Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Entrevistas
12/12/2009 (Nº 30) Entrevista com Mauro Schorr, o Orua, para a 30ª Edição da Educação Ambiental em Ação
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Educação ambiental em ação 30
Entrevista com Mauro Schorr, o Orua, para a 30ª Edição da Educação Ambiental em Ação (www.revistaea. org)
Por Bere Adams
 
Apresentação: Esta edição apresenta uma entrevista muito especial, com uma pessoa que faz a diferença por onde passa, e que não se cala diante dos absurdos que encontra pelo caminho. Tive a alegria de conhecê-lo pessoalmente no VI Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, no Rio de Janeiro, ocorrido em julho deste ano (2009). Ele tem uma voz diferente, imponente, que nem sempre encontra respostas no eco de suas perguntas. Trata-se de Mauro Schorr, o Orua como prefere ser chamado. Orua é o coordenador geral do Instituto Anima de Desenvolvimento e Cultura Sustentável, ong bem conhecida e que recebeu o maior prêmio ambiental de SVC este ano, o Prêmio Fritz Müller 2009, ele é "Engenheiro Agrônomo, educador ambiental, naturopata e terapeuta, atua como produtor de alimentos, ervas medicinais e de sementes agroecológicas, na formação de projetos de agroecologia e permacultura, no paisagismo e na proteção e vitalização de residências, e na ampliação da educação ambiental em escolas, orgãos de governo e feiras livres de alimentos e de artesanato. Sua grande contribuição está em unificar a agroecologia, com a biodinâmica e permacultura, unindo ainda estas tecnologias ambientais com uma filosofia de vida que valoriza uma nutrição saudável e uma medicina preventiva, restaurando uma totalidade, um novo ritmo de vida que eleva profundamente a qualidade de vida e sua sustentabilidade" . Pois é, depois de toda essa apresentação, é claro que a curiosidade dos nossos leitores, que ainda não conhecem o Orua, ficou aguçada, então, vamos lá, conhecê-lo um pouco mais:
 
Revista Educação Ambiental Em Ação (REAEA) - Olá, Orua, antes de mais nada e matando uma curiosidade pessoal, fale-me do por que de você usar o nome Orua. Tem algum sentido especial?
 
MS - Orua (MS) - Tem relação com uma mutação, uma metamorfose minha, pessoal, muito relacionada ao padrão religioso de minha família, onde a religião praticada na real possuía muita limitação e o que surgia visivelmente  era um intenso materialismo, muito desconectado do respeito a natureza, às questões sociais, então como tenho uma ligação muito intima com o meio ambiente, a sustentabilidade do planeta, me deram este toque, este nome mais indígena, xamânico, que combina mais com minha realidade cultural e espiritual, e ele é forte, dizem que significa: 'aquele que faz tudo brilhar", e isto tem uma relação mágica com o meu trabalho e meu despertar espiritual de minha visão, ação e consciência, onde sempre vou curando e organizando novamente tudo que posso por onde ando. Trazendo muita luz a tudo. Em Curitiba me conhecem por Ghao, por que eu nascí em Porto Alegre, sou ou fui um gaúcho arteiro. Em Brasília, Surya. Por que hoje em dia me sinto um cidadão da galáxia, por enquanto!
 
REAEA - A sua caminhada pela melhor qualidade de vida para o Planeta já vem de longa data, e muitas das suas pegadas deixam marcas incentivando novos caminhantes pela trilha da sensibilização ambiental. Conta pra gente, como foi o início dessa caminhada?
 
MS - Comecei minha caminhada enterrando lixo com minha vó, em Porto Alegre, ela dizia: isto é o adubo de casa, que dá saúde às plantas, faça agronomia, que é a profissão do futuro do mundo! Assim  entrei na faculdade de Agronomia da UFPR, com aquele pessoal na maioria vindo do interior, muitos filhos de latifundiários e fazendeiros mais abastados, numa escola mais conservadora e bastante elitizada, também com um montão daqueles gênios físicos e matemáticos japoneses. Mas em uma semana a turma me escolheu como seu representante, e no 2o. semestre como o representante geral de todas as turmas, e aí tínhamos que participar das reuniões do centro acadêmico Lycio Vellozo. E comecei a buscar dentro da universidade as soluções para os problemas brasileiros, onde os principais eram o uso de agrotóxicos, sobretudo clorados, muita concentração fundiária, falta de reforma agrária e qualidade de vida e de cultura no interior do Brasil, ausência de interdisciplinarida de, muito problemas com a destruição ambiental, erosão, e a multicionalizaçã o e transacionalizaçã o da agricultura brasileira, sobretudo do grande produtor. Uma das primeiras iniciativas foi conhecer o grupo de estudos de agricultura ecológica, o GEAE, que tinha os caras mais criativos da universidade, E eram assuntos mundialmente muito sérios naqueles anos de 1983, 84. Fomos ao Rio em Petrópolis participar de um Encontro Nacional de Agricultura Ecológica, o IV EBAA, e lá a gente explodiu com todo aquele conhecimento menos utópico e viável de possibilitar resultados reais e financeiramente viáveis para todo o nosso futuro sustentável, e foi interessante encontrar Lutzemberguer mais borracho dançando conosco, ou a Ana Maria Primavesi como uma grande guerrilheira verde, e outras feras como o Sebastião Pinheiro e o Adilson Pascoal. Então voltamos deste encontro e começamos a montar um projeto no campus da universidade, a formação de uma pequena fazenda piloto experimental em agricultura ecológica. Batalhamos mesmo é juntando esterco de caprinos e aves, espalhando em 2 hectares, juntando a palhada em linhas, fazendo assim compostos enormes e plantando de tudo um pouco, depois conseguimos recursos com o governo estadual, e montamos desde pomar, pasto, cerca viva de bracatinga com acácia, pesquisas com adubos verdes, homeopatia veterinária, economia familiar. O GEAE nos trouxe a coordenação nacional dos estudantes de agronomia por duas gestões, e pudemos viajar por todo o Brasil visitando as escolas, conhecendo os melhores caras, estudando as melhores coisas, se envolvendo politicamente com todo o tipo de projetos de pesquisa ecológicos e lutas sociais. Então dentro desta realidade começava a impulsionar a parte prática deste assunto e que é a transformação social no Brasil, que percebia que eram muito teóricas as opções de mudança, e que com a introdução de uma agricultura orgânica, alimentação vital, cuidado com o corpo, educação ambiental, terapêutica, a qualidade de vida e sustentabilidade harmoniosa e transpessoal como acontece na China e na Índia há muito tempo e que poderia ser ampliada em nossa nação. Assim me dediquei à política estudantil até o III ano da escola, e dali comecei a navegar em estradas mais profissionais, pois tinham novos clientes em hortas, chácaras, fazendas. Mas em resumo, foi interessante o começo do meu estudo com o naturismo, em uma viagem com os colegas do GEAE, levei arroz branco, miojo, feijão, caldo knorr, e fiz tudo certinho para cozinhar, e os colegas zombaram e zombaram e aí me convidaram para uma sopa e tanto, cheia de milho verde, verduras, legumes, toda pura e natural, me disseram que isto forma um novo homem, uma nova humanidade, e meu ego ainda resistia ... o ser ignorante ainda queria comer aquela porcaria até que meu coração de anjo despertou para este mundo novo, e aí percebi que era possível a salvação deste planeta, com a terra viva, o alimento saudável, um homem puro, e percebi que isto era a prática dos ensinamentos de Jesus, São Francisco, Gandhi, Aurobindo, Krsnamurti, Lazaeta, e de todos os grandes exmplos de pessoa sábias e iluminadas.
 
REAEA - Durante esse percurso, quais são as dificuldades que você encontrou que mais lhe proporcionaram aprendizados?

MS - Se fala muito em meio ambiente, mas quase sempre falta apoio real, recursos, onde a aprovação de projetos emergenciais não é priorizada. Há muita burocracia e burrocracia neste meio ambiental, se bem que para os politicos que dominam o setor, não há burocracia nenhuma. Há lacunas simples como a falta de tecnologia de sementes, pois as coisas simples os técnicos de governo esqueceram ou nunca praticaram ou dão importância, e são eles que detêm o poder e as decisões. Este papel é cumprido pelas ongs. Há falta de equipes capacitadas e comprometidas, falta de visão holística e interdisciplinar: pois a gente precisa é de uma filosofia de vida mais verdadeira e sustentável e não apenas de trecos-nologia,  e existe muita ausência de capacidade de articulações: cada um defende o seu, e não sabe ainda trabalhar junto. A gente aqui foca muito no "elixir da esperança", que é buscar abrir mais espaço para o surgimento de novas lideranças, sobretudo jovens, e difundir melhor as informações nas redes e nossas ecofeiras. Queremos é transcender a excessiva burocracia; a pouca articulação com a sociedade e diferentes organizações, onde praticamente não temos fóruns de discussão e de união, sobretudo que esteja preparado para enfrentar situações de grave crise ambiental por exemplo. E mesmo que tenhamos isso, nossas gerações agem de forma muito acomodada e pouco profissional, viajam demais, em coisas não reais. Precisam acordar para uma cidadania do III milênio. Há pouca modernidade em se lidar com temas tão importantes que formam a base de um verdadeiro desenvolvimento sustentável, sobretudo a relação e teia da vida com a agroecologia + permacultura + nutrição saudável, e a colheita: medicina integral e preventiva + educação ambiental. Isto quer dizer: milhões sendo economizados, um mundo lindo e livre é possível. A política centralizada urbana e consumista, demagógica, empobreceu demais a conscientizaçã o popular, pois precisamos despertar uma nova cidadania no meio rural e semi-urbano sobretudo, de caráter muito mais socioambiental. Para isso propomos a organização conjunta de seminários e reuniões com os agentes governamentais e de ongs, articulação em 40 redes da net, sobretudo em nosso grupo próprio: institutoanimateiad avida@yahoogrupo s.com.br e  na rede social: http://permacultura br.ning.com/ e em nosso belo site: www.institutoanima. org
 
Maiores Aprendizados:
 
Que estamos colaborando diretamente em uma política mundial sensata contra o aquecimento global e a perda de nossa biodiversidade natural e tradicional, com o impulso à uma agricultura saudável, limpa, sustentável, ética, que combata o problema do aquecimento global, a poluição de rios e do aqüífero guarani, a destruição da mata atlântica e dos recursos marinhos, em aplicar recursos em iniciativas populares ambientalistas e ecologistas práticas e não apenas teóricas que podem realmente atingir as populações mais excluídas de baixa renda, que aproveita o rol de conhecimentos adquiridos para serem utilizados potencialmente com acesso livre e na própria qualidade das empresas e organizações, como a venda e doação de nosso DVD completo (http://permacultur abr.ning. com/group/ InstitutoAnima/ forum/topics/ dvd-do-anima- em-nova-edicao) . Outro ponto importante é que a gente aqui sempre busca atualizar-se e participar diretamente na difusão de uma educação ambiental e agroecológica fundamental para a segurança alimentar de nosso país e planeta. Mas é um visão de um todo que praticamos, onde temos a terra para cuidar, o banco de sementes, a produção de alimentos, de paes, granola, ervas, remédios, pizzas integrais, alimentos orgânicos em atacado, CDs, artesanato, tudo um trabalhão, ainda com a secretaria, projetos de consultoria, ecofeiras, mas dá um stress gostoso, de sermos mais livres, prósperos e donos de nosso tempo e destino. Portanto, nosso instituto é pioneiro no Brasil em unir a agroecologia, com alguns princípios da agricultura biodinâmica, goetheanismo e da permacultura primeiramente, que formam uma abordagem prática e potencial na maior sustentabilidade dos recursos naturais. Porem agroecologia não pode servir apenas como um fator importante na geração de renda, o chamado “capitalismo verde”, porem pode ser fundamental na melhoria da qualidade de vida, e isto significa, que é necessário estudar-se novos valores e hábitos que possam ser utilizados em uma alimentação mais saudável e nutritiva. Os alimentos agroecológicos chegam a ter 10.000 vezes mais vitaminas, sais minerais, oligoelementos, enzimas e coenzimas que os convencionais ou produzidos apenas agroquimicamente. Então temos este caráter inter e transdisciplinar importante, na relação entre um solo vivo, agricultura biológica viva, alimento vivo, que gera uma nutrição vital e integral viva e, portanto, como conseqüência surge uma medicina preventiva mais integra e viável, de menor custo. Isto é fundamental para as classes sociais mais desfavorecidas e para a melhoria da consciência da base de nossa sociedade. Na moderna educação ambiental, valoriza-se muito a integração da agroecologia, com a nutrição integral e vital e a medicina natural. Outra questão é no âmbito do aproveitamento das sementes e produtos agrícolas, onde destacamos a importância do artesanato, da arte popular, e de sua geração de renda, onde tudo pode ser fator decisivo na fixação do agricultor familiar no campo, refletindo em alternativas de renda melhores para sua família, gênero feminino e jovem. A mesma linha de pensamento é importante nas favelas e bairros de maior pobreza urbana. Os resultados deste olhar e  forma de atuação se refletem positivamente no sentido de que não apenas o ator mais ativo das famílias atendidas através de nossos projetos é diretamente beneficiado por nossas metas, que correspondem aos pais e os trabalhadores, mas toda a sua família assimila gradativamente as novidades, reaprendizados e resgates dos conhecimentos tradicionais que costumamos apresentar e destacar. Assim o papel da mulher também é valorizado e adquire uma grande importância quando enfocamos a alimentação saudável, que combate à fome, a miséria e a subnutrição, ou as atividades artísticas, novas sementes, usam de instrumentos da arte-educacão e artesanato que são muito observadas pelas crianças. Por isso que há uma atmosfera de alegria e de entusiasmo nas nossas atividades práticas, na busca conjunta de soluções para as comunidades, onde irradiamos a força e qualidade de nossos projetos e iniciativas. Contudo, há na realidade o destaque a educação de crianças e jovens, que estão mais abertos, críticos e exigentes na absorção de novos conteúdos, sobretudo ecológicos. Toda esta gama de ações poderá ser articulada com associações de produtores rurais, com as federações representativas como a Fetaesc, Fetraf-Sul, Rede Ecovida, sindicatos rurais, empresários, certificadoras, UFSC, UDESC, UNISUL, Univalle, Unioeste, para que surjam alternativas para a melhoria da qualidade de vida e preservação da agricultura familiar em nosso estado, país e planeta.

REAEA - E quais foram os momentos mais significativos, aqueles que se tornam inesquecíveis, que fazem valer a pena continuar?
 
MS – Quando busquei me encontrar aos 22 anos, e tive um processo forte com a bionergética, onde pratiquei uma maratona de 42 dias, obtendo um tremendo despertar e salto quântico, percebendo que não somos a mente, os pensamentos, mas um ser, que possui unidade com o criador, com a natureza e a energia. Somos na verdade uma unidade aprisionada olhando para sua parte, uma célula aparente da criação. Tive outros saltos importantes com pesquisas e jornadas xamãnicas com aoasca, e perseverando na harmonia e na firmeza, na dedicação ao ser verdadeiro, obtive outras formas sublimes de despertar. Estudando a formação holística na Unipaz na granja do Ipê, agradecendo pela vida toda a vivência com o mestre Pierre Weil, que nos mostrou que é possível e muito importante uma educação voltada a paz. Quem busca a paz não destrói. Outro momento bonito foi quando estudante de agronomia, na coordenação geral do CONEA de 1986, o Congresso Nacional dos Estudantes de Agronomia, onde pude ser um instrumento de meus ideais de democracia e de valorização de talentos e de potenciais da equipe que participou de sua organização, que foi um tremendo sucesso. Na minha vivência em ecovila durante 4 anos em Pirinópolis – GO, na fraterunidade, comnidade Vale Dourado, com os cânticos, o yoga, o trabalho com a fartura da terra, os banhos de cachoeira, de 30 metros de altura com um poço de 4 ms de profundidade, água limpinha e azul do lindo Rio das Almas. Na formação do Sitio Cristal Dourado, aqui em Floripa, plantando pedaço por pedaço, com sol e com chuva, com trovão e ventania, sempre perseverando, afiando a vontade e o foco interior. São inúmeros bons momentos, e sinto que colhemos vitórias aqui todos os dias. 
 
REAEA - Como você percebe a Permacultura? Você acha que as pessoas estão abertas para essa prática?
 
MS – Acredito que seja o último salto e capacidade que a humanidade possui de reciclar e economizar a energia das coisas. Ela pode ser muito libertadora da influência capitalista das grandes empresas, empreiteiras, do jogo sujo do capitalismo e seu poder na mídia e na política, no aprisionamento espiritual da nossa civilização, neste final de ciclo. A questão é que estão fazendo dela outro grande e lucrativo negócio, impondo PDCs, cursos formais de capacitação, e esquecendo que muitos de nós já são permacultores muito antes do Bill Mollison faturar bastante com o assunto. Por que esta coisa, infelizmente, de luta de classes, hoje ela é um pouco mais amena que no início do século, mas há muitos pequenos burgueses querendo curtir a permacultura, ter altas rendas com este tema, e não socializar, popularizar, influenciar políticas públicas, em eleger nossos candidatos, isto não é valorizado em suas ações. Nosso movimento com a permacultura é bastante ativo, político, queremos praticar, unir institutos e organizações de forma livre e saudável, oferecer cursos e informações gratuitas e de baixo custo, populalizar, e salvar o que pudermos salvar. Isto não é fácil, as portas não estão muito abertas para quem não está praticando neo-liberalismo ecológico de fachada, marketeirismo ambiental, por isso que partimos para a venda e produção de nossos produtos mais sustentáveis. Nós é que vamos financiar nosso sonho de um mundo melhor, não está dando para esperar muito de nossa sociedade, está muito manipulada. E se somos  fracos, nos esmagam ou desprezam mais ainda.
 
REAEA - Como você entende a Educação Ambiental e como você a integra em seu dia-a-dia e em seu trabalho?
 
MS – Uma forma de ver a vida com mais respeito. Fazermos ter o nosso respeito a singeleza da vida, a evitar que estragamos nosso planeta. Educação não só com o ambiente, mas com o homem também, o ser humano. Ele também é parte do nosso planeta. Temos que ter uma educação voltada ao sagrado, a paz, a humildade, ao esforço, isso pode tornar a necessidade de uma educação especializada em meio ambiente, ser somente de caráter científico, por que um ser humano atento, educado, sábio, desperto, ama muito a vida e a natureza, pratica EA naturalmente. Nós aqui reciclamos nosso lixo, residuos, boa parte de nossa comida a gente planta, as sementes a maioria a gente colhe, faz artesanato de sementes, fazemos muito paes, pizzas integrais com nossas verduras e legumes, vendemos muitos chás, meditamos e oramos, enaltecemos a vida, vamos ainda em escolas dar palestras e executar obras de regeneração e revitalização praticamente completa. Nossas músicas são bastante curativas. Muitos jovens vem nos visitar e fazer estágios. A gente escreveu um manual nosso de EA: Programa de Educação Ambiental do III Milênio do Anima, um livro muito bonito e completo com a EA formal e não formal, que está em nosso DVD e que podemos fornecer a parte, por e-mail.
 
REAEA - Sabemos que é muito importante ter tolerância, principalmente diante daqueles que ainda não se sensibilizaram pelas questões ambientais. Como você age diante das pessoas ditas como insensíveis e o que você acha que poderia ser feito para que pudéssemos sensibilizar os "insensíveis" ?
 
MS – Seja um exemplo da mudança que queremos. Irradie pelos seus olhos a sua ou nossa verdade comum. Eduque com calma, compaixão, peça um espaço para explicar as coisas verdadeiras, as pessoas tem muitas resistências, mas podem abrir brechas importantes. Ninguém vai ser igual a você, cada um tem sua forma de pensar, de refletir, e de exercer a vida. É preciso respeitar cada um, saber somar, unir, valorizar talentos, aptidões. Potencializar uma meta é melhor quando ninguém se coloca como chefe, líder, mestre, mas como igual e de mesmo valor com todo mundo. A gente tem que buscar ser mestre e discípulo da vida ao mesmo tempo. Os insensíveis, precisam antes de mais nada ser ouvidos. E se somos realistas, eles curtem mais do que ouvir nossos sonhos. Por isso que quando começamos a produzir nossos produtos, o sonho fica mais real e palpável, e desta forma tem maior visibilidade e é mais aceito.
 
REAEA - Quais são as pessoas que você tem como referência, que lhe dão suporte teórico e prático em suas ações?
 
MS – Dos mestres mais conhecidos, Osho pela energia libertadora mais do que a sua postura materialista, Krishnamurti pela educação voltada ao respeito pela liberdade, Pierre Weil pela sua inteligência acadêmica que busca os valores nobres e sua educação para a paz mundial. Jesus, pela sua perfeição divina e imensa sabedoria. Mikael Aivanhov, outro ser muito coerente. Educadores, gostei muito do Capra, do Maturana, de Paulo Freire e do Darci Ribeiro. A Obra de Rudlf Steiner ampliou muito minha visão linear passada do mundo. Os fundadores da Permacultura, Donald Holmgren e Bill Mollison, também foram importantes em determinado momento. Mas é um conjunto de coisas, de assuntos, que me fazem acordar mais para a vida. Se relacionam com agricultura, nutrição, fitoterapia, medicina, psicologia, psiquiatria, metafísica, bioarquitetura, onde observo que a gente vai passar por aqui sabendo mesmo muito pouco, mas a essência deste saber, deste aprender a aprender sempre, é o que podemos realmente levar e é o caberá dentro, da bagagem de nosso coração.
 
REAEA - Diante das tantas calamidades ambientais que se acentuam, ano após ano, o que você pensa sobre um trabalho educacional para preparar as pessoas para enfrentarem situações como as das enchentes, por exemplo, que tem inundado a vida de muitas pessoas, em todo país e no mundo?
 
MS – Justamente é isso que nós estamos levando muito a sério, pode haver graves problemas ambientais e a mídia corporativa continua vendendo milhões de unidades de automóveis ano a ano, os celulares explodem o planeta de radiação, o agronegócio transforma tudo em deserto verde, e isso tudo atrás de um stress diário de 8 hs por dia no mínimo, 6 dia por semana. É muito difícil, este sistema de frear seu ritmo de desenvolvimento insustentável. Mas temos que nos esforçar para amenizar, propor soluções, evitar os efeitos danosos e excessivamente capitalistas de nosso progresso. A conscientizaçã o aumenta ano-a-ano, mas o povo ainda está distante de valorizar realmente a EA e outros processos mais ambientais. Propomos muitas soluções no texto:http:/ /permaculturabr. ning.com/ group/revoluosil enciosa/forum/ topics/com- pes-muito- velozes-de- barro-2.
 
REAEA - Fale um pouco do Instituto Ânima, de como é e o que você oferece lá. É possível efetivar cursos em parceria com outras ONG's? O que você pensa sobre estes intercâmbios entre organizações?
 
MS – Recebemos um prêmio estadual de meio ambiente por que propomos a formação de um Fórum Permanente de Agroecologia e de Permacultura para o nosso estado e que interaja com o Brasil e planeta. Os cursos acontecem por afinidade, e isto é bem possível. Os intercâmbios ocorrem hoje naturalmente e são fundamentais. Todos nós, o povo do bem, precisa se fortalecer, não se vender, mas aprofundar em sua prática de seus bons princípios, seremos o espelho para as novas gerações, que vão ter que cair mais na real, sobre o risco de termos um perigoso futuro.
 
REAEA - Deixa-nos uma frase especial, uma que não sai da cabeça e que serve de energia para recarregar nossas esperanças por um mundo melhor:
 
MS – Vamos aceitar que podemos ousar nos libertar, nossa saúde espiritual depende muito da energia natural, a educação ambiental pode harmonizar o nosso desenvolvimento, sem nos stressar e nem destruir, podemos continuar a refletir sobre um mundo novo, começando com a nossa prática de uma vida mais saudável, colocando nossas teorias e sonhos, em ações harmonizadas com o ritmo e o pulsar vital de nosso divino planeta. 
 
REAEA - Orua, nós da revista Educação Ambiental em Ação ficamos muito agradecidos pela sua participação nesta edição, e desejamos que sua caminhada continue a transformar nossas ideias e nossos corações, por um mundo mais sadio e pacífico, muito obrigada, Bere Adams e Equipe da revista eletrônica Educação Ambiental em Ação.
 
 
Saiba mais sobre o trabalho de Orua:
 
Instituto Anima de Desenvolvimento e Cultura Sustentável
Sitio Cristal Dourado e Espaço Terapêutico Pulsar
Prêmio Fritz Müller 2009 - Governo do Estado de SC
Rua Jaborandi 900 - Bairro Campeche - Florianópolis - SC Brasil - 88.065-035
Fones 48 3338 2267 - 8442 7424
Sites:
www.institutoanima. org e www.permaculturabr. ning.com
Produtos: http://www.mercadol ivre.com. br/jm/myML? as_section= ACT_ITMS
Portal de Informações:
http://site. pop.com.br/ institutoanima
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http://br.groups. yahoo.com/ group/institutoa nimateiadavida
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Ilustrações: Silvana Santos