Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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12/03/2011 (Nº 35) A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A INTERAÇÃO MEIO AMBIENTE-SER HUMANO
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Revista Educação Ambiental em Ação 35

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A INTERAÇÃO MEIO AMBIENTE-SER HUMANO

  

AUTOR: VINÍCIUS FERREIRA BAPTISTA

 

-          Estudante do 8º período de Administração da Faculdade de Economia e Finanças do Rio de Janeiro;

-          Tem um artigo aceito para publicação para o periódico SAÚDE & AMBIENTE EM REVISTA da UNIGRANRIO, ISSN 1980-2976;

-          Atualmente é estagiário da Caixa Econômica Federal.

-          Tem interesses nas áreas de Administração de Empresas, Educação Ambiental e Gestão Ambiental.

    

Endereço para correspondência:        Rua Flamingo, 85

                                                           Campo Grande - Rio de Janeiro

                                                           23088-300, RJ - Brasil

 Telefone: 21 87310996

e-mail para contato : viniciusferbap2007@hotmail.com

e-mail alternativo : viniciusfb21@yahoo.com.br

 

 

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A INTERAÇÃO MEIO AMBIENTE-SER HUMANO

 

RESUMO

 

Este artigo busca compreender as relações existentes entre o ser humano e a natureza, destacando seu caráter utilitarista, na qual o ser humano a subjuga. É apresentada a Educação Ambiental como o instrumento para modificar essa relação, que tende a afetar negativamente a existência humana no planeta, uma vez que ela depende incondicionalmente da natureza.

 

Palavras-chave: meio ambiente; ser humano; educação ambiental.

 

 

INTRODUÇÃO

 

Os problemas ambientais enfrentados neste início da primeira década do século XXI teriam sua origem na atuação errada da humanidade sobre o meio ambiente. O ser humano compreenderia sua relação com a natureza de forma utilitarista. Ele não seria parte dela, mas dono.

Seria necessário reeducar o ser humano para que o mesmo mudasse suas relações com a natureza compreendendo que sua sobrevivência está condicionada ao estado em que o meio ambiente se encontra. Se a humanidade afeta negativamente a natureza, ela apenas afeta sua própria existência.

 

O MEIO AMBIENTE E O SER HUMANO

 

O meio ambiente que cerca um ser vivo é constituído por tudo aquilo que o envolve e intervêm sobre ele. Compõe-se por fatores bióticos e abióticos. Os fatores bióticos são os outros organismos vivos com os quais ele compartilha o meio ambiente, tanto da mesma espécie como de outras diferentes. Os abióticos são os fatores do ambiente físico que influem sobre o ser vivo como, por exemplo, a temperatura, a umidade, o relevo do terreno etc (PUENTE, 2008).

            Puente et al (2008, p. 144) descrevem o meio ambiente como “o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais capazes de causar efeitos diretos ou indiretos, em um prazo curto ou longo, sobre os seres vivos e às atividades humanas”.

O meio ambiente compreende inúmeras idéias, conforme a referência. Por exemplo, para o ser humano, o meio ambiente é uma base de recursos naturais (água e oxigênio); pode ser também um lugar onde se realizam atividades produtivas (lavouras e criação de animais); ou então, um receptor de resíduos, já que os poluentes, frutos das atividades humanas, são lançados nele.

Os processos de crescimento e desenvolvimento adotados pela humanidade e suas conseqüências ambientais lentamente começaram a preocupar os diversos agentes como o governo, entidades da sociedade civil, organizações sociais, os indivíduos etc.

Para Barbieri (2008), ocorreu primeiramente a percepção de problemas ambientais, atribuídos à indiferença ou negligência das pessoas, dos agentes produtores e dos consumidores de bens e serviços empreendendo desta forma, pelos governos de vários países uma educação corretiva através de atividades de controle da poluição como multas, de modo a frear os efeitos gerados pela produção e consumo.

A poluição tornou a degradação ambiental um problema generalizado, até então entendido como limitado a cada país, cada um à sua maneira, tratando de seus problemas, com suas políticas de intervenção governamental voltados à prevenção da poluição.

Não só no Brasil como em vários países do mundo, a poluição era um indicativo de progresso. Tal percepção manteve-se até que problemas relacionados à degradação ambiental, contaminação do ar, água e solo se intensificaram.

A natureza tem uma extraordinária habilidade de renovação. A água, o ar, solo, flora e fauna, ou qualquer outro recurso ambiental, afetado pelas ações humanas, pode, sob apropriadas condições, suportar alterações e regenerar-se. Mas a capacidade da natureza é limitada, e as modificações causadas pelo ser humano acarretam as degradações, que afetam a capacidade de regeneração, tornando-a mais difícil, ou mesmo impossível.

 

A utilização dos recursos ambientais, pelo homem, deve ser feita respeitando a capacidade de recuperação dos mesmos, de modo a garanti-los sempre. Assim agindo, ele realiza o desenvolvimento econômico e social, proporcionando os recursos naturais necessários ao mesmo, no presente e no futuro (MOTA, 2006, p. 313).

 

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

A Educação Ambiental (EA) é uma temática desafiante, que considera a problemática ambiental que atinge o mundo, exigindo uma nova postura do ser humano em relação ao seu modo de ser, ver, viver e relacionar-se com o ambiente do qual faz parte, para melhorar as condições de vida das presentes e futuras gerações.

A EA restringia-se antes à abordagem da temática ambiental das disciplinas das Ciências Biológicas. Tal situação mudou devido à sua interdisciplinaridade.

O Ministério do Meio Ambiente destaca a EA como:

 

a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido à transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação (GALLI, 2008, p. 45).

 

Entretanto, compreende-se que somente a consciência ecológica não garante uma atitude transformadora a todos, resolvendo a todos os problemas, de modo que para a real efetividade da EA, conhecimentos e habilidades devem ser incorporados, com atitudes fundamentadas em valores éticos. Elas estimulam as ações necessárias à transformação, uma vez que somente a consciência ecológica, por si só, apenas mantém a sociedade tal qual ela se encontra (PELICIONI; PHILIPPI JR; ALVES, 2005).

A educação é um instrumento para a defesa do meio ambiente, base para a conscientização, criada pela necessidade humana de se evoluir, valorizando o contexto natural com o qual convive. A percepção dos problemas permite uma mudança de postura e sua superação (SÉGUIN, 2006).

Segundo a Carta de Belgrado documento oficial da Conferência de Belgrado, promovida pela UNESCO, em 1975, na Iugoslávia a EA tem como meta:

 

desenvolver uma população que esteja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhe são associados, e que tenha conhecimento, habilidade, atitude, motivação e compromisso para trabalhar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção de novos (GALLI, 2008,  p. 242).

 

A EA incide na promoção de atitudes positivas mediante a interpretação e compreensão do ambiente. Seu conceito levou muitos anos para ser estruturado, por ser difícil abrangê-lo totalmente. Uma das primeiras definições de EA foi proposta pela Comissão de Educação da UNESCO, em 1970, da seguinte forma:

 

a educação ambiental é o processo que consiste em reconhecer valores e definir conceitos com o objetivo de promover as habilidades e as atitudes necessárias para compreender e avaliar as interações entre o ser humano, sua cultura e seu meio ambiente biofísico. A educação ambiental implica também a participação ativa no momento de tomar decisões e na própria elaboração de um código de comportamento com respeito a questões relacionadas com a qualidade do ambiente (PUENTE et al, 2008, p. 153).

 

A EA é uma prática educacional conciliada com a vida em sociedade, aprofundada sob múltiplos enfoques: social, econômico, político, cultural, artístico etc. Ela não é uma prática remediável e envolve diversas áreas, confirmando sua interdisciplinaridade.

Segundo a 1ª recomendação da Conferência de Tbilisi, realizada em 1977, em Estocolmo e considerada um marco nas questões ambientais, EA seria estipulada como “o resultado de uma reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que facilitam a percepção integrada do meio ambiente, tornando possível uma ação mais racional e capaz de responder às necessidades sociais” (DIAS, 2004, p. 107).

Em resumo, é um procedimento transformador, que conscientiza e intervêm nos hábitos e atitudes da sociedade como um todo e suas orientações subsidiam o homem para que ele compreenda e utilizar melhor os recursos da natureza para satisfazer as suas necessidades (DIAS, 2004) e não comprometa a natureza.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

A Educação Ambiental, como ferramenta para a reflexão sobre a complexidade ambiental, permite examinar valores e percepções que movem as práticas sociais correntes, a fim de mudar a forma de pensar e transformar o conhecimento e as atitudes das pessoas através de práticas educativas.

Seu propósito também é o de quebrar esse paradigma antropocêntrico, que coloca o meio ambiente ao serviço do bem-estar da humanidade, ao mesmo tempo em que procura incitar nas pessoas a conscientização de que sua sobrevivência e manutenção de um bem-estar mínimo estão condicionadas à forma como ela se utiliza dos recursos naturais.

O desafio atual é o de estabelecer uma educação ambiental crítica e inovadora, voltada à transformação social. Seu enfoque precisa nortear-se em perspectivas holísticas de ação, incluindo o homem e a natureza. Deve compreender que os recursos naturais são finitos e o principal responsável pela sua degradação é o próprio ser humano.

Para se desenvolver sustentavelmente é imprescindível educar a população sobre as relações com a natureza. A humanidade sobrevive graças aos recursos providos por ela. Ao degradar o próprio ambiente em que se vive e de onde se retira tudo, apenas se afeta e prejudica ainda mais a própria existência humana. Este é um motivo e tanto para mudar o pensamento sobre como utilizar os recursos naturais.

 

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BARBIERI, José Carlos. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da Agenda 21. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

 

DIAS, Genebaldo Freire. Educação ambiental: princípios e práticas. 9. ed. São Paulo: Gaia, 2004.

 

GALLI, Alessandra. Educação ambiental como instrumento para o desenvolvimento sustentável. Curitiba: Juruá, 2008.

 

MOTA, Suetônio. Introdução à engenharia ambiental. 4. ed. Rio de Janeiro: ABES, 2006;

 

PELICIONI, Maria Cecília F.; PHILIPPI JR., Arlindo; ALVES, Alaôr Caffé [Eds.]. Curso interdisciplinar de direito ambiental. Barueri: Manole, 2005

 

PUENTE, Mariano Andrés et al. Enciclopédia do estudante: Ecologia. Tradução de Nelson Caldini Júnior. São Paulo: Moderna, 2008;

 

SÉGUIN, Elida. O direito ambiental: nossa casa planetária. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006.

 

 

 

Ilustrações: Silvana Santos