CARBONO E NITROGÊNIO NA BIOMASSA MICROBIANA EM LATOSSOLO AMARELO SUBMETIDO A DIFERENTES USOS E MANEJOS, EM IRAI DE MINAS – MG

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DE ALUNOS DA EJA DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE PALMAS-TO, SOBRE A CRISE HÍDRICA.

 

 

*Florisvardo Tavares Sousa

Mestre em Ciências do Ambiente pela Universidade Federal do Tocantins (UFT) – Professor de Biologia da Rede Estadual de Educação e Inspetor de Recursos Naturais do Instituto Natureza do Tocantins-NATURATINS. florisvardo@uft.edu.br       *Autor para correspondência.

 

Daniela Fernandes Garrido

Graduada em Administração e Marketing – Faculdades Objetivo

 

 

 

RESUMO

 

O presente trabalho teve o objetivo de avaliar a percepção ambiental de alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) da Escola Estadual Madre Belém do Município de Palmas-TO, sobre a crise hídrica que vem ocorrendo na região sudeste do Brasil. Foram aplicados questionários aos alunos do 9º Ano e 1ª Séries, a fim de avaliar os conhecimentos dos mesmos, referente à atual crise pelo qual vive a região sudeste do país, levando-os a refletirem sobre a importância da água, sua conservação e seu uso de forma consciente.

 

Palavras-chave: Água, Percepção Ambiental, Conservação, Crise Hídrica.

 

 

1. INTRODUÇÃO

 

A água é um recurso indispensável para a manutenção da vida em nosso planeta, possuindo múltiplos usos disponíveis, como abastecimento doméstico e industrial, de áreas agrícolas e urbanas, entre outros. No entanto, justamente por possuir ampla utilização, os recursos hídricos, infelizmente, acabam sendo muito degradados, provocando sérios prejuízos ao meio ambiente e diminuindo, consequentemente, a qualidade de vida existente (BACCI & PATACA, 2008).

Na história das civilizações fica evidente que a água sempre possuiu uma importância vital para o desenvolvimento cultural e econômico, pois de acordo com Rocha (1998), os povos antigos já tinham desenvolvido sistemas de irrigação, aquedutos, reservatórios, poços de água e galerias há aproximadamente 4.000 anos a.C., tanto que as grandes cidades, segundo Bustos (2003), se formaram e se desenvolveram próximas aos cursos de água, como por exemplo, a cidade do Cairo, à beira do rio Nilo, onde floresceu a civilização egípcia, e a cidade de Roma, que se estabeleceu à beiro do rio Tibre.

A água é o elemento fundamental para manutenção da vida, é também a substância mais abundante presente no planeta terra. Apesar de a água pertencer a um ciclo, ela não é um recurso infinito, como muitas pessoas pensam, a água potável está cada dia mais escassa em diversas partes do mundo, e sua falta aflige milhões de habitantes.

Atualmente a humanidade não tem percebido esta importância da água, que passou a não ser vista mais como um bem natural, e sim como um recurso disponível para exploração.  Passamos a usá-la indiscriminadamente, encontrando sempre novos usos, sem avaliar as consequências ambientais em relação à quantidade e qualidade da água.

Somada ao aumento populacional em escala mundial no último século, a intensidade da escassez aumentou em determinadas regiões do planeta, especialmente por fatores antrópicos ligados à ocupação do solo, à poluição e contaminação dos corpos de águas superficiais e subterrâneos. (BACCI & PATACA, 2008, p.211).

Há cerca de duas décadas, os ambientalistas têm alertado para o fato de a água doce ser um recurso escasso em nosso planeta. O Brasil passou a viver, a partir de 2014, os primeiros grandes focos daquilo que pode ser a maior crise hídrica de sua história. Com um problema grave de seca e também de gestão dos recursos naturais, o país vem apresentando níveis baixos em seus reservatórios em épocas do ano em que eles costumam estar bem mais cheios.  Neste começo de 2015, o Sudeste do Brasil tem uma clara percepção dessa realidade, em função da seca que o assola (PENA, 2015).

Buscar meios para, ao menos, amenizar essa situação, é algo que se faz extremamente urgente. É preciso trabalhar no sentido de que cada ser humano comece a ter atitudes das mais básicas, como evitar o desperdício ao lavar um prato, até evitar passar muito tempo jogando água nas calçadas ou mesmo lavando carros.

Para Neiderauer (2007, p.53), o fator essencial para a resolução do dilema água é a conscientização da sociedade em geral para uma educação ambiental. Essa preocupação deve constar no âmago da sociedade. Somente assim se poderá obter novamente o reequilíbrio ambiental, solucionando, ou pelo menos minimizando, um problema que tende a ficar cada vez mais grave num futuro próximo, apresentando-se desde já como uma das maiores ameaças do século XXI.

Através da educação pode-se reverter o alarmante quadro apresentado, trabalhando-se com os alunos, levando-os a refletirem sobre a importância da água, sua conservação e seu uso de forma consciente.

De acordo com Braga et al. (2003), é necessário educar para o ambiente, pois somente partindo de ações locais, de conscientização dos indivíduos como cidadãos inclusos na construção de uma nova sociedade é que podemos mudar o destino e amenizar problemas que assolam a humanidade. Sendo assim, a água é uma questão essencial.

A educação e os projetos nas escolas precisam favorecer a percepção e a avaliação das contradições locais, para que as transformações na sociedade se realizem por meio da construção do conhecimento, pois este é um fator primordial na gestão de conflitos entre culturas, comportamentos e interesses de grupos sociais (ROMERA & SILVA, 2004).

Portanto, o professor deve saber explorar o ambiente dentro do contexto local dos alunos para envolver o tema água e recursos hídricos, afim de que eles desenvolvam uma visão crítica e integrada dos fatores naturais e da intervenção.

Sob este ponto de vista, este trabalho foi desenvolvido com o intuito de levar aos jovens estudantes a situação atual que se encontra a região sudeste do país em relação a esse recurso natural tão necessário à sobrevivência, levando-os a refletirem sobre a importância da água, sua conservação e seu uso de forma consciente.

 

 

2. METODOLOGIA

 

2.1. LOCAL DA PESQUISA


 

A Escola Estadual Madre Belém está localizado na Quadra 604 Sul AI 06 – Plano Diretor Sul, na área urbana do município de Palmas, estado do Tocantins – TO.

De acordo com o Plano Político Pedagógico, a escola oferece o Ensino Fundamental dos anos finais, Ensino Médio Regular e Educação de Jovens e Adultos –EJA, Sala de Recursos e Sala de Apoio, com funcionamento nos três períodos (matutino, vespertino e noturno), totalizando em todas essas modalidades um número de 955 alunos.

 

 

2.2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

 

            A pesquisa foi realizada na Escola Estadual Madre Belém, localizada na área urbana do município de Palmas-TO, sendo aplicado um questionário semi estruturado, com questões objetivas e discursivas a 54 alunos de duas turmas de 1ª série do Ensino Médio e 24 alunos do 9º ano, ambas do turno noturno. A intenção da presente pesquisa foi a de compreender a percepção desses alunos sobre a crise hídrica que vem ocorrendo na região sudeste e sobre a importância da conservação da água para a vida.  A análise de dados foi feita através da organização dos dados obtidos em porcentagens, e representados em gráficos construídos em programa Excel.

            As questões levantadas no questionário, com opção de marcar foram as seguintes: 1 – Você tem acompanhado a crise hídrica na região sudeste? Sim ou não. 2 – Se sim, por qual meio de comunicação: televisão, jornal escrito/revistas, internet, outros. 3 – Qual o principal culpado por essa crise hídrica? Governo, sociedade, questão climática. 4 – Como se deve utilizar a água? Conscientemente ou gastar à vontade. 5 – A população em geral é consciente sobre o uso da água? Sim, não ou mais ou menos.  Como questões dissertativas foram apresentadas as seguintes questões: 1 – O que seria essa crise hídrica? 2 – Quais medidas devemos adotar para que não tenhamos o mesmo problema em nossa cidade?

 

 

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

            Com a aplicação do questionário foi possível identificar alguns aspectos, como a faixa etária dos 78 estudantes entrevistados que varia de 15 a 44 anos, sendo que 50% desses têm idade entre 18 a 21 anos. A distribuição por sexo é de 42,3% de alunos do sexo feminino e 57,7% do sexo masculino.

            Partindo para as análises dos questionários, a primeira questão, de cunho objetivo, estava relacionado ao acompanhamento dos noticiários sobre a crise hídrica na região sudeste do Brasil, mais especificamente nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Dos 78 alunos entrevistas, 69% afirmaram que tem acompanhado e 31% afirmaram que não tem acompanhado os noticiários sobre a crise hídrica (Figura 1).

 

Figura 1. Resposta dos alunos à pergunta:

 

Você tem acompanhado a crise hídrica na região sudeste?”

Fonte: Elaborado pelos autores

 

 

            Na questão sobre qual meio de comunicação os alunos têm acompanhado a crise hídrica, dos 69% que afirmaram na questão anterior acompanhar a crise hídrica, 64% dos alunos responderam que acompanham pela televisão, 27% pela internet e 8% acompanham por jornal escrito/revistas (Figura 2).

 

Figura 2. Resposta dos alunos à pergunta:

“Meio de comunicação pelo qual tem acompanhado a crise hídrica”

Fonte: Elaborado pelos autores

 

 

            Seguindo com os questionamentos aos alunos, a próxima pergunta investigou-se, de acordo com a percepção deles, qual o principal culpado pela crise hídrica. A maioria (47%), afirmaram ser a própria sociedade, seguido pelo governo (30%) e 23% responderam questão climática (Figura 3).

 

Figura 3. Resposta dos alunos à pergunta:

Qual o principal culpado por essa crise hídrica?”

Fonte: Elaborado pelos autores

 

            A próxima questão visou saber como se deve utilizar a água, alcançando um número, de certa forma esperado, de 98,7% uso consciente. Apenas 1,3% dos alunos questionados gastariam água à vontade (Figura 4). 

 

Figura 4. Resposta dos alunos à pergunta: Como se deve utilizar a água?

Conscientemente ou gastar à vontade”.

Fonte: Elaborado pelos autores

 

 

 

Na questão número 05, onde se pergunta sobre a consciência que a população é detentora quanto ao uso racional da água, 36,6% responderam categoricamente que a sociedade não cuida bem dos recursos hídricos, 36,6% dos alunos participantes responderam mais ou menos e 26,8% dos alunos responderam que sim, a população é consciente sobre o uso da água (Figura 5).  

 

Figura 5. Resposta dos alunos à pergunta:  “A população em geral

é consciente sobre o uso da água? Sim, não ou mais ou menos”

Fonte: Elaborado pelos autores

 

 

Partindo para as análises dos questionários, a primeira questão, de cunho discursivo, estava relacionada com o conhecimento do que seria essa crise hídrica. A maioria dos alunos possui um conhecimento básico sobre a crise hídrica. Mesmo que de forma sucinta, muitos relataram que é a “falta de água na região”, como em alguns exemplos selecionados a seguir:

 

Aluno da 1ª Série

 

 

Aluno do 9º ano

 

Aluno da 1ª Série

 

 

Na segunda pergunta discursiva, sobre quais medidas adotar para evitarmos a crise hídrica em nossa cidade, ficou perceptível que os alunos possuem uma noção básica sobre as medidas necessárias para a conservação do recurso hídrico. Muitos alunos responderam como uma das medidas “evitar o desperdício de água”. Outros exemplos de respostas:

 

Aluno da 1ª Série

 

Aluno da 1ª Série

 

 

Aluno do 9º Ano

 

 

            Este entendimento dos alunos com relação às medidas adotadas para a preservação dos recursos hídricos é um fator necessário para sua racionalização, pois de acordo com Niederauer (2007, p. 52), “consciência crítica e cidadania, por sua vez, estão intimamente ligadas à educação ambiental em todos os níveis”. Só assim será possível alcançar um uso mais sustentável da água.

 

 

4. CONCLUSÃO

 

Foi possível concluir através da análise dos questionários, que os alunos amostrados do 9º Ano e 1ª Série da EJA da Escola Estadual Madre Belém, possuem uma boa percepção sobre a crise hídrica e são conscientes quanto ao uso racional da água, as medidas para se conservar a água, isto é muito positivo, pois, se o futuro está nas mãos dos jovens e esses forem conscientes quanto à preservação dos recursos naturais, principalmente a água, a situação tenderá a melhorar.

Dentro do contexto escolar, os recursos hídricos não devem ser vistos apenas como rio principal e seus afluentes, mas sim como um sistema ecológico onde existem trocas de matéria e energia e uma dinâmica entre os seres vivos provocados principalmente pela água, considerando tanto as formas superficiais como o lençol freático.

Várias disciplinas podem usar os recursos hídricos como eixo condutor, construindo uma visão mais ampla no educando sobre a importância destes ambientes para a sobrevivência dos seres vivos e proporcionando o desenvolvimento de práticas escolares científicas.

Portanto, o professor deve saber explorar o ambiente dentro do contexto local dos alunos para envolver o tema água e recursos hídricos, afim de que eles desenvolvam uma visão crítica e integrada dos fatores naturais e da intervenção humana nos processos naturais.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BACCI, D. C. & PATACA, E. M. Educação para a água. Estudos avançados, v.22, n.63, p.211-226, 2008.

 

BRAGA, A. R. et al. Educação ambiental para gestão de recursos hídricos. Livro de orientação ao educador. Americana: Consórcio PCJ, 2003.

 

BUSTOS, M. R. L. A educação ambiental sob a ótica da gestão de recursos hídricos. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária. São Paulo, 2003.

 

NIEDERAUER, P. D. P. Educação ambiental como sustentáculo da gestão de recursos hídricos no Brasil. Monografia. Curso de Especialização: Educação Ambiental. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, 2007.

 

PENA, R. A. Escassez de água no Brasil. Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/escassez-agua-no-brasil.htm#. Acesso em: 01 abril 2015.

 

ROCHA, G. “A Construção do Sistema Paulista de Gestão de Recursos Hídricos”. Simpósio Internacional sobre Gestão de Recursos Hídricos. Gramado: ABRH. 1998.

 

ROMERA E SILVA, P. A. Água: quem vive sem? 2.ed. São Paulo: FCTH/CT-Hidro (ANA,CNPQ/SNRH), 2004.