ESTUDO DA PRESENÇA DE CRISTAIS NA FOLHA DE FICUS BENJAMINA L. (MORACEAE) EM REALENGO, RJ.

 

Ana Carolina Silva de Oliveira¹, Letícia da Silva Inácio¹, Sonia Cristina de Souza Pantoja²

¹ Graduando em Ciências Biológicas. ² Professora convidada/Centro socioambiental do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

soniapantojarj@gmail.com

 RESUMO

 Ficus benjamina L. é uma espécie de planta da família Moraceae, a mesma da amora e do figo, popularmente conhecido como Figueira benjamim ou Figueira. Uma árvore muito encontrada e utilizada principalmente na decoração de ambientes internos e jardins. Apresenta propriedades antibacterianas e medicinais, embora suas folhas tenham uma seiva tóxica. O intuito para a elaboração do artigo foi analisar a morfologia foliar e a presença de cristais de oxalato de cálcio na comparação das fases jovens e adultas das folhas e em secções transversais e paradérmicas. Os resultados mostraram uma quantidade significativa dos cristais de drusas e cistólitos.

Palavras-chaves: Ficus benjamina L., cristais, oxalato de cálcio, secção.

            

            ABSTRACT

         “Estudo Anatômico Foliar de Ficus benjamina L. (Moraceae) em relação a  presença de cristais em jardins da Universidade Castelo Branco, em campus realengo, RJ”. Ficus benjamina L. is a plant species of the Moraceae family, the same as the blackberry and fig, popularly known as Figueira benjamim or Figueira. A very tree found and used mainly in the decoration of internal and gardens environments. It offers antibacterial and medicinal properties, although its leaves have a toxic sap. The order for the preparation of the study was to analyze the leaf morphology and the presence of calcium oxalate crystals in the comparison of young and adult stages of leaves and cross sections and paradermic. The results showed a significant amount of drusen and cystoliths crystals.


         Keywords:  Ficus benjamina L., crystals, oxalate of calcium, section.

 

INTRODUÇÃO


        Ficus benjamina L., popularmente conhecido como Figueira benjamim ou Fico-chorão, devido suas folhas serem pendentes. Essa espécie é nativa do sul e do sudeste da Ásia, considerada uma árvore oficial de Bangkok na Tailândia, podendo atingir até mais de 30 metros de altura e 40 de diâmetro. Além de ser incluída como árvore, possui variadas formas de crescimento, podendo apresentar categorias como arbustos, arbustos tropicais, árvores ornamentais, bonsai e cercas vivas. Deve ser cultivado a pleno sol ou meia-sombra, em solo enriquecido com matéria orgânica, evitando sua plantação em áreas que apresentam solo encharcado ou próximo de locais impróprios, como calçadas, ruas, muros e construções.

       O desenvolvimento das suas raízes ocorre de forma rápida em busca de nutrientes, causando destruições, sendo assim, em algumas cidades é proibido seu plantio. Essa árvore é muito utilizada como decoração em residências, escritórios e outros estabelecimentos, sendo considerada uma planta caseira ou de jardins. No entanto, deve-se ter todo um cuidado ao cortar seus ramos, uma vez que suas folhas possuem uma seiva leitosa, cujo princípio ativo é uma proteína altamente tóxica denominada toxalbumina, que em contato com a pele e mucosas desencadeia uma irritação, dermatite e sendo ingerida causa distúrbios digestivos, além de ser hemaglutinante (SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE, 2008).

        Essa Figueira floresce e frutifica durante a primavera. Suas folhas possuem um ciclo perene e não produzem semente por falta de polinizador. “A designação de Ficus benjamina por Carl von Linné é devida, talvez, ao uso da planta para a extração da resina benjoim ou goma benjamin, usada em incenso nas igrejas católicas”(MUSEU NACIONAL, 2016).

        Em estudos sobre suas propriedades medicinais, indicou-se que sua raiz seca com látex é eficiente contra a cárie dental, como também sua raiz seca é boa para o tratamento de problemas de fígado. Além disso, foi comprovado que extratos de suas folhas possuem ação antibacteriana, com mais eficácia nas folhas adultas quando comparadas com o extrato das folhas jovens. “O extrato proveniente de folhas adultas mostraram maior eficácia antibacteriana quando comparada com extrato de folhas jovens, de caules e sicônios (frutos) de outras espécies” (RESCHKE et al., 2007). Sendo assim, essa Figueira, possui características importantes e peculiares de serem observadas e estudadas.

        Os cristais formados em células  vegetais são encontrados no interior de  vacúolos ou, algumas vezes, nas paredes celulares. Os vacúolos são regiões dentro da célula delimitadas por uma membrana denominada tonoplasto. Além de possuir água, potássio, fósforo, sódio, cálcio e cloro, o vacúolo contém ácidos orgânicos, pigmentos, como as antocianinas, contendo também açúcares e aminoácidos no seu interior (SOUZA, 2014). Existem substâncias que podem se solidificar, como por exemplo, taninos e proteínas ou cristalizar-se, por exemplo, os oxalatos de cálcio, que possuem diferentes formas,  podendo ser drusas, prismáticos,   cistólitos, ou ráfides. “As inclusões de oxalato de cálcio são comuns e advém da combinação do ácido oxálico resultante do metabolismo com os íons cálcio absorvido pelos vegetais” (OLIVEIRA E AKISUE, 2009).

Estudos apontam que a formação desses cristais de cálcio, a partir do oxalato, poderia ser uma forma de eliminação, uma vez que, o oxalato de cálcio é um produto altamente tóxico do metabolismo da planta. Entretanto, o oxalato de cálcio é considerado benéfico em uma ou mais fases do ciclo de vida dos vegetais “(ARAUJO et al., 2012).  A presença de cristais está relacionada a uma adaptação dos vegetais contra herbivoria, balanço iônico e ao desenvolvimento do tubo polínico, servindo como fonte para a formação desta estrutura, visto que o crescimento deste requer gradientes intracelulares de cálcio” (MESSERLI et al. 2000; HOLDAWAY-CLARKE et al., 2003).


 

MATERIAL E MÉTODOS



        Foram utilizadas folhas na fase jovem e adulta de Ficus benjamina L., coletadas na Universidade Castelo Branco, campus realengo, onde há três árvores dessa espécie, com objetivo de analisar a concentração de cristais. Realizou-se secções transversais e paradérmicas em cada amostra com a utilização de lâmina de corte e bisturi. Logo após, colocamos na placa de Petri com água. Para a montagem da lâmina, retiramos as amostras da placa de Petri e colocamos na lâmina com duas gotas de água utilizando a pipeta de Pasteur. Em seguida, inserimos a lamínula sobre a amostra e colocamos óleo de imersão para microscopia, obtendo assim uma melhor visualização dos cristais presentes. A observação foi realizada em microscópio ótico com aumento de 40x e 100x e fotografados.




RESULTADOS


        O Ficus benjamina L. apresenta caule acinzentado e com raízes aéreas tabulares. Sua estrutura foliar apresenta pecíolo, uma filotaxia verticilada, com uma consistência membranácea, concolor, glabra e lisa, apresentando margem inteira, com forma básica aristada, possuindo um ápice acuminado e uma base obtusa, contendo uma nervura reticulada.


      

        Observou-se nas secções transversais, tanto da folha jovem (Fig.1) quanto da adulta (Fig.3) drusas. Na secção paradérmica da folha jovem (Fig.2), visualizamos pequenas drusas e nas folhas adultas, observamos drusas maiores e mais espalhadas (Fig.6), além da presença de cistólitos (Fig.4 e 5).

 

 


     

Figura 1. Folha jovem, secção transversal, apresentando Drusas (Dr).

                                         

       

   

Figura 2. Folha jovem, secção paradérmica, apresentando Drusas (Dr).

 

       


Figura 3. Folha adulta, secção transversal, apresentando Drusas (Dr) e  Estômatos (Est).

 

           

 Folha 4. Folha adulta, secção paradérmica, apresentando Cistólito (Cs).

 

 

Figura 5. Folha adulta, secção paradérmica, apresentando Cistólito (Cs). Podendo observar os detalhes de sua superfície.

 

 Figura 6. Folha adulta, secção paradérmica, apresentando Cistólitos (Cs) e Drusas (Dr).

No estudo realizado, os cristais observados foram cistólitos e drusas, não podemos afirmar se a quantidade é significativa para contribuir com o grau de toxicidade dessa planta que apresenta também uma seiva, no entanto, a presença dessas substâncias em conjunto causam irritações ao entrar em contato com a epiderme e mucosas e se ingerida por criança ou animal pode acarretar intoxicações e precisarão de imediato atendimento.

 

 CONCLUSÃO

        Com este estudo foi observado que em folhas jovens de Ficus benjamina L. apresentam cristais sob a forma de drusas, não foram observados cistólitos, na folha adulta em corte paradérmico foram encontradas drusas maiores e mais espalhadas e cistólitos. Atentamos para o fato deste vegetal ser tóxico e apresentar-se disposto em locais de fácil acesso para crianças e pequenos animais, sugerindo uma proteção impedindo seu acesso.

 

REFERÊNCIAS

MUSEU NACIONAL. Ficus benjamina no Museu Nacional/ UFRJ.  http://www.museunacional.ufrj.br/hortobotanico/paginas/arvoresearbustos/ficusbenjamina.htm. Dezembro 2016.

RESCHKE, A.; MARQUES, L.M.; MAYWORM, M.A.S. Atividade antibacteriana de Ficus benjamina L. (Moraceae), Rev. Bras. Pl. Med., Botucatu, v.9, n.2, p.67-70, 2007.

 

SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE. Ficus benjamina: ele é um perigo. Utinga/BA. http://meioambienteutinga.webnode.com.br/news/ficus-benjamina-ele-e-um-perigo/ dezembro de 2008.

ARAUJO, N.D. e AGRA, M.F. Morfoanatomia foliar de Ficus Subg. Urostigma (Gasp) Miq. (Moraceae) de ocorrência na Paraíba e revisão etnomedicinal de Ficus L. para o Brasil. DISSERTAÇÃO. UFPB. 2012.                                          

SOUZA, P.P.; VENTRELLA, M.C. e AZEVEDO, A.A. UNISANTA. Célula Vegetal.  TESE. UFV. 2014.

OLIVEIRA, F. de; AKISUE, G. Fundamentos de farmacobotanica e de morfologia vegetal. Editora Atheneu, 2009.

HOLDAWAY-CLARKE, T.L.; WEDDLE, N.M.; KIM, S.; ROBIA, A.; PARRIS, C.; KUNKEL, J.G. & HEPLER, P.K. Effect of extracellular calcium, pH and borate on growth oscillations in Lilium formosanum pollen tubes. Journal of Experimental Botany, 54: 65-72, 2003.


MESSERLI, M.A; CRETON, R.; JAFFE, L.F.; ROBINSON, K.R. Periodic Increases in elongation rate precede increase in cytosolic Ca2+ during pollen tube growth .
Developmental Biology, 222: 84-98, 2000.