Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
13/03/2010 (Nº 31) Diagnóstico da coleta seletiva e reaproveitamento do lixo gerado no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
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Educação Ambiental em ação 31

Diagnóstico da coleta seletiva e reaproveitamento do lixo gerado no campus da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).

 

 

Edivasco dos Reis Carneiro

Graduado em Geografia pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Mestrando em Cultura e Turismo pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Rua Estáquio Bastos, nº 157; Bairro Pontal – Ilhéus - BA

CEP 45654120

edir.carneiro@ig.com.br / (75) 9988-6230

 

Nayara Nascimento Rodrigues

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Mestranda em Zoologia pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

Rua Estáquio Bastos, nº 157; Bairro Pontal – Ilhéus - BA

CEP 45654120

naynasro@yahoo.com.br / (75) 9962-3288

 

 

Resumo

 

                   A coleta seletiva e o reaproveitamento do lixo são muito importantes na sociedade em que vivemos, já que a quantidade de lixo produzido é muito grande e a destinação final do mesmo não é a mais indicada, pois muitas pessoas não dão à devida importância a este tema. Assim, este trabalho tem como objetivo alertar, principalmente a comunidade da Universidade Estadual de Feira de Santana (U.E.F.S.), sobre a problemática da coleta seletiva e do reaproveitamento do lixo no campus da U.E.F.S. e, por conseguinte, esclarecer e elucidar esta comunidade sobre a relevância deste tema; Para tal, foram feitas pesquisas através da internet e de livros relacionados a este tema, aplicação de 20 questionários para alunos de 10 cursos diferentes da Universidade e, por fim, foi realizada uma entrevista com o coordenador do primeiro e único projeto de coleta e reaproveitamento da U.E.F.S., o qual afirmou que o projeto existe e é feito com eficácia (100% do lixo é reciclado).

 

Introdução

 

            Atualmente a luta pela preservação do meio ambiente e a própria sobrevivência do homem no planeta, está diretamente relacionada com a questão do lixo urbano. A sociedade de consumo em que vivemos tem como hábito extrair da natureza a matéria-prima e, depois de utilizada, descartá-la em lixões, caracterizando uma relação depredatória com o seu habitat.

             Lixões e aterros sanitários podem trazer inúmeros transtornos ambientais e, também, comprometer a saúde e as condições de vida das populações das mais diversas formas, como por exemplo, a proliferação de doenças, formação de gases tóxicos ou mal cheirosos, contaminação do solo e da água por produtos químicos que podem conter de metais pesados a compostos orgânicos altamente nocivos á saúde.

           “Analisando os diversos problemas ambientais mundiais, a questão do lixo é das mais preocupantes e diz respeito a cada um de nós. Abordar a problemática da produção e destinação do lixo no processo de educação é um desafio cuja solução passa pela compreensão do indivíduo como parte atuante no meio em que vive (LEMOS et al. 1999: p.64-72).”

          A melhor e mais prática forma de solucionar esse grande problema é a reciclagem, que se dá a partir da coleta seletiva.

 A coleta seletiva do lixo caracteriza-se por ser uma das etapas do processo de reciclagem e consiste em separar o lixo em diferentes categorias (papel, metal, vidro e plástico), possibilitando a chance do mesmo ser reciclado.

             A reciclagem, por sua vez, é o processo pelo qual se transforma o material já utilizado em reutilizável, através de processos físicos ou químicos, de forma que possam ter uma nova forma e nova aplicação, prolongando, assim, a vida útil de um material que seria imediatamente descartado. Este sistema de separação é chamado de Coleta Seletiva, que traz mais vantagens para o processo da reciclagem, pois:

  • Melhora a qualidade dos materiais;
  • Menor geração de rejeitos;
  • Menor área de instalação das usinas;
  • Menos gastos com esta instalação e com os equipamentos de separação, lavagem e secagem.

          “Assim, grande quantidade de produtos recicláveis que poderiam ser reaproveitados a partir dos resíduos, são inutilizados na sua forma de destino final. Isso implica em uma grande perda ambiental, devido ao potencial altamente poluidor do mau gerenciamento dos resíduos gerados, comprometendo a qualidade do ar, solo e, principalmente, as águas superficiais e subterrâneas, além do desperdício de recursos, especialmente, os não recicláveis, inviabilizando sua obtenção no futuro.” (AZEVEDO, 1996).

 

      Com base na relevância da existência da coleta seletiva e reciclagem de materiais em todos os locais onde há produção de lixo, o presente trabalho vem dar um enfoque maior à existência dessas práticas ambientais em instituições de nível superior, sobretudo na Universidade Estadual de Feira de Santana (U.E.F.S.), objetivando, assim, diagnosticar se existe a coleta seletiva e como a coleta seletiva e o reaproveitamento do lixo estão sendo efetivos na Universidade Estadual de Feira de Santana.

      Partindo da informação de que em 1991 foi implantado, na mesma instituição um projeto piloto de coleta seletiva e reaproveitamento (o qual aparentemente não mais existe), objetiva-se, também, neste trabalho investigar as causas da não eficácia desse projeto, assim como compará-lo a outros projetos de coleta e reaproveitamento do lixo aplicado em outras instituições de ensino superior do Brasil.

           Para obter informações a respeito da coleta e reaproveitamento na UEFS em todos os seus aspectos, foram realizadas pesquisas a respeito do tema na Biblioteca Central da instituição; entrevista com o coordenador do primeiro e único projeto de coleta e reaproveitamento da UEFS e, por fim, aplicação de um questionário a 20 alunos de 10 cursos diferentes da própria instituição.

          Para obtenção de dados a respeito de projetos e /ou realização da coleta seletiva e reaproveitamento de materiais em outras instituições de ensino superior no Brasil, pesquisamos em sites de algumas universidades de diferentes estados pelo país.

          Em suma, o desenvolvimento do trabalho visa um maior esclarecimento a respeito da coleta seletiva e reaproveitamento do lixo na própria instituição da qual fazemos parte; assim, como a realização dessas práticas em outras instituições de ensino superior, objetivando estabelecer uma correlação das diferentes práticas nas diferentes instituições.

 

Histórico da Educação Ambiental

 

A Educação Ambiental surgiu, na década de 70, a partir das influências do movimento ambientalista, o qual era predominantemente preservacionista e conservacionista, enfocando, portanto, a necessidade de preservação e conservação de áreas naturais, tais como: áreas florestais, rios, lagos, praias, etc.epistemologicamente, a EA se baseava basicamente no fornecimento de informações relativas ao mundo natural; era essencialmente passiva, reproduzindo uma visão fragmentada de mundo.
         Oficialmente, a Educação Ambiental (EA) surgiu em 1972 durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em Estocolmo na Suécia. Esta foi a primeira conferência que relacionou o homem ao ambiente no qual está inserido, e serviu como ponto inicial para as discussões sobre as questões ambientais que continuam a se intensificar até os dias atuais.

          Na década de 80, com o surgimento da idéia de "Desenvolvimento Sustentável" durante a conferência "Estratégia Mundial de Conservação" (organizada pelo PNUMA e as organizações não governamentais WWF -Fundo Mundial para a Natureza- e UICN-União Mundial para a Conservação-), ocorreu uma mudança fundamental no movimento ambientalista global e, por conseqüência, nas próprias abordagens da EA. O conceito de “Desenvolvimento Sustentável” foi finalmente sacramentado e popularizado em 1992 durante a "Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” (Eco-92).

         A partir desse conceito de “Desenvolvimento Sustentável” o discurso do movimento ambientalista deixou de ser meramente conservacionista e preservacionista e passou a se envolver com questões básicas de desenvolvimento, aliando desenvolvimento econômico ao desenvolvimento sócio-ambiental e promovendo uma melhor qualidade de vida para todos os seres vivos. Esta nova abordagem teve divulgação no âmbito mundial na           “Conferência Meio Ambiente e Sociedade: Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade” realizada na cidade de Tessalônica, na Grécia, em 1997, onde se introduziu, oficialmente, a idéia do desenvolvimento de um tipo de educação que fosse orientada para a sustentabilidade. Assim, o conceito de meio ambiente passa a ser não mais apenas limitado ao meio natural, mas sim passa a englobar e incluir o meio construído pelo homem, o meio social.

           Desta forma, as relações sociais produzidas pelo homem são introduzidas no meio ambiente. Por conseguinte, a Educação Ambiental passa a estudar esse “novo” meio ambiente buscando encontrar uma forma de equilíbrio entre todos esses elementos. Com esta nova abordagem, a EA passa a ser pertinente aos mais variados campos das ciências, pois a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável interessa a todos.
A EA visa a formação de emancipação, de democracia e de cooperação com a finalidade de conseguir, através de práticas éticas, resultados benéficos ao meio ambiente.

 

Coleta Seletiva e Reciclagem no campus da UEFS

 

O sistema de coleta seletiva e reciclagem na UEFS tiveram início, em 1991, a partir de um seminário realizado no campus da mesma. A idéia do seminário surgiu, além dos fatores benéficos deste sistema, devido a incomoda fumaça, provocada pela freqüente queima de resíduos provenientes da própria instituição, que invadia constantemente as salas de aula da universidade.

O seminário deu origem ao primeiro grupo de Educação Ambiental da UEFS, que em 1992 criou o primeiro projeto de coleta e armazenamento do lixo.

Desde então, o grupo passou a adotar diversas iniciativas, buscando a conscientização da comunidade universitária como um todo, a exemplo de palestras, adesivos, folhetos explicativos, folders e cartilhas e, com o auxilio da administração superior, implantação de lixeiras apropriadas para a coleta seletiva.

Entretanto, com o passar do tempo e o conseqüente aumento da estrutura física e do numero de cursos oferecidos na universidade, as práticas ambientais do grupo com relação à própria instituição foram diminuindo paulatinamente, o que se deve ao não acompanhamento da administração superior ao aumento da demanda de recursos necessários a continuidade das atividades do projeto na instituição.

Atualmente o sistema de coleta seletiva, mesmo não tendo os recursos necessários para o seu pleno funcionamento, ocorre de maneira eficaz uma vez que 100% dos resíduos gerados no campus são reaproveitados. A atividade de reciclagem destes resíduos ocorre no próprio campus da universidade, especificamente, no espaço destinado a atual EEA (Equipe de Educação Ambiental) da UEFS. 

Vale ressaltar que a EEA, embora não seja devidamente reconhecida e valorizada pela comunidade universitária, desenvolve, atualmente, dez projetos diferentes em APA’S (Áreas de Proteção Ambiental), em diferentes cidades no estado da Bahia. A falta de reconhecimento da importância do grupo, sobretudo por parte do público estudantil da universidade, se deve essencialmente a não divulgação dos projetos do EEA na UEFS, o que pôde ser comprovado nos 20 questionários aplicados aos estudantes de dez diferentes cursos da instituição: Contábeis (1); Engenharia Civil (4); Licenciatura em Matemática (1); Biologia (4); Pedagogia (2); Letras com Inglês (3); Odontologia (1); Geografia (1); Engenharia de Alimentos (1) e Direito (1).

O questionário apresentou uma única alternativa como resposta, sim ou não, e era composto por seis perguntas:

1-Você sabe o que é coleta seletiva?

2-Em sua opinião, existe coleta seletiva na UEFS?

3-Você acha importante a existência de uma coleta seletiva na UEFS?

4-Você sabe para que serve a coleta seletiva?

5-Você sabe o que significa reciclar o lixo?

6-Você acha que há reciclagem do lixo na UEFS?

 

Como respostas aos questionários obtiveram:

Pergunta

 

Respostas sim

 

Respostas não

 

1

95%

5%

2

40%

60%

3

100%

0%

4

100%

0%

5

100%

0%

6

35%

65%

 

 

 

 

 

 

 

  

Considerações finais

Diante da importância da coleta seletiva e reaproveitamento do lixo para a saúde de nosso planeta, é fundamental que as universidades, de onde saem as pessoas responsáveis pelo melhoramento constante de nossa sociedade, também se preocupem com o destino que vão tomar os resíduos produzidos pelas mesmas. Daí o nosso empenho em averiguar a situação atual da realização de coleta seletiva e reaproveitamento do lixo, sobretudo na nossa própria instituição de ensino (UEFS).

A realização do trabalho comprovou algumas hipóteses, como a realização de um sistema de coleta eficiente e organizado por parte de ao menos metade das universidades pesquisadas ,assim como refutou outras como a de que não existia coleta seletiva na UEFS ,e muito menos reciclagem de materiais. A realização dos questionários, por sua vez, comprovou a expectativa de que grande parte dos alunos da instituição não sabia ou não tinham certeza da existência da coleta e reaproveitamento em sua própria instituição.

Referências Bibliográficas

 

AZEVEDO, Cleide Jussara Cardoso de. Concepção e prática da população em relação ao lixo domiciliar na área central da cidade de Uruguaiana-RS. Uruguaiana, PUCRS - Campus II, 1996. Monografia de pós-graduação. Educação ambiental. 68p.

 

LEMOS, J.C.; LIMA, S.C.; ALVIM, N. M. C. Segregação de resíduos de serviços de saúde para reduzir os riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Bioscience Journal. Vol.15, n°2,. Uberlândia: Universidade federal de Uberlândia, 1999 (p.64-72).

 

Anexo: curiosidades

Por que Reciclar?
Você sabe quanto cada um de nós consome, em média, anualmente?
- 2 árvores gastas com papel
- 90 latas de bebidas
- 45 kg de plásticos
- 107 garrafas ou frascos de vidros
- 10 vezes seu próprio peso em refugo doméstico

E quanto tempo a natureza demora para decompor esses materiais?
Fósforos e pontas de cigarros - 2 anos
Chiclete - 5 anos
Embalagem de papel - 3 a 6 meses
Jornais - 2 a 6 semanas
Isopor - 400 anos
Sacos e copos plásticos - 450 anos
Lata de alumínio - 200 a 500 anos
Casca de frutas - 3 meses

 

 

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Ilustrações: Silvana Santos