A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA RELAÇÃO CONSUMIDOR-PRODUTOR DA AGRICULTURA FAMILIAR

Carine Muniz Rodrigues¹, Andreia Suchoronczek ¹, Franciele Brozoski¹, Eloisa Pontarolo¹, Adriana Massaê Kataoka² (dri.kataoka@hotmail.com).

¹Licenciada em Ciências Biológicas, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) – PR.

²Professora de graduação e pós-graduação, Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) – PR, mestre em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (1997) e doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos (2006).

 

RESUMO: Os modos de produção alimentar relacionam-se com a Educação Ambiental, pois interferem diretamente sobre aspectos sociais e ambientais e o modo de produção estará sempre atrelado ao modelo de consumo. O objetivo dessa pesquisa foi investigar se produtores familiares e consumidores de alimentos orgânicos e agroecológicos compreendem os aspectos ambientais e sociais envolvidos nessa modalidade de produção. A metodologia utilizada pautou-se na aplicação de questionário semiaberto a ambos os grupos pesquisados. Os resultados apontam que a maioria dos produtores adota o sistema agroecológico/orgânico, embora alguns destes utilizem compostos químicos em sua produção. Os consumidores demonstraram maior preocupação quanto à saúde e a qualidade de vida pessoal, e estes reconhecem o significado técnico da agricultura orgânica, porém não a relacionam com os aspectos ambientais e sociais. Conclui-se que há uma lacuna que pode ser preenchida pela Educação Ambiental, de procurar sensibilizar o pensamento crítico da importância da esfera social nos modelos de produção alimentícia.

 

INTRODUÇÃO

A temática ambiental adquiriu relevância nos diversos setores da sociedade devido aos problemas que surgiram em decorrência do atual modo de produção e consumo exacerbados. Este modelo tem produzido consequências como o esgotamento dos recursos naturais, perda dos hábitats e poluição. Estes fatores ainda agravam os problemas sociais como fome, êxodo rural ou a própria desigualdade social, portanto, um fato está interligado ao outro.

As questões ambientais têm assumido importante lugar nas discussões políticas e sociais, pois há a necessidade eminente em se buscar a manutenção e melhoria da qualidade de vida em todas as suas formas. O homem, desde os seus tempos primordiais, vem modificando e transformando a natureza para obtenção de seus produtos, e, portanto, tem interferido ativamente nos ciclos naturais (MAIA, 2014).

A agricultura agroecológica é considerada uma alternativa de produção de alimentos que foge dos padrões que se estabeleceram de agricultura para o lucro. A forma de cultivar os alimentos e cuidar da terra a partir do modelo agroecológico remonta o modo de produção dos antepassados, de forma que há um resgate cultural não só da técnica em si, mas de todo o modo de vida e relações sociais que se interligam neste contexto.

Na forma convencional de cultivo em larga escala não há uma preocupação social, pois não envolve, normalmente, a interação entre a comunidade e a proteção ambiental, sendo que os interesses e saberes locais não interferem na forma de produção. Quando se fala da agricultura agroecológica associada a agricultura familiar há uma interação de relações sociais e ambientais, que em muitos aspectos se aproximam dos princípios da Educação Ambiental (EA). Nessa modalidade de agricultura o trabalhador rural torna-se um sujeito social, não apenas ferramenta para o cultivo, pois é a partir dele que o conhecimento local é repassado e valorizado como patrimônio da comunidade. 

A agricultura familiar se caracteriza por uma produção em menor escala, visando o sustento da família ou comunidade, e que muitas vezes se utiliza do modo de produção orgânica ou agroecológica. Esta agricultura também se configura como uma produção que valoriza a terra e o alimento, por meio de uma vida em comunidade. Esta se sobressai no contexto de multifuncionalidade, em relação a agricultura prática, pois agrega pequenos produtores e se concentra numa dimensão humana com destaque para a manutenção de uma identidade e inserção social (MALUF, 2003). No entanto, a sustentabilidade da agricultura familiar é ameaçada em função da expansão da agricultura intensiva e da restrição do uso de áreas para o cultivo.

Nesse sentido, é necessária a construção de políticas públicas de desenvolvimento rural sustentável no âmbito local, dirigida para a agricultura familiar, principalmente voltada para as atividades agrícolas desenvolvidas pelos produtores aumentando a heterogeneidade social, e para a valorização da produção familiar (MALUF, 2003).

Para os pequenos agricultores da produção orgânica/agroecológica familiar a comercialização de seus produtos em feiras é uma estratégia necessária para garantir a melhor rentabilidade da família. Visto que muitas vezes é difícil competir com a comercialização do mercado comum, a venda diretamente com o consumidor com preços mais baixos se torna a saída.

Agradar ao consumidor é o principal ponto observado no momento da comercialização e produção dos alimentos, pois este molda a forma como o alimento é preferido através do tempo. A aquisição de alimentos orgânicos chama a atenção de quem compra, atraído pela vantagem de se obter um alimento mais saudável, com reduzida agressão ao meio ambiente, e a compra diretamente com o produtor ainda pode conciliar preços reduzidos.

A educação ambiental responde ao chamado dos pequenos agricultores para a valorização de suas características sociais e culturais, pois a sociedade atual da produção de larga escala se torna cega aos trabalhadores que produzem ao seu modo e ao seu tempo, e que muitas vezes trabalham arduamente para receber apenas o necessário para sua subsistência, ou menos que isso.

Considerando a proximidade existente entre a agricultura familiar/agroecológica e os princípios da educação ambiental esta pesquisa visou investigar se produtores e consumidores compreendem os aspectos ambientais e sociais envolvidos nessa modalidade de produção. Partiu-se do olhar da educação ambiental crítica, utilizando-se da metodologia de questionário semiaberto. Este artigo inicia abordando sobre as características da agricultura orgânica e familiar e, posteriormente são apresentados os questionamentos feitos aos agricultores e consumidores, e as respostas foram analisadas através das características de cultivo, econômico e social.  

 

Revisitando a Educação Ambiental

A Educação Ambiental pode ser considerada como um campo do conhecimento que apresenta um caráter crítico e que envolve a mudança de atitudes, comportamentos ou ideais coletivos, além de considerar a sociedade (MAIA, 2014). Atualmente ainda há uma visão ingênua da educação ambiental como o campo das boas intensões, mas sua abrangência vai muito além, e intermeia o âmbito ecológico incluindo o social, envolvendo também aspectos locais e globais (CARVALHO, 2004b).

Segundo Carvalho (2002) o modo como se realiza educação na sociedade e as diferentes compreensões da relação sociedade-natureza (sentido estrito) que permeiam o movimento ambientalista e demais movimentos sociais não nos permite definir uma única EA.  Sabe-se que a EA é constituída por sujeitos distintos, com visões paradigmáticas particulares de natureza e de sociedade, numa rede de interesses e interpretações em permanente conflito e diálogo. Dentro desse campo educativo ocorre o encontro da educação ambiental com o pensamento crítico (CARVALHO, 2004a).

A perspectiva da EA crítica incide na formação sobre as relações indivíduo-sociedade e coletividade. A EA crítica pressupõe uma tomada de posição de responsabilidade pelo mundo, impõe responsabilidade consigo próprio com o ambiente e com as relações dos outros com o ambiente, não havendo dicotomia nem hierarquia entre as dimensões das ações humanas (CARVALHO, 2004a).

Maia (2015) enfatiza que a EA em uma perspectiva crítica se propõe a um debate político, buscando a superação do domínio capitalista, evitando, portanto, um discurso centrado na perspectiva ecológica os quais pregam mudanças superficiais, e não a mudança societária. Neste sentido ao dialogar sobre a produção alimentícia no contexto da EA, pode-se trazer um novo olhar social e ambiental nas relações do trabalhador e da sua produção com o consumidor.

 

A produção de alimentos orgânicos/agroecológicos através da agricultura familiar

A agricultura possui influência das mudanças nos mais variados segmentos da sociedade, de forma que para sua construção e estabelecimento da demanda socioambiental se faz necessária a atuação da sociedade e do governo através de ações norteadas pela educação ambiental (BRASIL, 2012).

Mazzoleni e Nogueira (2006) destacam que a agricultura orgânica/agroecológica habilita a possibilidade de políticas públicas, principalmente para acolhimento da agricultura familiar induzindo os produtores ao desenvolvimento. No entanto, é necessário que os agricultores sejam capacitados e recebam assistência técnica e econômica, para que os mesmos possam absorver e incorporar inovações de produção e gerenciamento de forma sustentável (BUAINAIN e BATALHA, 2007).

A Lei Federal n° 10.831 regulamenta a produção orgânica no Brasil, e coloca esta como uma produção “ecológica” e incluindo em seu embasamento outras formas de agricultura alternativas como a agroecológica, a biodinâmica e a permacultura. Entretanto, estes modelos não devem ser considerados uma coisa só, pois, apesar de apresentarem características comuns, possuem também particularidades.

Pensar no agronegócio como a melhor solução para a fome é um fato que atualmente tem sido criticado, pois se assume que a produção orgânica não supre a necessidade alimentar da humanidade, que as vantagens para o consumo de orgânicos não é significativa e que os alimentos geneticamente modificados não geram malefícios à saúde. Portanto, se faz necessário uma consciência crítica da realidade por parte do indivíduo, para que estes tenham condições de se contrapor ao modo de produção hegemônico (DAMO, 2012).

O modelo produtivo instaurado a partir da Revolução Verde não atendeu seu objetivo de reduzir a fome do mundo.  As técnicas de modernização tecnológica desse modelo são criticadas, levando-se em conta os fatores que vêm como consequência de seu uso, como poluição dos recursos naturais, o envenenamento dos alimentos, a redução da biodiversidade e a destruição dos solos. A partir dessas críticas, surgem os movimentos de agricultura alternativa, dentre elas a orgânica e agroecológica, como forma de se obter uma nova visão de produção capaz de atender as necessidades alimentícias, sem gerar degradação ambiental e social que ocorrem no modelo da Revolução Verde (MOREIRA, 2000).

A produção orgânica/agroecológica pode ser considerada um modelo sustentável, com o agronegócio a sustentabilidade é na maioria das vezes uma estratégia de falsear e ocultar os problemas ambientais e sociais existentes como consequência desta, fugindo do foco. Ao contrário, a produção orgânica/agroecológica visa a produção de alimentos sem agredir o ambiente, além de manter o sentimento de pertencimento do trabalhador em relação à terra e à sociedade (DAMO, 2012).

Segundo Conejero, Tavares e Neves (2009) a produção orgânica/agroecológica é apropriada a agricultura familiar, pois não há demanda de mão-de-obra intensiva, já que a produção ocorre em menor escala. Este tipo de produção permite a diversidade de cultivos numa mesma área, com geração de produtos que atendem as demandas do mercado. Entretanto, os agricultores enfrentam diversas dificuldades como a pouca capitalização, pois há custos significativos na conservação e certificação.

O setor agrícola atual traz equilíbrio comercial e a agricultura familiar traz segurança alimentar produzindo cerca de 70% dos alimentos que vem a mesa, no campo e nas cidades, com a menor porcentagem de área cultivada. O exagero no padrão de produção e consumo atuais extenua os recursos naturais. A forma como tais recursos são utilizados leva aos problemas como degradação do solo, das florestas, do ambiente aquático e como consequência leva à exclusão social (BRASIL, 2012).

Dentro deste contexto, a agricultura familiar pode ser caracterizada como um movimento social importante para que haja o desenvolvimento rural sustentável, pois traz além do abastecimento, a oferta de trabalho que reduz o êxodo para as cidades (BRASIL, 2012). É importante notar que o modelo de produção familiar utiliza seus recursos de forma mais racional, reduzindo a pressão social consequente da degradação do ambiente (PINHEIRO, 1992).

O trabalhador rural traz uma identidade social a partir de sua forma de vida, se caracterizando como uma figura política. Existe o sentido de pertencimento ao coletivo pelos agricultores. Estes possuem a prática de trocar sementes, emprestar ferramentas, realizar mutirões, entre outras formas de atividades cooperativas, e a busca pelo lucro nem sempre é o objetivo essencial para estas pessoas (BLOISE e LOUREIRO, 2011).

 

PERCURSO METODOLÓGICO

Este trabalho teve início a partir de reflexões e discussões entre o grupo de pesquisadoras acadêmicas do curso de Ciências Biológicas- Licenciatura, na disciplina de Educação Ambiental. As discussões levaram a proposta de pesquisa focalizada nesse artigo. Esta pesquisa possui caráter exploratório, e utilizou como instrumento de investigação um questionário semiaberto com dez questões para os agricultores e sete para os consumidores, que versavam sobre a agricultura orgânica associada com a temática ambiental. Foram entrevistados aleatoriamente 10 produtores e 14 consumidores.

O local de estudo foi a feira do Produtor Rural de Guarapuava-PR, trata-se de iniciativa da Prefeitura Municipal em conjunto com produtores rurais da cidade, e acontece semanalmente em diferentes pontos, sendo que para esta pesquisa foi escolhido a feira que acontece no Bairro Vila Carli. Este bairro é caracterizado por se localizar na região periférica da cidade, e a feira acontece mais especificamente no salão paroquial de uma igreja, que se estabelece em proximidade a um campus universitário da cidade. A feira é conhecida no bairro por vender alimentos orgânicos direto do produtor rural.

O primeiro grupo pesquisado foi o de produtores rurais da referida feira, foram avaliados suas características socioeconômicas e aspectos que envolvem a produção. Os agricultores também foram questionados sobre a realização de outras atividades remuneradas, e se a venda dos produtos gera sustento suficiente para a família, com o objetivo de compreender se a feira é a única forma de sustento, e entender as relações econômicas envolvidas com a produção.

Também se questionou sobre a localidade da produção e quais alimentos são produzidos. Ao final foram consideradas questões relacionadas a forma de produção utilizada nos alimentos, como o tipo de adubação e controle de pragas, visando conhecer as técnicas que estes trabalhadores fazem uso, e se estas se enquadram na visão orgânica/agroecológica.

O segundo grupo pesquisado foi o dos consumidores, sendo também questionados sobre características socioeconômicas e demais fatores envolvendo a compra de alimentos na feira. Foram levantadas a frequência de aquisição destes produtos, e se os consumidores estavam dispostos a adquirir um produto com preço mais elevado se este fosse orgânico, com o objetivo de saber se estes consideram a feira como uma fonte importante de compra. Posteriormente foram questionados quais os motivos que levam os consumidores a adquirir alimentos na feira, visando entender quais fatores são mais relevantes na opção por adquirir orgânicos/agroecológicos. Neste sentido também se procurou conhecer se os consumidores levam em consideração o auxílio ao pequeno produtor da agricultura familiar ao optar pela compra naquele local.

Por fim, foram realizadas questões sobre a produção orgânica/agroecológica em si, procurando saber se os consumidores entendem o que caracteriza este modo de produção, e se consideram os produtos vendidos na feira como orgânicos, assim como, se estes conhecem a procedência dos mesmos. Estas perguntas foram elaboradas com o fim de entender a visão dos consumidores a respeito da definição de orgânicos, e se estes buscam informar-se sobre os alimentos que consomem, e ainda se buscam cultivar horta em suas casas.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Perfil socioeconômico dos agricultores

Entre os dez agricultores que participaram da pesquisa, observou-se a predominância de faixa etária entre 40 e 80 anos, representando 60%, seguida de 40% de agricultores com a faixa etária de 20 e 40 anos. Lovatto, Etges e Karnopp (2008) e Cunha et al., (2014) observaram resultados contrastantes com os desta pesquisa, onde verificaram a ascendência da agricultura de base ecológica/ orgânica atual combinada com a facilidade de adequação dos mais novos na atividade.

Quanto ao nível de escolaridade dos agricultores (Tabela 1) 70% dos entrevistados possuem ensino fundamental incompleto, seguido de 10% com ensino médio completo e 20% atingiram ensino superior, demonstrando que apenas pequena parcela dos agricultores deu continuidade dos estudos por meio do ensino superior.

 

Tabela 1. Nível de escolaridade dos agricultores da feira do produtor rural de Guarapuava-PR participantes da pesquisa.

Escolaridade

Número de agricultores

Ensino Fundamental Completo

-

Ensino Fundamental Incompleto

07

Ensino Médio Completo

01

Ensino Médio Incompleto

-

Ensino Superior Completo

01

Ensino Superior Incompleto

01

 

A baixa escolaridade dos agricultores pode ser explicada por grande parte dos mesmos serem provenientes de assentamentos ou das regiões interioranas, onde o acesso à escola é mais difícil se comparado com a área urbana, além de que, em muitos casos, os trabalhadores rurais deixam os estudos para se dedicarem as lavouras. Também se pode observar que 60% dos agricultores entrevistados possuem faixa etária entre 40 e 80 anos, e em tempos mais antigos a escolaridade nas zonas rurais não era vista como prioridade, ou não era possível.

Os 20% de agricultores que atingiram o ensino superior, no entanto, pode ser explicado pela proximidade da área de estudo com a Universidade. O perfil do nível de escolaridade dos residentes do meio rural tem sido alterado no decorrer dos anos devido à migração de jovens, filhos de agricultores, para as cidades no intuito de ingressar em curso de nível superior e, pós término deste, regressar ao campo para aplicação de novas técnicas de cultivo e alternativas de produção. O percentual evidenciado neste trabalho ainda é baixo, porém vê-se uma perspectiva de mudanças se comparado às décadas anteriores.

Para Franzel et al., (2002) e Rosa (2009) o nível de escolaridade é de suma importância na adoção do manejo ecológico, bem como contribui para obtenção de créditos para o estabelecimento do cultivo. Todavia, os agricultores em sua maioria com pouca escolaridade apresentam o conhecimento repassado por suas famílias através das gerações, que permitem o conhecimento das técnicas utilizadas no processo de produção, o que evidencia a importância da manutenção da agricultura de base familiar.

A maioria dos participantes (80%) possui renda mensal de até dois salários mínimos e 20% possuem renda entre dois e quatro salários. Com relação às demais atividades remuneradas dois agricultores também trabalham com comércio de leite, um participante é autônomo e vende outros produtos, como cosméticos e roupas. Dois participantes, além de vender os produtos na feira do produtor também entregam os alimentos nas escolas, para a merenda escolar do Estado. Três participantes recebem aposentadoria, e dois participantes não realizam outras atividades.

A busca por fontes secundárias de renda pode demonstrar que a produção, a partir da agricultura familiar, não tem garantido a renda necessária para estas famílias. Tal fato pode ser uma consequência da desvalorização do produtor familiar tanto por parte do governo, como dos consumidores, além de que o trabalhador muitas vezes não possui demanda suficiente para sua produção. Desta forma, torna-se importante o uso da denominação “orgânica” para seus alimentos, pois esta garante maior atenção no momento da comercialização.

Seis dos participantes responderam que a venda dos alimentos não gera renda suficiente para o sustento da família, alguns observaram que a venda na feira caiu cerca de 40% nos últimos tempos. Um participante respondeu que a venda varia dependendo da época, e às vezes gera sustento suficiente. Outros participantes ainda observaram que a venda é razoavelmente suficiente.

Algumas das famílias pesquisadas moram e produzem em terras de assentamento do movimento social MST, como, por exemplo, o assentamento Europa, localizado distrito do Guará, pertencente ao município de Guarapuava – PR, e o Assentamento Nova Geração, localizado na comunidade do Cadeado. A participação dos assentamentos é importante na produção orgânica e agroecológica, mas estes muitas vezes enfrentam discriminação social e agressão de fazendeiros, tendo dificuldades para cultivar, enfrentando no dia a dia o medo e as dificuldades da vida em assentamentos (BORSATTO et al., 2007).

 

Características de cultivo

 A grande maioria dos alimentos que são produzidos pelos agricultores entrevistados são hortaliças, assim chamados os alimentos folhosos pelos agricultores. Também são produzidos legumes em geral, frutas como morango, goiaba, figo, além de feijão e também produtos processados, como doces e geleias.

Os compostos utilizados no cultivo dos produtos da feira estão apresentados na Tabela 2. Pode-se verificar que grande parte dos agricultores faz a reposição de nutrientes no solo utilizando produtos orgânicos, garantindo que processos naturais promovam a reciclagem de nutriente de modo adequado, além disso, essas técnicas são mais sustentáveis e viáveis do ponto de vista econômico (SEDIYAMA et al., 2014).

 

Tabela 2. Diferentes compostos utilizados na produção de alimentos por agricultores da feira do agricultor de Guarapuava.

Compostos utilizados

Número de participantes

NPK

04

Esterco curtido

08

Ureia

01

Húmus

01

Restos Alimentares

02

Adubo

02

Calcário

01

Cinza

01

Fertilizante

01

 

O controle das plantas daninhas na sua maioria é realizado com capinaria, ou seja, fazem a limpeza do terreno através de ferramenta manual, sendo que seis participantes utilizam este método. Também arrancam os matos (plantas não desejadas) manualmente. Alguns agricultores utilizam produtos caseiros, ou fazem o controle biológico através de insetos, sendo estes instruídos pelos agrônomos da Universidade Estadual do Centro Oeste-PR (UNICENTRO). Dois participantes informaram que utilizam produtos químicos para o controle. 

A rotação de culturas foi mencionada por quatro participantes e outros três fazem mistura de culturas nos canteiros, como alho, arruda e pimenta como forma de controle de pragas e melhoria da produção. Apenas dois participantes informaram que não fazem este tipo de controle.

Percebe-se que técnicas agroecológicas são bastante utilizadas no manejo das hortas, mostrando que estes produtores, em sua maioria, possuem conhecimento da base da agricultura sem químicos. Entretanto, alguns destes produtores ainda recorrem aos métodos convencionais, ou seja, adubação química, provavelmente buscando maior facilidade e melhor produção, contradizendo a visão da agricultura agroecológica. Entretanto, esses agricultores não percebem que tais métodos podem resultar em produtos menos saudáveis do ponto de vista nutritivo e para o meio ambiente, ainda que não venham a ser tóxicos para o consumidor. A justificativa do uso desses produtos pode estar relacionada com a finalidade de melhorar a aparência, o sabor e, sobretudo a capacidade de conservação dos alimentos, chamando a atenção no momento da compra (DAROLT, 2003).

É importante destacar que o desafio de tornar os alimentos orgânicos acessíveis para toda população não está relacionado apenas aos aspectos técnicos, como a produção, qualidade, quantidade, regularidade e diversidade ou aos econômicos, mas também aos políticos e sociais (DAROLT, 2003).

 

Perfil socioeconômico dos consumidores

Os resultados do nível de escolaridade dos consumidores da feira (Tabela 3) revelaram que não há uma tendência na escolaridade dos consumidores, muitos que não chegaram a completar o ensino médio, ou seja, 42,85% dos entrevistados, todavia a mesma porcentagem chegou a atingir o ensino superior.

 

Tabela 3. Nível de escolaridade dos consumidores da feira do produtor rural de Guarapuava-PR participantes da pesquisa.

Escolaridade

Número de consumidores

Ensino Fundamental Completo

01

Ensino Fundamental Incompleto

05

Ensino Médio Completo

01

Ensino Médio Incompleto

01

Ensino Superior Completo

05

Ensino Superior Incompleto

01

 

A escolaridade dos consumidores se mostrou bastante variada, pois sete dos entrevistados não chegaram a completar o ensino médio, enquanto seis destes atingiram o ensino superior. Esses dados podem demonstrar que a busca por alimentos orgânicos atrai o interesse de diferentes grupos, independente da escolaridade.

A maioria dos consumidores informou receber até dois salários mínimos, três recebem entre dois e quatro salários mínimos, e quatro recebem mais que cinco salários mínimos. Tal fato pode demonstrar que a opção pela aquisição de produtos na feira do produtor rural é característica de consumidores com diferentes poderes aquisitivos, indicando que esta é acessível a muitas pessoas, e não é somente o preço que chama a atenção para a compra na feira.

 

Características de consumo

Grande parte dos consumidores entrevistados afirmou comprar sempre os alimentos da feira, quatro informaram que não compram sempre, mas com frequência e apenas um informou que compra poucas vezes. Desta forma, pode-se perceber que a busca pela compra na feira é grande, sendo esta uma importante fonte de aquisição de alimentos para a comunidade.

Quando questionados se estariam dispostos a pagar mais caro por produtos orgânicos, a maioria dos consumidores confirmaram que pagariam mais caro, justificando que consideram estes alimentos mais saudáveis, como no exemplo: “Sim, saúde vale o preço, é melhor gastar com alimento do que com medicamentos. ” Apenas dois consumidores consideram que não pagariam mais caro. A partir do observado pode-se inferir que uma das maiores preocupações na busca por alimentos orgânicos relaciona-se a preocupação com a saúde.

 

Tabela 4. Motivos pelo qual os consumidores optaram por comprar alimentos na feira.

Motivo de optar pela compra na feira

Número de participantes

Preço

11

Saúde

11

Proteção ao Meio ambiente

03

Auxílio aos produtores

07

Outros

04

 

Pode-se observar que grande parte dos consumidores opta pela compra na feira prezando pela saúde e também pelo baixo custo dos alimentos (Tabela 4). Poucos demonstraram preocupação com o meio ambiente e no auxílio aos produtores. Os participantes manifestaram também outros motivos, como qualidade e variedade. Tal fato atesta que a motivação maior destes consumidores não tem relação com a visão do coletivo, mas apenas pelo benefício próprio, em busca de menores preços e alimentos mais saudáveis.

A valorização do aspecto social relacionado a valorização ambiental é uma lacuna que pode ser preenchida por trabalhos de educação ambiental. Através desta se podem colocar novas “lentes” para uma visão crítica da realidade, revertendo os caminhos do individualismo, em busca da sustentabilidade (Carvalho, 2004b). A preocupação consigo próprio, sem levar em consideração o outro, é um dos fatores que interferem de forma importante nos problemas sociais e ambientais, e somente quebrando este paradigma é que se conseguirá atingir novos caminhos para a justiça social e sustentabilidade ambiental.

Segundo Darolt (2003) no Brasil o aspecto ambiental não é visto como o mais importante, o que foi comprovado por esta pesquisa onde a minoria dos entrevistados levou em consideração a proteção ao meio ambiente. A elevada escolha pelo quesito saúde na compra dos alimentos da também está relacionada com a preocupação atual com o uso de agrotóxicos nas produções agrícolas, e que podem vir a causar intoxicações e outros problemas mais graves (STOPPELLI e MAGALHÃES, 2005). Algumas vezes os fatores não estão associados diretamente com os benefícios nutricionais em si, mas a mudança de hábitos alimentares e estilo de vida dos consumidores (DAROLT, 2003).

Grande parte dos consumidores considera orgânicos os alimentos da feira. Apenas um não considera orgânico, e outro não soube responder. Entretanto, houve participantes que consideram a maioria dos produtos como orgânicos, mas nem todos. Tal fato indica que os consumidores em geral confiam estar adquirindo alimentos de produção orgânica quando compram na feira, o que, como discutido acima, nem sempre é verdade.

Quando questionados sobre o que entendem por produção orgânica a maioria relatou sobre ser aquela que não utiliza agrotóxico, apenas um não soube responder, mas as respostas foram variadas, como nos exemplos:

Participante 1: “É o que faz o adubo caseiro, não usa agrotóxicos nem adubo, nem um tipo de insumo químico. ”

Participante 2: “Que usamos esterco caseiro. ”

Participante 5: “Mais natural possível, sem nada de químico. Produção mais natural. ”

A partir destas respostas infere-se que estes consumidores possuem uma visão muito limitada do conceito de produção orgânica, pois não relacionam os aspectos humanos e ambientais envolvidos neste modo de se produzir alimentos, frisando apenas os fatores relacionados com a técnica em si. Em parte, essas respostas podem ser justificadas pelo que é apresentado atualmente pelos meios midiáticos sobre o assunto, e que normalmente deixam a desejar em suas argumentações e fundamentos que não envolvem os fatores sociais da produção orgânica/agroecológica.

Sobre a procedência dos alimentos da feira 10 consumidores informaram que não buscaram conhecer a forma como estes alimentos são produzidos, e apenas quatro buscaram conhecer. Na questão sobre adquirir produtos de outras fontes oito participantes disseram não comprar em outros comércios, destes dois disseram que também plantam na própria casa. Outros informaram que também compram no mercado, em produção de chácaras de amigos ou das demais feiras de Guarapuava.

A desvalorização do trabalho dos pequenos agricultores familiares em parte se mostra pelo desinteresse dos consumidores em conhecer a procedência dos alimentos, caso contrário se poderiam conhecer também as dificuldades que o pequeno produtor enfrenta para manter e comercializar sua produção, visto que este comércio é o que traz o sustento para a família destes agricultores.

A feira do produtor rural mostra-se como um auxílio aos produtores que trabalham nesta cidade, que muitas vezes possuem pequenos espaços para sua produção, e vêm na feira uma oportunidade para incrementar sua rentabilidade. Os consumidores também têm a possibilidade de optar por uma fonte de compra de alimentos da agricultura familiar, sendo que os mercados comuns em sua maioria não investem na venda destes produtos. Entretanto, os consumidores ainda optam muito pela compra visando o preço e o aspecto dos alimentos, e o produtor familiar não consegue competir com a venda dos produtos tradicionais, que chamam a atenção pela melhor aparência e maior durabilidade.

Atualmente o tema da preservação dos recursos naturais e o pensamento sustentável é muito discutido em diferentes meios, principalmente no âmbito escolar, entretanto o discurso que se faz torna-se repetitivo e sem significado sem a criticidade para que estes conhecimentos sejam aplicados na prática do dia-a-dia. A partir desta pesquisa percebe-se que tanto os consumidores quanto os produtores sabem definir o modo de produção orgânica em sua base e reconhecem sua importância ambiental, mas na prática podem cair em contradição, pois ainda há a maior busca por alimentos mais bonitos e menores preços, sem a preocupação com a importância da produção familiar orgânica/agroecológica para os pequenos agricultores e para a proteção do meio ambiente onde esses sujeitos estão inseridos.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A feira é uma importante fonte de venda e aquisição de alimentos orgânicos para a comunidade, e a definição de produção orgânica como a qual não se utiliza de agentes químicos parece estar bem estabelecida, tanto para os agricultores, quanto para os consumidores, mas estes não reconhecem as relações sociais envolvidas neste contexto.

Os resultados revelaram que os produtores em sua maioria adotam práticas agroecológicas, tanto no que ser refere a adubação quanto no controle de pragas e ervas daninhas, ainda que, em alguns casos façam uso de produtos químicos.

A escolha dos consumidores pela compra de produtos orgânicos na feira se dá principalmente pelo preço reduzido, em comparação com o mercado comum, e pela alimentação mais saudável, e não é prioridade a compra de orgânicos pensando em cuidado com o meio ambiente ou pelo auxílio aos pequenos produtores.

Cabe aqui a ação da educação ambiental para preencher a lacuna existente entre o conhecimento prático e o conhecimento crítico, entorno da agricultura orgânica/agroecológica e familiar, e sua importância na esfera social, a partir de uma visão do ser humano inserido em um meio coletivo. Também necessita-se reconhecer a agricultura familiar como importante fonte de fornecimento de alimentos para a população, com menor impacto ambiental, e que por suas características coletivas pode ser considerada um movimento social.

 

 

 

REFERÊNCIAS

BLOISE, D. M.; LOUREIRO, C.F.B. A organização dos agricultores do Brejal, Petrópolis, RJ- Um estudo de caso. REMEA-Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, v. 26, p. 1-29, 2011.

 

BORSATTO, R. S.; BERGAMASCO, S. M. P. P.; MOREIRA, S. S.; FONTE, N. N.; FIDELI, L. M.; OTTMANN, M. M. A. Agroecologia e valorização de novas dimensões no processo de reforma agrária: estudo de caso do acampamento de José Lutzenberger. Informações Econômicas, v. 37, n. 8, p. 14-23, 2007.

 

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BUAINAIN, A. M; BATALHA, M. O. (Coord.). Cadeia Produtiva de Produtos Orgânicos. Brasília: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Secretaria de Política Agrícola, 2007, 108 p.

 

CARVALHO, I. C. M. A invenção ecológica: narrativas e trajetórias da educação ambiental no Brasil. 2. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002. 232 p.

 

______. Educação Ambiental Crítica: nomes e endereçamentos da educação. In: LAYRARGUES, P. P. (coord.). Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004a. p. 13-24.

 

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