Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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CONSCIÊNCIA AMBIENTAL EM UMA CIDADE INDUSTRIAL DO NORDESTE BRASILEIRO
Lab. de Est. em Competitividade e Sustentabilidade (Lecos) – Fac. de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado da Universidade Federal do Ceará – UFC. (Av. da Universidade 2431, 60020-180, Fortaleza, CE) - (85) -3366.7825
Gleíza Guerra de Assis Braga Mestranda -Universidade Federal do Ceará (UFC)
Francisco César de Castro Neto Mestrando -Universidade Federal do Ceará (UFC) cesar.consultor.adm@hotmail.com
José Carlos Lázaro da Silva Filho Professor Dr. Universidade Federal do Ceará (UFC)
Alessandra Sabóia Jucá Professora - Prefeitura Municipal de Maracanaú
Mônica Cavalcanti Sá de Abreu Professora Dra. Universidade Federal do Ceará (UFC) Resumo
Considerando a comunidade local como um dos fatores para o desenvolvimento de uma Gestão Socioambiental nas organizações, este artigo tem por objetivo analisar variáveis de consciência ambiental de uma amostra da população de um município industrial da região metropolitana do nordeste brasileiro. Após discutir sobre a consciência ambiental, algumas análises estatísticas são desenvolvidas frente aos dados levantados através de um questionário desenvolvido pelo grupo de pesquisa em educação ambiental. O perfil socioeconômico e demográfico do município (industrial, nordestino) o diferencia de estudos até hoje desenvolvidos. Com uma amostra de 858 questionários aplicados com ajuda da Secretaria de Educação do município, testam-se diversas preposições teóricas consolidadas na bibliografia internacional de Sociologia Ambiental sobre consciência ambiental (VAN LIERE; DUNLAP, 1984; DUNLAP; VAN LIERE, 1984; ACURY et al. 1986; MARTINEZ-ALIER 1995; FURMAN 1998; EBREU et al. 1999; STERN 2003; BOSTROM et al. 2006). No estudo, testa-se e analisa-se as variáveis de controle como sexo, renda e idade. Confrontando os resultados esperados e as preposições teóricas, conclui-se a análise discutindo-se a consciência ambiental em um perfil populacional característico do município. Palavras-chave: Consciência Ambiental, Gestão Socioambiental, Educação Ambiental 1. Introdução Este artigo tem por objetivo obter um retrato do nível de consciência ambiental dos cidadãos de um município industrial cearense emergente (Maracanaú) a partir do mapeamento e análise das variáveis de ecoatitudes, ecoconhecimentos e de identificação pessoal (caracterização demográfica), resultado da aplicação de um questionário a pais de alunos da rede municipal de educação. A relevância do estudo está em definir como a população de uma comunidade localizada no principal distrito industrial cearense, uma região que tem experimentado crescimento econômico nas últimas duas décadas, responde a questões voltadas para o conceito de consciência ambiental (e como questões como sexo, idade e rendam fazem variar os conceitos dentro da população). Acredita-se que pesquisar essa comunidade é travar contato com um extrato de uma sociedade em desenvolvimento e sua dinâmica de equilíbrio entre crescimento econômico e sustentabilidade socioambiental, binômio que tem representado um desafio para a economia contemporânea (EGRI; PINFIELD, 2001; FORTES; MANCINI, 2005; BERRY; RONDINELLI, 1998). Através de uma survey aplicada a 858 respondentes, busca-se encontrar informações demográficas em uma primeira análise e de educação e consciência ambiental da amostra a fim de tornar possível: a. tomar conhecimento da percepção dos munícipes sobre o entendimento destes sobre os responsáveis pela questão ambiental, ativismo ambiental, soluções para os problemas de sustentabilidade ambiental, participação em eventos de educação ambiental, conhecimento de ONGs ligadas à questão do meio ambiente, interesse por mídias de conteúdo ambiental, função dos órgãos de regulação ambiental municipal, recolhimento de lixo doméstico, análise do Executivo local em relação a questões relacionadas ao meio ambiente, fatores determinantes de consumo, situações de degradação ambiental mais incômodas, relação cognitiva afeta à palavra “indústria”, caracterização de crimes ambientais e coexistência de crescimento econômico e sustentabilidade socioambiental. b. trabalhar as questões citadas via segmentação das variáveis demográficas sexo, idade e renda com vistas a identificar possíveis correlações que motivem estudos futuros. c. comparar a análise da consciência ambiental dos habitantes de Maracanaú ao arcabouço teórico das proposições teóricas da Sociologia Ambiental. Trabalham-se os seguintes pressupostos de pesquisa: P1: Os habitantes do município de Maracanaú possuem em conjunto um nível fraco de consciência ambiental. P2: Há diferenças significativas no nível de consciência ambiental entre grupos de sexo, renda e idades diferentes conforme o proposto por trabalhos sobre consciência ambiental na área de Sociologia Ambiental. O trabalho estará organizado do seguinte modo: no referencial teórico apresenta-se inicialmente a questão da consciência ambiental no contexto do novo paradigma de sustentabilidade socioambiental e, em seguida, são desenvolvidas as fundamentações da importância da educação ambiental para a promoção da consciência ambiental. A sessão três apresenta a pesquisa propriamente dita e se subdivide em metodologia, onde se destaca a maneira pela qual foi desenvolvida a pesquisa, destacando a motivação da amostra e as estratégias de coleta dos dados; e análise de dados, subseção que trata da estratégia de análise dos dados coletados e seu tratamento estatístico. A sessão quatro apresenta as considerações finais do trabalho e a aderência dos modelos teórico e empírico vislumbrados no artigo, salientados os achados da pesquisa, suas restrições e perguntas de pesquisas que se apresentam aos pesquisadores derivadas do estudo.
2. Referencial Teórico 2.1 Consciência ambiental: a evolução de um paradigma A ocorrência dos primeiros grandes impactos ambientais no mundo, sobretudo os efeitos causados por acidentes nucleares em países distintos fez emergir uma tomada de consciência no tocante aos problemas ambientais, provocando um debate mundial em torno de um desenvolvimento a qualquer custo. Guimarães (2001, p. 51) ressalta a importância do "esgotamento de um estilo de desenvolvimento ecologicamente predador, socialmente perverso, politicamente injusto, culturalmente alienado e eticamente repulsivo". Aktouf (2004) questiona o modo de vida da sociedade contemporânea, uma vez que sacrifica o meio em que vive em busca de lucros cada vez maiores, colocando o princípio da racionalidade em questão. Em Durkheim (1967), encontra-se uma das características mais importantes dos problemas ambientais quando o autor fala sobre a “solidariedade orgânica” da complexa sociedade. Nessa sociedade, o egoísmo individual apresenta-se como característica central. A fim de garantir seu bem-estar, conduz à consciência de um estado compulsório de cooperação e co-responsabilização, de forma que o controle social passa a ser executado em dupla extensão: uma, de indivíduo sobre indivíduo, que se fiscalizam mutuamente para que um não prejudique as condições de vida do outro; e a segunda perspectiva, onde esses indivíduos unidos, consolidam os laços sociais, organizam-se e pressionam o Estado para que efetive o controle legal, fonte de segurança social. Nessa relação de interdependência, emerge um novo paradigma: a consciência ambiental. O novo paradigma ambiental surge como uma nova visão de mundo e sustenta sua origem em um processo ideológico no desenvolvimento e na disseminação do conhecimento científico sobre o meio ambiente. Esse novo paradigma confronta-se com o paradigma social vigente e surge relacionando aspectos ambientais distintos como o paradoxo do desenvolvimento, a importância da conservação do equilíbrio natural e do desenvolvimento de uma economia sustentável (DUNLAP & VAN LIERE 1984). A consciência ambiental surge, a partir do saber ambiental e, segundo Dias (2000), é a Educação Ambiental o principal instrumento para moldar uma nova forma de ver e de sentir o mundo ao nosso redor. Nessa perspectiva, a Agenda 21-UNCED (1992), encontra na Educação a força motriz para modificar o antigo paradigma de não-sustentabilidade. Butzke et al (2001) afirmam que a consciência ambiental pode ser entendida como uma mudança de comportamento tanto de atividades quanto em aspectos da vida, dos indivíduos e da sociedade em relação ao meio ambiente. Dias (1994) entende que possuir consciência ecológica é utilizar os recursos ambientais de forma sustentada, ou seja, consumir o que se pode produzir sem prejudicar o ambiente para as gerações futuras. Ambos os autores relacionam a ideia de consciência ambiental a uma prática ecologicamente correta, visando à sustentabilidade e à qualidade de vida em sociedade. Waldman e Schneider (2000) sustentam o discurso e ressaltam que o cidadão consciente está atento à economia da energia elétrica e à escassez da água potável e procura alimentar-se de produtos provenientes da agricultura ecológica (pois o composto orgânico é um produto homogêneo, obtido por processo biológico), além de preocupar-se em produzir lixo biodegradável e colaborar com a reciclagem de lixo. A consciência ambiental cidadã e participativa deve estar inclinada à compreensão da problemática ambiental, devendo portar de um razoável grau de conhecimento, fruto de uma construção do saber ambiental. Esse cidadão, ambientalmente consciente, deve portar o compromisso da formação dessa consciência para gerações futuras através de ações de educação ambiental e social, logo deve exercitar as atitudes e os comportamentos proambientais, de forma a preservar e melhorar cada vez mais o meio ambiente que o rodeia.
2.2 Pesquisas sobre consciência ambiental Nas últimas quatro décadas tem havido um crescimento de uma área de estudo que tem se consolidado como “Sociologia Ambiental” (DIEKMANN; PREISENDÖRFER, 2001; LENZI; 2005), que tem por sua vez um viés ligado a “Psicologia Ambiental”. Tópicos como a relação entre conhecimento ambiental e atitude em relação ao meio ambiente (ecoatitudes), valores ambientais e consciência ambiental têm sido pesquisados desde a proposta de um novo paradigma (visão de mundo) social no início da década de 1970 por pesquisadores como Herman Daly, Dunlap, VanLiere e Inglehart. Dentro destes estudos, duas questões são constantemente trabalhadas, a relação entre consciência ambiental (colocada como conhecimento e valores muitas vezes) e atitude, e a confirmação da relação de variáveis demográficas, seja com consciência ambiental ou seja com as atitudes (VAN LIERE; DUNLAP, 1980, 1981; DUNLAP; VAN LIERE, 1984; STERN et al, 1995). Conforme pesquisas tipo review como a de Van Liere e Dunlap (1980, 1981); Jones e Dunlap (1992), três variáveis demográficas mostraram uma tendência na década de 1970, prosseguindo na década de 1980 (DUNLAP, 1992). Estas seriam: idade, sexo e nível educacional – sendo a questão da remuneração ambígua. Assim espera-se que pessoas mais jovens (começando a faixa com 17 anos), do sexo feminino, com um nível educacional maior tenham “maior consciência ambiental”. Estudos posteriores como o de Acury et al (1986) sobre atitudes; e Ebreo et al. (1999) sobre “conhecimento ambiental”, consolidam esta tendência. Uma discussão latente fica sobre a questão da ambiguidade da relação com a remuneração, sendo um dos pontos levantados por Van Liere e Dunlap (1980) que pode estar ligado a questões amostrais nos Estados Unidos. Estudos em países menos desenvolvidos (FURMAN, 1998; BOSTROM 2006), devido a questões de amostra, também não mostraram uma relação clara. 2.3 A educação ambiental para a formação de ecoatitudes A Educação é condição básica para o desenvolvimento de qualquer Nação. Jacobi (1998) defende que na atualidade, onde a informação assume um papel cada vez maior, a educação é o caminho para motivar e sensibilizar as pessoas para participar na defesa da qualidade de vida. O processo de consciência ambiental, de acordo com Dias (2000), é gerado dentro de um processo de educação ambiental voltado para uma escalada que elege a reeducação da sociedade humana como força polissêmica do desenvolvimento humano sustentável, imprescindível como transformadora força nessa sociedade e no mundo corporativo. A Educação guarda intrínseca correlação com a sustentabilidade, pois através dela se alcança uma consciência ambiental e, consequentemente, ecoatitudes. Trata-se, de fato, de uma garantia espacial e temporal da atividade econômica, da proteção dos recursos ambientais e de uma saudável qualidade de vida, tanto para a sociedade atual quanto para as futuras. Dessa forma, a Lei 9.795/99, que institui a Política de Educação Ambiental, consigna expressamente não apenas à atenção à Educação Ambiental no ensino formal, mas no ambiente não-formal, ou seja, fora do ambiente acadêmico.
3. A pesquisa
O Município de Maracanaú foi criado pela Lei Estadual nº 10.811/1983, emancipando-se da condição de distrito de Maranguape. Fica a 24,6 Km de Fortaleza, correspondendo a uma área de 98,6 Km2 e possuindo uma população de 197.301 habitantes (IBGE, 2007), dos quais 99,7% habitam a zona urbana. O município detém um PIB de R$ 2.612.318.000,00 (em torno de 10,5 vezes menor que Fortaleza, a capital cearense) e um PIB per capita na ordem de R$ 13.240,00 (maior que o de Fortaleza que é de R$ 10.066,00 (IBGE, 2007). Segundo dados do Anuário Estatístico do Ceará (2007), no ano de 2007, Maracanaú contava com 465 empresas industriais, 1.677 comerciais e 134 de serviços. O município foi escolhido para sediar o primeiro pólo industrial cearense, oferecendo vantagens para as empresas se instalarem em seu território. De início, os benefícios eram concedidos apenas a empreendimentos industriais (transformação e beneficiamento de matérias-primas e produtos), mas a partir de dezembro de 2006 (Lei 1.160), as vantagens foram expandidas para as empresas comerciais, de prestação de serviços, de agronegócios e estabelecimentos de ensino. De acordo com informações provenientes do website da Prefeitura Municipal de Maracanaú, as vantagens para uma organização se estabelecer em Maracanaú são de origem municipal e estadual. Por conta da esfera municipal, os benefícios vão desde o âmbito tributário (redução de alíquotas de ISSQN e IPTU) a, até mesmo, casos de doações de terrenos e subvenções de locação de galpões com garantias de redes de infraestrutura (água, energia, saneamento, comunicação, etc.). No âmbito estadual, também há benefícios tributários como descontos de ICMS garantidos pelo Fundo de Desenvolvimento Industrial – FDI nas operações padrão e descontos de ICMS Diferencial de Alíquota na aquisição de bens para ativo imobilizado das empresas.
3.1 Metodologia A pesquisa ora desenvolvida procura mensurar o grau de consciência ambiental de uma população de uma área metropolitana de intensa industrialização com fins de estabelecer um panorama local de educação ambiental, um retrato do nível da cidadania ambiental de um município industrial emergente. A estruturação dos questionários buscou aliar as perguntas de interesse das secretarias, a compactação do formulário e a consistência teórica frente a literatura então disponível. Para tanto, formulou-se um questionário baseado em algumas questões de interesse das Secretarias de Meio Ambiente e Educação do município e premissas colocadas pelo Instituto ETHOS (uma organização focada na análise da Sustentabilidade Organizacional), visto a importância da interface indústria/sociedade em um município com vocação industrial. A validação do questionário foi feita através de um teste Alfa de Cronbach rodado com 8 (oito) variáveis dummy (utilizadas na construção de um índice de Grau de Consciência Ambiental) transformadas e uma variável categórica original, resultando em um escore satisfatório de 0,638 (FIELD, 2009). Definida as perguntas, estas foram aplicadas através de pesquisadores da prefeitura com ajuda das Secretarias de Educação e de Meio Ambiente A pesquisa contou com um total de 858 questionários respondidos por moradores de diferentes áreas do município de Maracanaú, Ceará.
4 Resultados Os resultados são colocados em blocos. Inicialmente, descrevemos dados demográficos da amostra (que se mostra representativa aos dados do município constantes no IBGE). Segue-se com questões de ambientação e identificação de conceitos como Indústria e Sustentabilidade. Frente às questões propostas, temos um bloco que definimos com medidor de Consciência Ambiental, sendo finalizado por um bloco de questões de Atitude Ambiental.
4.1 Questões Demográficas Uma análise demográfica descritiva da amostra é apresentada nas tabelas 1 2 e 3.
Tabela 1 – Caracterização da amostra por sexo
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
Tabela 2 – Caracterização da amostra por faixa de renda
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
Tabela 3 – Caracterização da amostra por faixa de idade
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
4.2 Caracterizando a percepção de Ambiente e Indústria No questionário fez-se uma ambientação sobre a percepção ambiental (os possíveis incômodos) e a percepção dos entrevistados da indústria (visto estarmos num município industrial).
Tabela 4 – Respostas: Incômodos relacionados ao meio ambiente
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
Em relação aos principais incômodos relacionados ao meio apontados pelos pesquisados, o destaque foi para a poluição das águas (35,95%) e a poluição do ar (23,5%). Interessante perceber que não houve variações importantes nesses quesitos em relação a sexo, idade ou renda.
Tabela 5 – Respostas: Relações cognitivas à palavra indústria
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
Foi perguntado aos pesquisados que palavra principal lhes ocorria quando lhes era sugerido o termo “indústria”; a finalidade da pergunta era entender que relações cognitivas mais fortes os acometiam. Aqui, o entendimento dos respondentes em 36,5% dos casos está mais fortemente associado com a ideia de “poluição” e em 20,3% dos casos está mais orientada para o entendimento de “desenvolvimento”. Os respondentes de “poluição”, são 60,8% mulheres, têm em 76,1% dos casos menos de 40 anos e ganham menos de R$ 800,00 mensais em 70,4% dos casos. Já para o grupo com uma visão mais positiva, de desenvolvimento, são 52,3% de mulheres contra 47,7% de homens, 43,7% têm mais de 30 e menos de 40 anos e 70,1% ganham mais de R$ 500,00 mensais.
4.3 Questões relacionadas à visão sobre ações ambientais - Consciência Ambiental Como exposto por teóricos da sociologia ambiental, uma atitude ambiental é resultado do desenvolvimento de um conhecimento sobre as questões confrontadas frente a valores pessoais e da sociedade. Neste questionário compacto, buscou-se ver questões como responsabilidade, desenvolvimento, ONGs e questões de soluções e criminalização das infrações ambientais.
Tabela 6 – Respostas: Responsabilidade sobre o meio ambiente
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
Os dados sobre essa primeira indagação procuram esclarecer quem, no entendimento do pesquisado, é responsável pela conservação e proteção do meio ambiente. Aqui, mais de 96% dos respondentes se inclui no dever, uma vez que assinalaram uma opção que continha o elemento sociedade. Pela a análise demográfica, a minoria que entende ser de responsabilidade exclusiva do governo, mais de 80% são homens e pouco menos de 70% têm uma renda de até R$ 500,00 (a idade não foi fator de diferenciação).
Tabela 7 – Respostas: Percepção da possibilidade de coexistência entre desenvolvimento econômico e socioambiental
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
Quando indagados sobre a possibilidade de coexistência de desenvolvimento econômico e socioambiental, a maioria dos respondentes (76%) se mostrou otimista. Dos que não acreditam em uma coexistência desses paradigmas, 52,4% são homens, 42,7% têm entre 31 e 40 anos de idade e 48,1% ganham menos de R$ 500,00.
Tabela 8 – Respostas: Conhecimento de ONGs ligadas a questões ambientais
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
Por esse quesito, fica demonstrado que uma pequena minoria (13,8%) tem conhecimento de ONGs ambientais. Desses, 54,2% são homens, 44,9% têm entre 21 e 30 anos e 56,8% ganham mais de R$ 500,00 mensais.
Tabela 9 – Respostas: Soluções para a sustentabilidade do meio ambiente
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
No que tange às soluções aos problemas relacionados ao meio ambiente, apenas 23,3% dos pesquisados possuem uma percepção de que o problema está com as indústrias poluidoras (ou seja, não está nem com a sociedade nem com o governo legitimado por esta). A análise demográfica desse grupo de pensamento revela que 55% são homens, 76% têm 40 anos ou menos e 84% ganham até R$ 800,00 mensais.
Tabela 10 – Respostas: Percepção da caracterização de crime ambiental
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
De acordo com a lei 9.605/98, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, apenas a primeira reposta é considerada um crime ambiental de fato. Assim 65,2% dos respondentes acertaram. Dentre estes, 62,6% eram mulheres, 36,3 tinham entre 21 e 30 anos. A faixa de idade não foi um fator de variação importante nesse quesito.
4.4. Atitudes ambientais O último bloco de perguntas foca questões de atitudes ambientais.
Tabela 11 – Respostas: Participação em atividades ambientais
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
A participação em atividades ambientais (indicador de “algum ativismo ambiental”) encontrou 57,8% dos respondentes, destes, 63,1% são mulheres, 71,5% têm menos de 40 anos e 68,7% ganham mais de R$ 500,00 por mês.
Tabela 12– Respostas: Participação em eventos ligados a meio ambiente
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
Em mais uma questão que busca medir tendências de ativismo, mas dessa vez aferindo a participação em um evento, tem-se de que 65,3% dos pesquisados participou de, no máximo, um evento. Para os demais 34,7%, sabe-se que 60,6% são mulheres, 69,02% têm menos de 40 anos e 57,91% ganham menos de R$ 800,00 mensais.
Tabela 13 – Respostas: Hábito de ler matérias ligadas às questões ambientais
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
Foi medido também o hábito de acompanhar a cobertura da mídia em relação às temáticas de meio ambiente. A pesquisa demonstra que apenas 6,8% dos pesquisados tem por costume ler sobre o assunto. A tabulação revela que 65,5% desse total são compostos por mulheres, 44,8% têm menos de 30 anos e 62,1% ganham mais de R$ 500,00 ao mês.
Tabela 14 – Respostas: Forma de recolhimento do lixo doméstico
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS
A forma de recolhimento do lixo revelou que 60,5% da amostra não contribuíram para a coleta seletiva do lixo e reciclagem, revelando os cruzamentos temos que desses 54,7% são mulheres, 37,8% têm de 31 a 40 anos e 40,7% ganham mensalmente entre R$ 501,00 e R$ 800,00.
Tabela 15 – Respostas: Fatores que influenciam as compras
Fonte: Tratamento dos dados coletados no SPSS No tocante aos fatores que motivam a compra de um determinado produto em detrimento de outro, revelou-se a fragilidade da consciência ambiental entre os pesquisados, apenas 9% dos respondentes marcaram a opção “preocupação ambiental” como fator influenciador dos atos de consumo. Desses 9%, demograficamente temos 64,9% de mulheres, 57,1% de pessoas entre 21 e 30 anos e, surpreendentemente, 51,7% de pessoas na menor faixa de renda da pesquisa (até R$ 500,00).
5. Análise da Consciência Ambiental Frente aos dados descritivos levantados, os autores procuram desenvolver uma análise do questionário propondo uma escala de consciência com as questões disponíveis, agregando as respostas sobre um índice final e testando este frente às três propostas básicas demográficas da literatura: sexo, idade e renda. Para fins de manejo de dados, elegeu-se trabalhar com as variáveis no formato dummy, transformando os valores da pesquisa em 0 e 1 de acordo com as orientações da reposta. Pela natureza das respostas, reduziu-se a oito variáveis dummy para formar um valor de soma destas que, para este artigo e questionário, se denominou de Grau de Consciência Ambiental (GCA), onde:
GCA = ∑ (α, β, µ, π , ω, τ, υ, ϛ)
α = Ativismo (Sim = 0, Não = 1); β = Participação em eventos relacionados a meio ambiente (A e B = 0, C e D = 1); µ = Conhecimento de ONGs (A = 0, B = 1); π = Contato com mídias relacionadas a meio ambiente (A e B = 0, C = 1); ω = Conhecimento da função de órgãos regulamentadores (A =1, B = 0); τ = Separação do lixo (A = 0, B = 1); υ = Influência do fator ambiental nas decisões de consumo (A, B, C, E = 0; D =1); ϛ = Conhecimento do propósito da Agenda 21 (A e B = 0, C = 1).
O GCA é então um valor discreto entre 0 e 8, de onde podemos classificar: a. 0 e 1 – consciência ambiental muito fraca; b. 2 e 3 – consciência ambiental fraca; c. 4 e 5 – consciência ambiental mediana; d. 6 e 7 – consciência ambiental forte; e. 8 – consciência ambiental muito forte.
Teste de P1: Usa estatística descritiva básica P1: Os habitantes do município de Maracanaú possuem em conjunto um nível fraco de consciência ambiental. – confirmada. A variável GCA para a amostra estudada de 858 casos (sendo 848 válidos) resultou em um valor médio de 2,36 (com desvios padrão de 1,67)
Teste de P2: Usa estatística teste t de Student e Análise Univariada de Variância P2: Há diferenças significativas no nível de consciência ambiental entre grupos de sexo, renda e idades diferentes. · P2 para sexo - confirmada . Através de um teste t de Student para amostras independentes com assunção de homogeneidade de variâncias (Estatística de Levene = 0,893 a uma significância de 0,345) foi verificado que existe uma diferença significante entre o GCA de homens e mulheres (p < 0,005), o que indica que realmente os resultados do grau de consciência ambiental entre pessoas do sexo feminino e masculino é significativamente diferente. · P2 para faixa de idade - negada Analisando estatisticamente os dados, não se confirma a diferenças significativas (a 5% de confiança) entre as médias de GCA para as faixas de idade. Estatisticamente, a ANOVA comparativa entre as faixas etárias não revela diferenças significativas entre as regiões (p[0,914] >0.05). · P2 para faixa de renda - confirmada Analisando estatisticamente os dados, confirmam-se a diferenças significativas (a 1% de confiança) entre as médias de GCA para as faixas de renda. Estatisticamente, a ANOVA comparativa entre as faixas de renda pesquisadas revela diferenças significativas entre as regiões (p[0,001]). Lembrando que hoje no Brasil a faixa de renda é uma variável proxi de educação, podemos esperar a mesma relação para educação. 6. Considerações finais O trabalho confirmou duas das três premissas demográficas usuais da sociologia ambiental (P3) para um município industrial da região metropolitana de uma capital do nordeste brasileiro. Talvez a questão chave do trabalho seja exatamente a não confirmação de nenhuma tendência de relação entre a idade e consciência ambiental. Como a literatura coloca, usando o limite inferior de 17 anos, espera-se que os jovens tenham maior consciência ambiental, ligado a idealismo juvenil ligado ao que se aprende sobre a natureza, que se perderia com a idade. Neste município industrial nordestino parece que este idealismo ambiental não se mostrou muito consistente. Uma das especulações possíveis seria quanto ao lapso histórico da educação ambiental no passado recente: Jovens de 17 anos iniciaram sua formação há pelo menos 10 anos atrás, onde não havia uma educação ambiental estruturada na infância. O histórico da implementação recente da Educação Ambiental no município de Maracanaú deve ser percebido na próxima década. As outras duas variáveis confirmadas são usualmente sustentadas: - pela sensibilidade feminina, ligada a maternidade e a visão de proteção do futuro da prole; - e o acesso a informação (leitura de jornais, tempo para assistir jornais televisivos) e reflexão proporcionado pela melhor renda ( a variável pós-moderna de Inglehart) e a resultado da educação ambiental – conforme colocado no referencial Como limitação teórica do trabalho está a validação do questionário construído visto que este foi criado baseado sobretudo nas necessidades iniciais das secretarias de estados para seus dados demográficos, devendo estes serrem compactos para uma aplicação fácil.
Agradecimentos A Prefeitura Municipal de Maracanaú em especial às Secretarias de Educação e Meio Ambiente
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