Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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28/05/2009 (Nº 28) A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUAS TRAJETÓRIAS, FUNDAMENTOS E IDENTIDADES
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Educação Ambiental em Ação

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SUAS TRAJETÓRIAS, FUNDAMENTOS E IDENTIDADES

 

Daniele Barros Jardim

Pedagoga e Mestranda em Educ. Ambiental - PPGEA/ FURG

Bolsista CAPES/2009

daniele_bj@yahoo.com.br

Av. silva Paes, 77. Centro. Rio Grande-RS

(53) 91019132/ 32329023

 

RESUMO

Este texto aborda alguns eixos que norteiam a temática da Educação Ambiental (EA), conforme o que foi apresentado durante a disciplina de Seminários de Educação Ambiental ministrada pela Professora Susana Inês Molon dentro do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental- PPGEA, da Universidade Federal do Rio Grande- FURG.  Este trabalho possui como principal objetivo apresentar abordagens, sobre educação ambiental, bem como elucidar algumas concepções sobre o tema, a partir dos eixos: A trajetória e os fundamentos da EA; A educação ambiental: várias vertentes; e A Educação Ambiental no Brasil, com o intuito de resgatar o que foi discutido e proporcionado dentro da disciplina.

 

PALAVRAS - CHAVE: Educação Ambiental; Trajetórias e fundamentos da EA; Identidades da EA.

 

ABSTRACT

This text addresses some lines that guide the theme of Environmental Education (AE), as it was presented during the discipline of Environmental Education Seminars conducted by Professor Susana Ines Molon within the Graduate Program in Environmental Education-PPGE, the University Federal do Rio Grande-FURG. This work has as main objective to present approaches on environmental education, and clarify certain ideas on the subject from the elements: The history and the foundations of EA Environmental education: various, and Environmental Education in Brazil, with order to recover what was discussed and offered within the discipline.

 

KEY WORDS: Environmental Education; Paths and grounds of the EA; Identities of EA.

 

 

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

 

 

Esta escrita contempla alguns eixos que norteiam a temática da Educação Ambiental (EA), conforme o que foi apresentado durante a disciplina de Seminários de Educação Ambiental ministrada pela Professora Susana Inês Molon dentro do Programa de Pós-Graduação em Educação Ambiental- PPGEA, da Universidade Federal do Rio Grande- FURG.  Esta apresenta abordagens, sobre educação ambiental, bem como elucida algumas concepções sobre o tema, a partir dos eixos: A trajetória e os fundamentos da EA; A educação ambiental: várias vertentes; e A Educação Ambiental no Brasil, com o intuito de resgatar o que foi discutido e proporcionado dentro da disciplina.

Comento sobre a condição da educação ambiental atualmente, que caracteriza-se por uma problemática ambiental conceitual associada aos problemas estabelecidos por sua prática. Isso não quer dizer que há problemas quanto esse número expressivo de diferentes identidades da educação ambiental, o problema encontra-se sim, na redução de práticas, destas diversificadas concepções, ocorrendo, conseqüentemente, um distanciamento entre discurso e atitude que conduz a perda desta efetividade.  

Mais do que nunca, precisa-se ter mais clareza de qual o papel político da EA, para que a mesma possa contribuir para a construção de uma proposta educacional que visa preparar os cidadãos para exigir uma justiça social e desenvolver a autogestão e a ética nas relações sociais e com a natureza.

 

 

1 PELOS CAMINHOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL...

 

 

O início da modernidade no século XVIII ocasionou inúmeras mudanças políticas, culturais, sociais e econômicas; além de inúmeros acontecimentos perturbadores de costumes e hábitos, o que por sua vez proporcionou outras regulamentações regendo o convívio dos habitantes na nova polis. Neste momento, inicia-se uma reestruturação do processo de cidadania, isto é, um moderno contrato social.

 No entanto, tais mudanças foram propícias para que as cidades em franca expansão começassem a abranger novas formas de poluição, violência e desorganização, gerando problemáticas ambientais, a partir desse novo agrupamento que acontece em espaços comuns (CASCINO, 2003).    

Percebe-se, então, que as questões ambientais começaram a surgir devido a um conjunto de mudanças ocorridas pelo e no mundo. Principalmente, sob o argumento da industrialização acelerada que teve como conseqüência, a necessidade de apropriação cada vez maior e mais rápida dos recursos naturais e humanos, determinando amplas e profundas mudanças nas relações sociais e econômicas.

Nesse contexto, surge a necessidade de praticar a gestão ambiental, pois os espaços naturais necessitavam de uma atenção especial. Cascino (2003) em seus escritos nos comenta que nesse momento a natureza passa a ser compreendida de outra maneira:

 

A natureza passava a ser vista não apenas como um lugar a ser conquistado, mas como um lugar de relação humana, onde o ser humano pode descansar, distanciando-se da nascente neurose urbana. Esta ressignificação da natureza ocorreu a partir da própria conquista humana da tecnologia – com os novos instrumentos de navegação, os novos modelos de barcos, velas, mastros, etc., enfim, todo o conjunto de novos equipamentos voltados à aventura de explorar os espaços naturais e enfrentar os lugares “inóspitos”. (CASCINO, 2003, p. 20)      

 

Mediante perspectivas históricas e críticas, a educação ambiental quer que as visões de mundo sejam discutidas, compreendidas, problematizadas e incorporadas.

Loureiro (2004) em sua obra Trajetórias e Fundamentos da Educação Ambiental problematiza a questão de voltarmos a falar em fundamentos da educação ambiental, mesmo que estes já estejam definidos e mundialmente aceitos desde a metade da década de 1970. Ele justifica que a banalização de alguns conceitos e categorias teórico-metodológicas passou a ser comumente incorporados em alguns trabalhos, projetos e programas que se esvaziou de sentidos, perdendo a caracterização da educação ambiental, assim como a capacidade de refletir e de posicionar-se frente a vertentes existentes, principalmente depois da aprovação da Política Nacional de Educação Ambiental- PNEA. 

A educação ambiental em 27 de Abril de 1999 virou a Lei N° 9.795- PNEA e em seu Art. 2° afirma que "A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal”.

Atualmente, depois de três décadas do início das preocupações com as questões sócio-ambientais, é que a educação ambiental pode expressar-se sobre a necessidade de passar para a sociedade elementos éticos e conceituais a fim de estabelecer uma nova relação com a natureza, buscando superar seu caráter conservador que é muito forte na sociedade. É necessário que o velho paradígma, referente que os educadores ambientais em geral falam das mesmas coisas e possuem os mesmos objetivos, pois o que muda é apenas o setor social em que atuam, seja repensado, refletido e analisado para que aconteça sua superação (LOUREIRO,2004).

Logo, a educação ambiental se constitui em uma forma abrangente de educação, alterando a proposta de educação que conhecemos, visando à participação dos cidadãos nas discussões sobre educação ambiental. A educação ambiental é uma ação educativa que se desenvolve, através de uma prática, em que valores e atitudes promovem um comportamento rumo a mudanças perante a realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo habilidades e atitudes necessárias para dita transformação e emancipação.

A questão ambiental é conhecida como os diferentes modos pelos quais a sociedade, com o passar do tempo, se relaciona com o meio físico natural.  Porém, a noção de que a questão ambiental diz respeito à relação sociedade-natureza não basta para direcionar uma metodologia de análise e reflexão que permita a compreensão deste relacionamento em toda sua complexidade. O ponto chave do entendimento da problemática ambiental está na esfera da totalidade da vida em sociedade.  De acordo com Layrargues:

 

Apesar da complexidade ambiental envolver múltiplas dimensões, verifica-se, atualmente, que muitos modos de fazer e pensar a Educação Ambiental enfatizam ou absolutizam a dimensão ecológica da crise ambiental, como se os problemas ambientais fossem originados independentemente  das práticas sociais. (LAYRARGUES apud LOUREIRO, 2004, p. 11)

 

Barcelos (2008) em seu atual livro Educação Ambiental: sobre princípios e atitudes comenta sobre a ampliação do olhar, que é preciso atentar para as representações principalmente sobre as questões ambientais, porque existe uma radical conseqüência sobre aquilo que podemos fazer em nossas atividades e aquilo que realmente é feito. Isto é, “...a busca de uma maior aproximação entre aquilo que denominamos de princípios, idéias, fundamentos ou pressupostos da educação ambiental e as nossaas atitudes cotidianas” (2008, p. 09).

Segundo Loureiro (2004) a problemática central de se retomar tal reflexão sobre os fundamentos da educação ambiental não é estabelecer um modelo padrão para ser orientador aos educadores ambientais, pois isso geraria um reducionismo e uma negação do educar como processo dinâmico. Mas, ele entende e compreeende que devemos:

 

Objetivamos, sim, definir as premissas que fundamentam uma tendência crítica que enfatiza a Educação Ambiental como uma visão paradigmática diferenciada da e na educação e que, pela explicitação do contraditório, torna compreensível os diferentes modelos encontrados em projetos e programas formais, informais e não formais. (LOUREIRO, 2004, p. 21)

 

Portanto, é importante a apresentação de diversos conceitos em educação ambiental, que podem e devem ser confrontados democraticamente mediante o diálogo, ocasionando uma demarcação dos diferentes campos teóricos que orientam a educação ambiental em suas múltiplas abordagens. Parafraseando Loureiro (2004) a idéia de que tudo é válido, desde que se tenha em mente a preservação do ambiente, não promove a transformação que desejamos para viver em sociedade da forma como almejamos, nem mesmo para nos sentirmos como parte da natureza.       

 

 

2        A TRAJETÓRIA E AS IDENTIDADES DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

 

 

No Brasil a educação ambiental, em particular, vai surgir tardiamente em meados da década de 1980, porque ganha dimensões públicas de grande importância como, por exemplo, a Constituição Federal em 1988. E o movimento ambientalista brasileiro consegue um caráter público e social apenas no início da mesma década supracitada.

Logo, a educação ambiental se inseriu primeiramente nos setores públicos vinculada com um forte sentido conservador, comportamental e tecnicista voltada para a resolução de problemas.

Contudo, a educação ambiental brasileira perpassou sensíveis mudanças metodológicas e conceituais na última década - dado equivalente se comparado com as décadas anteriores e ao que está sendo realizado- existindo uma tendência progressiva de educação ambiental que abandona o perfil conservacionista de antes, reconhecendo a dimensão social do ambiente atualmente. Sobre essa tendência, Layrargues & Loureiro (2000) comentam que:

A praticada pela escola e movimentos sociais e teorizada pela academia tem apresentado uma tendência progressiva a relacionar o espaço escolar com a vida comunitária, reconhecendo a dimensão social do ambiente e começando a abandonar o perfil conservacionista das décadas anteriores. (LAYRARGUES & LOUREIRO, 2000, p.6)

 

Existe a constatação da instituição de um modelo de educação ambiental, que tem como enfoque a reflexão sobre o funcionamento dos sistemas sociais, em que este novo modelo, segundo Layrargues & Loureiro “busca cada vez mais uma aproximação mais realista e complexa da articulação da pauta ambiental com a social” (2000, p.6). Possivelmente, isso aconteceu devido à reflexão das ciências humanas e sociais a respeito da educação ambiental, pois perceberam sua necessidade e importância.

 Sendo que agora, ela tornou-se uma dimensão fundamental, com especificidade própria, em que o adjetivo ambiental é um substantivo. Conforme Layrargues, a educação ambiental é um vocábulo composto que envolve os campos ‘educação’ e ‘ambiente’ “O adjetivo ambiental designa uma classe de características que qualificam essa prática educativa, diante desta crise ambiental que ora o mundo vivencia” (2004, p. 7)

Assim, sua práxis aponta para uma tendência de diferenciação na medida em que se desenvolve e cresce, englobando ao mesmo tempo reflexões como miséria e exclusão social com poluição e degradação ambiental.

E essa tendência que começa a ser denominada como “crítica” ou “transformadora”, se isenta de pertencer à neutralidade política, por ir além das conseqüências da crise ambiental esperadas. Layrargues & Loureiro (2000) dissertam a respeito disso que:

 

...essa tendência da educação ambiental (...) deixa de ser politicamente neutra, ao ir além das conseqüências da crise ambiental. Consolida uma argumentação que legitima a crítica ao sistema capitalista, evidenciando que a causa da degradação ambiental é a mesma da degradação social. Discute os modos de apropriação e uso privado dos recursos naturais e humanos, aponta os conflitos socioambientais daí advindos, e identificando não apenas a degradação ambiental, mas também as vítimas dos seus efeitos. (LAYRARGUES & LOUREIRO, 2000, p.6)

 

    A partir desta ordem, a educação ambiental assume uma nova identidade, porém agora sendo impossível de se referir a somente um modelo de educação ambiental sem qualificá-la. Pois, com a diversidade de nomenclaturas assumidas atualmente, necessita-se re-significar os sentidos identitários e fundamentais dos diferentes posicionamentos.

Todas as diferentes concepções como, alfabetização ecológica; ecopedagogia; educação ambiental crítica, transformadora e emancipatória; educação no processo de gestão ambiental entre outras, buscam a construção da sustentabilidade e o Brasil tem realizado e protagonizado esse debate, abrigando uma enorme gama de discussões sobre as especificidades da educação nesta construção.

Enfim, re-nomear o vocábulo Educação Ambiental pode significar dois movimentos distintos: um refinamento conceitual baseado no amadurecimento teórico do campo e o estabelecimento de fronteiras identitárias segmentando diversas vertentes, (LAYRARGUES, 2004).

  

 

3 A EDUCAÇÃO AMBIENTAL TRANSFORMADORA     

 

A educação ambiental transformadora apresenta-se como um conteúdo emancipatório, a partir de uma matriz que vê a educação como elemento de transformação social, em que as atividades humanas relacionadas ao fazer educativo provocam metamorfoses individuais e coletivas, locais e globais, bem como econômicas e culturais (Loureiro, 2004). Busca mostrar o significado e o sentido da revolução para que se concretize com base numa transformação integral do ser humano e das condições objetivas de existência. Segundo o grande teórico desta área Carlos Loureiro (2004):

 

Entendemos que falar em Educação Ambiental transformadora é afirmar a educação enquanto práxis social que contribui para o processo de construção de uma sociedade pautada por novos patamares civilizacionais e societários distintos dos atuais, na qual a sustentabilidade da vida, a atuação política consciente e a construção de uma ética que se afirme como ecológica sejam seu cerne. (Loureiro apud Loureiro, 2004, p. 90) 

 

O diálogo, que é base na educação, apresenta-se numa perspectiva transformadora e popular de Educação Ambiental, porque só nos educamos/aprendemos dialogando em um conjunto de relações pelos quais nos definimos como seres sociais e planetários. Paulo Freire já justificava a visão de educação como um processo dialógico pelo qual nos educamos mutuamente mediados pelo mundo (LOUREIRO, 2004).

 Com relação à mediação, o autor e educador Lev Vygotsky construiu sua teoria tendo por base o desenvolvimento do indivíduo como resultado de um processo sócio-histórico, enfatizando o papel da linguagem e da aprendizagem nesse desenvolvimento, sendo essa teoria considerada histórico-social. Para Molon, o sujeito é constituído e constituinte mediante as relações sociais e sobre esta questão nos esclarece:

 

Nesse sentido, o sujeito constituído e constituinte nas e pelas relações sociais, é o sujeito que se relaciona na e pela linguagem no campo das intersubjetividades. Desse modo, é na relação com os outros e por ela, é na linguagem e por ela que se constitui e é constituinte de outros sujeitos, no campo da intersubjetividade, configurado como o lugar do encontro e do confronto, e como palco de negociações das significações do mundo sócio-histórico. (MOLON, 2003, p.98)

 

Logo, a possibilidade de pensarmos em uma nova sociedade deve considerar que somos seres com culturas, linguagens, racionalidades e éticas (LOUREIRO, 2004), somos também a natureza e por inúmeras razões, entre elas a biológica, transformamos a mesma e isso se torna parte de um processo histórico- cultural. E a dialética aparece com um método que possibilita o diálogo crítico com outras abordagens do campo ‘ambiental’ que se utiliza de alguns pressupostos comuns na formulação de suas visões de mundo (LOUREIRO, 2004).

É importante destacar ainda que iniciar na Educação Ambiental significa começar a refletir sobre os problemas socioambientais a partir daqueles do nosso próprio cotidiano. Segundo Tristão “Trata-se de ampliar a função da escola, de simples transmissão de conhecimento para estabelecimento de uma comunicação crítica, criadora de um sistema imaginativo e transformador da cultura e do ser humano” (2002, p.173).

Conforme Loureiro (2004), o fazer educativo ambiental assume finalidades e realiza-se coerentemente com a tradição teórica crítica e emancipatória, pois entende que em seu processo de execução existem alguns princípios indispensáveis como, por exemplo, a educação mediadora de interesses e conflitos; os problemas ambientais mediados pela dimensão naturalista; a perspectiva crítica e histórica implica perceber as relações existentes entre educação, sociedade, trabalho e natureza; indissociabilidade entre teoria e prática no cotidiano; e a educação como emancipação.

Estes princípios se concretizam através de procedimentos participativos e dialógicos, que buscam englobar as múltiplas esferas da vida planetária, social e individual. Do contrário, não pode ser subentendido como transformador. Ou seja, é preciso compreender as categorias que permitem pensar a educação indissociável do processo de transformação social e de realização do sujeito em sociedade e no mundo.

A educação ambiental transformadora, enfim, pode ser apresentada em três eixos explicativos, segundo Carlos Loureiro, na edição da publicação realizada pela Diretoria de Educação Ambiental- DEA do Ministério do Meio Ambiente- MMA (2004):

- busca redefinir o modo como nos relacionamos conosco, com as demais espécies e com o planeta;

- tem na participação e do exercício da cidadania princípios para a definição da democracia e das relações mais adequadas, com relação à vida planetária;

- educar para transformar significa romper com as práticas sociais contrárias ao bem-estar público, à equidade e à solidariedade, estando articulada necessariamente às mudanças éticas que se fazem pertinentes. 

O importante é transformar, seja pela atividade consciente ou pela relação teoria-prática. Pois, a educação é um momento da práxis social transformadora, onde não se pretende considerar que a perspectiva ‘ambiental’ possa revolucionar a sociedade, mas sim que sem ela será complicado assim o fazer.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

A educação ambiental trata-se de um processo pedagógico participativo que pretende incutir uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, estendendo à sociedade a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais.

Por isso, a importância da construção de uma proposta de educação ambiental comprometida com o exercício da cidadania que exija a explicitação dos pressupostos que devem fundamentar uma prática/ práxis. Sobre isso, Loureiro (2004) comenta que educação ambiental é o meio educativo pelo qual se podem compreender de modo articulado as dimensões ambientais e sociais, problematizar a realidade, buscando raízes da crise civilizatória.

Mediante perspectivas históricas e críticas, a educação ambiental quer que as visões de mundo sejam discutidas, compreendidas, problematizadas e incorporadas.

Portanto, a Educação Ambiental tem a responsabilidade de construir uma nova ética ecológica a fim de problematizar valores vistos como absolutos e universais que visam o bem comum (LOUREIRO, 2004). Isso inclui agir conscientemente reconstruindo e modificando a realidade. Em fim, a educação ambiental precisa ser compreendida como um ato político. 

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

BARCELOS, Valdo. Educação Ambiental: sobre princípios, metodologias e atitudes. Petrólopis, RJ: Vozes, 2008.

 

BRASIL, Política Nacional de Educação Ambiental -PNEA- Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999.

 

CASCINO, Fábio. Educação Ambiental: princípios, história, formação de professores. 3 ed. São Paulo: Editora SENAC, 2003.

 

LAYARGUES, Philippe. (Re) conhecendo a educação ambiental brasileira. In: MMA. Identidades da educação Ambiental Brasileira. Brasília: Edições MMA, 2004.

 

LAYARGUES, Philippe; LOUREIRO, Carlos F. Educação ambiental nos anos 90. mudou, mas nem tanto. In: Políticas Ambientais. v. 9, n.25. Rio de Janeiro, 2000.

 

LOUREIRO, Carlos F. Trajetórias e Fundamentos da Educação Ambiental. São Paulo: Cortez, 2004.

 

TRISTÃO, Martha. As dimensões e os desafios da Educação Ambiental na sociedade do conhecimento. In: RUSCHEINSKY, Aloísio (org.). Educação Ambiental: abordagens múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002.

Ilustrações: Silvana Santos