Caracterizações morfológica e química da água de coco de cultivares de coqueiro

GERAÇÃO PER CAPITA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS NA ZONA URBANA DE MUNICÍPIOS DO VALE DO TAQUARI - RS

O. Konrad1*; G. R. da Silva2; A. C. Konrad3­; C. Hasan4; M. Marder5; N. P. Schmeier6

Centro Universitário UNIVATES, 95900-00, Lajeado-RS, Brasil.

 

1 Professor Dr. em Engenharia Ambiental e Sanitária. Email:okonrad@univates.br

2 Graduado em Engenharia Ambiental. Email: guirstk@gmail.com

3 Graduada em Direito. Email: anamajolo@universo.univates.br

4 Acadêmica em Engenharia Ambiental. Email:chasan@univates.br

5  Acadêmica em Engenharia Ambiental. Email:mmarder@universo.univates.br

6  Graduada em Engenharia Ambiental. Email:naraschmeier@gmail.com

 

RESUMO

O tratamento de resíduos sólidos domésticos tem sido um assunto amplamente discutido, uma vez que grandes volumes são gerados fazendo-se necessário um gerenciamento adequado destes. Este estudo buscou avaliar a geração per capita diária de resíduos em dez municípios do Vale do Taquari com mais de 50% da população residente na zona urbana. A geração per capita diária corresponde à massa de resíduos gerada por habitante e é um importante dado para a gestão dos resíduos sólidos nos municípios. Constatou-se que a média de geração per capita de resíduos dos municípios avaliados foi de 0,64 kg/hab. dia.

PALAVRAS-CHAVE: Coleta, Gestão, População.

IntroduÇãO

O tratamento de resíduos sólidos domésticos tem sido um assunto amplamente discutido, uma vez que grandes volumes são gerados fazendo-se necessária uma gestão adequada. De acordo com Campos (2012), a caracterização e a geração per capita de resíduos sólidos varia de acordo com o desenvolvimento econômico de um país, o poder aquisitivo e o consumo da população.

Nas últimas cinco décadas houve uma exploração descontrolada de diferentes tipos de recursos naturais devido à rápida urbanização, a industrialização e as mudanças no modo de vida (SINGH, R. P., et al., 2011). Nesse sentido, Silva, Barbieri e Monte-Mór (2012), discorrem que a geração de resíduos é uma questão que se inicia dentro dos domicílios e é transferida para o espaço público, podendo tornar-se um problema ambiental de grandes proporções.

A gestão adequada dos resíduos sólidos domésticos, quando aplicada, reduz a contaminação de solos e recursos hídricos, podendo gerar energia através do aproveitamento do biogás, além de poupar matérias-primas. Os resíduos sólidos domésticos quando não tratados, podem apresentar risco à saúde das populações, promovendo a dissipação de chorume e outros líquidos agravantes no solo causando a sua contaminação e de recursos hídricos (LINO, F. A. M.; ISMAIL, K. A. R., 2012).

Oliveira et al. (2004) comenta que o homem está constantemente inovando, criando novos produtos que lhe confiram conforto e bem-estar, desse modo a exploração e transformação dos recursos naturais aumentam e como consequência, maiores volumes de resíduos são gerados. Os autores ainda enfatizam o viés econômico, pois a geração de resíduos está diretamente ligada ao estágio de desenvolvimento de uma dada região.

Tendo-se o conhecimento do montante de resíduos domésticos gerados por uma comunidade e o número de pessoas que a compõem é possível calcular a geração per capita diária (massa de resíduos gerada por habitante por dia). Esse valor é uma ferramenta importante na gestão adequada dos resíduos domésticos e é por meio deste que uma série de planejamentos podem ser efetuados, como a educação ambiental para redução na geração de resíduos, a organização da coleta, e melhores alternativas de destinação final dos resíduos. Além disso, estudos sobre geração per capita de resíduos sólidos possibilitam gerar informações que possam servir como comparativo de valores em outros locais, ou auxiliar na gestão dos resíduos sólidos domésticos em municípios que ainda não tenham realizado estudos desse gênero.

Partindo dos pressupostos acima apresentados, o objetivo do trabalho foi avaliar a geração per capita diária de resíduos sólidos domésticos produzidos pela população urbana de dez municípios do Vale do Taquari-RS.

Materiais e métodos

Foram avaliados dez municípios pertencentes ao Vale do Taquari, região central do Estado do Rio Grande do Sul composta por 36 municípios e 334.438 habitantes, abrangendo uma área de 4.826,7 km² (FEE, 2015).

Como critério de avaliação, selecionou-se municípios com população predominantemente urbana – acima de 50% dos habitantes residindo na zona urbana, uma vez que a coleta de resíduos no meio rural, normalmente, se dá de forma esporádica e insuficiente, sendo coletado volumes irrisórios, majoritariamente de resíduos recicláveis.

O número de habitantes dos municípios avaliados variou de 3.697 a 71.445 (IBGE, 2015), totalizando 191.260 habitantes residentes na área urbana dos dez municípios.

As informações a respeito da geração de resíduos domésticos em cada município foram obtidas por meio de contato junto às administrações públicas. Sob posse dos valores médios de pesagem da coleta mensal dos resíduos domésticos na zona urbana dos municípios e a população desta zona, procedeu-se com o cálculo da geração diária per capita de resíduos sólidos domésticos.

 Para o cálculo da geração per capita diária dos resíduos sólidos domésticos calculou-se a razão entre o valor de resíduos coletados mensalmente e o número médio de dias em um mês (30 dias). O valor resultante, equivalente à coleta diária de resíduos sólidos domésticos, foi dividido pelo número de habitantes da zona urbana dos municípios, a fim de obter-se a informação da quantidade diária de resíduo doméstico que cada habitante produz.

A Tabela 1 apresenta os dados da população total, urbana, resíduos coletados durante um mês e a geração per capita de resíduos sólidos urbanos.

Tabela 1: Dados da população total, urbana, resíduos coletados durante um mês e a geração per capita de resíduos sólidos urbanos

Resultados e discussão

A geração per capita de resíduos sólidos domésticos encontrada nos municípios do Vale do Taquari avaliados, está ilustrada na Figura 1.

 

Figura 1: Geração per capita de resíduos sólidos domésticos de cada município avaliado

 

De acordo com os resultados obtidos através do levantamento de dados, a geração per capita de resíduos domésticos variou de 0,46 kg/hab.dia a 0,73 kg/hab.dia, com desvio padrão de ±0,09.

Analisando-se os dados estatisticamente, através do coeficiente de correlação de Pearson, que mede o grau de correlação entre duas variáveis, e relacionando-se o valor per capita obtido com o número de habitantes, verificou-se que a correlação entre estas duas variáveis é moderada (ρ=0,43), indicando que não necessariamente dependem linearmente uma da outra. Ou seja, o fato de alguns municípios serem menos populosos que outros não indicou uma menor geração per capita de resíduos nestes.

Avaliando valores de geração per capita de resíduos sólidos urbanos obtidos em estudos de outros autores, também se verificou baixa correlação entre os dados de geração per capita e população. Franco (2012), analisou um grupo de 20 municípios de até 20.000 habitantes, onde a média de geração per capita foi de 0,44 kg/hab.dia; Lange et al. (2002) encontrou um valor semelhante de 0,47 kg/hab.dia, porém para uma população de apenas 3.000 habitantes, já Albertin et al. (2010) averiguou uma geração de superior de 0,53 kg/hab.dia em uma população menor, de 2.335 habitantes.

Estudos anteriores realizados no Vale do Taquari por Konrad, Casaril e Schmitz (2010), encontraram uma média de 0,60 kg/hab.dia como geração per capita de resíduos domésticos de um município de 72.208 habitantes e 0,51 kg/hab.dia em um município de 28.098 habitantes (KONRAD, 2002).

A razão entre o valor de resíduos gerados diariamente pelos dez municípios e a população urbana correspondente, indicam uma geração per capita média de resíduos sólidos domésticos de 0,64 kg/hab.dia. Somando-se as populações urbanas dos dez municípios avaliados e pensando-se como uma única unidade populacional de 191.260 habitantes, é possível compará-la a outros estudos em municípios de população semelhante. Como exemplo, tem-se o estudo de Barros Júnior, Tavares e Barros (2003), que investigando um município de 289.000 habitantes, obtiveram a informação de que cada habitante gerava diariamente 0,84 kg de resíduos domésticos, já Ramos (2005) encontrou uma geração per capita de 0,70 kg/hab./dia para uma população de 228.673 habitantes.

Percebe-se que a média de geração per capita de resíduos sólidos domésticos do Vale do Taquari está um pouco abaixo das médias obtidas nos estudos referidos. Estes dados mostram que cada região ou determinado grupo de municípios apresenta características socioculturais e econômicas peculiares que influenciam na geração per capita de resíduos. De acordo com Godecke et al. (2012), a quantidade de resíduos sólidos produzidos pelas populações está relacionada não somente ao poder aquisitivo da população, refletido na capacidade econômica de consumir, mas também com os valores e hábitos de vida.

ConclusÃO

O estudo apresenta um panorama geral sobre o comportamento da geração per capita de resíduos sólidos domésticos em municípios com características distintas, porém pertencentes à mesma região. Embora a geração per capita tenha variado de 0,46 kg/hab.dia a 0,73 kg/hab.dia e o número de habitantes tenha variado de 3.697 a 71.445, não houve uma correlação linear entre estas duas variáveis, indicando que este tipo de avaliação é muito peculiar em cada município. Atribuindo-se, por exemplo, como fatores decisivos nesta avaliação, os hábitos de consumo, que são específicos de cada comunidade e os fatores socioeconômicos, sugerindo-se que mesmos sejam considerados avaliados de forma mais detalhada em outros estudos.

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