Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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12/12/2009 (Nº 30) ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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Trabalho da Disciplina

ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

                                  

João Mateus de Amorim

Doutorando em Geografia na UNESP – Rio Claro (SP)

joao_mateus2007@yahoo.com.br

 

Humberto Januário Pereira

Especialista em Ecoturismo, Interpretação e Educação Ambiental na UFLA

humberto@eafudi.gov.br

 

 

INTRODUÇÃO

 

No passado a questão dos resíduos não gerava muitos problemas, pois havia somente os resíduos orgânicos que era reciclado junto à natureza transformando-se em adubos para as plantas, mas com a industrialização e a inserção da mídia produziu-se a sociedade do consumo e com isso agravou-se essa questão provocando um aumento dos resíduos e uma maior variedade, tais como: metal, plásticos, papel, alimentos, entulhos e resíduos perigosos (laboratório e hospitais).

A esse processo damos o nome de sociedade do descartável, da mercadoria de curto prazo, ou seja, o tempo da natureza foi modificado entrando o tempo da produção artificial.

Então, com isso, confirma-se à necessidade urgente de gerenciar os resíduos, mas antes é preciso analisar se estes resíduos são realmente resíduos ou lixo. Se for lixo precisa-se fazer a coleta seletiva dos resíduos recicláveis e a compostagem dos resíduos orgânicos.

A compostagem é um processo de reutilização dos resíduos orgânicos. Através de processos biológicos e sob condições físicas e químicas adequadas, a decomposição do resíduo orgânico fornece como produto final o fertilizante orgânico.

Devido ao resíduo urbano no Brasil apresentar um alto percentual de matéria orgânica (em torno de 50 %), a utilização da compostagem seria uma solução viável para minimizar a quantidade de resíduo a ser disposta. Através da compostagem, pode-se reduzir à metade a massa de lixo processada, obtendo-se em prazo curto de tempo um produto final bioestabilizado (composto orgânico) que pode ser utilizado na agricultura ou lançado no solo sem risco ambiental significativo (HISATUGO, 2006).

No sistema aberto, esta etapa é feita em pátios especialmente preparados, sendo o material orgânico disposto em leiras (montes) que operam por reviramento ou por aeração forçada, caso em que se necessitam equipamentos especiais. Já no sistema fechado, a matéria orgânica é colocada em biodigestores onde o processo ocorre mais aceleradamente, não dispensando, porém a necessidade de plataforma para a maturação do composto. Os sistemas operados aerobicamente apresentam maior rendimento e não produzem mau cheiro.

A compostagem apresenta como desvantagens à extensão da área onde o material deverá ser trabalhados, que deve ser suficientemente grande para a disposição das leiras, e o material orgânico deverá estar isento de contaminação; pois experiências realizadas no Rio de Janeiro resultaram em um composto com alto percentual de metais pesados. 

Para os materiais recicláveis segundo CEMPRE (2006 apud HISATUGO, 2006) há um índice alto para a lata de alumínio (97,5%) e papel ondulado (79%) e índices baixos para a reciclagem de papel de escritório (33%) e plástico rígido (16,5%).

A reciclagem é considerada como mais uma solução para minimizar a depredação acelerada dos recursos naturais. Cada vez mais os processos tecnológicos têm se aperfeiçoado no sentido de recuperar materiais descartados. Tal procedimento tem levado à economia de energia, matéria-prima, gerado novos recursos e principalmente está de acordo com o lema do desenvolvimento sustentado, já que preserva mais as fontes de recursos não-renováveis e os recursos hídricos. Praticamente podemos reciclar tudo que nos cerca.

A reciclagem como uma forma de reaproveitamento não só soluciona problemas de ordem econômica por gerar novos empregos com a criação de indústrias especializadas no processo, como também serve de solução para vários problemas ambientais, entre eles: devastação de florestas, poluição de rios, acúmulo de lixo e escassez de matéria-prima.

Principais materiais de interesse das indústrias da reciclagem (HISATUGO, 2006):

·         Plásticos - Embora a reciclagem seja economicamente viável, e o plástico reciclado 50% mais barato que o novo, a reciclagem do plástico no Brasil é de apenas 15% do total consumido;

·         Vidro - O Brasil recicla cerca de 27% das embalagens de vidro, das quais 5% provêm de engarrafadoras de bebidas, 10% de sucateiros, menos de 1% da coleta seletiva e o restante de refugos das próprias indústrias, o que representa em torno de 220 mil toneladas por ano. O vidro é 100 % reciclável, e sua permanência no meio ambiente demanda milhares de anos, já que o seu tempo de decomposição é indeterminado;

·         Latas de Alumínio - O alumínio pode ser reciclado infinitas vezes sem perda de qualidade. Para reciclar uma tonelada de latas de alumínio se gasta 5% menos de energia do que para produzir a mesma quantidade a partir da Bauxita (Minério de onde se extrai o Alumínio); o Brasil recicla em torno de 61% de suas latinhas;

·         Papel e papelão - O Brasil recicla cerca de 1,7 milhão de toneladas ao ano (cerca de 37%), representando cerca de 60% do papelão consumido no país.

·         Embalagens Longa Vida - São constituídas por papel duplex (75%), polietileno de baixa densidade (20%) e alumínio (5%). Somente o papel das embalagens é biodegradável e sua incineração gera 21.000 BTUs por quilo. Isso significa que em cada tonelada reciclada há uma economia equivalente a 500 quilos de óleo combustível economizados.

A correta gestão dos resíduos sólidos implica no conhecimento de suas propriedades, sendo estas características de cada localidade. Barros et al. (1991 apud TEIXEIRA 2000) apresentam como propriedades dos resíduos sólidos as seguintes especificações:

·         Composição gravimétrica - representa o percentual de cada componente em relação ao peso total do lixo.

·         Peso específico - é o peso do lixo em relação ao volume ocupado por ele.

O conhecimento do peso específico permite que se determine a capacidade volumétrica e de carga dos equipamentos de coleta e tratamento, assim como o volume do resíduo final. Ele também serve de indicador do grau de industrialização de uma comunidade.

·         Teor de umidade - representa a quantidade relativa de água contida no lixo por unidade de peso, e varia em função da sua composição, da localização geográfica, das estações do ano e da incidência de chuvas. No Brasil, o teor de umidade varia entre 30 e 40 %.

Na Tabela 1, fica evidente a concentração de material orgânico na composição final do lixo em países em desenvolvimento. Este processo é contraditório, pois deveria aproveitar melhor o resto de alimentos, em função de uma grande quantidade de excluídos.  Já em países desenvolvido apresenta-se uma maior concentração de resíduos em plástico, papelão e papel, isso evidencia um maior consumo, devido ao maior poder aquisitivo da população destes países.

Tabela 1:  Caracterização dos resíduos sólidos urbanos

Componentes

Faixa (%)

Variação média

 característica (%)

Restos de comida

50-80

70

Papel

4-10

6

Papelão

4-8

5

Plásticos

1-4

2

Materiais Têxteis

6-15

10

Borracha

1-4

2

Couros

8-12

10

Madeira

15-40

20

Vidro

1-4

2

Folha de flandres

2-4

3

Metais não-ferrosos

2-4

2

Metais ferrosos

2-6

3

Lama, cinzas, tijolos

6-12

8

Lixo municipal

15-40

20

Fonte: Adaptado de Leme (1984 apud TEIXEIRA, 2000)

A Gestão, de forma ampla, é a Tomada de decisão acerca dos aspectos administrativos, operacionais, financeiros, social e ambiental. O Planejamento trata-se de gerenciamento de Resíduos Sólidos de forma sistemática e integrada, com metas, programas e tecnologias compatíveis com a realidade local, ou seja, sempre buscando a integração entre todos estes tópicos, tais como: Geração, segregação, acondicionamento, transporte e a disposição final.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Segundo Hisatugo (2006) com a implantação da reciclagem nos espaços urbanos, apesar de incipiente, proporcionou uma economia de energia, de água e espaços destinados à silvicultura. Então, a reciclagem de resíduo de papel demonstra um forte instrumento de gestão ambiental. A atitude dos gestores da UFU frente à coleta seletiva e à reciclagem de plásticos e papéis ou à reutilização de materiais e papéis contribuirá com as questões ambientais, e com isso, refletirá também nas questões sociais e econômicas da sociedade através da geração de emprego.

Então, tudo indica que o Campus Santa Mônica da UFU faz parte do universo dos grandes geradores de resíduos do espaço urbano. Sendo assim um bom gerenciamento produzirá ótimos resultados para o aspecto visual do Campus, para a gestão ambiental do município e para o aumento da vida útil do aterro sanitário de Uberlândia.

 

REFERÊNCIAS

 

HISATUGO, Érika Yano. Coleta seletiva e reciclagem como instrumentos para a conservação ambiental: um estudo de caso em Uberlândia, MG, Brasil. Uberlândia. (Dissertação de mestrado). UFU. 2006. Programa de Pós-Graduação em e conservação de recursos naturais.

TEIXEIRA, Lucy Teixeira. Utilização do Sistema de Informação Geográfica (SIG) para identificação de áreas potenciais para disposição de resíduos na Bacia do Paquequer, município de Teresópolis - RJ. Rio de Janeiro. (Dissertação de Mestrado). COPPE-UFRJ. 2000. Engenharia Civil.

Ilustrações: Silvana Santos