SER HUMANO E OS PROBLEMAS AMBIENTAIS

 

Eduardo Beltrão de Lucena Córdula

 

Especialista em Educação pelo IESP; Licenciado em Biologia Plena pela UFPB; Pesquisador do GEPEA-GEPEC do Centro de Educação da UFPB; Professor de Educação Básica da Prefeitura de Cabedelo-PB.

e-mail: ecordula@hotmail.com

 

“... Não Pode haver navegação sem rios,

Não pode haver rios sem fontes,

Não há fontes sem floresta,

Não há fontes sem chuvas

Não há chuvas sem humanidade

Não há humanidade sem florestas...”

 

José Bonifácio de Andrade e Silva, 1815

 

O Ser humano

 

O ser humano é um organismo de gênero, possuindo o homem e a mulher para designar os sexos respectivamente masculino e feminino. Sendo um animal bípede da família dos primatas, pertencente à subespécie Homo sapiens sapiens., que deriva do latim e significa homem sábio ou homem racional. Biologicamente, pertence à família hominidae na qual estão, por exemplo, o chimpanzé e outros primatas. O termo Homem pode ser utilizado ainda para se referir ao ser humano de maneira geral, seja ele homem ou mulher. (BABYLON, 2009).

            Ser humano é um termo que acrescenta a nossa espécie a capacidade de ter: percepção, lembrar, intuição, amar, responsabilidades, coragem, iniciativa, criatividade, avaliação, senso estético, autodisciplina, aprendizagem, aptidões especiais individuais, físicas, mas também, possuímos hábitos negativos, censura, idealização (de si mesmo), inveja, projeção (desconfia que desconfiam de si), inversão, egocentrismo e antropocentrismo (BABYLON, 2009).

 

O Ambiente Humano

 

Portanto, o ser humano constrói e reconstrói seu modo de vida a partir de suas tomas de consciência, formando assim, a nossa sociedade. Esta por sua vez, com todos os seus conceitos religiosos, étnicos, culturais, éticos, científicos, tecnológicos e econômicos, trazem reflexos na mudança do ambiente natural para acomodação do centros urbanos e rurais. Esta ocupação acaba gerando, um metabolismo intenso nas grandes cidades consumindo um nível elevado de matérias primas, abastecidas em parte pelo meio rural, com grande fluxo de energia gerada pelo calor, eletricidade e combustíveis fósseis, com produção de grande quantidade de resíduos (poluição – fuligem, poeira, gases tóxicos, lixo, barulho etc.) que retornam ao ambiente causando desequilíbrios internos e externos. E por outro lado, é suprida de matérias-primas proveniente diretamente da natureza como o caso do minérios, água etc. (DIAS, 1998).

 

Sociedade é um tipo especial de sistema social que, como todos os sistemas sociais, distingue-se por suas características culturais, estruturais, e demográficas/ecológicas. Especificamente, é um sistema definido por um território geográfico dentro do qual uma população com partilha de uma cultura e estilo de vida comuns e condições de autonomia. Independência e auto-suficiência relativas. Outra característica distintiva das sociedades é que tendem a ser o maior sistema com o qual indivíduos se identificam como membros (JOHNSON, 1997, p. 213).

           

Vale salientar que para Johnson (1997, p. 78), a ecologia a que se refere dentro da sociedade anteriormente definida, é:

 

O estudo das relações através das quais as populações das várias espécies afetam e são afetadas pelo ambiente físico em que vivem. Do ponto de vista ecológico, a vida é organizada em ecossistemas, que consistem de todas as formas vivas que coexistem em relações recíprocas em um dado ambiente físico.

 

O próprio espaço urbano causa sérios problemas como o aquecimento local, com modificação no clima regional, poluição sonora, visual e olfativa, gerando estresse, aliado a competitividade por emprego e ascensão no trabalho. Grande quantidade de lixo, que afeta o ambiente natural, com proliferação de doenças e muito mais. Isto sem considerarmos as desigualdades sociais, a falta de emprego, falta de condições de sobrevivência dignas para seus habitantes, entre tantos outros aspectos (CÓRDULA, 1999a).

O valor do ser humano como entidade individual, portador de conhecimentos, de história, valores, espiritualidade e, portanto, contribuição para o desenvolvimento de sua sociedade, está tornando-se uma mera peça dentro de um imenso tabuleiro. Este fator é devido ao distanciamento das relações interpessoais, onde os cidadãos preferem não entrarem em contato direto por motivos como competição, disponibilidade de tempo, egocentrismos e tantos outros malefícios que crescem com o advento da modernidade, aliado ao mais novo recurso de comunicação e obtenção de informações - a internet, trazendo um malefício psíco-social agravante e crescente em nosso meio: o medo de nosso próximo, de nossa própria espécie (CÓRDULA, 2011).

No entanto, o ambiente humano cresce em constante paradoxo, como por exemplo: avanço na medicina vs. aumento de epidemias e agentes patológicos resistentes; desenvolvimento da agricultura em qualidade e quantidade de produção por hectare vs. aumento da fome planetária; melhoria tecnológicas em indústrias para aumento e eficiência de produção vs. poluição; aumento da expectativa de vida vs. doenças físicas e psicológicas; aumento da qualidade de vida vs. favelização, desemprego, exclusão, etc.; melhoria no abastecimento e qualidade da água potável servida a população vs. escassez e falta deste recurso não renovável (CÓRDULA, 2012).

São inúmeros os contrastes e desequilíbrios na população humana, onde para cada novo evento tido como avanço, melhoria ou desenvolvimento, cria-se uma nova situação paradoxal. Nem sempre a recíproca é verdadeira, e exceções existem e devem ser citadas como: uso da energia solar, a reciclagem, o hidrogênio como combustível para veículos automotores, qualidade dos transplantes de órgãos, eficiência dos medicamentos, acesso mais abrangente aos meios de comunicação e de informações, aumento da expectativa de vida com qualidade do ser humano, etc. (CÓRDULA, 2012).

Este é o perfil do ambiente humano, com a sociedade sustentáculo de um modo de vida, premiado pela ciência e tecnologia para aumentar nossa qualidade de vida, o que por outro lado, causa em larga escala e em longo tempo, grande crises ambientais.

 

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Representação alegórica da evolução humana da pré-história a sociedade tecnológica.

(Fonte: http://colunas.g1.com.br/files/18/2009/02/evolucaohumana.jpg)

           

A Terra possui 4,5 bilhões de anos e o primeiro ser vivo data de 3,5 bilhões de anos (SWAMINATHAN, 2008). Já o primeiro hominídeos surgindo por volta de 500.000 anos a.C. e nós, Homo sapiens sapiens, estamos evoluindo de um ancestral que data de 150.000 mil anos a.C. (RIBEIRO, 2009). Porém, biologicamente não deveríamos ter atingindo uma população global de mais de 6 bilhões de habitantes, mas seríamos extintos por sermos presas. Porém, a evolução nos permitiu desenvolver o telencéfalo e com ele nos tornamos caçadores, criativos, construtores, observadores e modificadores do ambiente (CÓRDULA, 1999c). Somos uma espécie recente pela idade do nosso planeta, que em pouco menos de 500 anos modificamos a natureza drasticamente (TANNER, 1978) e, no século passado, aceleremos os danos ambientais ao ponto que chegamos hoje: o aquecimento global.

            Ao longo do tempo, modificamos o meio ambiente como o concebemos hoje, e o mesmo refletiu estes danos à nós mesmos. Só apenas em 100 anos é que percebemos o quanto é frágil nossa ligação com o planeta e ele conosco, e desde então lutamos para expandir a visão da Terra viva Gaia, para devolver a homeostase ao meio ambiente (LOVELOCK, 2006).

No início da evolução humana em nosso planeta, a relação com a natureza era de extrair dela apenas o necessário para saciar suas necessidades diárias, e como viviam em grupos, estes mudavam constantemente de ambiente conforme a disponibilidade de comida e abrigo. Com o passar do tempo, estes grupos formaram aldeias e comunidades fixas, fazendo com que passassem há ter características etnológicas, que observavam a natureza e suas potencialidades, dando início assim, as lavouras de subsistência e a criação de animais. A partir deste ponto, o homem passou a manipular para sua sobrevivência o ambiente que o cercava, nascendo aí o extrativismo que, até então, não trazia nenhum prejuízo a natureza (CÓRDULA, 2012).

 

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Extrativismo vegetal ainda presente na sociedade contemporânea.

(Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_EQLOljNm92A/S_cziGCMgWI/AAAAAAAAACU/rcRLNlBt95s/s1600/composiao-cupuau%5B1%5D.jpg)

 

            Toda a produção destas comunidades era dividida entre si, mantendo uma interação mútua e benéfica para todos. Mas em algum momento da evolução humana, o sentido de comunidade, união, ajuda e proximidade foi sendo esquecida. O ser humano havia demorado milhares de anos para chegar, desde seu ancestral mais remoto, à condição de comunidade, e em alguns séculos deixou a igualdade e a cooperatividade pré-existentes, para formação das castas com os dominantes e os dominados, como nos mostra a história. E, com mais alguns séculos à frente, a humanidade que se formava pelo globo com a monocultura em grandes áreas, a exploração dos recursos naturais em larga escala e a construções de cidades. Passaram a armazenar, produzir em grande quantidade a comida de que precisavam, o que demandava grandes áreas de terra para ser cultivada. A partir deste momento a natureza com todos os seus recursos passaram a sofrer agressões contínuas. Com o advento das máquinas e da poluição, passamos a sugar do planeta seus recursos que antes eram extraídos sem danos e também a poluí-lo. Estávamos na era negra da corrida pelo poder, pelos domínios territoriais. A população mundial crescia descontroladamente. Seres vivos que nunca mais iremos contemplar tiveram sua existência frágil ceifada nestes tempos de obscuridade da consciência, pois seus hábitats naturais foram destruídos ou caçados até a inexistência (CÓRDULA, 2012).

            Primeiro houve a morte prematura das nossas inter-relações agora, a morte anunciada dos recursos do nosso planeta.

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Emissão de gases tóxicos em um parque industrial.

(Fonte: http://www.ich.pucminas.br/pged/db/wq/cb/2009-1/2-1/poluicao2.jpg)

 

Hoje, na era pós-moderna, o homem tenta apagar seu rastro de devastação, de seu passado destruidor.  Porém, temos ainda muito por fazer, e precisamos nos sensibilizar para que haja um futuro, um futuro melhor!

Problemas ambientais são todos os danos que ocorrem ao meio ambiente de forma direta ou indireta, o que acarreta desequilíbrio ecológico no meio biótico (seres vivos) e abiótico (físicos e químicos – solo, água, ar, clima, etc) (GRISI, 2000, p. 15 e 35). Estes problemas tiveram início, há aproximadamente 1,7 milhões de anos, com o surgimento do Homo erectus, considerado por Oliveira (1998), como o primeiro homem de verdade. Nesta época, havia uma vivência de igualdade de relações intrínsecas com o meio ambiente e dele era explorado apenas o essencial à sobrevivência das comunidades.

No momento em que o ser humano deixa de ser co-autores do meio ambiente, é que começou a haver uma exploração sem consciência. Isto ocorreu por volta de 20 mil anos atrás, onde a exploração já começava a mostrar sinais de modificações do ambiente natural (OLIVEIRA, 1998), e, há 09 mil anos é que houve o início dos verdadeiros problemas ambientais, através do desenvolvimento das civilizações por todo o planeta (OLIVEIRA, 1998). A causa disto, é que, o ser humano, por ser dotado de uma capacidade sem igual de evoluir social e culturalmente, influencia diretamente seu modo de vida e sua produção científica e tecnológica, já que se baseia na exploração da natureza, que, ao longo dos milhares de anos, teve sua frágil estrutura abalada o que gerou uma crise ecológica sem precedentes (VERNIER, 1994).

Com o advento da modernização dos meios de produção industrial, as sociedades humanas ganharam um ritmo acelerado no seu desenvolvimento, aumentando também as necessidades pela utilização dos recursos naturais. Imensas áreas verdes foram devastadas para darem lugar aos arranha-céus e as pavimentações de nossas vias de circulação, criando as grandes cidades (GUATTARI, 1990; DIAS, 1998).

           

É bem verdade que o homem soube explorar e utilizar os recursos da biosfera para viver melhor, mas desde o século XIX essa evolução tem proporcionado vantagens imediatas, sem considerar nem prever as conseqüências, a longo prazo, de tais atividades para o meio ambiente. A humanidade está tomando consciência da envergadura desses danos e destruições (BRASÍLIA, 1997b, p. 23).

 

Elas ocorrem local e esporadicamente, mas que afetam também outras regiões do planeta, já que ele é um ambiente em constante movimento e interação com todas as suas partes, como um grande organismo vivo.

A conseqüência deste modelo destrutivo e anti-ambiental (VERNIER, 1994) vem trazendo visíveis conseqüências ao planeta, em todos seus continentes, sendo representados pelas modificações climáticas que se mostram a cada ano (FELDMAN; MACEDO, 2001) e que provocam diminuição de nossos recursos naturais como o caso evidente das fontes de água potável e dos solos férteis e aráveis (SÃO PAULO, 1999). Em poucos séculos, o modelo de desenvolvimento da humanidade irá destruir aquilo que, hoje, concebemos como meio ambiente (TANNER, 1978; BRASÍLIA, 1997a; DIAS, 1998; JACOBI, 1999).

Das inúmeras espécies existentes na Terra, fora as que se extinguiram, centenas estão em vias de extinção, devido a uma taxa de extinção acelerada ocasionado pelo próprio Homo sapiens sapiens, que de sabedoria está deixando a desejar (SOUZA; GUERRA, 1999). Esta alta taxa é devido a modificações bruscas nos ambientes do planeta, como reflexo das ações impensadas do homem, principalmente quanto aos desmatamentos e emissão de poluentes nos ambientes terrestres, aquáticos e aéreos.

O clima, portanto, modifica-se rapidamente dizimando espécies, sem levar em conta as que morreram quase que imediatamente quando entraram em contato com os produtos tóxicos ou tiveram seus hábitats destruídos por ação direta. A espécie humana tornou-se o principal predador do planeta crescendo e se multiplicando rapidamente e esquecendo-se de sua função neste globo (VERNIER, 1994).

O planeta Terra pulsa como um organismo, onde as diversas partes se comunicam e se mantém em íntimo contato, numa união frágil e vital. Tanner (1978) afirmava que Terra poderia ser vista como uma espaçonave, e que ela está rumando para o desconhecido e o seu destino é comandado por nós. O ser humano tem que começar a se responsabilizar pelos seus atos, responder pelos seus danos e, a partir deste momento, repensar para evitar que estes e os próximos possam ou não, de alguma forma, interferir no meio ambiente global (GUATTARI, 1990).

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Representação de Gaia como entidade física

(Fonte: http://images.wikia.com/fantasia/pt/images/b/b8/GaiaZell.jpg)

 

Como conseqüência, as peças que compõe esta frágil existência neste globo pulsante estão desde tempos sendo derrubadas, desfazendo sua estrutura numa velocidade assustadora. Há uma necessidade revitalizar a consciência humana, pois como espécie, são hóspedes inóspitos, e devem ser mais sensíveis a sua função dentro deste micro-cosmos que se chama Terra, a qual está inserida nesta imensidão chamada espaço sideral.

O meio ambiente está a algumas décadas enfrentando graves problemas causados pela ação sem consciência do ser humano. Estes problemas ambientais, vem crescendo e piorando, acarretando o chamado aquecimento global, que aumentará a temperatura da Terra, ano após ano. Chegou-se a este grave problema, devido principalmente a poluição e ao desmatamento descontrolado.

 

 

Os Problemas Ambientais Hoje: aquecimento global

 

Os males provocados pela humanidade se alastram. Resta ao ser humano resgatar a sua verdadeira humanidade e reverter este atual quadro de desordem e caos (CÓRDULA, 1999b).

 

Nossa sociedade, diferentemente dos sistemas orgânicos, tem as partes, cada uma delas, vivendo sem considerar as demais, ou ainda, tentando suplantar, vencer ou até destruir as demais. O sistema orgânico, natural, no entanto, diferentemente do sistema social, é formado de partes que, embora com autonomia individual, submetem-se às exigências do todo, a fim de tornar o sistema viável. Um organismo que tem uma parte funcionando de forma desorganizada e autônoma, sem atenção ao todo, torna-se doente. É o caso do câncer. (BRANCO, 2003, p. 05).

 

É o que chamamos na ciência de “efeito dominó” ou “efeito borboleta”, onde uma ação mesmo que distante do local onde ocorreu, irá gerar uma reação em outro local, podendo ser a milhares de quilômetros. Os fenômenos que ocorrem diariamente no planeta, portanto, estão interligados pelo equilíbrio físico, químico e biológico que existe (GRISI, 2009).

 

Estamos percebendo que, nos dias de hoje, várias cidades do globo terrestre têm sofrido enchentes a cada inverno mais intenso. A ocupação desordenada de metrópoles provoca desequilíbrios causados pelo homem, como a destruição da cobertura vegetal que libera o solo para o processo de erosão, seguido pela sedimentação que ‘entope’ as calhas dos rios provocando alagamentos. É a Terra falando em sua linguagem própria (tendo por base o princípio da Natureza de Causa e Efeito) (LIRA; FERRAZ, 2009, p. 58-59).

 

Quando falamos de poluição, nos referimos ao: lixo depositado em locais de forma inadequada; aos esgotos das casas que correm a céu aberto; aos lixões que produzem gases tóxicos e o chorume; as indústrias que despejam seus dejetos químicos nos rios, lagos e oceanos e lança pelas chaminés gases tóxicos no ar; aos derramamentos de produtos químicos nos oceanos; os esgotos lançados ao mar; a fumaças dos veículos movidos a combustíveis fósseis; ao gás CFC (cloro flúor-carbono) que saia dos motores das geladeiras e ar-condicionados, provocando o buraco na camada de ozônio; Já a devastação das florestas e áreas de mata, provocou a secagem de rios e lagos; a redução do resfriamento da Terra; diminuiu a absorção do gás carbônico mundial; e com as queimadas, ao contrário, aumentou a quantidade de gás carbônico no ar, que piora a situação do aquecimento global (CÓRDULA, 2012).

E voltando a falar do aquecimento global, o que podemos fazer? Há algo ainda por fazer? São perguntas com respostas ainda a serem pesquisadas, mas uma coisa é certa, se o ser humano não mudar suas atitudes e o modo de ver o meio ambiente, o futuro é duvidoso.

Para relembrar, a cada ano a Terra ficará mais quente e com isto teremos problemas graves como: a escassez de água potável, derretimento dos pólos norte e sul, o que aumentará o nível dos oceanos e destruirá parte das áreas de praia em todos os continentes; redução de áreas verdes de florestas e matas; aumento de casos com de câncer de pele; fome e pobreza pela falta de áreas para a agricultura, etc. (CÓRDULA, 2012).

No Capítulo VI - Do Meio Ambiente, da Constituição Federal do Brasil (BRASIL, 1988, p. 40), em seu Art. 225, que trata do meio ambiente, há em seu texto a seguinte afirmação:

 

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

 

            Por tanto, é dever da sociedade como um todo gerar cidadãos conscientes disto, é dever dos educadores conhecerem e repassar ao seu alunado este conhecimento, para não se tornarem “analfabetos”  políticos ou sociais. Formar vai além do simples ato de ensinar. Aliado a isto, temos que educar, formar cidadãos politizados, pensantes e autônomos (FREIRE, 2001).

Para Vernier (1994), a solução está em seis alavancas de ação: (1) Leis; (2) Estímulos econômicos e fiscais; (3) Cidadãos e associações ativas; (4)Uma educação sobre o meio ambiente e; (5) Uma ação internacional.

Atualmente os esforços para mudar a percepção do ser humano e da sociedade perante o meio ambiente é universal, com esforços de vários setores da própria sociedade, tendo como foco a EA formal, para formular cidadãos verdadeiramente ativos, participativos e conscientes dentro de nossa sociedade, para com isto, garantirmos a sobrevivência do ser humano nas próximas décadas (CÓRDULA, 2012).

 

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Representação da sociedade Humana Ativa

(Fonte: http://4.bp.blogspot.com/_xRb7HtVT9xI/S8Ei86b1rRI/AAAAAAAAAwA/efXVqnA7GEw/S755/cidadania_1.1.jpg)

 

Encarar estes problemas como se fossem separados e não-relacionados conduz a soluções de curta duração e pouco alcance, que muito frequentemente criam mais problemas ambientais de logo alcance que os que são resolvidos (TANNER, 1978, p. 18)

Um pequeno livro escrito em 1972, segundo TANNER (197, p. 19), trazia um “esquema para sobrevivência” (A Blueprint for Survival – título da obra). Os autores já pensavam de forma holística e planetária:

 

Eles passam, então, a desenvolver sua estratégia para uma transformação de caráter global. O principal objetivo é que a humanidade seja capaz de se manter indefinidamente, num sistema de equilíbrio dinâmico com a Terra e seus recursos. Se tal equilíbrio for atingido, todos os povos do mundo serão capazes de se manter em níveis razoáveis de conforto e dignidade, com emprego útil, acessível a todos. Haveria um ambiente mundial variado e não exageradamente populoso, com amostras, pelo menos, de todos os habitats e espécies, selvagens e domésticos. Quatro condições básicas prevaleceriam: 1. mínimo rompimento dos processos biológicos; 2. máxima conservação dos materiais e energia – ou, economia de estoque e não de fluxo; 3. uma população humana cujos números estejam estabilizados num nível ótimo; 4. sistemas sociais nos quais o individuo possa gozar as três primeiras condições, em vez de se sentir restrito por elas.

 

            A consciência humana deve “conceber o ambiente em seu tríplice universo: o natural, o cultural e o social” (BRANCO, 2003, p. 09). O ser humano como mola mestra da educação ambiental, já que é um ser cultural e social, tem-se que interá-lo ao universo natural para não separá-lo novamente do meio ambiente.

            Muito se ouve falar da EA como proposta interdisciplinar. Na realidade para fazer a EA, que é uma questão interdisciplinar dos campos das ciências humanas e não propriamente das disciplinas escolares, pode-se, de forma disciplinar realizá-la, levando-se em consideração apenas o seu caráter interdisciplinar. Quando alcança na escola (EA formal) a inter ou a transversalidade, tem-se uma ampla dimensão da atuação de EA como proposta de atuar na sensibilização e mudanças de atitudes da comunidade escolar, com fins de alcançar a plena conscientização. Já a metodologia, ou seja, da pedagogia como o uso da didática voltadas para o uso da didática voltada para esta temática (BRANCO, 2003).

 

Ter uma atitude interdisciplinar significa dominar os conhecimentos da área de sua formação e compreender a teia de relações possíveis entre esta e outras ciências. Estabelecer vínculos de ambas com as demais e com o currículo (BRANCO, 2003, p. 27).

 

            Branco (2003) coloca um conjunto de ações ou estímulos que devem ser considerados para realização de trabalhos em EA com o ser humano: aulas expositivas, dinâmicas, auto-estima, sensibilização, exibição de vídeos educativos, leitura e compreensão textual e formação de líderes multiplicadores, além da arte domo auto-expressão e representação do mundo.

 

Para Leonardo Boff (1993: 64) a Terra nas vária expressões de Grande Mãe, de terra cultivada e de lar, era sentida como um organismo vivo. Ele não pode ser violado e depredado. Caso contrário se vinga através de tempestades, raios, secas, incêndios, terremotos e vulcões (citado por LIRA; FERRAZ, 2009, p. 58).

 

 

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Ações em EA (práticas ambientais)

 (Fonte: http://1.bp.blogspot.com/_qTpLFMcJqgM/TPalMfOTZ5I/AAAAAAAAAjk/A7IFA-9M0Q0/s1600/ecologia2.jpg)

 

            Com estas contribuições substanciais, pode-se lançar mão dos princípios básicos da psicologia, da pedagogia e no tratar das relações inter-pessoais e sociais do ser humano com o meio ambiente, para induzi-los pela sensibilização a serem integrados novamente em um único sustentáculo vital (Gaia), que é o planeta Terra (LOVELOCK, 2006).

 

 

Referências

 

BABYLON. Dicionários. Disponível em: <http://dicionario.babylon.com/ser-humano 26/06/09> Acessado em: 26 de jun. 2009.

 

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BRASÌLIA. Educação Ambiental/UNESCO. Brasília: MEC, 1997a.

 

______. Conservação Ambiental no Brasil/Programa Nacional do Meio Ambiente 1991-1996: Relatório. Brasília: MMA/PNMA, 1997b.

 

CÓRDULA, E. B. L. Um Mundo Perfeito? In: GUERRA, R. T. G. (Org.). Educação Ambiental: textos de apoio. João Pessoa-PB: Ed. Universitária da UFPB, 1999a. p. 44-45.

 

______. Eu! In: GUERRA, R. T. G. (Org.). Educação Ambiental: textos de apoio. João Pessoa-PB: Ed. Universitária da UFPB, 1999b. p. 48-49.

 

______. O Que Somos. In: GUERRA, R. T. G. (Org.). Educação Ambiental: textos de apoio. João Pessoa-PB: Ed. Universitária da UFPB, 1999c. p. 111-113.

 

______. Educação Socioambiental em Textos: da sensibilização, à reflexão, à ação. Cabedelo, PB: EBLC, 2011. 99p.

 

______. Educação Socioambiental na Escola. Cabedelo, PB: EBLC, 2012, 98p.

 

DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e Práticas. 5ª ed. São Paulo: Gaia, 1998.

 

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