Educação Ambiental em Ação 37

CONSCIENTIZAR E SENSIBILIZAR: COLÓQUIOS ENTRE MÍDIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

Moisés dos Santos Viana

Jornalista, Especialista em Meio Ambiente e Desenvolvimento pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB); Mestrando em Cultura e Turismo na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Docente da Universidade do Estado da Bahia (UNEB)/Eunápolis-Ba; tutmosh@gmail.com.

Fernando George Freitas Damasceno

Licenciado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB); Docente da Rede Particular de Ensino; Analista de Processo de Qualidade; tutmosh@gmail.com.

 

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar uma reflexão acerca da função dos meios de comunicação social e como estes meios podem auxiliar na sensibilização ambiental. Assim, a Lei 9.795/99, sobre a Educação Ambiental, indica a ação dos meios de comunicação como agentes educacionais, tornando-os fortes aliados no processo de aprendizado. Temas complexos podem e devem ser divulgados para ampliar as consciências sobre o ecossistema, divulgar produção econômica e recursos energéticos sustentáveis na promoção de justiça social. Por isso, as questões ambientais discutidas por diversos agentes comunicacionais devem formar consenso, sensibilizar e mudar atitudes.

Palavras-chave: Educação ambiental, Lei 9.795/99, media.

 

Introdução

A comunicação tem uma importância essencial na vida humana, pois ela padroniza o mundo ao seu redor, proporcionando um contato humano com o meio ambiente. Pela comunicação ainda, os sujeitos definem sua própria condição em relação às outras pessoas e ao contexto social em que eles se encontram, posicionando-se ideologicamente. Por isso a comunicação permite aos sujeitos adaptar-se com êxito no espaço/tempo, enfrentando os seus desafios da vida.

Apresentar e responder à necessidade de todo ser humano é argumentar que a vontade de comunicar é condição para socialização do homem com seu semelhante no meio ambiente que ele vive, especificamente, na relação homem-natureza. O sentido da comunicação se dá pela força que ela exerce na transformação do mundo e da reflexão sobre este e sobre si mesmo. Isso se torna mais evidente pela influencia dos meios de comunicação social sobre os sujeitos, as instituições, e hoje nos complexos conceitos locais-nacionais-internacionais, universo masculino/feminino, adulto/infantil, erudito/popular, profissional/amador, matéria/espírito, presente/futuro e natureza/cultura, materializando-se como “efeito de sentido”: “Ao mesmo tempo produto de uma realidade e produtor de novas realidades se objetiva nos meios de comunicação” (MARTINO, 2003, p. 183).

Dado essa introdução, passa-se à questão do meio ambiente que se agrava com o aumento da população e o atual modo de produção-consumo, predadores dos recursos naturais não renováveis. Surge da crise um discurso para minimizar o impacto antrópico no sistema ambiental da Terra. Assim sendo, diante de todo o progresso técnico humano há também a questão ecológica, o equilíbrio dinâmico da vida.

A problemática ambiental gerou mudanças globais em sistemas socioambientais complexos que afetam as condições de sustentabilidade do planeta, propondo a necessidade de internalizar as bases ecológicas e os princípios jurídicos e sociais para a gestão democrática dos recursos naturais. Estes processos estão intimamente vinculados ao conhecimento das relações sociedade-natureza: não só estão associados a novos valores, mas a princípios epistemológicos e estratégias conceituais que orientam a construção de uma racionalidade produtiva sobre bases de sustentabilidade ecológica e de equidade social (LEFF, 2002, p. 60).

Por isso, a comunicação e seus meios (media) assumem um papel relevante, tendo uma obrigação de contribuir para uma sociedade mais integrada com seu meio ambiente natural e comprometida coma justiça social. Dessa maneira, deseja-se comunicar com o intuito de compreender a realidade e educar para construir um ambiente sadio, mais equilibrado, justo e sensibilizado. 

Além disso, como destaca Mattelart (2000), as formas sistemáticas da comunicação e sua instantaneidade delineiam as estrutura das organizações globais, combinando segundo o autor na “fluidez dos intercâmbios e fluxos imateriais transfronteiriços” (idem, p. 12.). Tudo isso gera uma interrelação, desenvolvendo a circulação de sujeitos bem como de linguagens, culturas e identidades, isto é, potencializado os discursos pela comunicação social na vida das pessoas, sem obedecer limites físicos, culturais e temporais. O desafio se amplia, frente a essa demanda comunicacional, cultural e sócio-político que se desloca para a questão ambiental.

Na primeira parte dessa reflexão, fala-se acerca da comunicação social e suas formas de transmissão, ou meios, cuja perspectiva é de atuar socialmente, mobilizando e conscientizando acerca da realidade. Após isso, destacam-se esses meios de comunicação e a forma como são interpelados dentro da lei de Educação Ambiental (9.795/99), evidenciando a importância destes meios como fomentador de nova consciência socioambiental. 

 

Os Meios de Comunicação Social

A palavra mídia no singular e media no plural vem do latim medium (meio, meio termo), em outras palavras é o meio pelo qual se transmite a mensagem. Na comunicação social, diz respeito ao conjunto de mecanismos de transmissão cinema, internet, jornal, rádio, TV e outras inúmeras formas de transmitir e recepcionar o discurso[i] humano entendido aqui como efeito de sentido. 

Levam-se em conta nessa reflexão os elementos tais como os meios a ser empregados, o receptor, o código, o canal, a mensagem e o Feedback que constituem o conjunto de relações dos meios de comunicação social, em um modelo paradigmático linear que estes ainda conservam no processo dos media de massa. Entretanto, esses eles são instrumentos para incitar a adesão da população para a prática social ou práxis, conscientização e mudança de atitude, na perspectiva “Poliana” de Umberto Eco.

Práxis – aplicação de saber acumulado pela humanidade, e, dentro delas, pelas corporações profissionais. Sua meta é desenvolver modelos produtivos, transmitindo-os às novas gerações para acelerar o processo civilizacional (MARQUES DE MELO, 2003, p. 33).

O canal é o veículo de mensagem dentro de um mecanismo análogo (emissor e receptor), e corresponde também aos meios públicos de comunicação. São contidos nesse conceito os recursos tecnológicos e humanos. A potencialidade na transmissão da informação e da mensagem, a ampliação dos códigos de linguagem são atributos do canal.  É através dos meios que a mensagem é transmitida para um número maior de pessoas intermediando interlocutor distante físico e temporalmente num contexto social determinado.

Assim, é possível compreender a comunicação de massa como processo contínuo que envolve produção, recepção, meio e mensagem e onde as manifestações comunicacionais criam cultura em intersecção com a política. Isso se dá por meio de apropriações recodificadas particulares aos receptores (COSTA, 2009, p. 249).

Há então uma mediação entre sujeito que emite a mensagem e sujeito que recebe (num processo linear de comunicação). São os meios de transmissão os “mediadores” dos pólos do processo, os agentes emissor e receptor (interlocutores). Além disso, deve-se levar em conta as diversas mídias, isso numa alusão à comunicação destro dos parâmetros limitadíssimos aquém do processo comunicativo como o todo (MARCONDES FILHO, 2004).  Para o êxito da comunicação, o emissor e o receptor devem ser interdependentes, ou seja, o processo deve ter ação e reação, feedback. Os media, no sentido meio ou canal, marcam, potencializam aquilo que se denomina mensagem no e seu objetivo deve estar comprometido com a conscientização:

A forma de estruturar a maneira de pensar do homem encontra-se também diretamente ligada ao próprio meio utilizado por este para transmitir uma mensagem. Determinados meios exigem uma participação mais intensa do homem enquanto outros, exigindo muito menos envolvimento, conseguem transmitir com maior eficiência uma dada experiência ou criar um determinado valor (CAMACHO, 1998, p. 192).

Os media podem assim estender sua utilidade como especial mecanismo realizador das demanda social e ambiental.  As informações básicas de uma pessoa acerca do meio ambiente constituem um universo pelo qual o indivíduo constrói um saber adquiro, para gestão inteligente do meio ambiente onde ele vive, intervir socialmente na sua realidade, alterando subjetivamente suas atitudes e mobilizando-se politicamente:

Ter conhecimento sobre o meio ambiente significa que você não está apenas interessado no nosso meio ambiente, mas que compreende a esses problemas e por isso pode ajudar a resolvê-los de uma maneira responsável (DASHEFSKY, 2001, p. 163).

As mais variadas formas de meios de comunicação têm o compromisso similar de apresentar algo contundente que possa informar e formar de maneira a cumprir o objetivo educacional referente ao meio ambiente. Nessa perspectiva positiva, a possibilidade dessa ação midiática é apresentada como aliada nesse processo educacional.

A ação dos media na sociedade

Capra (1996) destaca que há a necessidade de uma educação ampla e profunda, promovedora de sensibilização, para melhorar as atitudes humanas que se ligam à complexidade do planeta:

Reconectar-se com a teia da vida significa construir, nutrir e educar comunidades sustentáveis, nas quais podemos satisfazer nossas aspirações e nossas necessidades sem diminuir as chances das gerações futuras (CAPRA, 1996, p. 231).

Daí o desafio de ser “ecologicamente alfabetizados” e fazer do espaço social, um local adequado de viver em harmônico com todos os sistemas de vida.  Entender isso a participação da mídia é de grandiosa importância, dado a fragilidade da vida, na comunidade da Terra (BOFF, 2004).  Do cuidado, respeito e sustentabilidade, busca-se o desejo da ecologia que insira aspectos subjetivos, sociais e ambientais como dimensões de educação, administração,  economia, política e comunicação.

A Lei 9.795/99 (BRASIL, 2008) sobre Educação Ambiental aponta definição do que é essa prática, indicando que ela vai além da escola e perpassa toda sociedade, inclusive a comunicação social. Envolve não só um programa de disciplina específica, mas alcança questões amplamente legítimas e cotidianas, levantando aspectos subjetivos e sociais.

Art. 1º: Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, 2008).

Nesse caso específico pode criar vínculos com o sistema educacional que apresente os apelos da comunicação às pessoas, desde a tenra idade até a sua emancipação civil. Nessa perspectiva de conscientização dos sujeitos, está a formação escolar cujo objetivo é desenvolver ações e melhorias da realidade socioambiental.

A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a  trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e aprendizagem de procedimentos (BRASIL, 1999,  p.187).

Os media como um conjunto de elementos e sistemas de expressão comunicacionais, por variados meios tais como impresso, radio, TV, internet, pode desenvolver um processo comunicativo profundo que desperta um ser humano crítico e sensível, envolvendo instâncias íntimas como a família, a rua, o bairro, a cidade. Tal perspectiva leva a adoção de um discurso que ultrapasse os ambientes escolares formais, interagindo com uma práxis cotidiana em prol do meio ambiente e do sistema ecológico.

Art. 2º: A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal;  

Art. 3º: Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação ambiental, incumbindo: IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a dimensão ambiental em sua programação (BRASIL, 2008).

Parte-se do local para o global e do particular para o coletivo e assim despertar-se ações nas instâncias sociais, políticas, econômicas e culturais:

É uma parte significativa de um processo educativo maior que é o de cidadãos esclarecidos, de olhos abertos para uma sociedade melhor e que procuram se relacionar e interagir de forma mais consciente e com expressões mais co-participativas (COSTA, 1998, p. 223). 

Na educação, isso é possível, pois a mídia possibilita potencializar o alcance da prática de educação ambiental por diversas formas na escola, por exemplo: os recursos de vídeo, internet, teleconferências, revistas e jornais. Além disso, dentro da perspectiva que a educação aliada a relativização do tempo e espaço pelos media, potencializa os mecanismos sem fronteiras que podem alcançar um público bem maior que alunos e professores. As formas diversificadas de comunicação, através de canais variados, proporciona valores e mostra iniciativas que melhora a visão coletiva em prol da cidadania e da qualidade de vida das pessoas na sociedade:

Art. 5º: São objetivos fundamentais da educação ambiental:  II - a garantia de democratização das informações ambientais; III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática ambiental e social; IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania (BRASIL, 2008).

Na atividade midiática, deve-se levar em conta a possibilidade educativa que ela pode ter. Principalmente na divulgação de conhecimento e saber científico, especificamente aquele diretamente desenvolvido para resolver e melhorar a questão ambiental.

Art. 8º:  As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes linhas de atuação inter-relacionadas: II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental (BRASIL, 2008). 

Dado isso, os media (canais tais como TV, rádio, internet, jornal impresso, revista) assumem a promoção da popularização do conhecimento produzido em centros de pesquisa ou experiências que deram certo em localidades em questões específicas, tecnologia e manejo ambiental factíveis. Além da apresentação de uma economia sustentável e justa. Conscientizar e sensibilizar diz respeito ainda à possibilidade da educação ambiental emancipatória e libertária. Ela deve romper com os discursos ultrapassados do conservacionismo e do tal “desenvolvimento sustentável”, conceito importado dos países do norte, a partir da visão unilateral de uns poucos, ou na forma estanque de governar imposta pelo poder central dos gabinetes burocratas. O problema socioambiental é da sociedade local, por tanto é deve de todos encontrar uma solução que garanta uma perspectiva de vida aos mais necessitados da comunidade, levando em conta o bem-estar humano em harmonia com a natureza.

Além disso, o rádio, a TV e a imprensa constituem uma fonte de informações sobre o Meio Ambiente para a maioria das pessoas, sendo, portanto, inegável sua importância no desencadeamento dos debates que podem gerar transformações e soluções efetivas dos problemas locais. No entanto, muitas vezes, as questões ambientais são abordadas de forma superficial ou equivocada pelos diferentes meios de comunicação (BRASIL, 1999, p.187-188).

Os media devem contribuir para a democratização das informações essenciais sobre a educação ambiental, bem como as decisões e as políticas públicas ambientais, ampliando os conceitos e as ações em prol do tema exposto. Cabe ao discurso midiático, nesse turno, promover uma visão crítica por parte das pessoas, o que leva a uma cobrança por responsabilidade aos poderes constituídos. Assim, os agentes educacionais, lideres comunitários e a própria mídia debaterão e fortificarão os conceitos, eliminando preconceitos e instalando pautas permanentes sobre a questão ambiental.

O debate dos problemas ambientais nos diferentes meios e, em especial, nos meios de comunicação, tem levado, em muitos casos, à formação de alguns preconceitos e à veiculação de algumas imagens distorcidas sobre as questões relativas ao meio ambiente. Às vezes isso ocorre por falta de conhecimento, o que se justifica diante da novidade da temática. Mas, outras vezes, essas distorções visam a minimizar os problemas e/ou banalizar princípios e valores ambientais, assim como depreciar os movimentos ambientalistas de maneira geral (BRASIL, 1999,  p.182).

Tal configuração dos media determina a importância desse instrumento na escola, e nas inúmeras configurações da educação ambiental no cotidiano. Ela fundamenta no dia-a-dia as deliberações de uma proposta integradora da população com as diretrizes de um meio ambiente equilibrado, saudável e de bem-estar.

Os mass media como sistemas de representação simbólica constroem e reinterpretam a realidade (...). Gera-se, a longo prazo, um processo de tematização que penetrará na memória coletiva, criando a opinião pública e sugerindo formas de perceber o mundo. (MARQUES DE MELO, 2003, p. 33).

Mudar a questão social e seu funcionamento mostra objetivamente o caráter total da Educação Ambiental como formadora de uma agente capaz de reverter a atual conjuntura deletéria ao meio ambiente e à justiça social. A mídia, ao divulgar a mensagem conscientizadora deve agir ao mesmo tempo como sensibilizadora, despertando atitudes/reflexões que promovam mudanças educacionais, sociais e mais que tudo, ajudando a estabelecer uma relação mais salutar com o planeta, o lar humano.  

São propostos e estimulados por meio do incentivo ao consumismo, desperdício, violência, egoísmo, desrespeito, preconceito, irresponsabilidade e tantas outras atitudes questionáveis dentro de uma perspectiva de melhoria de qualidade de vida. Por isso, é imprescindível os educadores relativizarem essas mensagens, ao mostrar que elas traduzem um posicionamento diante da realidade e que é possível haver outros. (BRASIL, 1999, p.188)

Os media têm um papel interessantíssimo: auxiliar e ser instrumento da educação ambiental para garantir as mudanças necessárias para resolução das questões ambientais, um envolvimento que amplia as perspectivas de construir uma realidade mais sadia, harmoniosa com o todo social, pessoal e ambiental (holístico).

Considerações Finais

O tema “meio ambiente” desemboca em discussões cada vez mais contundentes e necessárias na atualidade, graças aos problemas pertinentes gerados pelas relações conflituosas no âmbito mental, social e ambiental. Educação e soluções para essa problemática podem ser mais discutidos de forma ampla pela mídia e seus canais difusores.

Portanto, os meios de comunicação se tornam agentes e possuem uma dimensão de protagonizar e assumir a divulgação da educação ambiental. Assim, promover uma sociedade mais integrada ao seu meio ambiente, mais equilibrado socialmente. Assumir esse desafio é firmar os media como amplo divulgador e essenciais instrumentos para vida da comunidade humana.   

Ajudar a desenvolver em cada um a percepção mais ativa, atenta, de comportamento consciente do que significa viver em comunhão com o mundo e conseguir formas de comunicação mais fortes, autênticas, expressivas, significativas, ricas que superem o reducionismo empobrecedor das formas convencionais de relacionamento (COSTA, 1998, p. 218).

Entende-se comunicação muito mais que a técnica e transmissão de informação por meio sofisticados meios (internet, Tv, rádio). Comunicação é compartilhar dos espaços simbólicos, da coabitação e confiança: “Comunicar com o outro é reconhecê-lo como sujeito, por tanto, estar mais ou menos obrigado a ter-lhe alguma estima” (WOLTON, 2006, p.111). Pela comunicação se faz uma captação dessa novidade e uma leitura dentro de um nível de conhecimento, de saber e de vivência. Moldar novos valores e leituras da atualidade, desenvolvendo-se nos indivíduos e na sociedade como um todo.

No entanto, o fechamento textual dessa reflexão instiga esses autores a apontar outras questões importantíssimas de cunho econômico e político que amplia o debate e as reflexões. Será que os meios de comunicação, enquanto instituições privadas, com concessão pública ou não, cumprem a Lei de Educação Ambiental? Até que ponto a justiça social, a educação ambiental e a promoção da cidadania serão entraves e tabus nos meios de comunicação social que, em sua quase totalidade, seguem a lógica do mercado capitalista e a ordem dos interesses pontuais da burguesia? A reflexão se estende!

Referencias

BENETTI, Márcia. Discurso. In: MARCOSNDES FILHO, Ciro (Org). Dicionário de Comunicação. São Paulo: Paulus, 2009. p. 98-99.

BRASIL. Presidência da República - Casa Civil/Subchefia para Assuntos Jurídicos. LEI Nº 9.795/1999. Disponível em: <<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9795.htm>>. Acesso em 29 de Janeiro de 2008.

_______. Ministério de Educação/Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente (PCNs). Brasília: MEC/SEF, 1999.

CAPRA, Fritjof. A teia da vida. São Paulo: Editora Cultrix, 1996.

DASHEFSKY, H. Steven. Dicionário de Educação Ambeintal: um guia de A a Z. São Paulo: Gaia, 2001.

COSTA, José M. Morán. Educar pela comunicação: A análise dos meios na escola e na comunidade. In: MARQUES DE MELO, José; BRANCO, Samantha Castelo (org). Pensamento Comunicacional Brasileiro: O Grupo de São Bernardo. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 1998. pp. 207-224.

COSTA, Josimey. Mediação. In: MARCONDES FILHO, Ciro (org). Dicionário da Comunicação. São Paulo: Paulus, 2009.

CAMACHO, Joel. Influenciados meios de comunicação nas atitudes e comportamento do Homem: uma leitura crítica de McLuhan. In: MARQUES DE MELO, José; BRANCO, Samantha Castelo. Pensamento Comunicacional Brasileiro: O Grupo de São Bernardo. São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo, 1998. pp. 187-206.

LEFF, Enrique. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2002.

MARCONDES FILHO, Ciro. Até que ponto, de fato nos comunicamos? São Paulo: Paulus, 2004

MARQUES DE MELO, José. História do Pensamento Comunicacional. São Paulo: Paulus, 2003.

MARTINO, Luis Mauro Sá. Mídia e poder simbólico. São Paulo: Paulus, 2003.

WOLTON, Dominique. É preciso salvar a comunicação. São Paulo: Paulus, 2006.

 

 


 

[i] [...] um discurso é um efeito de sentidos entre interlocutores. Isso significa que não é uma transmissão de informações, mas uma construção que se completa quando entra em cena um outro sujeito chamado interprete ou receptor (BENETTI, 2009, p. 99).