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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS: POSSIBILIDADES A PARTIR DA INTERDISCIPLINARIDADE E DA CONTEXTUALIZAÇÃO

 

Eline Matos Martins1; Genésio Tâmara Ribeiro2; Marlécio Maknamara da Silva Cunha3

 

1Aluna de doutorado da Escola Nacional de Botânica Tropical/Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Mestre em Ciências (UFRRJ/2009) e Licenciada em Ciências Biológicas (UFS/2007). Endereço para contato: Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão, 915, Jardim Botânico. CEP: 22.460-030 – Rio de Janeiro, RJ- Brasil. Email: elinemartins@jbrj.gov.br

2Professor Associado do Departamento de Ciências Florestais, da Universidade Federal de Sergipe. Doutor em Entomologia (UFV/ 2001), Mestre em Ciências Florestais (UFV/1999) e Engenheiro Florestal (UFV/1975). Endereço para contato: Universidade Federal de Sergipe, Departamento de Ciências Florestais, Av. Marechal Rondon, s/n, CEP: 49.100-000 – São Cristóvão – SE. E.mail: gribeiro@ufs.br

3Professor Adjunto do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, lotado no Departamento de Práticas Educativas e Currículo. Doutor em Educação (UFMG/2011), Mestre em Educação (UFPB/2005) e Licenciado em Ciências Biológicas (UFC/2002). Endereço para contato: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Educação, Departamento de Práticas Educativas e Currículo. Av. Senador Salgado Filho, 3000, Lagoa Nova. CEP.: 59072-970 - Natal, RN - Brasil. E-mail: escrevequeeuleio@yaho.com.br

 

Resumo

A presente pesquisa foi desenvolvida junto a docentes de três escolas públicas em Sergipe, com o objetivo de analisar a educação ambiental no ensino de Ciências a partir das idéias de interdisciplinaridade e de contextualização dos seus professores. Para tanto, professores de Ciências foram entrevistados por meio de um questionário contendo perguntas abertas, utilizando-se a temática da vegetação ciliar como meio de encaminhamento das questões e obtenção das respostas. Os resultados mostraram que todos os professores, apesar de abordarem a temática da mata ciliar, a qual faz parte da realidade local, o fazem com um caráter preservacionista e sob a forma de uma educação ambiental não-integrada ao ensino de Ciências. Esta forma de abordagem demonstra uma visão fragmentada da referida questão ambiental e a falta de conexão com o ensino de Ciências.

Palavras-chave

Meio ambiente; ensino fundamental; consciência ambiental; conservação ambiental; vegetação ciliar.

Introdução

A crise ambiental, ora vivenciada na contemporaneidade, vista como um sintoma da crise da cultura ocidental tem engendrado uma ampla investigação a respeito dos valores que sustentam nossa cultura. Estes valores muitas vezes não estão no nível mais imediato da consciência, mas se encontram profundamente reprimidos ou recalcados por meio de um longo processo histórico (GRÜN, 2002).

A filosofia racionalista introduzida por Descartes no século XVII evidenciou uma visão puramente mecanicista da natureza, a qual figura completamente à mercê da exploração humana (ANDRADE, 2001). A partir dessa visão mecanicista, a natureza é objetificada e os seres humanos não se consideram mais como parte integrante dela. Essa dicotomia constitui a base da educação moderna e consiste num dos principais entraves para a promoção de uma educação ambiental realmente profícua.

A educação ambiental tem o importante papel de fomentar a percepção da necessária integração do ser humano com o restante da natureza e, como processo pedagógico, precisa fazer uma crítica à fragmentação do conhecimento, considerando-a um dos fatores que contribuem para a falta de percepção ou de dificuldade de construção de uma racionalidade ambiental (ROSA & PHILIPPI, 2001).

A educação, ao trabalhar com questões ambientais, não se deve reduzir ao ensino ou à defesa da ecologia. E sim ser encarada como um processo voltado para a apreciação da questão ambiental sob sua perspectiva histórica, antropológica, econômica, social, cultural e ecológica, enfim, como educação política (OLIVEIRA, 2000). Sendo assim, como devemos abordar as questões ambientais de forma não fragmentada, não reduzida a conteúdos ecológicos e articuladas com todos os aspectos sociais, econômicos, culturais (entre outros) do problema ambiental?

            Para Reigota (1998), a educação ambiental está muito vinculada ao método interdisciplinar. Segundo Silveira (2000), a complexidade e pluralidade da questão sócio-ambiental exigem abordagens múltiplas, como diálogo e interdisciplinaridade.

Por outro lado, o que é interdisciplinaridade?

A interdisciplinaridade consiste em um trabalho em comum tendo em vista a interação das disciplinas científicas, de seus conceitos, diretrizes, de sua metodologia científica, de seus procedimentos, de seus dados e da organização de seu ensino (JAPIASSU, 1991). No contexto da sala de aula, a prática da interdisciplinaridade implica na vivência do espírito de parceria, de integração entre teoria e prática, conteúdo e realidade, objetividade e subjetividade, ensino e avaliação, meios e fins, tempo e espaço, professor e aluno, reflexão e ação, dentre muitos dos múltiplos fatores que integram o processo pedagógico (LÜCK, 1997).

Vale ressaltar que “uma prática docente se configura como interdisciplinar, também, quando cada professor, em sua individualidade, aponta o conhecimento que trabalha para a direção de outros campos disciplinares e de conhecimento” (SILVA CUNHA, 2006, p. 76).

Segundo as recomendações da Conferência Intergovernamental em Educação Ambiental realizada em Tbilisi, no ano de 1977, para a efetivação das funções da educação ambiental, esta deveria, além de analisar os problemas de forma interdisciplinar e globalizadora, suscitar uma vinculação mais estreita entre os processos educativos e a realidade, estruturando suas atividades em torno dos problemas concretos que se impõem à comunidade (DIAS, 1994). Tais prescrições, portanto, trazem à tona a importância das noções de interdisciplinaridade e contextualização para os processos de planejamento e execução de práticas pedagógicas dentro de uma perspectiva ambientalista.

Acerca da abordagem de conteúdos que contemplem a realidade do aluno, Reigota (1998, p. 35) escreve que:

 

A educação ambiental não deve estar baseada na transmissão de conteúdos específicos, já que não existe um conteúdo único, mas sim vários, dependendo das faixas etárias a que se destinam e dos contextos educativos em que se processam as atividades. O conteúdo mais indicado deve ser originado do levantamento da problemática ambiental vivida cotidianamente pelos alunos e que se queira resolver. Este levantamento pode e deve ser feito conjuntamente pelos alunos e professores.

 

            A estratégia da resolução de problemas ambientais locais busca uma aproximação do vínculo entre os processos educativos e a realidade cotidiana dos educandos. A ação local representa a melhor oportunidade do enfrentamento dos problemas ambientais, pela compreensão da complexa interação dos aspectos ecológicos com os político-econômicos e socioculturais da questão ambiental (Layrargues, 2001). Por outro lado, para Libâneo (2005), o trabalho docente deve ser contextualizado histórica e socialmente, isto é, articular ensino e realidade. Isso significa saber qual a importância de determinados conteúdos, métodos e outros eventos pedagógicos, no conjunto das relações sociais vigentes.

            Portanto, é possível afirmar que para a realização eficiente de uma educação ambiental em sala de aula, os professores devem agir de forma interdisciplinar e contextualizada, de modo a superar o ensino fragmentado e ajudar a formar cidadãos conscientes da sua realidade cotidiana. E, assim, poderem agir de forma preventiva aos possíveis problemas ambientais ou resolverem as questões já existentes.

            Deste modo, no intuito de analisar as idéias, de professores de Ciências, sobre interdisciplinaridade e contextualização, como subsídios a uma educação ambiental, a presente pesquisa se propôs a utilizar a temática da vegetação ciliar como caminho para obter tais idéias.  Esta temática faz parte da realidade dos sujeitos participantes desta pesquisa, o que favorece uma abordagem interdisciplinar e contextualizada, conforme requerido pela educação ambiental.

Procedimentos Metodológicos

A pesquisa foi realizada em três escolas públicas municipais em Sergipe. Estas foram escolhidas com base em sua localidade, tendo como critério a proximidade da vegetação ciliar, a qual foi parcialmente destruída e, desde 2003, está sendo recuperada. Participaram da pesquisa seis professores. Cinco deles lecionam a disciplina Ciências, no ensino fundamental. O outro ensina História, porém, foi entrevistado por ter participado ativamente dos eventos realizados nas escolas sobre o tema meio ambiente, em momentos anteriores a esta pesquisa. Mesmo sabendo que a educação ambiental deve ser feita de forma interdisciplinar, a pesquisadora optou por entrevistar preferencialmente professores de Ciências, somente pelo fato da sua formação ser na área das Ciências Naturais.

Os dados da pesquisa foram coletados por meio de um questionário contendo perguntas “abertas”. Estas buscavam conhecer o perfil do professor (sua jornada de trabalho, formação profissional, quando concluiu a formação e há quanto tempo leciona) e suas idéias sobre interdisciplinaridade e contextualização.

Os questionamentos não foram feitos de maneira direta: na primeira pergunta foi abordada a interdisciplinaridade, porém sem utilizar este termo. Nas demais, a mata ciliar foi usada como eixo temático de discussão para, assim, obter-se respostas sobre interdisciplinaridade e contextualização.

Procurou-se depreender das respostas como os professores relacionam o ensino de Ciências e a educação ambiental, segundo a classificação feita por Amaral (2001): educação ambiental como apêndice, como eixo paralelo ou como eixo integrador do ensino de Ciências.

Quando, no ensino de Ciências, o ambiente é abordado como complemento dos tópicos do conteúdo programático convencional, a educação ambiental é desenvolvida como apêndice daquele ensino. O ambiente será o ponto de chegada do ensino e sendo tomado como:

 

ilustração dos conceitos ensinados (por exemplo, citar animais carnívoros ao estudar a cadeia alimentar); ou como campo de aplicação da teoria (por exemplo, apresentar a circulação atmosférica após estudar ciclos convectivos); ou como tópicos de conhecimento que ressaltam os distúrbios ambientais relativos ao conteúdo estudado (por exemplo, tratar de poluição da água, após estudar a hidrosfera); ou como acervo de recursos naturais (por exemplo, tratar de recursos minerais, após estudar solos e rochas) (AMARAL, 2001, p. 89).

 

            No desenvolvimento da educação ambiental como eixo paralelo, esta é praticada sob a forma de projetos que tomam a realidade como ponto de partida e, às vezes, de chegada. Os conteúdos típicos do ensino de Ciências são abordados na forma tradicional, ou seja, de forma teórica e pouco associada à realidade. Já os conteúdos considerados ambientais pelos professores são abordados pelos projetos, porém de forma paralela e não interligada com os demais assuntos. Essa forma de abordagem demonstra a idéia de que os conteúdos abrangidos tradicionalmente em sala de aula são de outra dimensão, não-ambientais e hierarquicamente superiores (SILVA CUNHA, 2005).

            Na educação ambiental como eixo integrador do ensino de Ciências, este é concebido como a própria educação ambiental, pois não há distinção entre conteúdos programáticos convencionais e ambientais, e o ensino é feito a partir de uma abordagem que parte do cotidiano do aluno e de suas concepções e experiências prévias sobre o assunto (SILVA CUNHA, 2005).  Segundo Amaral (2001, p.91), nessa abordagem “toma-se o ambiente como tema gerador, articulador e unificador, programático e metodológico de todo o currículo de Ciências”.

            Além da relação ensino de Ciências e educação ambiental, buscou-se observar nas respostas dos professores, a existência de um enfoque somente preservacionista na abordagem da temática ambiental local. Esta redução da questão ambiental unicamente ao caráter da preservação mostra, segundo Reigota (2004), uma visão fragmentada e reducionista dos assuntos ambientais, pois o professor não enxerga os outros inúmeros temas a esses vinculados.

Resultados e Discussão

Todos os professores entrevistados demonstraram uma visão fragmentada da questão ambiental, o que pôde ser percebido devido, principalmente, ao enfoque somente preservacionista dado a esta temática. A utilização de uma questão local, no caso a Mata Ciliar, nas aulas de Ciências, é vista pelos professores somente de forma paralela ao ensino de Ciências. No quadro 1 é exposta uma síntese com os principais resultados obtidos nesta pesquisa.

 

Quadro 1: Síntese dos resultados encontrados nesta pesquisa na entrevista com os professores A, B, C, D, E e F.

 

INTERDISCIPLINARIDADE

 

CONTEXTUALIZAÇÃO

 

EDUCAÇÃO AMBIENTAL (EA) E ENSINO DE CIÊNCIAS

     A

Visão multidisciplinar. Propõe a abordagem de temas comuns a dois ou mais professores, segundo a linguagem e a metodologia da sua disciplina. Abordagem somente com intuito preservacionista.

Remete a responsabilidade da abordagem de problemas ambientais ao poder público. Demonstrando nitidamente que esses não fazem parte da esfera escolar.

Abordagem da EA como atividade paralela ao ensino de Ciências.

 

 

B

Indica que os assuntos relacionados à vegetação ciliar só começam a ser trabalhados a partir da 4a série. E a partir desta, pode-se usar esse tema para conscientizar os alunos sobre a importância da preservação.  Abordagem preservacionista da temática.

A temática “Mata Ciliar” deve ser envolvida no dia-a-dia do aluno, porém somente com a preocupação de resolver o problema da degradação da mata. Novamente demonstrou uma abordagem do tema somente com caráter preservacionista.

Abordagem da EA como atividade paralela ao ensino de Ciências.

 

 

 

 

C

 

 

 

 

 

Existem conteúdos relacionados à vegetação ciliar na 5a série, pois nesta é tratado o assunto “seres vivos.” Isso mostra uma visão fragmentada do ensino, já que restringe um tema ambiental somente a um assunto de uma única série.

Abordaria a questão da Mata Ciliar para demonstrar sua importância na manutenção de nascentes, rios e riachos. Abordagem preservacionista.

Não foi possível depreender a relação da EA com o ensino de Ciências em suas respostas.

 

 

D

Visão multidisciplinar. Admite que os conteúdos de Ciências, relacionados à Mata Ciliar, devam ser abordados em qualquer série.

O problema local deve ser abordado como pesquisa de campo para, depois, ser tratado em sala de aula. A preocupação com os problemas da mata e as soluções para estes, indica um caráter somente preservacionista na abordagem do tema.

Abordagem como atividade paralela ao ensino de Ciências e de forma preservacionista.

E

Atitude interdisciplinar, já que percebe as conexões existentes entre as disciplinas e também no âmbito dos conteúdos de Ciências. Os conteúdos relacionados à temática da mata devem ser abordados em todos os anos escolares, porém, enfatizado na 5a série, pois nesta é abordado o tema “meio ambiente”. Demonstra com isso uma visão naturalista de meio ambiente, associando a este uma visão naturalista.

Propõe aulas práticas, além de teóricas, para abordar a questão da mata. Demonstra preocupação em levar o aluno até o local para ele “começar a ter responsabilidade e saber preservar a natureza”.

Abordagem mediante atividade paralela e com caráter preservacionista.

F

 

Delimita um início, na 3a série, e um fim, no último ano do ensino fundamental para a abordagem da questão ambiental. Isto demonstra uma visão fragmentada do ensino.

Propõe trabalhar a temática ambiental com um filme ou uma excursão. Preocupando-se em mostrar a importância da vegetação e a necessidade de preservação.

Abordagem mediante atividade paralela e com caráter preservacionista.

 

 

Os conteúdos abordados em relação à mata ciliar aparecem relacionados com a conservação, com a conscientização da importância de preservar e com o reflorestamento. Estas respostas estão de acordo com a pesquisa realizada por Reigota (2004), o qual observou que, de forma geral, os professores por ele entrevistado, descreveram atividades referentes a temas ambientais a partir de uma perspectiva preservacionista.

A abordagem da questão ambiental somente com a preocupação preservacionista demonstra uma visão restrita dentro da sua própria disciplina de ensino. Já que esta temática proporciona uma diversidade de outros conteúdos a serem abordados, como solo, água, animais, plantas, dentre outros.

 É importante lembrar que a interdisciplinaridade também pode ser efetivada quando o professor possui uma atitude interdisciplinar e direciona os conteúdos da disciplina que leciona para outros campos do saber. Essa atitude deve ser o primeiro passo para a efetivação de uma verdadeira interdisciplinaridade. Pois. Se os professores não perceberem as conexões dos conteúdos dentro da sua própria área de atuação, fica mais difícil de entender as demais conexões com as outras disciplinas.

Os professores A e D demonstraram uma visão multidisciplinar, já que admitem a abordagem de um tema, comum a dois ou mais professores, segundo a linguagem, os métodos e a teoria da sua disciplina. Segundo Morin (2005), o multidisciplinar consiste em várias disciplinas desenvolvendo um mesmo tema, mas sem uma integração efetiva entre elas.

Em relação à utilização da Mata Ciliar nas aulas, com exceção do professor C, do qual não foi possível depreender a relação da educação ambiental com o ensino de Ciências, os demais demonstraram uma abordagem dessa temática somente como atividade paralela ao ensino, segundo a classificação de Amaral (2001). Silva Cunha (2005), em sua pesquisa, encontrou resultados semelhantes, porém a maioria dos entrevistados apresentou uma educação ambiental desenvolvida como apêndice do ensino de Ciências, também conforme a classificação feita por Amaral (2001).

O resultado aqui encontrado demonstra que os professores tratam uma temática ambiental local somente de modo não contínuo e específico, e não como um tema gerador para as suas aulas. Segundo Layrargues (2001), a educação ambiental, desenvolvida a partir de problemas ambientais locais, quando realizada como uma atividade-fim (atividade paralela), por maior que seja o aprendizado da experiência prática e o desenvolvimento de qualidades dinâmicas e ativas, fomenta a percepção equivocada de que o problema ambiental não está inserido numa cadeia sistêmica de causa-efeito, e que sua solução encontra-se na órbita da esfera técnica. O aluno, com esse modo de abordagem, pode acreditar erroneamente que os problemas ambientais locais estão distantes do seu aprendizado em sala de aula e que os conhecimentos adquiridos nesta não têm nenhuma utilidade na vida prática.

A separação da teoria e da prática é um problema que pode ser superado com a interdisciplinaridade. Pois, conforme Lück (1997), a interdisciplinaridade propõe uma orientação da esquecida síntese dos conhecimentos, de modo a ver a realidade pela associação dialética de, por exemplo, teoria e prática, ação e reflexão, generalização e especialização e indivíduo e sociedade.

Considerações Finais

Não obstante alguns professores demonstrarem concepções “em construção” sobre a interdisciplinaridade, todos evidenciaram uma visão reducionista da temática ambiental, já que a tratam somente de forma preservacionista. A abordagem de uma questão ambiental somente com esse enfoque mostra uma falta de percepção interdisciplinar, uma vez que outros assuntos dentro da própria disciplina de Ciências poderiam ser contemplados, além dos fatores históricos, econômicos e sociais envolvidos nessa questão.

Mesmo propondo a utilização de um problema ambiental local em suas aulas, os professores não o usariam como um tema gerador para o ensino de Ciências, devido ao fato destes entenderem a educação ambiental de forma paralela a este ensino. Isso reforça a idéia de um ensino fragmentado, já que na educação ambiental realizada como atividade-fim do ensino de Ciências, há a separação de teoria e prática.

Pelo que foi exposto, percebe-se que os professores apresentaram uma visão restrita acerca da abordagem da temática ambiental. Sendo assim, as possibilidades do desenvolvimento de um trabalho de educação ambiental eficaz no âmbito escolar ficam comprometidas, por exigir uma visão interdisciplinar e contextualizada dos temas ambientais.

Agradecimentos

Aos professores que gentilmente participaram desta pesquisa.

 

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