UM GUIA PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

Introdução

 

Antes de mais nada, temos que ter claro que não existe uma receita pronta para a inserção da dimensão ambiental no currículo escolar, bem como que, para trabalhar na perspectiva da Educação Ambiental no ensino formal, temos que ir muito além do clubinho de ciências, de ecologia e da campanha da horta, e da coleta de lixo, noções básicas sobre meio ambiente. Não que estas atividades não sejam válidas, mas têm que ser encaradas como atividades motivadoras de um processo maior. Ou seja, elas devem integrar um projeto no qual os objetivos perseguidos busquem a formação de um cidadão crítico e participativo, capaz de assumir suas responsabilidades sócio ambientais e éticas. Aí você pode parar e perguntar: Mas onde você quer efetivamente chegar?

 

Se a sua curiosidade já está bem aguçada, então está na hora de arregaçar as mangas e botar a mão na massa.

 

O planejamento das etapas do projeto

 

A primeira coisa que temos que fazer é o que sempre fazemos na escola antes de iniciarmos qualquer trabalho. Temos que planejar. Como este é um trabalho diferente, porque significa um novo modo de fazer, deve ser planejado de um modo diferente também.O nosso planejamento deve ser coletivo, porque o nosso projeto vai ser executado de modo coletivo. Você já viu que não se faz Educação Ambiental individualmente, não é? Então, vamos definir quem é o coletivo.

Obviamente, o coletivo são todos. E aí não estamos propondo nenhum jogo de palavras, são todos aqueles que fazem parte do nosso "nicho": os professores, o pessoal de apoio, a direção da escola, os alunos, a comunidade.

Se você está pensando como chamar este povo todo para planejar em cima de uma coisa ainda não muito clara e está achando a tarefa difícil, eu concordo com você, em todos os aspectos.

- Como Fazer?

Vamos chamar primeiro algumas pessoas representativas destes segmentos e distribuir a tarefa para que cada uma, junto ao seu segmento, recolha sugestões para o projeto. Estas sugestões servirão de ponto de partida para o diagnóstico. Na realidade, esta primeira abordagem já pode ser considerada um pré-diagnóstico, pois é a partir daí que faremos o nosso primeiro recorte, ou seja, teremos as primeiras linhas selecionadas.

Marque as datas de retorno. E não pare por aí.

Definido o seu coletivo e os parceiros, vamos começar a elaborar o projeto.

 

O diagnóstico

 

O projeto requer sempre um afase que o antecede, que é a fase de diagnóstico.

O objetivo de se fazer um diagnóstico é que, por meio dele, podemos fazer um recorte de nossas ações. Ou seja, podemos fazer um levantamentodos problemas ambientais que mais afligem a nossa comunidade.

Nós já vimos, pelas nossas conversas com os diversos segmentos da comunidade, que existem alguns temas que têm um significado maior ou são motivo de preocupação para a maioria.

É justamente nesta fase que você já pode envolver os seus parceiros, ou seja, você pode elaborar um pré-projeto para o levantamento do diagnóstico. E o que significa isso?

Precisamos, antes de qualquer coisa, saber o que está acontecendo no nosso ambiente, para isso o diagnóstico. Existem vários modos de se fazer um diagnóstico. Você pode fazer uma reunião, promover discussões em grupo, fazer entrevistas, e inúmeros outros modos de conseguir levantar os dados que você precisa.


Um modo eficiente de conseguir diagnósticos pode ser por intermédio de um questionário simples, para ser respondido pelos diversos parceiros.

Este instrumento ( questionário), não precisa ser único. Você pode elaborar um para os alunos e outro para os adultos, ou os outros colaboradores. O importante é que o grau de complexidade das perguntas deve estar diretamente relacionado com o nível de compreensão do grupo. Não queremos dizer que você deva subestimar ninguém. Cada membro da sua comunidade vai estar igualmente envolvido com o seu entorno, alguns mais sensibilizados, outros menos, mas todos com possibilidade de contribuir. A adequação da linguagem é importante, para que cada um entenda exatamente o que se pretende. Além disso, a linguagem deve estar adequada aos alunos (sejam eles das séries iniciais ou do ensino médio). Este questionário deve procurar levantar as questões que poderão efetivamente ser trabalhadas na fase do projeto.

O resultado do diagnóstico

Uma vez feito o diagnóstico, organize ou tabule os dados e faça uma apresentação para os seus parceiros. A partir daí, faça uma hierarquização dos elementos levantados (que podem ser problemas ou potencialidades). 

A partir desta hierarquização, então já temos elementos para elaborar o nosso projeto.

Observe que a escolha do tema não está amarrada ao diagnóstico. Este deve ser um elemento balizador. Quem vai efetivamente definir qual o tema e quando deve ser estudado é a comunidade escolar.

O projeto em Educação Ambiental

Uma vez escolhido o nosso tema, vamos começar a detalhar o nosso projeto.

Não se esqueça de incluir as questões relativas à história da sua comunidade, como ela surgiu, há quanto tempo, suas manifestações culturais, seus membros de referência. Estas informações são tão importantes quanto o ambiente físico que as suporta,como o relevo, o clima, a vegetação, as construções, e o traçado urbano.

Como ressaltamos anteriormente, este projeto deve ser coletivo. Seria muito interessante se todos os professores se engajassem. O ideal, quando se trata de educação sobre o meio ambiente, educação ambiental, é que faça parte do projeto político pedagógico da escola. Se esta não é a sua realidade neste momento, se só uma pequena parcela da escola está mobilizada, que bom que já temos um grupinho. Paciência, e quem sabe, a partir dessa experiência concreta você não consiga inserí-la futuramente?

Uma vez eleito o tema, temos agora o desafio: como fazer o projeto?

Para ajudá-lo, sugerimos as seguintes etapas:

1 - Título do projeto

O nome do projeto deve ser atrativo e estar relacionado com o tema.

2 – Objetivo

É onde eu quero chegar com o meu projeto coletivo. O que eu espero obter depois do projeto realizado. Quais mudanças eu espero que ocorram na minha comunidade?

3 – Justificativa

Vai mostrar a importância do estudo a partir do diagnóstico. cada um dos professores da escola, bem como a direção e o pessoal de apoio, e naturalmente os alunos, devem ter um papel bem definido. Este papel não é o de mero espectador. Cada um tem uma função a realizar, à luz de cada disciplina (ou conteúdo programático). 

É aqui, na justificativa, que você "vende" o seu projeto, ou seja, que você motiva as pessoas que compartilharem em grupo uma mesma idéia, e é aí também que você apresenta os elementos para ganhar novos parceiros, como por exemplo, aqueles que poderão ajudar a financiar o projeto. É aqui, na justificativa do projeto, que você deve apresentar toda a fundamentação teórica do trabalho.

4 - O tempo do projeto

É muito importante que eu defina em quanto tempo eu vou realizar o meu projeto. Esse tempo vai depender do tipo de atividades que eu vou desenvolver. Não elabore projetos com duração muito curta, nem muito longa. Os curtos tendem a ser pontuais e os longos podem gerar desinteresse durante o processo.

5 - O público-alvo

A quem se destina o projeto?

Vou envolver a escola toda, ou vou fazer um piloto com uma única série?

Meio ambiente

É importante definir previamente quem vai participar do projeto.

6 - As atividades

A importância da participação de todos os docentes aqui é indiscutível. 

De modo coordenado, cada um pode fazer o seu planejamento mensal ou bimestral para tratar do tema em questão. A participação dos demais membros da comunidade escolar também é importante. (Não adianta estar falando em inserção de todos se a faxineira da escola jamais participou de uma atividade com o corpo docente).

Para o planejamento das atividades docentes é interessante que estas sejam feitas em duas etapas.

- Uma geral, envolvendo todo o coletivo de professores da escola. É aí efetivamente que vamos traçar o que fazer dentro da escola. Dentro do tema escolhido, o que deve ser tratado de modo integral e significante para a comunidade. Temos que ter claro que podem acontecer, e devem acontecer, intervenções concretas na realidade da comunidade.

- A outra etapa é a específica, para cada uma das áreas de estudo. Isto quer dizer que ainda nesta etapa eu posso fazer um trabalho coletivo com os outros professores da mesma disciplina ou da mesma série, para ajustar o conteúdo e como ele deve ser trabalhado. Dentro do conteúdo a ser desenvolvido, como eu posso inserir o tema do projeto (cada professor deve procurar a melhor estratégia para a abordagem disciplinar do tema e depois discutir no coletivo, para somar idéias e atividades).

Não se esqueça de que o aporte teórico para desenvolver a atividade ( ou módulo, ou tema) é muito importante.

A grande diferença que se propõe agora é que o que antes era desconectado e que não tinha sentido, nem para o aluno, nem para a comunidade, agora passa à ter um vínculo real.

Como é isso? Você pode perguntar, então vamos tentar exemplificar.

Até um tempo atrás, decorar tabuada era situação corriqueira. Todo menino e menina decorava, não sabia porque, muito menos para que, mas tinha que decorar, para "recitar" e logo dar um jeito de esquecer aquilo tudo. Era um sofrimento só. Agora reflita, se você tem que trabalhar em matemática uma unidade que fale das operações matemáticas, e se você consegue vincular esta tarefa com o que o outro professor está trabalhando, o aluno já começa a ver alguma conexão no que está acontecendo. Se você e os seus colegas conseguem, além de vincular uma disciplina com a outra, ainda conseguem transportar o que estão falando para a realidade concreta do aluno, inserindo-o no contexto, e fazendo com que ele seja o sujeito da análise, então teremos conseguido que ele tenha um vínculo neste processo, que ele se sinta importante, participativo e determinante (sujeito) do processo.

No planejamento das atividades devem ser contempladas as reuniões de acompanhamento e elaboração. Esses encontros serão fundamentais para que se façam os ajustes ao longo do processo.

7 - A avaliação

Fora o processo de avaliação já em andamento na escola, o processo de avaliação dos projetos sob a ótica da Educação Ambiental não são excludentes, ou seja, ele não procura o que não se sabe, ou o que não se fez. Muito pelo contrário, ele vai sempre realçar a ação positiva. Quais foram as mudanças? Como podemos avançar mais? Qual o nosso nível de ação? Onde conseguimos chegar e como vamos fazer para ir mais além. Por isso falamos que a Educação em Meio Ambiente, assim como todo o processo educativo, é contínuo. Ele não acaba em si só. 

 

8 - Ações Futuras

Além de onde chegamos, se nosso projeto realmente atingiu os objetivos, sempre teremos os desdobramentos. As ações não precisam necessariamente continuar em seguida, e se tornarem temas recorrentes e exaustivos, mas teremos que entender e planejar as ações futuras e os acompanhamentos periódicos ou os reforços ao nosso projeto.

9 - Vamos mostrar o que fizemos

A propaganda é a alma do negócio! Se alcançamos os objetivos do nosso projeto, temos que dar uma satisfação para os nossos parceiros. Então vamos mostrar o que fizemos. Uma exposição, uma festa, uma culminância. Este é o momento ideal para trazermos mais gente para partilharmos nosso próximo projeto. Este também é o momento para explicitarmos o nosso compromisso com as mudanças e sensibilizar um maior número de pessoas mostrando como a escola está preocupada e atenta ao que acontece na comunidade e no mundo.

Exemplos de atividades inovadoras em Educação Ambiental

A exploração da dimensão educativa de práticas culturais, como suporte de ação pedagógica ambiental pode ajudar a produzir uma conexão entre Educação Ambiental e cidadania.

As Manifestações Culturais podem ser uma nova alternativa para desenvolver um processo de sensibilização da sociedade com relação às questões ambientais algumas dessas expressões que culminam com a realização de festas populares, religiosas ou profanas, revestidas da miscigenação cultural que integra historicamente as matrizes das populações autóctones e que integram os calendários turísticos, apresentam duas características fundamentais:

- O fato de atraírem multidões; e

- O fato de permitirem a incorporação da temática ambiental no seu desdobramento.

A Educação Ambiental deve ser trabalhada de modo a contribuir para repensar a sociedade em seu conjunto; não se trata, simplesmente, de conservar e proteger a natureza na perspectiva dos atuais modelos de desenvolvimento, senão construir novas realidades e novos estilos de desenvolvimento que permitam a manifestação do diverso no cultural e no natural, e o desenvolvimento de potencialidades individuais e coletivas.

A Educação Ambiental deve fazer parte de um projeto de transformação do sistema educativo, de reformulação do fazer pedagógico e didático, da elaboração de modelos para a construção do conhecimento e da formação de atitudes e valores, de acordo com as necessidades dos indivíduos e da coletividade.

A Educação Ambiental concebida na vertente sócio-ambiental caracteriza-se por ser:

- Proposta como alternativa educacional complexa;

- Fazer uma análise histórica das situações ambientais como produto do próprio processo histórico da humanidade;

- Postular uma educação para a vida em toda a sua diversidade e complexidade;

- Estar voltada para o futuro, porém firmemente assentada nas análises do passado, capaz de pensar e construir uma utopia real ou realizável;

- Ser uma educação efetivamente crítica, que deverá caminhar até a superação das contradições da educação sistemática, propondo as bases de análise para elaboração dos projetos pedagógicos.

Entre as recomendações da conferência Rio-92 destaca-se:

“Uma das metas básicas da Educação Ambiental é lograr que as pessoas e as comunidades compreendam o caráter complexo do meio ambiente natural e artificial, resultante da inter-relação de seus aspectos biológicos, físicos, sociais, econômicos e culturais, e adquiram os conhecimentos, os valores, as atitudes e as aptidões que permitam participar, de forma responsável e eficaz, do trabalho de prevenção e resolução de problemas ambientais, e na gestão qualitativa apropriada ao meio ambiente”.

Outro objetivo básico da Educação Ambiental que se destaca:

“Pôr de manifesto a interdependência econômica, política e ecológica do mundo moderno, em que as decisões e atividades dos diferentes países podem provocar repercussões internacionais.

A este respeito, o meio ambiente ajuda a suscitar um sentido de responsabilidade e solidariedade entre os distintos países e regiões” (Unesco, 1977).

Ainda, com o objetivo de embasar nossas reflexões, citamos Gonzales (1997), que reconhece que: “Educação Ambiental pode fazer qualitativas contribuições na busca de uma pedagogia da diferença, em oposição a uma pedagogia da desigualdade”.

Uma pedagogia na qual o indivíduo, a partir de seus interesses, aspirações e desejos de mudança social, reúna condições de pertencer à realidade que deve construir, com base na análise crítica de suas condições objetivas e subjetivas de existência.

Nesse sentido, a escolha das Manifestações Culturais se justifica considerando que, por meio delas, a comunidade resiste pontualmente às investidas do poder nos processos de homogeneização cultural, denuncia, expõe as atrocidades cometidas historicamente pelas relações econômicas determinadas pelos países ricos e que repercutem no meio ambiente dos países emergentes, em toda a sua dimensão e complexidade, produzindo processos violentos de perda da cultura tradicional dos grupos sociais.

A visão sobre a cultura popular não é homogênea. Alguns autores consideram a cultura popular como intrinsecamente conservadora, pois expressa uma visão de mundo que reflete as condições de dominação a que estão sujeitos seus produtores e consumidores, nas dimensões políticas, econômicas, sociais e culturais;

As Manifestações Culturais não fazem senão reproduzir valores e padrões sociais dominantes, influenciados principalmente pela mídia. Numa análise funcionalista, as festas e ritos são interpretados como contribuição à uma ordem social. 

Os antropólogos que estudam festas, mitos e rituais têm assinalado que estes eventos desempenham funções sociais, quer os participantes tenham consciência disso ou não. 

Outros autores concebem essas manifestações como apresentando indícios, embrionários ou explícitos, de resistência à estrutura do poder vigente, de reflexão, de mudanças nos ritmos de exploração da natureza e das relações do homem pelo homem, como no caso da questão ambiental em sua complexidade. Os autores que trabalham, com essa visão dinâmica e crítica da cultura, chegam a especificar que muitos grupos sociais criam formações denominadas de “contra cultura” como uma forma de resistência.

Com base nesses pressupostos, entendemos que as festas permitem observar transformações profundas ocorridas na sociedade, no âmbito da cultura, ou compreender complexas relações sociais, tentativas de disciplina ou controle de educação do povo. Elas se constituem, portanto, em palco das transformações culturais e cenários importantes da vida social; lugar dos conflitos, das exclusões, de controle, de disciplina, da educação e da reforma do povo, assim como de resistência a todos esses processos.

Desse modo, utilizar as festas populares para trabalhar o contingente populacional por elas atraído e que, muitas vezes, pela natureza de sua participação, contribui para agravar os impactos negativos provocados pela falta de infra-estrutura básica e comprometimento da sociedade com o meio ambiente, pode se constituir numa boa alternativa para a inserção da Educação Ambiental como instrumento de análise social e método pedagógico.

Considerando o potencial identificado nas Manifestações Culturais para o tratamento da questão ambiental, recomendamos duas alternativas, viabilizando a operacionalização pelo ensino formal e não formal:

1 - Utilização das Manifestações Culturais no processo de sensibilização para a problemática ambiental – contribuir para a conscientização da opinião pública, veiculada pela relação ensino formal / não formal.

2 - Inserção das Manifestações Culturais nos currículos escolares para trabalhar Meio Ambiente como tema transversal – contribuir com a educação formal voltada à Educação Ambiental para a sustentabilidade.

Partindo do pressuposto de que as festas populares constituem cenários relevantes da vida social e palco das transformações culturais, podendo representar expressão da organização social ou transgressão da ordem vigente, o educador encontra, neste ponto de inflexão, um espaço para observar as mudanças ocorridas na sociedade no âmbito da cultura, ao longo da história, e compreender as complexas relações sociais que nelas se expressam, tanto desde o ponto de vista da dominação ou utilização mercantilizada de seus produtos, como desde o ponto de vista de manifestação cultural autenticamente sentida pelas camadas populares e de resistência cultural aos processos de homogeneização que nelas manifestam-se.

Grande parte das festas populares pode ser caracterizada como ritos estacionais ou fixados pelo calendário (Turner 1974). Para fins do presente trabalho, definimos os ritos fixados pelo calendário como uma potencialidade capaz de contribuir para o processo a ser desenvolvido pela Educação Ambiental.

Ao se referir aos ritos marcados pelo calendário, Turner os distingue como:

“aqueles que quase sempre se referem a grandes grupos e , em geral abrangem sociedades inteiras”, e “com freqüência são realizados em momentos bem assinalados dentro do ciclo produtivo anual, e atestam a passagem de escassez para a abundância, como na época dos primeiros frutos e nas grandes festas de colheita”. 

E conclui, os ritos regidos pelo calendário podem algumas vezes ser ritos de inversão de posição social. Festas profanas ou rituais fixados pelo calendário, o importante é o que elas podem representar ao admitir em sua temática o tratamento de questão ambiental numa dimensão crítica e transformadora.

A dimensão educativa das Manifestações Culturais, as festas populares mais especificamente, do ponto de vista do recorte epistemológico, coloca este trabalho como tema e problema no campo da Educação Ambiental. 

Levando-se em conta os diferentes marcos referenciais existentes, estamos propondo esta atividade que vai procurar contemplar a relação sociedade, cultura e meio ambiente, pelas potencialidades e problemas que conduzirão à uma estratégia de intervenção no sentido de promover a sensibilização da sociedade.

 

Para o desenvolvimento da atividade, é imprescindível a discussão de aspectos importantes na identificação de problemas e potencialidades na conjuntura sócio-ambiental, destacados a seguir:

1 - Aspectos importantes na identificação de problemas

- Formular os problemas sócio-ambientais como condição negativa que se deseja superar.

- Incorporar que um problema não é necessariamente uma ausência de solução, mas sim um estado negativo existente.

 

2 - Aspectos importantes na identificação de potencialidades.

- Formular as potencialidades sócio-ambientais como uma situação virtual positiva que existe, que se deseja manter, ou que se pretende construir.

- Incorporar que uma potencialidade não é necessariamente uma ausência de problema, mas sim um estado positivo virtualmente existente, uma disposição real, suscetível de se realizar.

Vamos mostrar a seguir algumas orientações que não devem ser interpretadas como modelo, mas como ponto de partida para um processo de construção:

 

Proposta de atividade

1 - Constitua uma equipe de trabalho para planejar uma estratégia de Educação Ambiental tendo por base as Manifestações Culturais, caracterizada por uma festa popular, local ou regional, que reúna uma parcela significativa da população, e permita a incorporação da temática do meio ambiente.

2 - Identifique as potencialidades presentes na manifestação cultural selecionada, quer do ponto de vista da sua produção ou dos seus produtores, de modo a incorporar o processo de sensibilização à população residente.

3 - Identifique os problemas envoltos no contexto da manifestação cultural selecionada, resultante da sua produção ou dos seus impactos provocados, considerando os fatores sociais, econômicos, políticos, culturais e ecológicos.

4 - Planeje uma estratégia de Educação Ambiental com base nas potencialidades e problemas levantados. Construa com esses elementos as etapas de intervenção para desenvolver o processo de sensibilização da população de modo a comprometê-la com a questão do meio ambiente.

5 - Necessário se faz identificar potencialidades e problemas no contexto das condições concretas de vida de seus protagonistas, dos conhecimentos de suas ideologias, seus valores e suas práticas sociais; cada comunidade comportará, portanto, especificidades que precisam ser consideradas.

Fonte: Portal Rebia

http://portal.rebia.org.br/cadastre-se/1401-rebia/3319-um-guia-para-elaboracao-de-projetos-em-educacao-ambiental