Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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12/03/2011 (Nº 35) EDUCADOR AMBIENTAL CRÍTICO: CONSTRUINDO UM FUTURO DESEJÁVEL
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Revista Educação Ambiental em Ação 35

EDUCADOR AMBIENTAL CRÍTICO: CONSTRUINDO UM FUTURO DESEJÁVEL

 

LOPES, Andréa Rosa;

Pós-graduação Lato-sensu em Metodologias de Ensino da Educação Ambiental - Universidade Gama Filho.

Rua da Capela, 369/306. Piedade – Rio de Janeiro/RJ. CEP: 20740-310

Email: alopes7907@yahoo.com.br

 

GIOTTO, Ani Cátia.

Professora, Tutora em Metodologias de Ensino da Educação Ambiental - Universidade Gama Filho.

QSD 55, Lote 01, apt. 205, Edifício Estrela do Sul, Taguatinga Sul, Taguatinga/DF. CEP: 72020-000

Email: anicatiabio@gmail.com

 

RESUMO: Este trabalho objetiva relatar a formação dos educadores ambientais brasileiros, para a construção do presente e futuro sustentáveis, através de levantamento bibliográfico com considerações atuais. O princípio é investir na formação dos educadores ambientais como instrumentos de mobilização de novas práticas e comportamentos através da Educação Ambiental Crítica. Geralmente, a formação oferecida aos educadores ocorre por caminhos formais de ensino, como na pós-graduação. Os resultados evidenciam caminhos comumente percorridos, mas que nem sempre correspondem às expectativas para a construção de uma sociedade sustentável. A sensibilização e o pensamento crítico são o motor para possíveis mudanças.

 

Palavras-chave: Formação de educadores ambientais; Educação Ambiental Crítica; Sensibilização.

 

INTRODUÇÃO    

 

 O tema Educação Ambiental (EA) chama atenção porque nele reúne-se uma educação possível através de atitudes, valores e práticas conscientes dos indivíduos por questões intrínsecas ao meio ambiente - meio em que vivemos e de que dispomos. Há muito que alcançar e, à medida que ocorrem maior reflexão e aproximação das questões ambientais, maior reconhecimento há de que somos testemunhas da nossa própria história[1].

O presente estudo revela curiosidades e preocupações legítimas com a questão educativa ambiental. A nova perspectiva crítica, participativa e emancipatória tem se colocado como essencial caminho para uma real mudança/transformação socioambiental pessoal e coletiva, através da ação dos educadores ambientais. Para tanto, busca-se relatar a formação dos educadores ambientais brasileiros, para a construção do presente e do futuro sustentáveis. Muito do que se sabe é que os caminhos de formação desses educadores ao longo de suas vidas revelam suas histórias e identidades.

Com esta nova perspectiva da EA para sustentabilidade e responsabilidade, considerando-se o meio ambiente mais abrangente como a casa, rua, corpo, relações interpessoais e a própria natureza, caminha-se para o objetivo de tornar a sociedade moderna capaz de reconstruir sua história, oferecendo condições mais igualitárias de vida e valores à natureza e ao próprio homem. Segundo Layrargues (2009), tem-se buscado formas de se ver e compreender a EA “como um instrumento de mudança cultural ou comportamental, mas também como um instrumento de transformação social para se atingir a mudança ambiental”. A EA que transforma exige consciência crítica permanente e realiza-se somada à práxis[2] educativa cidadã e participativa relacionada diretamente com a família, trabalho, instituições políticas, etc (Loureiro, 2009a).

Vive-se o momento da urgente necessidade de renovação das mentes para que se possa vivenciar um novo paradigma ambiental, incluindo a participação de toda a sociedade e governos. A formação de educadores ambientais se faz essencial para formar cidadãos que saibam enfrentar os grandes desafios do seu tempo (Morales, 2009). Para Lima (2009), a crise do paradigma moderno é revelada porque este paradigma não responde aos complexos problemas da vida contemporânea, como os problemas ambientais.

Diante disto, acredita-se que o relato da formação dos educadores ambientais trará conhecimentos e subsídios teóricos que nortearão caminhos a todos os interessados nesta perspectiva educativa ambiental para realizar suas atividades educativas com eficácia: mirando o alvo certo, na proposta e realização de novos desafios de mudanças para a construção do futuro desejável.

Para o problema proposto será utilizado levantamento bibliográfico que valida a revisão de literatura3 para consolidar fatos e conhecimentos, através de considerações atuais dos autores pesquisados.

 

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL CRÍTICA E SUA CONTEMPORANEIDADE

 

A EA crítica traz em sua trajetória uma cidadania ambiental, com ações participativas democráticas, interdisciplinares e sustentáveis para os dias atuais. A tendência crítica é uma das perspectivas político-pedagógicas da EA que diverge da prática educativa tradicional.

De acordo com Lima (2009), a EA crítica tem como um de seus argumentos centrais a dissociação entre os aspectos biológicos/ecológicos e os políticos/sociais da crise ambiental. Ou seja, a perspectiva crítica traz uma insatisfação ao tratamento reducionista dado à EA. Ela traz também uma crítica à razão moderna e rejeita o antropocentrismo. Através de ambientes educativos, busca superar os paradigmas dominantes e intervir sobre os problemas socioambientais para a transformação da sociedade. Além disso, deseja uma renovação de todo o ambiente educativo: ensino-aprendizagem, metodologias, princípios epistemológicos e paradigmáticos, currículos, relacionamentos e organizações com a comunidade escolar (Lima 2009).

A EA crítica é defendida como um processo de construção da relação humana com o ambiente onde os princípios da responsabilidade, da autonomia, da democracia, entre outros, estejam sempre presentes (Tozoni-Reis, 2003).

Uma postura de reflexão crítica deve ser assumida por educadores e permite práticas transformadoras e criativas, cujo resultado é a construção de uma nova sociedade. Este novo modelo de sociedade – ecológica, democrática, responsável, igualitária e sustentável – tem sido desejado e está no foco de discussões e debates.

 

A FORMAÇÃO CRÍTICA DE EDUCADORES AMBIENTAIS

 

A formação de educadores ambientais é um investimento que objetiva, através da EA crítica, a transformação de hábitos e atitudes pessoais e coletivas que nos leva a construção de um futuro de sustentabilidade. Esta transformação se refere diretamente à renovação das mentes, a partir da reflexão crítica da realidade, que leva à prática de ações saudáveis na natureza e na sociedade.

Primeiramente, esta transformação precisa acontecer nos educadores em formação: abrir-se ao novo, às novas possibilidades. Assim, esses educadores serão mais do que multiplicadores; serão aqueles que mobilizarão os educandos para adoção e prática de uma conduta ambiental sustentável (Guimarães, 2007).

A formação crítica é um dos direcionamentos dados aos educadores por pesquisadores e instituições de ensino. Guimarães (2007) defende a formação crítica de educadores ambientais e trabalha alguns “eixos formativos” na formação destes educadores. Para ele, o educador deve exercitar o esforço de romper com os paradigmas dominantes que o fazem reproduzir os padrões impostos pela sociedade atual. Entre alguns dos “eixos formativos” sugeridos por Guimarães (2007) estão: trabalhar a auto-estima, sensibilizar para uma permanente autoformação eclética, exercitar a emoção, exercitar a construção do sentimento de pertencimento ao coletivo, estimular a coragem da renúncia e a ousadia para inovar, entre outros.

De acordo com o mesmo autor, o educador ambiental crítico:

 

se volta para a transformação da sociedade, de seus paradigmas, valores e hábitos, além das atitudes, por perceber que novas atitudes, como as que se posicionam criticamente sobre os valores estabelecidos, interagem na formação de novos hábitos que refletem reciprocamente novos valores (Guimarães, 2007, p. 140)

 

Além do mais, o autor defende que os educadores ambientais são líderes; exercem sua cidadania e estimulam o exercício da cidadania de outros; e, ainda, impulsionam o processo de transformação social. Para tanto, os educadores devem buscar a contextualização com a realidade para que possam intervir sobre ela. A maioria dos educadores crê na possibilidade de que a transformação social possa acontecer. Acredita nas possibilidades da EA como instrumento para a construção de uma sociedade mais justa e sustentável.

Segundo Guimarães (2007), o modelo da sociedade moderna capitalista com seus paradigmas e sua racionalidade se apresenta dominante no ambiente escolar, o que leva os educadores a reproduzir estes padrões em suas práticas, tornando frágeis seus objetivos de trabalhar as questões ambientais. Ou seja, estão sendo formados, em sua maioria, numa concepção conservadora de educação. Guimarães (2007) completa: “Daí a importância da práxis como reflexão e ação, teoria e prática se realizando reciprocamente na constituição de um novo paradigma em conjunto à construção de uma sociedade ambientalmente sustentável.” Nesse processo, a intervenção na realidade socioambiental acontece em um “coletivo conjunto”, segundo o mesmo autor (p. 132), criando significativamente uma sinergia (1 com 1 > 2), uma resistência que age contra a correnteza que pode levar a transformação da sua força e do seu sentido.

Durante certo tempo, a EA cumpriu seu papel numa perspectiva preservacionista, muitas vezes realizando atividades exclusivamente pontuais, que não levaram a alterações nos padrões de consumo e na maneira de viver da sociedade. Na verdade, seus praticantes não desenvolveram consciência, não transformaram hábitos e atitudes e não educaram; e, se não educaram, não refletiram; e, se não refletiram, não transformaram (Gouvêa, 2006). Portanto, pode-se partir do pressuposto de que toda educação é ambiental. Conforme cita Gouvêa (2006 apud Carvalho, 2002), para que não se perca o sentido de educar é necessário compreender a EA como um processo educativo amplo e permanente, indicado à formação do cidadão, tornando-se, desta forma, um fator essencial para a qualidade da educação e para o direcionamento da formação docente.

As autoras Cassini & Tozoni-Reis (2008) pensam que ser educador ambiental é algo que pode ser definido provisoriamente ou influenciado de acordo com o indivíduo, a sua maneira de perceber a vida e a sua história. As autoras também relatam que as dificuldades que esses educadores encontram e a forma como as encaram se refletem na maneira como pensam e fazem a EA.

As universidades têm sido os locais de formação dos profissionais que buscam qualificações para a EA. Sabe-se que é crescente a oferta destes cursos e tem-se observado que a formação profissional de EA se dá, principalmente, em nível superior, mas que é na pós-graduação (lato-sensu e stricto-sensu) que esta se insere intensamente (Cassini & Tozoni-Reis, 2008; Morales, 2009).  Isto é, o envolvimento e o “despertamento” acontecem aos poucos e, à medida com que se intensificam, há maior engajamento nas questões ambientais.

Segundo Molon (2009), a formação deve ser continuada e não deve ser realizada apenas por treinamentos, cursos ou palestras em curta duração. Para a autora, a formação é gradual, iniciando-se, em geral, no ensino superior e tornando-se mais sólida à medida que os estudos e comprometimentos avançam. Para a autora o educador é um ser em formação. Com esta mesma percepção, diz que o educador deve ser visto como uma unidade na multiplicidade, contraditória e mutável, possibilitando assim, a superação da visão fragmentada da realidade social e da concepção do ser humano como acabado e imutável. Segundo a autora:

 

O educador ambiental pode contribuir para o debate e a transformação dos padrões de uso e distribuição dos bens ambientais, buscando formas mais sustentáveis, justas e solidárias nas relações sociais e nas relações com o meio ambiente, já que sua atuação tem uma dimensão política e educativa nas lutas pelo direito aos bens ambientais e à qualidade de vida (Molon, 2009, p. 166).

 

As IES (Instituições de Ensino Superior) têm um importante papel na incorporação da EA ao ambiente acadêmico. Costa (2009) constatou através de outros estudos que há um déficit expressivo na formação dos professores em IES, principalmente a nível curricular. Para Costa (2009), a solução está em fornecer ao educador uma formação através da disciplinarização e a ambientalização curricular da EA nos cursos de licenciatura. O autor constata que “falta priorização da maioria dos cursos em atender a demanda da formação docente, passando a qualificar profissionais de áreas diversas e, muitas vezes, distantes da educação...”. Há, portanto, a falta de políticas institucionais que promovam o desenvolvimento da capacitação na formação desses educadores.

 

 

A SENSIBILIZAÇÃO NA FORMAÇÃO

 

As emoções, os sentidos e os sentimentos foram deixados de lado pela racionalidade humana e pelas ciências alegando-se subjetividade e menor nobreza do que a razão. Na busca de novas perspectivas de ensino, passa-se então a considerar que estes atributos, que estão presentes no cotidiano e que mediam as relações com o meio externo e com os seres humanos, podem ser favoráveis quanto ao que está sendo ensinado; quanto a própria relação com a natureza tornando-a mais harmoniosa e saudável.

Esta perspectiva considera os educandos como indivíduos complexos, e que a aprendizagem depende tanto do raciocínio lógico quanto dos elementos subjetivos (Seniciato & Cavassan, 2003). É a partir daí que a sensibilização passa a ter maior sentido e poder de ação nas atividades educativas, tanto em nível dos educandos quanto na própria formação dos educadores ambientais. Alguns trabalhos apontam para a valorização de atividades simples como as saídas de campo que despertam valores e posturas com relação à natureza. Obviamente, estas atividades de sensibilização devem estar somadas ao desenvolvimento dos conteúdos necessários e pertinentes à EA (Seniciato & Cavassan, 2003). Partindo destes pressupostos, conclui-se que a sensibilização e o pensamento crítico são o motor para possíveis mudanças.

Muito se justifica considerar as histórias de vida dos educadores neste processo de formação, quando se percebe que as primeiras interações e preocupações se dão por experiências vividas na infância, quando seus contatos com a natureza eram próximos e havia maior interação, principalmente através de atividades lúdicas (Rosa et al, 2009).

Avaliando a formação de professores, Rosa et al. (2009) verificaram que algumas estratégias metodológicas aplicadas (dinâmicas, desenhos, questionários, textos, músicas, brincadeiras) de forma lúdica, criativa e dinâmica propiciaram o começo do processo de sensibilização e, que esse processo, confirma a necessidade de uma formação contínua e permanente. Apesar do conhecimento prévio da questão ambiental, os educadores não estavam sensibilizados em promover ações que poderiam trazer modificações em suas práticas escolares. As autoras também notaram em sua pesquisa que, na maioria, os educadores em formação não conheciam nenhum documento referente ao ambiente e defendiam a práxis da EA como disciplina. Isto mostra o distanciamento das questões ambientais no que se refere às responsabilidades humanas sobre o meio ambiente e a concepção assumida meramente ecológica e preservacionista da EA, ainda adotada por muitos.

 

CONSTRUÇÃO DO FUTURO DESEJÁVEL

 

A humanidade está diante do desafio de construir uma sociedade sustentável. Reconhece-se nesse ponto a necessidade de inserir uma educação que nos contemple com meios de viver bem no ambiente natural.

A sustentabilidade como um tema ainda em construção é bastante amplo e complexo. Para agir de forma sustentável é preciso ter expectativas em longo prazo e ter consciência de que as ações e os estilos de vida impactam a realidade à nossa volta.

Para se trilhar os caminhos da sustentabilidade, Loureiro (2009b) diz que é preciso garantir simultaneamente: “espaços para discussão e decisão política; que os ciclos ecossistêmicos sejam preservados; e que todos possam ter dignidade de vida.” Para o autor há um contra-senso em assumir estes posicionamentos com relação ao que o capitalismo pode oferecer como possibilidade e que, para tal, é necessária a criação de políticas públicas de EA para que haja superação e transformação das relações que constituem a sociedade atual e, portanto, em nós mesmos.

Pensando o exercício da cidadania como uma questão participativa, de protagonismo que visa à realização do sujeito através da ação em favor do bem comum, a cidadania é a expressão do ser político e social. Para tanto, é preciso saber e conhecer-se cidadão. Por isso, toda ação em EA é política e, portanto, deve ser participativa evitando-se o que Tozoni-Reis (2003) chama de doutrinamento ambiental.

Como não é possível abordar as questões ambientais através de olhares reducionistas e disciplinares (Lima, 2009), a interdisciplinaridade (PCNs, 1998) é uma das formas encontradas pela EA para superar a fragmentação dos conhecimentos através de práticas educativas formais e não-formais (PNEA art. 8° §3° I). O objetivo, então, se volta para a transformação de toda demanda de informações em conhecimento para resolver os grandes problemas da sociedade moderna. Ao analisar a perspectiva piagetiana, Ruscheinsky (2002), diz que conhecer é atuar sobre a realidade, modificando-a mediante esquemas de ação e esquemas representativos de forma a conferir-lhe sentido. A autora relata que refletir sobre a ação provoca a reestruturação do pensamento e, consequentemente, a reestruturação dos conhecimentos.

Neste mesmo olhar, a prática educativa voltada para a questão ambiental deve promover e incentivar o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes, valores, comportamentos e habilidades para participação, emancipação e transformação social, ou seja, que esta contribua para a construção de um futuro desejável. A escola por sua força de influência e de transformação, em relação aos conceitos e práticas da comunidade em que faz parte, tem sido o local mais adequado para o desenvolvimento de práticas educativas inerentes ao meio ambiente. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) a consideram - em seu conjunto de temas propostos -, como um espaço de transformação da sociedade, porque pode articular-se com os segmentos sociais e compartilhar com eles um projeto de mudança social (Viel, 2008). Como não educa sozinha, a escola forma conexões e, assim, busca-se formar cidadãos conscientes de seus atos.

Portanto, o desafio desta geração é modificar o quadro alarmante de degradação ambiental para não comprometer o presente e o futuro da sociedade: iniciar hoje os processos de mudança coletiva que darão frutos no futuro. Para tanto, conta-se, principalmente, com a escola como palco inicial destas mudanças e com educadores ambientais formados para atender a esta urgente demanda.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A sociedade atual necessita de mudanças nos padrões de consumo, nos relacionamentos entre os seres humanos e a natureza. A superação está na construção de uma sociedade sustentável. O pensamento é investir na formação dos educadores ambientais como instrumentos de mobilização de novas práticas, condutas e comportamentos através da EA crítica. Estes educadores devem experimentar, primeiramente, desfazer-se das “amarras” que os prendem a posturas não condizentes com ações críticas, emancipatórias e participativas.

A leitura sobre a realidade e os caminhos de formação dos educadores ambientais indica que há caminhos comumente percorridos, e que levam a uma formação para gerar mudanças de pensamentos e atitudes, embora nem tudo o que lhes sejam oferecidos corresponda às necessidades para um novo modelo de sociedade.

Os educadores são aqueles engajados nas questões ambientais, que refletem sobre suas vidas, seus comportamentos, suas relações com a natureza e com seus próprios corpos. Acredita-se que os processos de sensibilização favoreçam o despertamento e o engajamento nas questões ambientais tanto por parte dos educadores quanto dos educandos.

A escola, por sua influência, tem sido considerada o local mais adequado para práticas educativas ambientais, considerando ser toda educação também ambiental.

A percepção crítica e reflexiva da realidade é a postura que se espera dos educadores do presente. É esta percepção que levará a caminhos de possíveis mudanças, pois, a partir dela, busca-se o novo. Parece utopia, mas o que se tem são a esperança e a ousadia de querer enfrentar os desafios da atualidade com conhecimento e vontade, buscando e colocando em prática ações possíveis para que haja mudança da sociedade atual.  

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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COSTA, R.G.A. Um olhar crítico sobre a educação ambiental na formação de professores em uma instituição de ensino superior gaúcha. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v. 22, p. 177-187, jan./jul. 2009.

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ROSA, L.G.; SILVA, M.M.; LEITE, V.D. Educação Ambiental em uma escola de formação inicial de nível médio: estratégias e desafios do processo de sensibilização. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v. 22, p. 454-475, jan./jul. 2009.

RUSCHEINSKY, A. (Org.). Educação Ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002. 185p.

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VIEL, V.R.C. A educação ambiental no Brasil: o que cabe à escola? Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental, Rio Grande, v. 21, p. 201-216, jul./dez. 2008.

 

Notas Finais

[1] Paulo Freire (2005, p. 12) diz que à medida com que o indivíduo se percebe testemunha de sua história, sua consciência se torna mais responsável dessa história.

2 Paulo Freire diz em Pedagogia do Oprimido (2005, p. 42) que a práxis é “reflexão e ação dos homens sobre o mundo para transformá-lo.”

3 Toda pesquisa metodológica necessita da revisão de literatura que é validada pela pesquisa bibliográfica (Sato, 2001. p. 25).

 

 

 


 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos