Caracterizações morfológica e química da água de coco de cultivares de coqueiro

CONSTRUÇÃO DE HORTAS COM GARRAFA PET RECICLÁVEL COMO FERRAMENTA PARA DISSEMINAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MUNICÍPIO DE CHAVES-PA

Giovani Rezende Barbosa Ferreira1, Gustavo Francesco de Morais Dias2, Denilson Lima Conceição3, Maria José Lena Trindade Côrrea4, Maria Betânia Pereira Barbosa5, Sâmia Luzia Sena da Silva2

 

1.Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Universidade Federal do Pará (giovani.rezende@hotmail.com).

2. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, Universidade Federal do Pará.

3. Técnico em Agropecuária e Gestor Empresarial, Prefeitura Municipal de Chaves.

4. Engenheira Agrônoma, Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará.

5. Fotógrafa e Coordenadora, Projeto Cururuar Fluvilab.

 

A Educação Ambiental (EA) constitui-se como uma ferramentaimportante no âmbito da melhoria de condições ambientais no mundo. É através da EA que se pode transformar e melhorar os pensamentos, ações e práticas degradantes ao meio ambiente. Diante disso, a construção de hortas de garrafa PET pelos próprios alunos da E.M.E.F. São Sebastião do Arapixi localizada no município de Chaves, Pará, apresenta-se como uma excelente ferramenta geradora de conhecimento, tornando-se um elemento capaz de desenvolver a interdisciplinaridade. A atividade foi realizada com a parte teórica mostrando as temáticas envolvidas e com a parte prática sendo construída a horta nas PET. A experiência possibilitou aos alunos a partir da prática uma maior conscientização sobre as questões ambientais, a partir da construção das suas próprias hortas de garrafa PET. Além disso, buscou-se que as iniciativas ultrapassassem o ambiente escolar e, principalmente, alcançassem a residência dos alunos tornando o conhecimento acessível também para as famílias.

 

Palavras-chave: Educação Ambiental. Garrafa PET.Hortas. Escolas.

 

Construction of vegetable gardens with recyclable PET bottle as a tool to disseminate environmental education in the municipality of Chaves-PA

 

Environmental Education (EE) is an important tool for improving environmental conditions in the world. It is through EA that we can transform and improve our environment-degrading thoughts, actions and practices. Therefore, the construction of PET bottle gardens by the students of E.M.E.F. São Sebastião do Arapixi located in the municipality of Chaves, Pará, presents itself as an excellent tool to generate knowledge, becoming an element capable of developing interdisciplinarity. The activity was carried out with the theoretical part showing the themes involved and with the practical part being built on the vegetable garden in the PET. The experience enabled students to practice a greater awareness of environmental issues through the construction of their own PET bottle gardens. In addition, it was tried that the initiatives exceeded the school environment and, mainly, reached the residence of the students making the knowledge accessible also for the families.

 

Keywords: Environmental education. Pet bottle. Garden. Schools.

1. IntroduÇãO

A Educação Ambiental (EA) constitui-se como uma ferramentaimportante no âmbito da melhoria de condições ambientais no mundo. É através da Educação Ambiental que se pode transformar e/ou melhorar os pensamentos, ações e práticas degradantes ao meio ambiente (CEREJEIRA e GUERREIRO, 2015)

Segundo o artigo 1º da Lei nº 9.795/99, define-se comoEA “os processos por meio dos quais o indivíduo ea coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades,atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente,bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e suasustentabilidade” (MINISTÉRIO DAEDUCAÇÃO, 2007).  Essa definição coloca o ser humano como o principal responsávelpela sustentabilidade.

A educação ambiental corresponde a toda ação educativa contribuinte para a formação de cidadãos conscientes em relação à preservação do meio ambiente e aptos a tomarem decisões coletivas sobre questões ambientais necessárias para o desenvolvimento da sociedade (SÁ et al., 2015).

Certamenteas atividades práticas envolvendo a EAsão vitais para o desenvolvimento das crianças, pois a partir da prática os jovens poderão entender a importância do meio ambiente e, principalmente, agir de forma a combater os prejuízos que o ser humano vem ocasionando a natureza.

Segundo Fernandes (2007), no Brasil o consumo de hortaliças,por habitante, é muito baixo quando comparado aos países da Europa e Ásia. Por mais que parte da populaçãoesteja consciente da importância de se consumir hortaliçasdiariamente, fatores como preço e falta de produtos de qualidadetêm contribuído para o baixo nível de consumo no país.

Por isso, o incentivo a criação de hortaspor estudantes é muito importante, pois permite relacionar a educação ambiental com a educação alimentar e valores sociais, tornando possível a participação dos sujeitos envolvidos, desenvolvendo uma sociedade sustentável através dessa atividade prática (PEREIRA et al., 2012).

A horta proposta no estudo utiliza a EA como ferramenta para disseminar o conhecimento de práticas ambientais corretas na comunidade, além de inserir e dinamizar o trabalho manual em um local onde antes era prática constante, apenas o extrativismo. Por falta de conhecimentos e investimentos governamentais, o local proposto para a oficina de construção de hortas de garrafa PET, ainda não havia sido trabalhado visando o contexto ambiental.

A participação do poder público juntamente com organizações não governamentais, são de grande importância para o incentivo a busca do conhecimento, principalmente em localidades que apresentam grande vulnerabilidade socioambiental e econômica.

Diante disso, o Projeto Cururuar Fluvilab juntamente com a Prefeitura Municipal de Chaves realizouuma oficina de construção dehortas de garrafa PET juntoaosalunos, professores, familiares e demais envolvidos no dia a dia escolar daE.M.E.F. São Sebastião do Arapixi, localizada no município de Chaves, estado do Pará. Isto proporcionou, uma excelente ferramenta geradora de conhecimento, tornando-se um elemento capaz de desenvolver a interdisciplinaridade e melhorar o bem-estar dos alunos da escola e dos que estão à sua volta.

2. Materiais e métodos

2.1 Área de Estudo

O município de Chaves está localizado na zona litorânea da ilha do Marajó, possui cerca de 21.005 habitantes no qual mais de 18 mil estão localizados na zona rural e ilhas, essa situação é bem típica da região do Marajó, isto mostra a complexidade de fazer a gestão de uma localidade nessa situação.Dentro dos limites municipais, situam-se a sede do município e diversas vilas, no qual se destacam a Vila do Arapixi, Arauá, Bacuri, Canivete, Ipixuna, Jurupucu, Mexiana, Mocohons, Nascimento, Viçosa e outras (IBGE, 2010).

O estudo foi realizado na E. M. E. F. São Sebastião do Arapixi, situada na Vila de Arapixi, zona rural do município de Chaves/PA, a uma latitude sul 0°15'29.1"S e longitude oeste 49°26'05.7"W. O colégio oferece o ensino fundamental e o pré-escolar à aproximadamente 210 crianças da localidade, nos turnos da manhã e da tarde. A oficina da Horta foi realizada em dois dias, sendo dividida no primeiro dia de parte teórica e no segundo dia de aula prática (FNDE, 2017).

Além de um local de ensino, o colégio também é um dos locais de integração social para a população do Arapixi, através das atividades promovidas pela escola que envolvem os alunos e seus familiares.

A vila do Arapixi possui acesso à energia elétrica por meio de geradores, que não funcionam o dia todo. Isto limita as atividades educacionais e sociais da escola, onde as atividades só ocorrem enquanto há luz do dia. Essa questão dificulta o armazenamento de alimentos e o próprio bem-estar dos alunos, professores e demais funcionários do colégio.

 

2.2 IMERSÃO TEÓRICA

Os alunos foram estimulados a construírem e manterem uma horta, esse trabalho foi desenvolvido no mês de abril de 2017, a escolha pelo modelo de Horta Ecológica em PET foi motivada por ser uma prática simples que promove diversos conceitos como a preservação ambiental, agricultura familiar, sustentabilidade, produção orgânica e alimentação saudável, criando uma possibilidade de melhorar tanto o cotidiano escolar como o bem-estar familiar, haja vista que essas práticas ampliam a possibilidade de serem realizadas nas residências dos alunos e demais envolvidos no ambiente escolar.

Para tanto foi necessário realizar aulas teóricas (Figura 1), no primeiro dia de oficina, onde os alunos obtiveram aprofundamento sobre os determinados temas envolvidos, como hortas orgânicas, alimentação saudável, resíduos sólidos e educação ambiental. As palestras foram ministradasem um pavilhão da vila, onde os alunos, professores, familiares e demais envolvidos no ambiente escolar obtiveram todo o suporte teórico.

 

Figura 1: Palestras para suporte teórico na construção da horta.

 

2.3 IMERSÃO PRÁTICA

            No segundo dia de oficina, foi realizado a construção da horta ecológica, a prática foi dirigida apresentando os materiais que foram necessários, posteriormente se deu início ao exercício da horta ecológica.

 

2.3.1 MATERIAIS UTILIZADOS

            Foram necessários para a construção da horta, o uso de ferramentas como pá, ancinho, balde, peneira, luvas, carrinho de mão, garrafas PET, adubo orgânico (cama de galinha), terra preta, sementes e mudas.

2.3.2 CONSTRUÇÃO DA HORTA ECOLÓGICA

            Primeiramente, foram apresentados os materiais a todos que estavam no pavilhão, afim de instruir a maneira correta de serem utilizados e manuseados. Posteriormente, organizou-se uma roda com todos, objetivando que os envolvidos na oficina pudessem observar todas as etapas da construção da horta, conforme a Figura 2.

 

Figura 2: Apresentação dos materiais e início da oficina.

 

            Para cada aluno, foi entregue uma garrafa PET, já preparada com um corte para abrigar o solo e as mudas, com o intuito de evitar que as crianças manuseassem tesouras e afim de minimizar o risco de acidentes, além disso, dinamizava a oficina.Em seguida, foi preparado e peneirado o composto orgânico (Figura 3), afim das mudas e sementes terem os nutrientes e condições físicas para se desenvolverem. Esse composto orgânico teve como composição a terra preta, que é rica em matéria orgânica, e do adubo orgânico chamado cama de galinha, no qual possui diversos nutrientes como nitrogênio, fósforo e potássio, ideais para o crescimento das plantas.

 

Figura 3: Preparo das garrafas PET e do composto orgânico.

           

Em seguida, todos os participantes da oficina, receberam uma garrafa PET e se organizaram em filas para ser colocado o composto orgânico no recipiente plástico. A tarefa foi dividida entre todos os envolvidos, sempre buscando a integração e o trabalho em equipe, conforme a Figura 4.

 

Figura 4: Colocação do composto orgânico nas Hortas PET.

 

            Após esta etapa, foi realizado o transplantio (Figura 5) das mudas de couve, alface, cebolinha e pimentinha, além da semeação de diversas hortaliças, frutas e legumes, como cenoura, mamão, goiaba, pimenta, alface e couve. Esta etapa é muito cuidadosa e é de grande importância a atenção de todos os envolvidos na oficina.

            O transplantio das mudas nos copos descartáveis reaproveitados para as garrafas PET foram realizadas, primeiramente, pelos ministrantes da oficina para que posteriormente os demais fizessem corretamente a ação. Por se tratar, em maioria, de crianças, faz-se necessário o suporte afim que realizem a prática correntemente, assim, minimizando as perdas e aumentando o aprendizado dos envolvidos.

 

Figura 5: Orientações a respeito o transplantio e semeio dos vegetais.

 

            Finalizando a oficina, fez-se necessário orientar os participantes da prática, afim de cuidar e zelar das suas hortas ecológicas, com ações como regar e expor ao sol as plantas, com o objetivo de fazer com que as mudas e sementes venham a se desenvolver, dando como produto final as hortaliças e legumes.

3. Resultados e discussão

A inserção da Horta Ecológica naE. M. E. F. São Sebastião do Arapixi (Figura 6) teve intenção de promover a educação ambiental de um modo mais didático e atrativo, visando o máximo aproveitamento dos alunos, professores e demais envolvidos da escola afim de mostrar uma prática simples de ser realizada, porém de grande importância para o incentivo à agricultura familiar e uma melhor qualidade de vida a todos os praticantes. Para Mendonça, Ungarelli e Monteiro (2017), as crianças ao realizarematividades como a construção de hortas, aprendem um modo novo de relação com aalimentação e o meio ambiente, despertando o interesse por comer algo que tenha sido produzido com aajuda delas, e no próprio ambiente escolar.

 

Figura 6: Finalização da oficina de Horta Ecológica na Escola.

       

De acordo com Queiroz (2017), é possível perceber a importância da horta escolar como estratégia pedagógica para aeducação ambiental, econômica e promoção da saúde.Muitos resultados foram alcançados com a prática na escola São Sebastião do Arapixi (Figura 7), principalmenteo despertar para a conscientização ambiental em conjunto com o incentivo à agricultura familiar, o qual era o principal objetivo, fazendo com que esses alunos e professoresse tornassem exemplos para os colegas, para a família e para a comunidade da Vila do Arapixi, mostrando a eficácia do trabalho desenvolvido.

O trabalho na escola e nas demais localidades não termina nessa atividade, haja vista a intenção do projeto Cururuar Fluvilab estar trabalhando em conjunto com a Prefeitura Municipal de Chaves, a fim de cativar e despertar o interesse das comunidades do municípioem proporcionar um desenvolvimento socioeconômico viável e ambientalmente correto, tendo como produto final a melhoria da qualidade de vida da população.

 

Figura 7: Hortas verticais produzidas na oficina.

4. ConclusÃO

A experiência possibilitou a realização de um projeto de Educação Ambiental na E.M.E.F. São Sebastião do Arapixi, em Chaves/PA, proporcionando aos alunos a partir da prática da construção de hortas ecológicas,uma maior conscientização sobre as questões ambientais, a partir da construção das suas próprias hortas de garrafa PET.

Em relação a construção das hortas, obteve-se um saldo positivo de empenho e comprometimento por parte das crianças em relação às práticas e conceitos ambientais, pode-se notar que a questão ambiental anteriormente não era uma prioridade no município de Chaves.Por isso,muito ainda deve ser feito para que se atinja um nível de excelência na conscientização ambiental dos alunos do município, assim parcerias de projetos não governamentais, como o Projeto Cururuar Fluvilab, e a administração pública, como a Prefeitura Municipal de Chaves são de grande importância para a integração das forças em prol do desenvolvimento local.

Os alunos perceberam ao final da atividade a importância da horta de garrafa PET e questionaram quais seriam as próximas atividades envolvendo EA, o que demonstrou grande interesse por parte dos estudantes em relação a prática.Questões como utilização dosespaços verdes, atividades práticas de EA eutilização de recursos reutilizáveis puderam ser fortemente debatidos e assimilados por parte de todos os envolvidos da atividade.

O maior aprendizado com o desenvolvimento do projeto de EA é que sempre devemos proporcionar aos educandos novas formas de aprendizagem, a fim de despertar suas curiosidades e desenvolver seu senso crítico proporcionando dessa forma uma nova visão de sociedade e como se deve agir de forma consciente com seu meio ambiente (CORREA e SILVA, 2016).

Portanto, a atividade prática buscou a melhoria da conscientização ambientalpor meio de iniciativas que ultrapassassem o ambiente escolar e, principalmente, alcançasse a residência dos alunos, tornando o conhecimento acessível também para as famílias e para a localidade que estão inseridos.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CORRÊA, L.B.; SILVA, M. D. S. Educação ambiental e a permacultura na escola. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental. v. 33, n.2, p. 90-105, 2016.

CEREJEIRA, J. L. T.; GUERREIRO, T. G. V. Horta pedagógica: instrumento para disseminação da educação ambiental na clínica pedagógica professor Heitor Carrilho em Natal (RN). Revista Brasileira de Educação Ambiental, São Paulo, V. 10, N 3: 164-176, 2015.

FERNANDES, M. C. A. A Horta Escolar como Eixo Gerador de Dinâmicas Comunitárias, Educação Ambiental e Alimentação Saudável e Sustentável. Caderno 2. Orientações para Implantação e Implementação da HortaEscolar. Brasília- Brasil, 2007.

Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE WEB). Disponível em: . Acesso em: 10 de julho de 2017. 

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Censo demográfico de 2010. Disponível em: . Acesso em: 10 de julho de 2017.

MENDONÇA, J. C.; UNGARELLI, R. R. M.; MONTEIRO, J. A. V. Hortas urbanas em Goiânia – Grupo COMAMOR. Revista Educação Ambiental e Ação, n. 60, ano XVI, junho/agosto, 2017.

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Vamos cuidar do Brasil: conceitos e práticas emeducação ambiental na escola. UNESCO – Brasília. 2007.

PEREIRA, B. F. P.; PEREIRA, M. B. P.; PEREIRA, F. A. A. Horta escolar: Enriquecendo o ambiente estudantil Distrito de Mosqueiro-Belém/PA. Revista Brasileira de Educação Ambiental, Rio Grande, 7: 29-36, 2012.

QUEIROZ, N. T. HORTAS ESCOLARES NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL, ECONOMIA E PROMOÇÃO DA SAÚDE. Revista Brasileira de Educação Ambiental, n. 60, ano XVI,junho/agosto, 2017.

SÁ, M. A.; OLIVEIRA, M. A.; NOVAES, A. S. R. Educação ambiental nas escolas estaduais de Floresta (PE). Revista Brasileira de Educação Ambiental, São Paulo, V. 10, Nº1: 118-126, 2015.