Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Plantas medicinais
PLANTAS
MEDICINAIS NAS POLÍTICAS PÚBLICAS: ALGUMAS REFLEXÕES
Berenice
Gehlen Adams
bere@apoema. Resumo: O
presente artigo apresenta algumas considerações a respeito da inclusão da
utilização das plantas medicinais nas políticas públicas ligadas a área da
saúde, por compreender que estes importantes recursos naturais podem colaborar
de forma preponderante na melhoria da qualidade de vida de todas as comunidades,
principalmente das comunidades de baixa renda, as mais atendidas pelo sistema de
saúde público. As informações destacadas apontam que o desenvolvimento de
políticas públicas voltadas para a potencializaçã Apresentação As
plantas medicinais são utilizadas pelos seres humanos desde a antiguidade,
através do conhecimento empírico. Diferentes grupos culturais trazem
conhecimentos milenares a respeito da utilização das plantas consideradas
medicinais para a manutenção da vida, e a cada dia que passa aumenta o
interesse por ampliar esta utilização, chegando a ser pauta debatida no âmbito
do setor público, em diferentes instâncias. Conforme
Cunha (2009, p. 1), O
conhecimento sobre as plantas sempre tem acompanhado a evolução do homem através
dos tempos. As primitivas civilizações cedo se aperceberam da existência, ao
lado das plantas comestíveis, de outras dotadas de maior ou menor toxicidade
que, ao serem experimentadas no combate à doença, revelaram, embora
empiricamente, o seu potencial curativo. Toda essa informação foi sendo, de início,
transmitida oralmente às gerações posteriores, para depois, com o
aparecimento da escrita, passar a ser compilada e guardada como um tesouro
precioso. Com o
passar do tempo e com o desenvolvimento da Medicina Tradicional, muitas
importantes informações sobre propriedades e formas de uso das plantas para a
saúde foi-se perdendo ao longo dos anos, e atualmente há grande interesse em
resgatar esse conhecimento empírico, transformá-lo em conhecimento científico
através do fomento a pesquisas e implementação de políticas públicas que
viabilizem o acesso às plantas medicinais para toda população brasileira. Neste artigo pretende-se apresentar algumas pautas referentes à inserção da utilização de plantas medicinais pelo poder público para incentivar a reflexão e o aprofundamento dessa temática fundamental para a saúde pública.
A inclusão das plantas medicinais e fitoterápicos nas políticas públicas
No mês de julho de 20071, em evento ocorrido na cidade de Joinvile/SC, o Ministério da Saúde apresentou as políticas públicas que envolvem as plantas medicinais.
A
apresentação indica que as plantas medicinais e a fitoterapia foram
consideradas como áreas contempladas na Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares no SUS, através da Portaria nº 971/06 de 03 de
maio de 2006, com os objetivos de: “incorporar e implementar as Práticas
Integrativas e Complementares no SUS, na perspectiva da prevenção de agravos e
da promoção e recuperação da saúde, com ênfase na atenção básica,
voltada para o cuidado continuado, humanizado e integral em saúde” (p. 20), e
de “promover a racionalização das ações de saúde, estimulando
alternativas inovadoras e socialmente contributivas ao desenvolvimento sustentável
de comunidades” (p.21), entre outros. O
Decreto de Nº 5.8132, de 22 de junho de 2006,
aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) que
tem por principal objetivo o de "garantir à população brasileira o
acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos,
promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia
produtiva e da indústria nacional". Conforme
a apresentação do Ministério da Saúde (anteriormente citada) os princípios
norteadores da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos são: •Ampliação
das opções terapêuticas aos usuários do SUS •Inclusão
social •Desenvolvimento
da cadeia produtiva •Fortalecimento
da indústria nacional •Desenvolvimento
científico e tecnológico •Redução
da dependência tecnológica •Enfrentamento
das desigualdades regionais e inclusão social •Uso
sustentável da biodiversidade •Valorização,
valoração e preservação do conhecimento tradicional •Interação
entre o setor público e privado Pode-se perceber, portanto, que o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a utilização de plantas medicinais tem uma grande importância, não só na área da saúde como também na área social e ambiental. Diretrizes da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos As
diretrizes da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (Brasil,
2006, p. 22) que norteiam a implementação de programas de inserção das
plantas medicinais e fitoterapias ao SUS são: 1.
Regulamentar o cultivo; o manejo sustentável; a produção, a distribuição, e
o uso de plantas medicinais e fitoterápicos, considerando as experiências da
sociedade civil nas suas diferentes formas de organização. 2.
Promover a Formação técnico-cientí 3.
Incentivar a formação e capacitação de recursos humanos para o
desenvolvimento de pesquisas, tecnologias e inovação em plantas medicinais e
fitoterápicos. 4.
Estabelecer estratégias de comunicação para divulgação do setor plantas
medicinais e fitoterápicos. 5.
Fomentar pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação com base na
biodiversidade brasileira, abrangendo espécies vegetais nativas e exóticas
adaptadas, priorizando as necessidades epidemiológicas da população. 6.
Promover a interação entre o setor público e a iniciativa privada,
universidades, centros de pesquisa e Organizações Não Governamentais na área
de plantas medicinais e desenvolvimento de fitoterápicos. 7.
Apoiar a implantação de plataformas tecnológicas piloto para o
desenvolvimento integrado de cultivo de plantas medicinais e produção de
fitoterápicos. 8.
Incentivar a incorporação racional de novas tecnologias no processo de produção
de plantas medicinais e fitoterápicos. 9.
Garantir e promover a segurança, a eficácia e a qualidade no acesso a plantas
medicinais e fitoterápicos. 10.
Promover e reconhecer as práticas populares de uso de plantas medicinais e remédios
caseiros. 11.
Promover a adoção de boas práticas de cultivo e manipulação de plantas
medicinais e de manipulação e produção de fitoterápicos, segundo legislação
específica. 12.
Promover o uso sustentável da biodiversidade e a repartição dos benefícios
derivados do uso dos conhecimentos tradicionais associados e do patrimônio genético. 13.
Promover a inclusão da agricultura familiar nas cadeias e nos arranjos
produtivos das plantas medicinais, insumos e fitoterápicos. 14.
Estimular a produção de fitoterápicos em escala industrial. 15.
Estabelecer uma política intersetorial para o desenvolvimento socioeconômico
na área de plantas medicinais e fitoterápicos. 16.
Incrementar as exportações de fitoterápicos e insumos relacionados,
priorizando aqueles de maior valor agregado. 17.
Estabelecer mecanismos de incentivo para a inserção da cadeia produtiva de
fitoterápicos no processo de fortalecimento da industria farmacêutica
nacional. Estas
diretrizes viabilizam e esclarecem a forma como deverão ser implementados
programas para o desenvolvimento da Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos. Biodiversidade Nosso
país, entre todos no mundo, é o que comporta a maior biodiversidade do planeta
e está vinculada a uma rica diversidade cultural e étnica que detém um
valioso conhecimento tradicional associado ao uso de plantas medicinais,
evidenciando ter o potencial necessário para o desenvolvimento de pesquisas com
resultados em tecnologias e terapêuticas apropriadas (BRASIL, 2006). O
Brasil é o país que detém a maior parcela da biodiversidade, em torno de 15 a
20% do total mundial, com destaque para as plantas superiores, nas quais detém
aproximadamente 24% da biodiversidade. Entre os elementos que compõem a
biodiversidade, as plantas são a matéria-prima para a fabricação de fitoterápicos
e outros medicamentos. Além de seu uso como substrato para a fabricação de
medicamentos, as plantas são também utilizadas em práticas populares e
tradicionais como remédios caseiros e comunitários, processo conhecido como
medicina tradicional. Além desse acervo genético, o Brasil é detentor de rica
diversidade cultural e étnica que resultou em um acúmulo considerável de
conhecimentos e tecnologias tradicionais, passados de geração a geração,
entre os quais se destaca o vasto acervo de conhecimentos sobre manejo e uso de
plantas medicinais [...] Neste sentido, compreende-se que o Brasil, com seu
amplo patrimônio genético e sua diversidade cultural, tem em mãos a
oportunidade para estabelecer um modelo de desenvolvimento próprio e soberano
na área de saúde e uso de plantas medicinais e fitoterápicos, que prime pelo
uso sustentável dos componentes da biodiversidade e respeite os princípios éticos
e compromissos internacionais assumidos, notadamente a CDB, e assim,
promover a geração de riquezas com inclusão social. (BRASIL, 2006, p. 15). Os recursos referentes às plantas medicinais, disponíveis em nosso país, viabilizam com enorme potencial, portanto, a implementação de políticas públicas voltadas para a utilização das plantas medicinais para gerar renda, inclusão social, melhorar a saúde e incentivar a proteção ambiental, além de muitos outros benefícios, como o de reduzir custos governamentais da área da Saúde.
Algumas matérias sobre plantas medicinais e fitoterápicos
A
reportagem da Folha On-line, de Angela Pinho, publicada no dia 8 de janeiro de
2009, intitulada "SUS vai usar mais plantas medicinais e fitoterápicos"
indica que: Segundo
Isanete Bieski, supervisora do Programa Municipal de Plantas Medicinais e
Fitoterapia, da Secretaria da Saúde de Cuiabá, a redução dos gastos pode
chegar a 80% em relação à compra de medicamentos convencionais. Na cidade,
moradores recebem medicamentos e são orientados a adaptar, em casa, hortas com
plantas medicinais (PINHO, 2009, s/p.). A
comprovação da diminuição das despesas públicas com medicação, através
da utilização das plantas medicinais pelo Sistema Único de Saúde amplia a
importância da implementação de políticas públicas voltadas para a
disseminação do uso das plantas medicinais no Brasil. Outra matéria
sobre esta temática, publicada em janeiro de 2009 pela Redação do Diário da
Saúde3,
aponta que: Além
do novo programa, o governo criou também o Comitê Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos, coordenado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia
e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Esse grupo é formado por
membros da sociedade civil, ministérios e entidades vinculadas, como
representantes da agricultura familiar e do setor de manipulação. Ele tem a
missão de monitorar e avaliar o Programa Nacional, assim como de verificar a
ampliação das opções terapêuticas aos usuários e a garantia de acesso a
plantas medicinais e fitoterápicos e serviços relacionados pelo SUS. . Pode-se
perceber o quanto o poder público tem evidenciado interesse e empenho para
inserir as plantas medicinais bem como a fitoterápicos nas políticas públicas,
restando saber se estas serão eficazes e de cunho permanente para a sociedade
brasileira. Considerações
Finais Pode-se
concluir, a partir do exposto, que o desenvolvimento de políticas públicas
voltadas para a utilização de plantas medicinais trata-se de uma ação política
que, sem dúvida, trará muitos benefícios para a população, tanto na área
da saúde como também na área social. Além
disto, a área ambiental também será merecedora de especial atenção, uma vez
que se tratam de recursos naturais. Estes recursos referentes às plantas
medicinais estão disponíveis em nosso país de forma abundante, evidenciando a
viabilidade da implementação de políticas públicas voltadas para a utilização
das plantas medicinais. Além de muitos benefícios, ainda reduzirá custos
governamentais da área da Saúde.
Desta
forma, compreende-se que a implementação de políticas públicas voltadas para
a utilização das plantas medicinais poderá gerar renda, colaborar com a
inclusão social, melhorar a saúde de comunidades com custos reduzidos e
incentivará a proteção ambiental. Referências BRASIL.
Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
Departamento de Assistência Farmacêutica. Política nacional de plantas
medicinais e fitoterápicos / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,
Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica.
– Brasília: Ministério da Saúde, 2006. PINHO,
Angela. SUS vai usar mais plantas medicinais e fitoterápicos. Folha
On-line, Brasília, JAN. 2009. Disponível em CUNHA,
A. P. da C. Aspectos históricos sobre plantas medicinais, seus constituintes
activos e fitoterapia. Disponível em: 1
Disponível em: http://www.conasems 2
Disponível em: http://www.planalto 3
Disponível em: http://www.diarioda
OBS.
Artigo elaborado para a Disciplina EDUCAÇÃO E SAÚDE da Pós-graduação
Educação Ambiental à Distância da Universidade Federal de Santa Maria - Universidade
Aberta do Brasil
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