Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Breves Comunicações
28/05/2009 (Nº 28) Análise do Ciclo de Produção
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Educação Ambiental em Ação

Análise do Ciclo de Produção

 

José Vitor Charaba, CONSTRUECO CONSULTORIA AMBIENTAL

 

O desenvolvimento tecnológico possibilitou maior disponibilidade e controle da energia, diminuindo a dependência do homem em relação aos animais, ao vento e a água como forças motrizes. Ampliou o potencial das alterações ambientais, ultrapassando a capacidade de auto-recuperação dos sistemas naturais.

 

Na era moderna urbana e industrial, as pessoas passaram a associar avanços tecnológicos com melhoria da qualidade de vida, inaugurando uma fase de grande consumo de mercadorias, cuja produção tem exigido volumes crescentes de recursos naturais e energéticos.

 

No fim do século vinte, as mudanças sociais acompanharam os processos de transformação tecnológica e econômica, e a questão da conscientização ambiental também ganhou importância e espaço nesse processo, permeando as instituições da sociedade e com apelo político crescente. Nos últimos trinta anos, ocorreram importantes mudanças no modo de pensar as questões do crescimento econômico, desenvolvimento humano e proteção ambiental.

 

A questão da sustentabilidade está intimamente relacionada com o conceito da capacidade de suporte de um ecossistema. Para determinar a capacidade de suporte de um ecossistema é preciso conhecer os níveis de consumo e de produção de resíduos admitidos para esse sustento e o intervalo de tempo durante o qual tais indivíduos poderiam se sustentar.

 

A análise do ciclo de vida estuda os aspectos ambientais e os impactos potenciais ao longo de todo o ciclo de vida de um produto ou de uma atividade. Quando se avalia um produto, considera-se toda a cadeia de processos que o originou, as emissões e os impactos potenciais associados ao seu ciclo de vida. Contudo a análise do ciclo de vida mesmo sendo uma ferramenta inovadora ainda se restringe a dar um destino correto aos resíduos (incineradores, aterros, entre outros) com as empresas não se preocupando ainda com o resíduo final dos seus produtos.

 

A natureza como um todo funciona num sistema de ciclos (carbono, água, etc), enquanto nossos sistemas industriais são lineares. Extraímos recursos naturais, transformando-os em produtos e em resíduos, vendemos esses produtos a consumidores que descartam ainda mais resíduos depois de terem consumido os produtos.

 

Se faz necessário que as empresas procurem imitar a natureza e comecem a trabalhar em sistemas de ciclos de produção reintegrando o seu resíduo ao ciclo, pois na natureza todos os organismos de um ecossistema produzem resíduos, mas o que é resíduo para um é alimento para outro, desse modo todo o sistema permanece livre de resíduos.

 

Para conseguir esses sistemas cíclicos é preciso replanejar a produção, consumo e economia. As organizações precisam repensar toda a sua cadeia produtiva e se responsabilizar pelos seus produtos. O produto de hoje vai se tornar um resíduo amanhã, pois quem gera resíduo é responsável pelo mesmo.

 

O mercado livre não fornece informações adequadas aos consumidores e os custos sociais e ambientais de produção não participam dos modelos econômicos. Os economistas rotulam esses custos como variáveis externas, porque eles não se encaixam nos seus arcabouços teóricos e a alfabetização ecológica nos ensina que esse modelo não é sustentável.

 

Ilustrações: Silvana Santos