua-se como a degradação da terra em áreas Áridas, semiáridas e Subúmidas secas, onde o resultado de vários fatores, como climáticos e ações antrópicas, podendo ser elas o mal-uso dos recursos naturais, como solo, sistema hídricos, vegetais entre outros. (UNITED, 1994).

Para Roxo, Casimiro e Sousa (2011), desertificação é a perda progressiva da fertilidade do solo que acontece por meio da destruição da sua estrutura e composição, onde o índice agrícola perde a sua produção e a existência da vegetação cai no número de espécies naturais. 

 Morales (2005) e D´odorico et al. (2012) destacam que no âmbito mundial a desertificação, que é a degradação das terras das regiões semiáridas, áridas e subsumidas secas, vem proporcionando prejuízos ambientais, econômicos e consequentemente sociais. Com isto, tornam-se cada vez mais frequentes nas regiões susceptíveis e em processo de desertificação as migrações para centros urbanos, redução na produção de alimentos, entre outros problemas.

No Brasil o uso inadequado das práticas agrícolas (plantio, irrigação e manejo dos solos) nas regiões de clima semiárido e subúmida seco vêm acelerando o processo de desertificação. Segundo o mapeamento realizado pelo Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2011), no território nacional já existe mais de três núcleos de desertificação, com destaque para os de Cabrobó, Pernambuco, Gilbués, no Piauí e Irauçuba no estado do Ceará.Discutir esta temática nos ambientes escolares faz-se necessários diante de tamanha complexidade e importância que este tema tem para a região do semiárido brasileiro.

            O presente estudo objetiva apresentar aos alunos do ensino básico a temática da abordagem em sala de aula do sensoriamento remoto como detecção de imagens e suas aplicações para a identificação do processo de desertificação no município de Petrolina- Pe.

 

MATERIAL E METODOLOGIA

 

Localização e área de estudo

 

A área de estudo corresponde ao município Petrolina (Figura 1). O clima da região é classificado como semiárido pela classificação de K*oppen que se enquadra como BSWH, as chuvas são concentradas entre os meses de novembro a abril, cuja precipitação pluviométrica média anual é de 578 mm, temperatura do ar 26,5°C, evaporação anual de 2.600mm e umidade relativa média anual de 61% (SILVA et al, 2005).

A vegetação é basicamente composta por caatinga hiperxerófila com trechos de floresta caucifólia, onde predomina a caatinga arbustiva-arbórea, entremeada a trechos de caatinga arbustiva. Os municípios de Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande apresentam a mesma fitofisionomia, observando-se uma vegetação típica de caatinga com fisionomia predominantemente arbustiva com elementos arbóreos, podendo ser densa ou aberta, com um estrato arbustivo (CODEVASF, 2007).

Predominam os solos com baixo desenvolvimento como os Neossolos (Quartizarênicos; Litólicos; Flúvicos; Regolíticos), além dos Planossolos, Latossolos, Argissolos, entre outros. Para implantação dos perímetros irrigados na área foram estudados cerca de 97.000 ha, dos quais foram considerados irrigáveis cerca de 54.000 ha. Estas áreas irrigáveis constituem-se em locais alternativos para o desenvolvimento de agricultura irrigada (CODEVASF, 2007).

 

 

Figura1: Mapa de localização da área.

 

Obtenção e análise de dados

 

A área de estudo está localizada na cidade de Petrolinano bairro do Rio Corrente na escola Estadual Professor Simão Durando (Figura 1). Segundo a Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco a cidade de Petrolina tem 47 escolas estaduais em ensino fundamental e médio.  A pesquisa precedeu-se com alunos do sexto ano do ensino fundamentalda citada escola.

 Na primeira fase foi realizada uma breve revisão teórica em sala de aula com 42 alunos do sexto ano, onde foram focados os conceitos de sensoriamento remoto e desertificação. Logo após os assuntos serem abordados em um questionamento oral sobre a temática, foi observado a criticidade dos alunos em relacionar os temas com sua realidade.

Na segunda etapa foram apresentadas as imagens de satélites baixadas pelo site do INPE. Logo após foram vistas as imagens no softwarearcgis 10.2 (versão demonstrativa) utilizando a classificação supervisionada e gerada à carta de identificação das áreas susceptíveis a desertificação do trabalho de conclusão de curso, “o papel do uso e cobertura das terras na susceptibilidade ambiental a desertificação em municípios da microrregião de Petrolina – Pe” da primeira autora que pode se vista na figura 3. As cartas já foram prontas por que para montar os mapas no software demoraria muito e atrasaria o plano de aula.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES

 

            Foi observado nas aulas teóricasque os alunos não tinham conhecimento do termo sensoriamento remoto e não tinham ideia que suas aplicações poderiam ser utilizadas no dia- a dia deles, porém tinham conhecimento do Google Maps e Google Earth, e já ouviram pouco falar ou pesquisaram sobre imagens de satélite.

Quando questionados sobre a utilização das imagens de satélite em sala de aula, a maioria dos alunos concordaram com a utilização deste recurso como um auxílio às aulas de Geografia e de outras disciplinas, sendo possível a interdisciplinaridade entre os conteúdos.

Segundo Carvalho, Cruz e Rocha (2004) a utilização dos produtos de sensoriamento remoto no ensino geográfico tem por intuito resgatar o estudo geográfico, assim como, permitir aos alunos obter um posicionamento mais crítico.

A temática despertou o interesse pelo tema, na medida em que eles tiravam suas duvidas. Os alunos não imaginavam que o uso do sensoriamento remoto para os estudos ambientais e sociais poderiam ser utilizados em sala de aula.

            Ao serem questionados se o uso do sensoriamento remoto aplicado aos estudos ambientais ou sócias em sala de aula, os alunos responderam que é de suma importância para aprendizagem deles, já que possibilita eles conhecerem tais processos por meio das imagens.

            Ao saírem do ambiente da sala de aula para o laboratório de informática os alunos apresentaram mais concentração e maior interesse em fazer as atividades solicitadasdo que as realizadas em sala de aula, como pode ser vista na figura 2.

            Florezano (2011) afirma que o professor precisa saber explorar os potenciais educacionais oferecidos pelas tecnologias e possibilitar situações em que o aluno possa compreender as informações obtidas.

           

 

 

 

https://scontent.ffor9-1.fna.fbcdn.net/v/t34.0-12/18716503_1446744125348636_343885012_n.png?oh=e7b6507f114837ebcac653afbca6d124&oe=5927F42B

Figura 2: Laboratório de informática.

 

Ao analisarem as cartas de suscetibilidade à desertificação, entenderam que a degradação do solo por meio dos fatores sociais e físicos tem aumentado a suscetibilidade das áreas da região em decorrência principalmente da agricultura irrigada e manejo inadequado dos solos.Santos e Galvíncio (2013) apontam que, a influência das atividades antrópicas para esse determinado fenômeno se concentra nas práticas inadequadas na agricultura, os desmatamentos desordenados, o uso inapropriado da irrigação, pisoteio de criação de animal, queimadas entre outras e os efeitos climáticos os autores discutem as repetidas e prolongadas secas que dão ênfase também das atividades antropogênicas.

Segundo Roxo, Casimiro e Sousa (2005) os fatores da desertificação tem impactos negativos nos recursos naturais, sendo eles: as atividades agrícolas, sobre pastoreio, utilização de espécies de pastagem mal adaptadas às condições de solo e clima, as terras aráveis, como a remoção da cobertura da vegetal, perdas de matéria orgânica levada pelas águas das chuvas ou irrigação, destruição da estrutura do solo, compactação das terras, contaminação de resíduos tóxicos, deflorestação,  sendo todas essas atividades tem contribuindo para o processo de desertificação.  Como pode ser visto no mapa de identificação das áreas susceptíveis a desertificação na figura 3.

Figura 3: Mapa de uso e ocupação de áreas susceptíveis a desertificação

Fonte: Silva, 2014.

.

CONCLUSÕES

 

            A pesquisa contribuiu para o processo de ensino-aprendizagem tanto dos discentes e dos docentes. Os discentes compreenderam os conceitos abordados ao utilizarem as geotecnologias para compreensão dos conteúdos abordados em sala de aula. Já os docentes conseguiram identificar maior aprendizagem e interesse dos discentes por meio do uso das geotenologias. O desempenho dos discentes foi sem duvida eficaz comparando os métodos mais tradicionais. Para a avaliação discente foram consideradas se os mesmos conseguiram acompanhar e que os mesmos atingiram as metas listas e interagiram com ação extensionista.Assim ao estimular os discentes a conhecerem as causas e efeitos do processo de desertificação e senso critico e criativo dos mesmos nas resoluções dos problemas correlacionados a desertificação, os discentes conhecerão os problemas acarretados a desertificação neste município e transmitirão para os demais (parentes; amigos) a importância de se preservar o meio ambiente.

 

 

REFERÊNCIAS

 

ARAUJO, P.C; SOUSA, M,O,L.; BEZERRA, F.H.R. Geotecnologias: princípios e aplicações nas geociências.Revista de geografia, V.26, n.1, 2009.

 

BRASIL. Mapeamento da susceptibilidade a desertificação. Brasília: MMA, 2011.

 

CARVALHO, V.M.S.G; CRUZ.C.B.M; ROCHA, E.M.F. Sensoriamento remoto e o ensino da geografia- Novos desafia e metas. 4° Jornada de educação em sensoriamento remoto no âmbito do Mercosul. São Leopoldo, 2004.

 

CODEVASF - BRASIL. MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL - Estudo de Impacto Ambiental – Projeto Pontal Norte. Projetec. Volume 1, estudos preliminares, Brasil, 2007

D´ODORICO, P. BHATTACHAN, A.; DAVIS, K.; RAVI, S.; RUNYAN, C.W. Advances in water resources. In. Global desertification: drivers and feedbacks, 2012.

 

FLOREZANO, T.G. Imagens obtidas por sensoriamento remoto. _____________. (Orga.). In. Iniciação em sensoriamento remoto. 3ed. Oficina de Texto: São Paulo, 2011. p.11-24.

 

SANTOS, A. M.; GALVIÍNCIO, J. D.Mudanças Climáticas e Cenários de Susceptibilidade Ambiental à Desertificação em Municípios do Estado de Pernambuco. OBSERVATORIUM, v.5, n.15, p.24-47, 2013.

 

 

MORALES, C. Pobreza, desertificación y degradación de tierras. In. MORALES, C.;. (Edt.). Pobreza, desertificación y degradación de los recursos naturales. Santiago: CEPAL, 2005. p.25-57.

 

MENESES, P. R. Introdução ao processamento de imagens de sensoriamento remoto. Brasília, 2012.

 

NOVO, E. M. L. M. Sensoriamento Remoto: princípios e aplicações. São Paulo: Edgard Blucher, 2010.

 

RIBEIRO, E. A. W. Uma proposta para o sensoriamento remoto na educação básica. Departamento de geografia FCT/ UNESP, Presidente Prudente, n.12 V.1, 2012, p.9-21.

 

ROXO, M.J.;CASIMIRO, P.C.;SOUZA, T.M. O que é desertificação? Rio de Janeiro: Poligran, 2005.

 

SILVA, J.N.B. O papel do uso e cobertura das terras na susceptibilidade ambiental a desertificação em municípios da microrregião de Petrolina – pe. 2014. 40f.Monografia (Graduação e licenciatura em Geografia) – Colegiado de Geografia, Campus III Universidade de Pernambuco, Petrolina, 2014.

 

SILVA, F.H.B.B; SILVA, M.S.L; CAVALCANTI, A.C.; CUNHA, T.J.F. Principais solos do semi-árido do nordeste do Brasil. Recife, Biblioteca digital da Embrapa, 2005. Acesso em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPATSA/34392/1/OPB1114.pdf>

UNCCD – United NationsConventiontoCombatDesertification: Edição Brasileira. 3ed. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 1994.

 

VILHENA, D. C.; JÚNIOR. S.S.T.; NETA. L. C. B.  O sensoriamento remoto como recurso didático no ensino da geografia. Revista GEONORTE, ed. Especial, v.2; p.1624, 2012.