Cátia Rosas

 

A MINHOCA NA AGRICULTURA

 

As características fisico-químicas e biológicas de um solo influenciam grandemente a qualidade final dos produtos alimentares provenientes da agricultura, pois as culturas agrícolas só poderão produzir em quantidade e qualidade se, além de condições climatéricas favoráveis, tiverem à sua disposição durante o período de crescimento, os vários nutrientes e fauna edáfica (minhocas, insectos,...) nas proporções adequadas, o que implica, em muitos casos, o recurso a fertilizantes químicos para aumentar a fertilidade do solo.

 

A lentidão de formação de húmus natural para restabelecer a fertilidade de um solo, o elevado custo dos fertilizantes químicos e a contaminação consequente das águas e solo, têm conduzido à procura de outros fertilizantes produzidos biologicamente. Uma das opções de melhoria da qualidade do solo passa pela aplicação, na terra, ou directamente junto às plantas, do húmus produzido pelas minhocas ou vermicomposto.


A minhoca ingere terra e matéria orgânica equivalente ao seu próprio peso e digere e expele cerca de 60% do que comeu sob a forma de excrementos (húmus), em muito menos tempo que a natureza. A minhoca recicla assim
restos de comida e outra matéria orgânica, devolvendo à terra cinco vezes e meia mais azoto, duas vezes mais cálcio, duas vezes e meia mais magnésio, sete vezes mais fósforo e onze vezes mais potássio do que contém o solo do qual se alimenta.

 

A importância das minhocas para a fertilização e recuperação dos solos já era reconhecida pelo filósofo  Aristóteles, que definia estes seres como "arados da terra", graças à sua capacidade de escavar os terrenos mais duros. Os antigos egípcios atribuíam poderes divinos às minhocas, protegendo-as por lei. A grande fertilidade do solo do vale do Nilo deve-se não só à matéria orgânica depositada pelas enchentes do rio Nilo, como também à sua humificação pelas minhocas que ali proliferam em enormes quantidades.

 

Animal extremamente útil para a agricultura e que passa quase todo o seu ciclo de vida debaixo da terra, a minhoca melhora as propriedades fisicas, químicas e biológicas do solo: perfura-o, formando galerias subterrâneas e descompacta-o.

 

Algumas das vantagens da utilização do húmus de minhoca como adubo natural incluem:

 

A vermicompostagem, isto é, a compostagem realizada quase exclusivamente por minhocas, surge como opção simples de reciclar os restos de resíduos alimentares (cascas, gomos,...) e de obter húmus com excelentes propriedades. Poupam-se recursos, preserva-se o ambiente, evita-se o uso desmesurado de fertilizantes sintéticos e aproveita-se para conhecer melhor este ser vivo.

 

Para além da produção de húmus, as minhocas podem também ser usadas como isco para a pesca e para produzir farinha, dado o seu elevado teor de proteínas (78%). Além disso, têm uso na medicina, pela sua grande capacidade de cicatrização e regeneração dos tecidos e também na farmacologia, no tratamento de bronquite, asma e hipertensão.

 

O comércio de minhocas como isco vivo tem sido o grande responsável pelo desenvolvimento da minhocultura (criação de minhocas) na maioria dos países criadores.

 

CARACTERIZAÇÃO

 

A minhoca é um animal invertebrado, aeróbio, pertencente à classe dos anelídeos, visto possuir um corpo segmentado em partes iguais; tem respiração cutânea (respira pela pele) e, apesar de hermafrodita (possui os dois sexos), a minhoca não se auto-fecunda, necessitando de outra minhoca para se reproduzir.

 

As minhocas, após atingida a maturidade sexual, reproduzem-se durante grande parte do ano, acasalando-se normalmente à noite durante 2 a 3 horas, na superfície do solo. Os óvulos fecundados são libertados no solo no interior de um casulo, dando origem cada um deles a uma minhoca. Oito minhocas adultas podem originar 1500 minhocas em 6 meses desde que as condições de humidade, oxigénio, luminosidade e nutrientes sejam favoráveis.

 

A boca da minhoca está situada na extremidade que fica mais perto do clitelo (a parte mais espessa do corpo) e como não tem dentes (não morde), só se pode alimentar de material de pequeno tamanho, amolecido pela humidade e pelos microorganismos. As minhocas são capazes de regenerar a cauda mas não a cabeça, ou seja, se uma minhoca tiver sido dividida em duas partes, apenas a parte que contém a cabeça regenera uma nova cauda.

 

As minhocas são saprófagas, isto é, alimentam-se de matéria orgânica morta, especialmente vegetais, que normalmente transportam para dentro das suas galerias.

 

As minhocas não possuem olhos, mas os seus fotoreceptores são sensíveis à luminosidade, particularmente à luz do sol. A epiderme que abriga as células fotoreceptoras possibilita à minhoca distinguir a luz diurna da nocturna, perceber pequenas vibrações, seleccionar alimentos e parceiros.

 

Estes saprófagos podem viver 5 anos ou mais, em condições favoráveis, e quando adultos pesam 1 g, podendo  chegar ao tamanho máximo (12 a 20 cm) aos 7 meses. Quando uma minhoca morre, o corpo é rapidamente degradado.

 

Agradecimentos: a Sandra Barbosa, Dir. Deptº Meio Ambiente, Brasil, pelos esclarecimentos prestados

 

 

 

 


VERMICOMPOSTAGEM

 

Tal como vimos em “A minhoca na agricultura”, a vermicompostagem ou compostagem realizada quase exclusivamente por minhocas, surge como opção simples de reciclar os resíduos alimentares e de obter húmus com excelentes propriedades para fertilização do solo, sem recurso a fertilizantes sintéticos, preservando o ambiente e aproveitando para conhecer melhor este ser vivo.

 

Este tipo de compostagem pode ser feita ao ar livre, no jardim ou no quintal, mas também no seu apartamento, caso não exista espaço exterior disponível para a compostagem tradicional. Este processo é apropriado para a produção de húmus, a partir de restos vegetais de cozinha, como alface, batata, cenoura, caroços de maçãs e cascas de fruta. Os frutos preferidos das minhocas são o melão e a melancia.

 

Existem milhares de espécies de minhocas, mas são poucas as espécies que proliferam em ambientes de alta concentração orgânica como na vermicompostagem. São criadas 3 espécies comercialmente: Eisenia Phoetida (minhoca vermelha da Califórnia), que se reproduz rapidamente, Lumbricus Rubellus (minhoca dos resíduos orgânicos) e Eudrilus Eugeniase (minhoca Gigante Africana), sendo as duas primeiras as mais utilizadas pelos criadores.

 

Se pretende fazer vermicompostagem deverá cumprir os seguintes passos:

  1. Escolha do local onde será instalado o vermicompostor (recipiente para minhocas)
  2. Escolha do vermicompostor
  3. Construção/Aquisição do vermicompostor
  4. Alimentação das minhocas
  5. Muda de cama e recolha do vermicomposto (composto originado na vermicompostagem e constituído pelos excrementos de minhocas)

 

1. Escolha local

 

O vermicompostor (recipiente para minhocas) deve ser colocado num sítio propício ao desenvolvimento das minhocas, ou seja, com as seguintes características:

-          Grau de humidade da cama das minhocas (material que providencia um ambiente húmido e arejado, propício ao desenvolvimento das minhocas, especialmente uma mistura de papel cortado em tiras finas humedecidas em água) em torno dos 30% (verificar regularmente)

-          Abrigado da luz, frio e calor (por exemplo em sítios frescos e à sombra): temperatura entre 16 e 22 ºC, podendo suportar até 30 ºC

-          Área levemente inclinada para evitar encharcamentos na época das chuvas (cuidado a ter para compostores ao ar livre)

-          Facilidade de acesso a água potável, energia eléctrica e matéria orgânica

-          Arejado

-          Solo com pH entre 5 e 9

-          Longe do barulho de máquinas

 

2. Escolha vermicompostor

 

A escolha do vermicompostor deve ser feita tendo em atenção a sua capacidade, adequada à produção de resíduos que pretende eliminar; ao espaço disponível; à durabilidade; à garantia e ao custo. Por exemplo, uma caixa construída em madeira não tratada apodrece em 4 ou 5 anos devido às condições de humidade necessárias para as caixas de minhocas; já as caixas em plástico durarão muito tempo se forem mantidas ao abrigo de luz solar.

 

Poderá construir manualmente o seu próprio vermicompostor ou adquiri-lo comercialmente, existindo diferentes tipos de vermicompostores:

 

*   Canteiros de alvenaria, os mais usados na criação de minhocas. Possuem um 1m de largura,  30 cm de altura e o comprimento desejado. O piso deve ser revestido de terra batida e o local deve ter um pequeno declive para evitar encharcamento.

 

*   Ninho box, que consiste em caixas suspensas em prateleiras, não necessitando de separar o húmus, pois as minhocas migram de uma caixa para outra. A área para a localização das caixas é pequena, há um melhor controle de produção e o combate aos inimigos é fácil e eficiente. Cada caixa tem 50 cm de comprimento, 25cm de altura e a parte inferior de cada caixa deve ter uma tela que só permita a passagem de minhocas para a caixa inferior.

 

*   Caixas de madeira, plástico ou vidro, a opção mais barata e que também ocupa pouco espaço. A caixa poderá ser uma gaveta velha ou um aquário que já não tenha uso, devendo ter cerca de 60 x 30 cm de base e 25 cm de altura.

 

Os vermicompostores devem ter uma grande superfície relativamente à altura, para melhor arejamento e distribuição de comida.

 

As minhocas usadas no ninho box ou nas caixas não são as mesmas que as encontradas nos jardins. Estas últimas, como necessitam de maior profundidade de solo, são adequadas à compostagem no exterior. As minhocas domésticas (de jardins) alimentam-se de matéria orgânica e de terra, pelo que podem ter no seu interior resíduos de fezes e outros sólidos. A sua importância está directamente ligada ao arejamento do solo para a agricultura ou para jardins e como alimento de pássaros, galinhas e pequenos animais. As minhocas vermelhas vivem próximo a superfície, sendo por isso mais adequadas para as caixas.

 

Para fazer compostagem doméstica não necessita de um composto. Se tiver um quintal basta amontoar o material que será compostado, dando-lhe a forma de uma pilha/pirâmide, com aproximadamente 2 m de diâmetro na base e pelo menos 1 m de altura. Pilhas de menores dimensões não aquecem o suficiente para que o processo de decomposição ocorra de forma adequada. Pode alternativamente escavar um buraco na terra com cerca de 60 cm de diâmetro e 25 a 40 cm de profundidade, onde irá colocar os resíduos orgânicos, que deverá cobrir de seguida com uma camada de terra ou folhas secas. Com o tempo, o material decompõe-se, tornando a terra mais rica em nutrientes.

 

A compostagem numa pilha acontece com ou sem minhocas, pelo que não precisa adicioná-las; além disso estas dirigem-se para a pilha sozinhas, principalmente se adicionar uma camada de café na base da pilha, que as minhocas gostam muito.

 

3. Construção do vermicompostor (tipo caixas de madeira, plástico ou vidro)

 

Para trabalhar com minhocas, sem as ferir, deve escolher ferramentas sem arestas vivas. Irá precisar dos seguintes utensílios:

o        Peneira ou coador, para obter o chá de composto (ler método balde)

o        Luvas de borracha, para manuseio de minhocas (protecção contra patogéneos)

 

Nota: quando expostas à luz ou prestes a secar, as minhocas libertam um líquido amarelo que pode cheirar a alho (não se trata de urina), para humedecerem o meio. Pulverize as minhocas com água enquanto está a trabalhar com elas para evitar a libertação do líquido.

 

Material para construção do vermicompostor

Caixa de plástico ou madeira, com tampa e cerca de 60 x 30 cm de base e 25 cm de altura

Berbequim e broca de 0,5-0,6 cm de diâmetro

Terra

Luvas

 

Procedimento

1. Forre uma mesa com jornal e calce luvas.

2. Com o berbequim faça vários furos no topo dos lados da caixa para haver ventilação e no fundo para evitar acumulação de água.

3. Junte 3 ou 4 chávenas de terra num canto da caixa para introduzir microrganismos benéficos que vão ajudar à digestão feita pelas minhocas, como bichos da conta, aranhas e centopeias. Pode alternativamente adicionar cama de minhocas de outra caixa que já esteja em actividade.

 

Para evitar o ataque de predadores de minhocas como galinhas, porcos, cães e outros, coloque telas de arame junto ao vermicompostor.

 

A dimensão dos orifícios deve ser suficientemente pequena para evitar a entrada de moscas, caso contrário, coloque uma rede nos orifícios para esse fim. Além disso, pode cobrir o leito com plástico pois as moscas da fruta podem ser um problema. Substâncias pegajosas, como as que são usadas para evitar que os insectos trepem pelas árvores de fruta, podem ser espalhados na base da caixa se as formigas se tornarem um problema.

 

4. Alimentação de minhocas

 

a) Coloque as minhocas (vermelhas da Califórnia) por cima da terra (ou da cama) do vermicompostor. No mínimo deverá ter ¾ de litro de minhoca por m2 e no máximo 4 litros ou junte 300 g de minhocas por cada kg de lixo produzido por semana.

b) Rasgue folhas de jornal em tiras de 1 a 2 cm de largura. Evite papel com tintas de cor porque os metais pesados são prejudiciais às minhocas e contaminam o composto.

c) Mergulhe as tiras rapidamente em água para as humedecer (não é recomendável que fiquem demasiado molhadas) e, em seguida, amarrote-as sem compactar demasiado.

d) Coloque comida junto das minhocas e cubra com as tiras amarrotadas e folhas secas. As minhocas não gostam de alimentos cozidos e sal nem de se alimentarem sempre do mesmo alimento.

e) Deixe a caixa de minhocas em repouso, sem adicionar comida durante 2 a 3 semanas, para que as minhocas se possam habituar ao novo ambiente e comecem a decompôr os restos de comida.

f) Após as semanas iniciais, adicione comida à caixa 3 ou 4 vezes por mês: afaste um pouco a cama e espalhe os restos de comida; cubra novamente com a cama.

 

Adicione tiras de jornal humedecido sempre que seja necessário manter a comida tapada ou o teor de humidade e evitar atrair moscas.

 

Feche a caixa com a tampa após cada operação de adição de minhocas, comida ou tratamento da cama.

 

5. Recolha do composto

 

Existem vários métodos para recolher o composto ou para renovar a cama (a renovação deve ser feita 3 a 4 vezes por ano) da caixa de minhocas, tais como:

 

Método da migração – arraste o conteúdo do vermicompostor para um dos lados da caixa. Na parte que fica vazia, coloque uma nova cama e adicione comida só a esse lado. Ao fim de algum tempo, as minhocas já migraram do composto para o lado fresco (1 a 2 semanas); este método é lento mas exige pouco trabalho, sendo o mais aconselhável para principantes. A adição de borras de café à cama nova acelelará o processo.

 

Método do balde – despeje todo o conteúdo do vermicompostor num balde e adicione um pouco de água fria. As minhocas não terão problemas durante 1 ou 2 minutos. De seguida, coe o conteúdo do balde para outro balde. O líquido coado, chá de composto, pode ser usado para regar as plantas, após diluição numa proporção de 1:10, substituindo os líquidos sintéticos. O chá de composto pode ser guardado em garrafas de plástico. As minhocas, a cama e a comida são colocadas de novo no vermicompostor.

 

Método da luz – faça pilhas do composto e incida uma luz forte por cima durante alguns minutos; ao sentirem luz, as minhocas movem-se para o interior da pilha, pelo que a parte mais superficial fica sem minhocas e pode ser retirada. Repita o processo até só ficar um bolo central de minhocas, que volta para o vermicompostor, com nova cama.

 

Método de separação manual – espalha-se o conteúdo do vermicompostor em cima de um plástico/folha de jornal. Colhem-se as minhocas até que a maior parte destas tenha sido separada do composto e adicionam-se à caixa de minhocas, já com a nova cama.

 

O composto separado deve estar à temperatura ambiente quando aplicado em plantas ou incorporado no solo. Uma boa forma de aplicar o composto no solo é dissolvê-lo em água. A solução deve ser preparada no momento da aplicação: encha uma garrafa com húmus até 1/3 do seu volume, com a ajuda do funil. Os outros 2/3 da garrafa devem ser preenchidos com água. Depois de agitar bem a mistura, o húmus dissolve-se e estará pronto para ser aplicado na irrigação das plantas.

 

Perda de actividade/fuga das minhocas

 

A existência de condições desfavoráveis ao desenvolvimento das minhocas, como: grandes ruídos (exemplo: trovoadas), falta de alimento, superpopulação, temperatura, pH e humidade da cama inadequados, pode conduzir à fuga das minhocas do vermicompostor (normalmente realizada à noite) ou a sua perda de actividade, que pode conduzir à morte. Algumas das soluções para estas perdas de actividade ou fugas podem ser consultadas na tabela 1.

Tabela 1 – Problemas, causas e soluções na vermicompostagem

Problema

Causa possível

Solução

Minhocas acumulam-se nas camadas superiores do minhocário; cama muito húmida

Excesso de água

Renove a cama; junte mais tiras de jornal secas e não adicione comida com muita água, como o melão

Minhocas acumulam-se no fundo do minhocário; cama muito seca (ou seja, se não escorrerem gotas de água ao espremer um punhado de matéria orgânica do canteiro)

Falta de água

Borrife a cama com água

Odores desagradáveis

Cama pouco arejada

Adição de comida em excesso

Interrompa a adição de comida e Revolva bem a cama                 Se tiver cebolas e bróculos, retire-os, pois estes não cheiram bem quando decompostos

Minhocas começam a comer os excrementos (que lhes são tóxicos)

Pouca comida

Cama precisa de ser mudada

Adicione comida                    Mude de cama

Excesso de resíduos no canteiro ou presença de moscas

Adição de comida em excesso

Interrompa a adição de comida e revolva o material

Cheiro a bafio

Alimentos difíceis de compostar, como carne, peixe, lacticínios e gorduras

Não ponha esses alimentos no canteiro

Aparecimento de moscas

Decomposição lenta

Ambiente ácido (excesso citrinos)

Corte os alimentos aos pedaços e dê comida variada                   Não exagere nos citrinos   Exponha o canteiro ao ar sem luz directa durante algumas horas Tire as minhocas e faça nova cama

 

 

Agradecimentos: a Sandra Barbosa, Dir. Deptº Meio Ambiente, Brasil, pelos esclarecimentos prestados

Cátia Rosas
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