Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Apresentação
Apresentação da 34ª
edição da revista virtual Educação Ambiental em Ação É com grande alegria que
apresentamos a nova edição da revista, mais uma vez, recheada de muitos sonhos
que se transformaram em ideias, projetos, programas, e foram ganhando vida,
promovendo mudanças reais através de centenas de mãos que ajudam a construir
esta publicação. O período é um dos mais
propícios para apresentarmos tais práticas e experiências que buscam prevenir e
amenizar problemas ambientais que afetam todo tecido social, pela Educação
Ambiental, pois a sensibilidade está no ar. Por todos os lados só se fala em
Natal e Ano Novo, período de finalizações e de renovação. É com este espírito que
lhes apresentamos um conto de Natal, de uma escritora hamburguense/RS, para que
nos sensibilizemos ainda mais. Aproveitamos para desejar a todos os leitores da
Educação Ambiental em Ação um Natal abençoado e um Ano Novo cheio de
transformação, afetividade e sensibilidade! CONTO DE NATAL: O CÃO
(conto de Liti
Belinha) Farejo aqui e ali.
Procuro por sacos e latas de lixo. A fome aperta. Olho para cima e vejo luzes,
tantas luzes. Pequenas, grandes, amarelas, vermelhas, verdes. Tantas cores! E
sinto uma agitação muito grande tomando conta da cidade. Não entendo, mas sinto.
O que acontece? Por que tantas luzes, tanta agitação? Sigo meus passos. Fome e
frio apertam a barriguinha. De repente, um ajuntamento de pessoas, numa praça.
Que se passa na praça?... Aproximo-me devagar. Tenho medo de que me enxotem.
Logo, ouvirei:
- Tirem esse cão
sarnento daí?
- Passa fora!
- Rua!!! (Ah! Já estou
na rua.).
Mas... interessante.
Passo entre as pessoas, ao lado das pessoas, na frente delas, por trás. Ninguém
me enxota. Parece até que algumas me dão passagem. Olham-me com olhar de
piedade. Ah! Devo estar sarnento, fedorento. Estão com nojo de mim.
Súbito, vejo outras
pessoas mais adiante num espaço superior. Um palco. Sim, é isso. Um palco.
Ocorre um teatro ali. Espera! Já vi isso antes. É uma representação do
nascimento de Jesus. Olha! Um rosto conhecido e triste. Parece que chora. É o do
José. Vou me aproximar do José. Gosto dele. Subo ao palco. Ouço vozes:
- Quem é aquele?
- Por que sobe ao palco
pela frente?
- Tirem-no daí!
- Vai estragar o
espetáculo!
Neste momento, José
modifica seu semblante. Abre os braços. Corre ao meu encontro.
- Meu filho!!! Meu
filho!!!
Abraça-me tanto que
quase quebra meus ossos. Depois, vai ao centro do palco e anuncia:
- É um milagre! O
milagre do Natal! O milagre de Deus! Este é o meu filho! Ele desapareceu há
vários dias!... Jesus o trouxe de volta! Obrigado, Senhor!!!
Ajoelha-se e reza,
enquanto chora. As pessoas da plateia, uma após outra, ajoelham-se e rezam com
meu pai. E eu desperto do meu longo sonho infantil. Não sou um cão. EU SOU UM
MENINO.
(conto de Liti
Belinha Rheinheimer – e-mail:
litibelinha@gmail.com – Novo Hamburgo/RS) |