Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Apresentação
14/12/2010 (Nº 34) Editorial - DEZ 2010
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Educação Ambiental em Ação 34

Apresentação da 34ª edição da revista virtual Educação Ambiental em Ação (DEZ/2010)

 

É com grande alegria que apresentamos a nova edição da revista, mais uma vez, recheada de muitos sonhos que se transformaram em ideias, projetos, programas,  e foram ganhando vida, promovendo mudanças reais através de centenas de mãos que ajudam a construir esta publicação.

 

O período é um dos mais propícios para apresentarmos tais práticas e experiências que buscam prevenir e amenizar problemas ambientais que afetam todo tecido social, pela Educação Ambiental, pois a sensibilidade está no ar. Por todos os lados só se fala em Natal e Ano Novo, período de finalizações e de renovação.

 

É com este espírito que lhes apresentamos um conto de Natal, de uma escritora hamburguense/RS, para que nos sensibilizemos ainda mais. Aproveitamos para desejar a todos os leitores da Educação Ambiental em Ação um Natal abençoado e um Ano Novo cheio de transformação, afetividade e sensibilidade!

 

CONTO DE NATAL: O CÃO

(conto de Liti Belinha)

 

Farejo aqui e ali. Procuro por sacos e latas de lixo. A fome aperta. Olho para cima e vejo luzes, tantas luzes. Pequenas, grandes, amarelas, vermelhas, verdes. Tantas cores! E sinto uma agitação muito grande tomando conta da cidade. Não entendo, mas sinto. O que acontece? Por que tantas luzes, tanta agitação?

Sigo meus passos. Fome e frio apertam a barriguinha. De repente, um ajuntamento de pessoas, numa praça. Que se passa na praça?... Aproximo-me devagar. Tenho medo de que me enxotem. Logo, ouvirei:

- Tirem esse cão sarnento daí?

- Passa fora!

- Rua!!! (Ah! Já estou na rua.).

Mas... interessante. Passo entre as pessoas, ao lado das pessoas, na frente delas, por trás. Ninguém me enxota. Parece até que algumas me dão passagem. Olham-me com olhar de piedade. Ah! Devo estar sarnento, fedorento. Estão com nojo de mim.

Súbito, vejo outras pessoas mais adiante num espaço superior. Um palco. Sim, é isso. Um palco. Ocorre um teatro ali. Espera! Já vi isso antes. É uma representação do nascimento de Jesus. Olha! Um rosto conhecido e triste. Parece que chora. É o do José. Vou me aproximar do José. Gosto dele. Subo ao palco. Ouço vozes:

- Quem é aquele?

- Por que sobe ao palco pela frente?

- Tirem-no daí!

- Vai estragar o espetáculo!

Neste momento, José modifica seu semblante. Abre os braços. Corre ao meu encontro.

- Meu filho!!! Meu filho!!!

Abraça-me tanto que quase quebra meus ossos. Depois, vai ao centro do palco e anuncia:

- É um milagre! O milagre do Natal! O milagre de Deus! Este é o meu filho! Ele desapareceu há vários dias!... Jesus o trouxe de volta! Obrigado, Senhor!!!

 

Ajoelha-se e reza, enquanto chora. As pessoas da plateia, uma após outra, ajoelham-se e rezam com meu pai. E eu desperto do meu longo sonho infantil. Não sou um cão. EU SOU UM MENINO.

(conto de Liti Belinha Rheinheimer – e-mail: litibelinha@gmail.com – Novo Hamburgo/RS)

Ilustrações: Silvana Santos