Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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GESTÃO
DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE SANTO ÂNGELO-RS 1Greyce Vitor Lerino; 2Alexandre Hüller; 3Antonio
Carlos Lopes Cardoso; 3Jorge de Moraes Menezes; 4Luis
Augusto de Almeida Persigo; ______________________________ 1.
Acadêmica do curso de Química da URI (Universidade Regional Integrada) - Santo
Ângelo e estagiária do DEMAM – greycelerino@hotmail.com; 2.
Biólogo, Especialista em Ciências Ambientais e Mestrando em Ciência e
Tecnologia de Sementes – UFPEL-RS (Universidade Federal de Pelotas). Diretor
do DEMAM - Departamento Municipal de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de
Santo Ângelo/RS, Trav. Honório Lemos, 34, Apartamento 303, Bairro Centro, CEP
98802-350, Santo Ângelo-RS, Tel. 55-33131600 - alexandre.huller@hotmail.com; 3.
Acadêmicos do curso de Graduação em Gestão Ambiental – UNIASSELVI (Centro
Universitário Leonardo da Vinci). Técnicos Ambientais do DEMAM – Praça
Pinheiro Machado s/n, Centro, Santo Ângelo-RS, CEP 98801630 -
acarmat@hotmail.com; jmmenezes@brturbo.com.br; 4.
Técnico Paisagista do DEMAM - luispersigo@yahoo.com.br; Resumo Com o crescimento da população, aliado à intensificação
do processo industrial e à conseqüente demanda por bens de consumo,
automaticamente aumenta a geração de resíduos sólidos urbanos. Este artigo
teve como objetivo fazer um estudo de caso da gestão dos resíduos sólidos
urbanos dos domicílios do município de Santo Ângelo - RS. São geradas cerca
de 40 ton/dia de lixo nessa cidade, onde o sistema de limpeza urbana é
gerenciado pelo Departamento Municipal de Meio Ambiente – DEMAM e Secretaria
de Obras, já a coleta, o transporte e a destinação final no aterro sanitário
são de competência de uma empresa terceirizada. No município tem grupos
organizados e uma associação de catadores e recicladores para o
reaproveitamento de materiais recicláveis, inclusive com uma central de triagem
no aterro sanitário do município. O seu aterro municipal foi remediado e
encontra-se licenciado e obedecendo à legislação ambiental vigente. Palavras-chave:
Aterro sanitário;
resíduos sólidos urbanos; limpeza pública. Introdução Da atividade humana, seja
ela de qualquer natureza, resultaram sempre materiais diversos. O constante
crescimento das populações urbanas, a forte industrialização, o aumento no
poder aquisitivo da população de uma forma geral, vêm instrumentalizando a
acelerada geração de grandes volumes de resíduos sólidos, principalmente nas
cercanias das grandes cidades. Devido ao grande volume de
lixo produzido pela população a destinação final adequada de resíduos sólidos
urbanos, atualmente, é considerada um dos principais problemas de qualidade
ambiental das áreas urbanas no Brasil (ALBERTE et al., 2005). O desafio da limpeza urbana
não consiste apenas em remover o lixo de logradouros e edificações, mas,
principalmente, em dar um destino final adequado aos resíduos coletados. No
entanto, é comum observar nos municípios a presença de grandes lixões a céu
aberto, ou seja, locais onde o lixo coletado é lançado diretamente sobre o
solo sem qualquer controle e sem quaisquer cuidados ambientais, poluindo tanto o
solo, quanto o ar e as água subterrâneas e superficiais das vizinhanças
(GOLDMEIER & JABLONSKI, 2005). A Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico revela que há uma média de 228.413 toneladas de lixo
geradas diariamente no Brasil, sendo que 22% têm como destinação final lixões
a céu aberto ou áreas alagadas, 37,8% são levadas a aterros controlados, 36%
vão para aterros sanitários, 2,8% são utilizadas na compostagem, 0,9% vão
para usinas de triagem e 0,5 são incineradas (IBGE, 2008). No Rio Grande do Sul são
produzidos todos os dias aproximadamente 7.000 toneladas de resíduos urbanos,
porém, a maior parte não passa por nenhum tipo de seleção ou tratamento. Em
muitas cidades, o acúmulo de resíduos gera problemas de saúde pública e de
ordem social (Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, 2006). A gestão de resíduos é
tema de muitas discussões, principalmente quanto à obrigatoriedade de seu
recolhimento, tratamento e destinação final. Nesse relato estaremos nos
reportando aos resíduos sólidos urbanos de domicílios gerados no município
de Santo Ângelo-RS, que é de competência do executivo municipal recolher,
tratar e dar o destino final. Coleta
e Transporte dos Resíduos Sólidos Urbanos de Santo Ângelo O lixo produzido no Brasil
é composto basicamente de 65% matéria orgânica, 25% papel, 4% metal, 3% vidro
e 3% plástico (SZPILMAN, 2007). A quantidade média de lixo
urbano produzido e recolhido em Santo Ângelo é de aproximadamente 40
toneladas. Em volume, representa 69% de lixo orgânico e 31% lixo seco ou,
quando relacionado com a massa, 85% de lixo orgânico e 15% lixo seco. O sistema de limpeza urbana
é gerenciado pelo Departamento Municipal de Meio Ambiente – DEMAM e
Secretaria de Obras, sendo que a coleta, o transporte final e a operacionalização
do aterro sanitário são de competência de uma empresa terceirizada. Existe, nesse município, a
Coleta Seletiva de Lixo Domiciliar, que tem por objetivo principal, reduzir ao máximo
a quantia de resíduos recicláveis que possuem como destino final o aterro
sanitário, aumentando com isso a vida útil do referido aterro. A Coleta Seletiva é o
processo de separação e recolhimento de matérias e resíduos que podem ser
reciclados, reutilizados e transformados em novos produtos de grande utilidade.
A separação é efetuada em residências, escolas, condomínios, empresas entre
outros e, pretende diminuir a proliferação de doenças e a contaminação de
alimentos; reduzir os custos com a destinação final do lixo; diminuir a poluição
do solo, da água e do ar; minimizar o desperdício; melhorar as condições
ambientais e da saúde pública no município; contribuir para a educação e a
sensibilização da população; diminuir a exploração dos recursos naturais
renováveis e não-renováveis; além de gerar empregos diretos e indiretos,
através de indústrias recicladoras. Para a coleta são
utilizados caminhões compactadores de resíduos orgânicos e caminhões com
carrocerias apropriadas para os resíduos recicláveis. Destinação
Final dos Resíduos Sólidos Urbanos no município de Santo Ângelo Em Santo Ângelo os resíduos
domiciliares são levados até o Aterro Sanitário, que está localizado na zona
rural a cerca de 7,5 Km da sede do município, com área de aproximadamente 5,5
ha ocupados atualmente, num total de 29,14 ha licenciados. O aterro possui Licença
de Operação da FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental, para seu
funcionamento, atendendo às obrigações da legislação ambiental vigente. Os resíduos recicláveis são
separados por grupos organizados de catadores e recicladores, sendo que no
aterro municipal a Associação Ecos do Verde detém um contrato de prestação
de serviços com a Prefeitura Municipal para separar e comercializar os
materiais com esse potencial. Para atender a demanda dessa associação foi
construída uma central de triagem de lixo no próprio aterro, facilitando assim
os trabalhos de reciclagem. Existem ainda outros grupos
de pessoas organizadas e apoiadas pelo poder público municipal desempenhando
essa função. Entre os resíduos recicláveis estão os papéis, papelão,
caixas de leite, caixas de ketchup, fotocópias, plásticos, garrafas, isopor,
saco de lixo, esponjas, lonas, nylon, sacos de leite, lata de alumínio, clipes,
fios elétricos, grampos, esponjas de aço, espelhos e lâmpadas. Remediação
do Aterro Sanitário de Santo Ângelo Até o ano de 2005 o aterro
municipal de Santo Ângelo operava de forma precária, sem qualquer tipo de
controle, sem licença ambiental e sem sistema de tratamento e destinação dos
resíduos ali recebidos, era, portanto, um verdadeiro lixão. A partir de 2006,
iniciaram-se as obras de recuperação e remediação do Aterro Sanitário, que
contou com um projeto elaborado pela INESPA – Instituto de Estudos e Pesquisas
Ambientais, onde foram realizadas as seguintes ações: ·
Isolamento do aterro com
cercamento e colocação de placa de identificação; ·
Remoção de resíduos
mal distribuídos no entorno dos depósitos; ·
Drenagem das águas
superficiais – Para a drenagem das águas superficiais foram construídas
valas de drenagens no entorno das células, preenchidas com rachão de basalto,
permitindo a drenagem da área, evitando dessa maneira o aumento volumétrico
dos líquidos percolantes na célula e conseqüentemente a sua contaminação; ·
Recuperação
paisagística da área com plantio de gramíneas; ·
Colocação de
cortina vegetal para isolamento; ·
Compactação dos
resíduos, nivelamento e cobertura com manta de argila; ·
Construção de
três lagoas de captação de chorume (liquido percolado); ·
Medidas para
evitar ou amenizar a contaminação do lençol freático; ·
Drenagem e captação
do chorume; ·
Instalação de
sistema de bombeamento de chorume; ·
Drenagem de gases
da massa de resíduos; ·
Foram instalados
drenos de gás nas Células numa malha de (20 x 20), distanciados a cada 20m; ·
Construção
de queimadores de gases; ·
Monitoramento da
água do riacho e do chorume das lagoas de tratamento; ·
Licenciamento
ambiental junto aos órgãos competentes. Ações
de Educação Ambiental junto à comunidade As ações de educação
ambiental são desenvolvidas pelo DEMAM em conjunto com entidades locais. Foi
montada também uma comissão específica para tratar do assunto referente à
coleta seletiva do lixo e gestão de resíduos, dentro do Conselho Municipal de
Meio Ambiente da cidade. Dentre as principais
atividades desenvolvidas estão às campanhas de conscientização junto à
todos os setores da comunidade através de palestras, materiais gráficos,
impressos e campanhas na mídia local, com o envolvimento principalmente das
instituições de ensino, que desempenham função importante nesse processo
educacional. Outra atividade que tem
apresentado ótimos resultados é uma trilha ecológica desenvolvida pelos técnicos
do DEMAM e implantada no próprio aterro municipal, onde são desenvolvidas várias
ações de conscientização com os visitantes, mostrando a realidade da geração
de resíduos e também o processo completo de triagem e separação do lixo
reaproveitável, e ainda o tratamento e destinação final dos resíduos não
reaproveitáveis. Estas ações práticas mexem bastante com a questão
emocional dos visitantes, o que traz resultados mais satisfatórios. Considerações
finais Sabe-se que a qualidade dos serviços de sistemas de limpeza
urbana existentes no Brasil, quando comparada com a de países que possuem maior
desenvolvimento tecnológico e cultural, ainda encontra-se distante da ideal. A
gestão desse problema para os municípios depende acima de tudo de vontade política
por parte dos governantes e, de um bom planejamento das ações a serem
desenvolvidas para buscar a excelência na minimização dos impactos ambientais
gerados pelo lixo. Sabendo que as cidades não param de crescer e se
desenvolver, aumentando automaticamente a geração de resíduos, torna-se cada
vez mais importante a gestão adequada dos resíduos sólidos urbanos,
principalmente pensando em colocar em prática o tão discursado
“desenvolvimento sustentável”, que nada mais é do que “permitir o
desenvolvimento de uma cidade ou região, observando o crescimento econômico
aliado à responsabilidade social e preservação ambiental”, ou seja,
mantendo um equilíbrio entre estas três bases. No caso da gestão de resíduos
isso é perfeitamente possível. Santo Ângelo mostra-se preocupado com a gestão dos resíduos
sólidos urbanos e, com o intuito de contribuir para a melhoria da qualidade de
vida da sua população, através dessas ações desenvolvidas e apresentadas
nesse trabalho. Referências
Bibliográficas ALBERTE,
Elaine Pinto Varela. et al. Recuperação
de áreas degradadas por disposição de resíduos sólidos urbanos. Diálogos
& Ciência – Revista Eletrônica da Faculdade de Tecnologia e Ciências de
Feira de Santana. Feira de Santana, Ano III, n. 5, jun. 2005. ASSEMBLÉIA
LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. O lixo gerando sustentabilidade
– Comissão especial para analisar a questão do lixo no RS-RCE 8/2006. Disponível
em: < http://www.al.rs.gov.br/com/comissão.asp > Acesso em: 15 set. 2008. GOLDMEIER,
Valtemir Bruno; JABLONSKI, André. Gestão Pública Municipal: Orientações
(...). Novo Hamburgo: [S.ed.], 2005. IBGE,
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico. Disponível em: < www.ibge.gov.br > Acesso em: 6
out. 2008. SZPILMAN,
Marcelo. Informativo do instituto – reciclagem. Disponível em: <
www.institutoaqualung.com.br/info_reciclagem31.html > Acesso em: 15 set.
2008. |