ANÁLISE DA PERCEPÇÃO SOCIOAMBIENTAL RELACIONADA AO TEMA APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO.
Suéllen da Silva Pereira
Geógrafa – Analista Ambiental
UERJ- Rio de Janeiro, RJ CEP: 20550-900 – E-mail: suellensilvap@yahoo.com.br
Alfredo Akira
Engenheiro Civil – Professor Doutor UERJ
UERJ- Rio de Janeiro, RJ, CEP: 20550-900 E-mail:akira@uerj.br
Andrea Fernandes
Pedagoga – Professora Doutora CAp UERJ
CAp- UERJ, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 20261-232 E-mail: andreaf@uerj.br
Resumo: Nos dias atuais, é recorrente o tema sobre o racionamento e a crise pela falta de água em diversos lugares do país, um exemplo ocorreu em São Paulo. Diante deste cenário, o tema aproveitamento de águas pluviais vem se desenvolvendo, uma vez que, fica evidente a importância de criar fontes alternativas no uso deste recurso, como também de mobilizar as pessoas para que ajam de modo responsável e consciente. A escola é um espaço para sensibilizar os alunos, como também a comunidade do entorno sobre ações voltadas para o meio ambiente. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo realizar no Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ) uma pesquisa de percepção socioambiental através de aplicação do questionário sobre a água e seus usos com os alunos do 2º e 5º ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental, realizada com o auxílio do sistema de captação de águas pluviais instalado na quadra poliesportiva da instituição, no âmbito do projeto Manejo de Águas Pluviais – MAPLU aprovado pelo FINEP. O projeto tem como objetivo desenvolver soluções urbanísticas e ambientalmente adequadas para águas pluviais. Como resultado, foi possível observar que, os alunos do CAp-UERJ possuem conhecimento sobre o tema.
Palavras - Chaves: Percepção socioambiental, Captação de Águas Pluviais.
Introdução
O aproveitamento de águas pluviais é um tema que vem crescendo nos últimos anos. A distribuição desordenada da população no território, assim como a falta de uma gestão eficaz nas bacias hidrográficas contribui para o aumento de consumo da água, que é um recurso limitado e que possui uma função vital para o ambiente. Embora cerca de ¾ da superfície da Terra seja ocupada pela água, deste total 2,5% são de água doce e 20% encontram-se imediatamente disponíveis para o homem. Tem-se ainda em vista que, a distribuição da água não é realizada igualmente em várias regiões do mundo seja pela falta de um saneamento adequado ou até mesmo pela sua escassez (VIOLA, 2008).
A busca por fontes alternativas de água é uma forma de dispor da má distribuição em diferentes locais, evitando a dependência de uma única fonte de abastecimento baseada na retirada de água em rios, lagos e outras fontes.
De acordo com Ghisi (2006), a disponibilidade da água pode aumentar quando a água pluvial for considerada como disponível o que acarreta, de certa forma, na prevenção dos recursos hídricos. Entretanto, a conscientização para utilizar a água pluvial ainda é incipiente no Brasil, a região sudeste apresenta elevados índices de consumo de água que estão, praticamente, relacionados ao abastecimento urbano e industrial devido também, as suas grandes metrópoles.
Além dos abastecimentos industriais, de acordo com Tomaz (1998) as escolas também são grandes consumidores de água e ainda com maiores índices de desperdício. O consumo médio de água nas escolas varia em torno de 10 a 50 litros por dia por aluno e 210 litros dia por funcionários. É importante ressaltar que, além do consumo inadequado da água outro ponto a ser destacado é o valor econômico estipulado no valor da água tratada, assim como na manutenção dos sistemas prediais e aparelhos sanitários em edifícios e escolas, pois é realizada de maneira centralizada e por um número reduzido de profissionais não sendo, muita das vezes, medidas eficazes.
A conscientização dos consumidores é um fator tão importante quanto à manutenção adequada dos sistemas prediais adotadas na redução do consumo de água (YOSHIMOTO, 1999). Deste modo, a instituição de ensino pode ser utilizada como o espaço de conscientização já que apresenta dentre seus objetivos a formação para o meio social, dos modos culturais de ser, estar e agir dos alunos necessários à convivência e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade (FARIAS & MARACAJÁ, 2012).
Como experiência em utilizar a escola como espaço de conscientização, o pesquisador Scherer elaborou em seu estudo orientações para reduzir o consumo de água nas escolas públicas localizadas em meio urbano. Segundo Scherer (2004), existem três ações que podem ser empregadas para reduzir o desperdício da água; i) as sociais que envolvem práticas educativas; ii) as de utilização de tecnologia e; iii) as de ordem econômica.
Diante do cenário escolar, tem- se como estratégias de conscientização e sensibilização da comunidade escolar a Educação Ambiental realizada no ensino formal. Segundo Guimarães (1995), a Educação Ambiental deve apresentar uma nova dimensão a ser incorporada ao processo educativo de forma que todas as discussões sobre as questões ambientais e as consequentes transformações de conhecimento devam ser valorizadas e redigidas mediante as novas realidades. Como aponta Almeida (2009), a educação ambiental, com vistas à conscientização e sensibilidade para a sociedade poderá ser o meio incentivador ao uso racional dos recursos naturais, como no caso em questão a gestão dos recursos hídricos nas cidades. E ainda, de acordo com Almeida (2009), é necessário um emprego de uma metodologia na educação ambiental capaz de promover nas escolas um conhecimento integral das questões socioambientais e do uso consciente da água.
A realidade do consumo consciente da água apresenta a necessidade de uma avaliação pelo seu possível esgotamento. Por isso, é preciso promover junto à comunidade em geral e aos integrantes das escolas, práticas conservadoras de água por meio de atitudes mais eficientes no seu uso e aproveitamento, minimizando, consequentemente, o seu uso.
Neste intuito, o presente trabalho teve como objetivo realizar no Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp-UERJ) uma pesquisa de percepção socioambiental com os alunos do 2º e 5º ano dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental a partir da instalação na instituição, na quadra poliesportiva, em março de 2013 de um equipamento de captação de águas pluviais, responsável por armazenar, aproximadamente, 2.500 litros de água pluvial. O sistema foi desenvolvido no âmbito do Projeto MAPLU- Manejos de Águas Pluviais cujo objetivo é realizar soluções urbanísticas e ambientalmente adequadas de manejo de águas pluviais, visando à redução do impacto sobre o hidrograma de enchente, com especial atenção para a qualidade da água, o controle de vetores e a gestão de resíduos sólidos em bacias experimentais urbanas.
Metodologia
Para conhecer a percepção socioambiental dos alunos do 2° e 5° anos do Ensino Fundamental do CAp-UERJ foi desenvolvida uma metodologia que compreende as seguintes etapas: i) descrição da área de estudo, ii) pesquisa inicial iii) métodos de coletas de dados utilizados para conhecimento da percepção socioambiental.
I) Descrição da Área de Estudo
Como objeto de estudo, foi tomada a região de Rio Comprido (Figura 1), na qual se localiza o Instituto de Aplicação – CAp-UERJ, região central da cidade do Rio de Janeiro. O CAp-UERJ participa do Projeto Manejo de Águas Pluviais em Meio Urbano - MAPLU. Nesse projeto é que estão inseridas as investigações dessa dissertação de Mestrado, beneficiando-se, inclusive, da parceria estabelecida entre o CAp-UERJ e o Programa de Pós Graduação em Engenharia Ambiental da UERJ.
Figura 1 – Localização do CAp – UERJ.
O sistema de aproveitamento das águas pluviais (Figura 2) foi instalado no CAp-UERJ próximo a quadra poliesportiva. A água que escoa do telhado é direcionada por intermédio da calha para o reservatório
Figura 2 – Sistema de Captação de Águas Pluviais instalado no CAp-UERJ.
II) Pesquisa Inicial
Antes de iniciar o projeto de pesquisa na instituição de ensino, foram realizadas reuniões com os professores e coordenadores do CAp-UERJ para avaliar qual o melhor grupo que se adequaria com o objetivo do projeto. Nessa reunião foram utilizadas perguntas norteadoras que abrangeram os seguintes enfoques: i) Qual o grupo poderia ser trabalhado; ii) Qual a metodologia a utilizar; iii) Qual o conteúdo abordado pelos professores sobre a água, consumo e o sistema de captação das águas pluviais.
Depois de realizada a reunião com 15 professores dos anos iniciais, foi definida com base no plano de curso do CAp-UERJ que os alunos do 2º ano e do 5º dos Anos Inicias seria o grupo a participar da pesquisa. Não foram utilizadas outras turmas, pois o objetivo foi conhecer a percepção de um grupo que saiu recentemente da alfabetização e de outro grupo que deixaria os anos iniciais para continuar os seus estudos no Ensino Fundamental II.
Além das entrevistas com os professores, foi desenvolvida também como instrumento a observação participante, como forma de contribuir significativamente no conhecimento do grupo, demonstrando suas sensibilidades e formas de aprendizagem em sala de aula com os seus professores.
III) Métodos de coletas de dados
Para conhecer a percepção socioambiental dos alunos foi elaborado um questionário a partir do levantamento de estudos que utilizaram a mesma metodologia e tema.
Em seguida, foi realizada a etapa de consulta aos especialistas para auxiliar e verificar se as perguntas elaboradas atendiam a proposta técnica da pesquisa. A validação do questionário foi realizada para avaliar se o questionário elaborado estava no nível de conhecimento dos alunos e se as perguntas não apresentavam ambiguidade.
A validação do questionário foi baseada na metodologia Delphi na qual o questionário é elaborado com o auxílio de especialistas e é apresentado para um grupo de alunos (WRIGHT & GIOVINAZZO, 2000). A validação ocorreu com 16 alunos que não faziam parte da pesquisa. Como aponta Silva (2009), a validação do instrumento nessa pesquisa, o questionário, serve para evitar que uma mesma opção possa gerar diferentes significados ou análises. A validação é útil para que a linguagem utilizada no questionário fique mais próxima da linguagem dos alunos.
O questionário foi elaborado com 15 perguntas, compostas de múltipla escolha. Os resultados obtidos nessa validação foram satisfatórios e indicaram a necessidade de realizar pequenos ajustes no instrumento a ser adotado, de modo que uma pergunta foi modificada.
Resultado e Discussões
As metodologias adotadas trouxeram diferentes abordagens de resultados quantitativos e qualitativos, o que confere a pesquisa um maior conhecimento do grupo.
Na fase da pesquisa inicial, foi adotada a observação participante, instrumento utilizado para observar o grupo de alunos e conhecer as suas atitudes e perspectivas em sala de aula e a forma de trabalho conduzido com os professores, além de observar as especificidades de cada grupo. A observação foi realizada no período de um mês e meio em sala de aula, onde foi possível levantar diversos aspectos das turmas, conforme apresentado no Quadro 1.
Quadro 1 – Breve Descrição das três Turmas de 2º e 5º Ano dos Anos Iniciais
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Turma |
Idade |
N. Alunos |
Nº Turma |
Breve descrição das turmas a partir da perspectiva do observador |
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2º ano |
6 a 7 anos |
55 |
21 |
Os alunos que compõem as turmas são bem críticos e possuem boa capacidade de compreensão e interpretação de texto. São interessados, participativos e questionadores. Possuem conhecimento sobre o tema abordado. Os alunos do 5° ano têm um conhecimento maior sobre o tema, pois desde o Ano Inicial (1º ano) participam de outros projetos desenvolvidos no CAp-UERJ sobre a água. Destaca-se que as turmas de 5° ano já visitaram a CEDAE, órgão responsável pelo abastecimento e tratamento de água no estado do Rio de Janeiro. |
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22 |
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23 |
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5º ano |
10 a 11 anos |
46 |
51 |
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52 |
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53 |
A Figura 3 apresenta o desenho desenvolvido com os alunos de 5º ano depois de ter sido realizada a visita à CEDAE.
Figura 3 - Desenho da turma do 5º ano após a visita a CEDAE.
A observação participante foi utilizada também para embasar o questionário a partir do conhecimento prévio do grupo, por isso o acompanhamento teve curta duração.
Durante a observação realizada nas salas de aula do CAp-UERJ, foi possível analisar o desenvolvimento dos alunos, pois os mesmos participaram a todo momento de um processo dinâmico em sala de aula utilizando roda de leituras, desenhos, jogos educativos em que os alunos circulavam pela sala de aula, o que contribuiu significativamente para conhecer o grupo.
A Figura 4 apresenta um texto elaborado pelos alunos do 2º ano sobre o ciclo da água, de acordo com a concepção deles.
Figura 4 - Texto de um aluno do 2º ano sobre o ciclo da água
Cabe ressaltar que o texto acima retrata de um trabalho desenvolvido pela professora em sala de aula com os alunos, enquanto a pesquisadora estava realizando a observação participante. O texto está transcrito a seguir:
“Água Água primeiro vem a água.
Da montanha e vai pelo rio sobe para as nuvens e cail começa tudo de novo. Como a água fica azul. Primeiro a água começa transparente o reflesso do céu e do sol se juntam e água fica azul.[1]
Ao ler o texto escrito por um aluno do 2º ano conclui-se que esse aluno possui um conhecimento ampliado e aprofundado sobre a água e como se forma na natureza, além de apresentar uma boa linguagem de produção de texto para a sua faixa etária.
Existe uma diferença nos grupos: os alunos de 5° ano estão finalizando os anos iniciais e passarão por uma mudança no perfil de abordagem dos conteúdos, bem como na estrutura da oferta das disciplinas enquanto que os alunos do 2º ano ainda estarão nos anos iniciais. Mas, é importante ressaltar que, nessa etapa da pesquisa os dois grupos (2º e 5º) entendiam e estavam ou já haviam realizado projetos ou leitura de livros sobre o tema água.
No que se refere ao instrumento questionário, todas as respostas obtidas foram compiladas e organizadas em planilha Excel. Foram aplicados 101 questionários para os alunos de 2º e 5º ano (Tabela 1).
Tabela 1 - Número de alunos que responderam ao primeiro questionário
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Ano |
Nº de questionários |
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2º ano |
55 |
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5º ano |
46 |
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∑ |
101 |
O questionário foi elaborado com 15 perguntas estruturadas em quatro grandes blocos:
ü Pergunta 1 a 3 são referentes ao conhecimento geral sobre a água;
ü Pergunta 4 a 8 referentes à água pluvial;
ü Pergunta 10 a 13 abordam sobre o sistema de captação de água pluvial;
ü Pergunta 9, 14 e 15 são referentes ao consumo.
As perguntas realizadas no questionário são apresentadas a seguir na Tabela 2.
Tabela 2 – Perguntas elaboradas para questionário
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1)A água é um recurso que pode acabar? |
6)Você acha que a água da chuva pode ser utilizada? |
11)Há lugares que recolhem a água da chuva. Isso se chama captação de água da chuva. A captação e aproveitamento de água de chuva podem ser realizados por qualquer pessoa e em qualquer lugar? |
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2)Se você respondeu SIM à pergunta de n° 1, assinale como a água pode acabar |
7)Se você respondeu SIM à pergunta de n° 6, assinale como a água da chuva pode ser utilizada. Marque somente uma opção
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12)Você já viu um sistema que capta a água da chuva? |
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3)Onde você acha que o CAp- UERJ utiliza mais a água? |
8)Precisamos fazer algum tratamento na água da chuva antes de utilizar? |
13)Se você não conhece o sistema de captação de águas pluviais, você gostaria de conhecer? |
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4)A água da chuva é importante?
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9)O que é consumir água de maneira consciente? |
14)Quantos litros de água no total, você consome por dia? |
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5)Qual é a principal importância da água da chuva? Marque somente uma opção.
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10)O que é um sistema de captação de água da chuva? |
15) Quantos litros de água você acha que consome em uma descarga sanitária? |
Na pergunta de número 1, 98% dos alunos do 2º ano responderam que a água é um recurso que pode acabar, o mesmo ocorreu para os alunos do 5º ano quando 87% dos alunos marcaram esta opção (Figura 5). Este fato demonstra o conhecimento por parte dos alunos sobre a disponibilidade deste recurso.
Figura 5 – Resposta dos Alunos sobre “A água é um recurso que pode acabar?”
Seguindo para pergunta de número 2, a resposta obtida por grande parte dos alunos, não foi à esperada, pois 40 alunos do 2º ano responderam que a água pode acabar se deixar a torneira aberta. Algo similar ocorreu para o 5º ano, onde aproximadamente 1/3 dos alunos optaram por essa mesma resposta. O questionário foi aplicado em sala de aula e todas as perguntas foram lidas juntamente com os alunos, no entanto, as opções de resposta foram tendenciosas ao erro (Figura 6).
Figura 6 – Resposta dos Alunos sobre “Como a Água da Chuva pode Acabar?”
Na pergunta de número 3, os alunos do 2º ano marcaram duas opções mesmo sendo enfatizado, na hora de aplicação do questionário, que era apenas para marcar uma opção. Tanto os alunos do 2º ano, quanto os alunos de 5º ano responderam que o maior consumo no CAp-UERJ é na água consumida ao beber e também para a limpeza do pátio. Por conseguinte, os alunos responderam em maior parte que a água da chuva é importante para permanência de vida na Terra.
Figura 7 – Resposta dos Alunos sobre “Onde você acha que o CAp UERJ utiliza mais a água”?
Ao analisar a pergunta de número 4,5, 6 e 7 os alunos compreendem a importância da água da chuva como permanência de vida na Terra e que a mesma pode ser aproveitada, entretanto, a forma mais adequada alguns alunos não optaram pela resposta certa de uso para fins não potáveis.
Os alunos do 2º e também 5º ano compreendem que a água da chuva pode ser utilizada para diferentes fins, como, até mesmo em uma menor proporção para beber e cozinhar (Figura 8).
Figura 8 – Resposta dos Alunos sobre “Como a Água da Chuva Pode ser Utilizada”?
Na resposta seguinte (n°8), os alunos consideraram que a água da chuva precisa ser tratada. Por isso, muitos deles (85%) podem ter afirmado que a água da chuva pode ser consumida após tratamento. A pergunta 10 ajuda a confirmar o fato de que alguns alunos consideram que a água da chuva pode ser utilizada para beber, desde o momento em que aproximadamente 1/3 dos alunos do 2° e 5° ano optaram pela segunda alternativa que diz: “É um lugar que armazena a água da chuva para beber”.
Apesar da maioria dos alunos não conhecerem o sistema que capta a água da chuva (85%), eles sabem, de acordo, com a pergunta de número 10 que é um lugar que armazena a água da chuva e ainda despertaram o interesse em conhecer este sistema (nº13).
Compreendem também que o sistema de captação das águas pluviais não pode ser implantado por qualquer pessoa e que existe um lugar específico para instalar o equipamento.
No que se refere às perguntas relacionadas ao consumo, os alunos conhecem o conceito de consumo consciente (pergunta nº 9). Todavia sobre o consumo de água no total (nº4), assim como em uma descarga sanitária (pergunta nº15) foi obtido um valor no resultado, mas não é possível avaliar se este resultado expressa o que é realmente consumido pelos alunos, pois os mesmos apresentaram dificuldade ao responder. Além disso, tal informação é difícil de ser mensurada por alunos dos anos iniciais como até mesmo por adultos.
Esse fato é confirmado quando no momento de responder o questionário alguns alunos se expressaram: “Não faço a mínima ideia”. (Fala de aluno do 2º ano).
Conclusão
O desenvolvimento da pesquisa conseguiu alcançar o seu objetivo desde o momento em que foi possível obter o conhecimento sobre a percepção dos alunos do 2° e 5° ano do Ano Inicial, por intermédio de dois instrumentos; o quantitativo e qualitativo, a observação participante e o questionário contribuíram significativamente para os resultados positivos alcançados na pesquisa. A observação participante foi utilizada para acompanhar e conhecer o grupo a ser estudado, como também para gerar subsídios na elaboração do instrumento questionário. Com esta etapa concluída, foi realizada a segunda etapa, a de implementação do questionário cujos resultados foram satisfatórios, os alunos possuem domínio do tema água e seus usos, apenas não conhecem o sistema de captação de águas pluviais e valores detalhados relacionados ao consumo da água.
Referências Bibliográficas
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FARIAS M. F.; MARACAJÁ K. F. B. Projeto de educação ambiental em escolas na cidade de Currais Novos (Rio Grande do Norte, Brasil) como facilitador na relação da educação ambiental e o turismo 2012.
GHISI, E.; MONTIBELLER & A.; SCHMIDT, R. W. Potential for potable water savings by using rainwater: An analysis over 62 cities in southern Brazil, Building and Environment 41: 204-210. 2006.
GUIMARÃES, Mauro, 1995 A dimensão ambiental na educação. Campinas, SP: Papirus.
SCHERER F.A. & GONÇALVES. O.M, 2004. Uso Racional da água em escolas públicas: diretrizes para secretarias de educação. São Paulo. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP – Departamento de Engenharia da Construção Civil.
SILVA, Construção e Validação de um questionário de Atitudes frente às relações- Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências VII Enpec. Florianópolis 11p. 2009.
TOMAZ, P. Previsão de Consumo de Água – Interface das Instalações Prediais de Água e Esgoto com os serviços Públicos. Navegar Editora, São Paulo. 1998.
VIOLA, H. 2008. GESTÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS EM ÁREAS URBANAS – O Estudo de Caso da Cidade do Samba.
WRIGHT, J.T.C. & GIOVINAZZO,R.A. 2000. Delphi – Uma ferramenta de apoio ao planejamento Prospectivo. Caderno de Pesquisas em Administração. São Paulo. V. 01, nº 12, 2º trim.
YOSHIMOTO, P. M., GONÇALVES, O. M., Silva, S. M. N., OLIVEIRA, L. H. Implementação das ações de redução de consumo de água no Complexo Hospitalar – Hospital das Clínicas/SP. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, 20. 1999, Rio de Janeiro. Anais. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Engenharia Ambiental, 1999.