Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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TRABALHANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ATRAVÉS DO
“PROJETO SEMEANDO AS CORES” Zedeki
Fiel Bezerra (d) a)
Especialista em Educação Ambiental e Conservação de Recursos Hídricos, Núcleo
de Meio Ambiente – Universidade Federal do Pará (NUMA – UFPA), professor da
SEDUC/PA. UFPA/NPADC-GPEEA/Sala Verde Pororoca. b)
Pedagoga pela UEPA (Universidade Estadual do Pará). UFPA/NPADC-GPEEA/Sala Verde
Pororoca. (c)
Pedagoga pela UFPA. UFPA/NPADC-GPEEA/Sala Verde Pororoca. (d)
Especialista em História da Amazônia pela UNAMA. Professor da SEDUC-PA.
Integrante do GPEEA-Sala Verde Pororoca-NPADC/UFPA. (e)
Doutorando em Educação em Ciências e Matemáticas pelo PPGECM/NPADC/UFPA,
professor da SEDUC/PA, UFPA/NPADC-GPEEA/Sala Verde Pororoca. (f)
Doutora em Genética Bioquímica e Molecular, Professora do mestrado e doutorado
em Educação em Ciências e Matemáticas do NPADC/ UFPA, coordenadora do Grupo
de Pesquisa e Estudos em Educação Ambiental (GPEEA)/Sala Verde Pororoca: espaço
interativo socioambiental Paulo Freire da UFPA. Autor para correspondência:
Luiza Nakayama, lunaka@ufpa.br,
fones: (91) 3201-7642 / 7487. Fax: 3201-7642 / 7487. Universidade Federal do Pará,
Campus Universitário do Guamá. Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação
Matemática e Científica - Campus Básico, GPEEA/Sala Verde Pororoca. Rua
Augusto Corrêa, nº 1, Belém-PA/ 66075-110. “Ninguém
educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si,
mediatizados pelo mundo”. Paulo
Freire (1987, p. 68). RESUMO Palavras-chave:
Educação Ambiental, interdisciplinaridade,
Arte-educação. INTRODUÇÃO A temática ambiental deve fazer parte não só da prática docente, mas
também do cotidiano das pessoas. Nessa percepção, o papel do educador é
propor novos hábitos e novas posturas que contribuam para a qualidade de vida
da sociedade. Para Enrique Leff essas mudanças devem gerar uma racionalidade
ambiental que: [...] se funda numa nova ética que se manifesta em
comportamentos humanos em harmonia com a natureza; em princípios de uma vida
democrática e em valores culturais que dão sentido à existência humana.
Estes se traduzem num conjunto de práticas sociais que transformam as
estruturas do poder associadas à ordem econômica estabelecida, mobilizando um
potencial ambiental para a construção de uma racionalidade social alternativa.
(LEFF, 2001, p. 85). Assim, acreditamos que as novas ações direcionadas aos alunos devem ser
repensadas buscando a racionalidade ambiental, a qual promova o desenvolvimento
socioeconômico compatível com a conservação
e preservação da natureza, objetivando minimizar a degradação ambiental.
Nessa perspectiva, o tempo de produção de bens de consumo deve ser associado
ao tempo de capacidade de renovação da natureza - o imediatismo que domina o
modo de produção deve ser substituído por uma nova lógica de respeito à
natureza garantindo a existência das futuras gerações (MUNHOZ, 2004). Dentro
deste contexto iniciamos, no ano de 2002, um projeto em uma escola pública de
ensino fundamental localizada na ilha de Caratateua, em Belém – Pará, próxima à margem do
furo do Maguari. Trata-se de escola ribeirinha, que atende moradores das margens
dos rios e igarapés da região, pessoas cujos estilos de vida são
influenciados pela cultura cabocla amazônica, rica em interações
extrativistas com a maior biodiversidade planetária, bem como por grandes
contrastes econômicos, políticos e sociais (MENDES et al., 2008). O
“Projeto Semeando as Cores” teve como objetivo imediato solucionar o
problema de baixa freqüência de alunos nas aulas de artes, causada por fatores
como a precária situação socioeconômica e cultural dos discentes, que lhes
dificulta adquirir materiais didáticos adequados, mesmo os essenciais, para o
desenvolvimento da disciplina de Educação Artística. Assim, em sala de aula, começamos a mostrar ao aluno que o mesmo poderia produzir desenhos e
pinturas “fabricando” material escolar (grafites, tintas, fixadores, papéis, pincéis, colas
entre outros) utilizando produtos naturais da região. Partindo
do pressuposto que o ambiente escolar é propício para irradiar à população
escolar e à comunidade do entorno, informações necessárias à aprendizagem
global, favorecendo mudanças de paradigmas para a sustentabilidade (DÍAZ,
2002), consideramos necessário à incorporação da educação voltada para a
transformação social na práxis escolar. Constatamos
que era fundamental entender e valorizar a singularidade cultural dessa escola
ribeirinha para poder desenvolver uma educação dialógica e participativa,
privilegiando a diversidade em detrimento da uniformidade, pois “a perda de
identidade cultural, contribui para a desagregação dos grupos sociais,
levando-os a consolidar posições de dependência, acomodação e impotência
frente à dominação de grupos hegemônicos” (IBAMA, 1996, p. 22). Em
vista desta postura, com o passar dos anos, o Projeto foi adquirindo maior
dimensão, objetivando não só mostrar ao alunado a importância e a influência
da natureza nas artes através do educar ambiental, mas também buscando a
interdisciplinaridade. Ressaltamos que o termo interdisciplinaridade não tem um sentido único,
afinal, trata de novas conceituações cujas abordagens nem sempre são
compreendidas da mesma forma (FERREIRA, 2005). Independente disto,
interdisciplinaridade envolve também procedimentos interativos entre os indivíduos,
configurando-se em atitudes e posturas (FAZENDA, 1999). A interdisciplinaridade é utilizada para: [...] caracterizar a colaboração existente entre disciplinas diversas ou
entre setores heterogêneos de uma mesma ciência (Exemplo: Psicologia e seus
diferentes setores: Personalidade, Desenvolvimento Social etc.). Caracteriza-se
por uma intensa reciprocidade nas trocas, visando um enriquecimento mútuo.
(FAZENDA, 2002, p. 41). Afora as inúmeras distinções terminológicas, a interdisciplinaridade
pressupõe basicamente: [...] uma
intersubjetividade, não pretende a construção de uma superciência, mas uma
mudança de atitude frente ao problema do conhecimento, uma substituição da
concepção fragmentária para a unitária do ser humano. (FAZENDA, 2002, p.
40). Consideramos a Educação Ambiental (EA) interligada a
interdisciplinaridade, por conta de seu caráter complexo e inter-relacional
através do qual podemos favorecer a compreensão, dentro de uma contextura
real, das interações e conflitos entre o homem, suas elaborações – arte,
cultura, ciência, religião, senso comum - e a natureza (DÍAZ, 2002). Neste trabalho assumimos que: [...] a
Educação Ambiental, como perspectiva educativa, pode estar presente em todas
as disciplinas, quando analisa temas que permitem enfocar as relações entre a
humanidade e o meio natural, e as relações sociais, sem deixar de lado as suas
especificidades. (REIGOTA, 2001, p. 25). Mininni-Medina (1994)
é mais enfática, ao se posicionar sobre o papel da EA na prática educativa: [...] não
deverá ser encarada como mais uma disciplina do currículo ou um tipo especial
de educação, mas uma das dimensões que irá balizar a educação geral. Dessa
forma, todos os professores serão responsáveis por incluir temas ambientais em
seus programas e abordá-los em suas aulas, estabelecendo um vínculo social
entre eles. É justamente nessa ótica que o Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente - PNUMA estabelece a Educação Ambiental. Ela deverá, segundo o
PNUMA, será vista como uma dimensão da Educação seja no nível formal ou não-formal
(MININNI-MEDINA, 1994, p. 51). Neste contexto, o
objetivo deste trabalho foi estudar algumas atividades interdisciplinares
desenvolvidas no Projeto Semeando as Cores envolvendo a Educação Artística
como instrumento para melhoria da percepção discente com relação ao meio
ambiente que integra. CAMINHOS PERCORRIDOS Na Escola Municipal de Ensino Fundamental "Professor Antônio
Brasileiro de Carvalho" (para resguardar a privacidade da instituição,
adotamos este pseudônimo), constatamos que, apesar das recomendações nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), a Educação Artística não era valorada
como disciplina. Alguns alunos, pais, até mesmo professores de outras
disciplinas acreditavam que desenhar, pintar, esculpir são atividades
recreativas e não pedagógicas. Desse modo, o aluno avança para outras séries
mesmo com desempenhos insatisfatórios em Educação Artística. Verificamos, também, que a falta de interesse e a grande evasão dos alunos
estava presente nas outras disciplinas, talvez pela efetivação de processo educativo
que se concretiza através do objetivo de formar cidadãos no âmbito da cultura
nacional, a qual desconsidera especificidades – culturais, econômicas, geográficas,
sociais - de lugares e regiões. Não podemos ignorar numa alusão a Queiroz (2004), que o enfrentamento
desta questão requer reflexões, interações e ações conjuntas entre escola,
família e estudantes, tudo efetivado numa atmosfera de diálogo e respeito, na
qual interações entre Educação Artística e EA revelaram-se bastante
eficazes, como agentes de sensibilização e, posteriormente, conscientização. Essa constatação nos
remete a Brandão (2003), autora que enfatiza a relevância dos sentidos e da
subjetividade, no entendimento da complexidade das relações humanas com a
Natureza - considerando as implicações políticas e sociais envolvidas - ao
salientar a importância das atividades artísticas e culturais na efetivação
da EA. Para Brandão (Ibid) a
perspectiva do compartilhamento de saberes e a ampliação da capacidade de
reflexão crítica são efetivas contribuições da Arte na elaboração de uma
cultura propícia às mudanças de atitudes vinculadas a compreensão do caráter
sistêmico das nossas relações. Na
grade curricular da Escola Professor
Antônio Brasileiro de Carvalho a
EA era referida como tema transversal, em
conformidade com recomendações oficiais (BRASIL, 1998); a maioria das questões
trabalhadas com o aluno girava em torno do tema gerador, selecionado através de
entrevistas e pesquisa com a comunidade local, a qual discute e aponta os
problemas mais evidentes, com ênfase: 1) na preservação da floresta amazônica,
onde os alunos falam principalmente sobre queimadas e a morte dos animais; 2) na
poluição dos rios, focado principalmente no furo do Maguari, o qual corta a
ilha de Caratateua, que sofre com a invasão das fábricas e madeireiras, cuja
fixação e crescimento vêm aumentando quantitativamente; 3) em discussões
sobre o lixo, o porquê de não jogá-lo em qualquer lugar, sujando a própria
escola e outros ambientes que habitam; 4) na poluição visual, por conta do número
muito elevado de placas informativas e outdoors
nos arredores da escola e 5) o transporte coletivo precário na ilha de
Caratateua. Conversando
com alguns professores da escola percebemos que, apesar de buscar contemplar
problemas básicos da comunidade, as ações em EA eram predominantemente teóricas,
em que pesava iniciativas dos professores generalistas quando, por exemplo,
construíam cartazes com suas turmas, abordando o tema gerador poluição vinda
da descarga dos ônibus e as conseqüências para a população (alergias e doenças)
e para os peixes no rio (morte por asfixia). Diante dessa realidade, implantamos o "Projeto Semeando as Cores",
desenvolvido durante o período de 2002 a 2006, na Escola Professor Antônio
Brasileiro de Carvalho. A localização privilegiada da instituição de
ensino, próxima à margem do furo do Maguari, local possuidor de riquíssima
biodiversidade, contribuiu bastante para o bom andamento do trabalho. O
público-alvo foi composto por alunos de
1a a 8a séries do ensino fundamental, de ambos os sexos,
com faixa etária de 8 a 16 anos.
No início atendemos
20 alunos e no final alcançamos 60. Realizamos reuniões
com a presença dos alunos participantes e seus responsáveis, professores,
equipe executora e corpo administrativo da Escola (para esclarecimentos sobre as
ações, procedimentos, realizações dos alunos e de formas de divulgação dos
trabalhos produzidos) e outras apenas com os alunos (para verificar o grau de
aprendizagem e traçar novas metas, de acordo com os anseios dos participantes). Gradativamente fomos introduzindo algumas atividades, como
visitas monitoradas em locais histórico-culturais de Belém, nas quais, de
acordo com Andrade (2003) e Andrade et al. (2004), foram enfocados aspectos artísticos
e biológicos: noções sobre a biodiversidade amazônica, conhecimento do
acervo de obras artísticas e construções arquitetônicas, conhecimento da
história e da cultura dos povos indígenas da Amazônia, promoção do contato
direto do alunado com a natureza, além de terem sido trabalhados aspectos
importantes para a conservação desses patrimônios. Com
as visitas, os alunos passaram a compreender melhor a necessidade de conhecerem
o bairro onde residem, observando mais detalhadamente, os problemas ambientais,
inclusive os de cunho urbano. Concluímos, portanto, que estas visitas foram
ricas experiências de EA, fundamentais para a formação global do aluno,
contribuindo em aspectos muito bem referidos por Michael (2006): 1) a percepção
de integrar o mundo natural, juntamente com outras formas de vida; 2) a
compreensão que água não provém de uma torneira aberta, mas sim de todo um
contexto natural e social e 3) o entendimento dos desafios associados à vida
sustentável, com os quais podemos lidar empregando criatividade e cooperação. Em relação à
participação dos alunos, é importante ressaltar que muitos deles inicialmente
arredios em sala de aula, em espaços não formais se mostram mais relaxados e
solidários. Assim, foi possível introduzir técnicas de relaxamento antes e
depois da aula, ministrada por uma professora voluntária, para fortalecer as
relações humanas e melhorar a afetividade e a auto-estima dos alunos. Sentimos, durante o Projeto, que era necessário pensar a Educação
Ambiental/Interdisciplinaridade, em termos de processo de formação total do
homem como agente ambiental, no qual era fundamental sempre partir de um
referencial seguro, baseado no suporte Teórico/Prático. Por
sugestão dos próprios alunos, foram convidados profissionais da Universidade
Federal do Pará (UFPA) e Universidade Rural da Amazônia (UFRA) para ministrar
palestras sobre: Ecologia, Zoologia, Botânica e Educação Ambiental. Os alunos
com nosso auxílio realizaram pesquisas bibliográficas sobre a biodiversidade
Amazônica, cultura indígena e problemas ambientais. Nesse
processo dialógico, como educadores, nos comportamos como mediadores nas análises
dos conteúdos, auxiliando os alunos em seu processo de desenvolvimento da
capacidade crítica e criativa, contribuindo para verem “[...]
o mundo com curiosidade e admiração, aumentando a sua sensibilidade
com relação à natureza, assim como a sua expressividade ao reagir ao meio
ambiente.” (MICHAEL, 2006, p.147). Percebemos, dessa forma, que os alunos
ganharam mais autonomia, ficaram mais satisfeitos e confiantes pela aprendizagem
com suas descobertas próprias, pois de acordo com Macedo (2000, p.43) “[...]
quando as idéias são entendidas e são apropriadas de forma encarnada por
aqueles que procuram entendê-las, edifica-se uma abertura e o fenômeno da
educação tende a se mostrar”. O indicativo de que a
metodologia e as aplicações pedagógicas estavam funcionando foi sinalizado
pelo interesse nas demais disciplinas. Os professores de Português, de
Geografia e de Ciências, apesar de no início não participarem diretamente do
Projeto, deram os seus depoimentos, relatando que perceberam mudanças
com relação à freqüência, socialização e produção dos participantes.
Com o passar dos anos, os professores das disciplinas básicas da escola foram,
gradativamente, aderindo ao Projeto de modo coerente a aspectos clássicos da
EA, conforme salientados por Dias (1993): atuações interdisciplinares
centradas no enfrentamento de problemas ambientais locais e globais, com ampliação
do universo de conhecimentos das pessoas envolvidas enfatizando-se participações
coletivas e responsáveis. O
apoio dos professores foi essencial na manutenção de abordagens interdisciplinares,
enriquecendo, dessa forma, a compreensão do alunado sobre a dinâmica
homem/ambiente. Carece ressaltar que o
trabalho coletivo contribui para os docentes repensarem sua formação
tradicional e a própria compartimentalização dos processos de ensino e
aprendizagem, tradicionais empecilhos para ações que requerem integrações
entre professores (BIZERRIL & FARIA, 2001; MANCUSO, 2001). O
“saber interdisciplinar” transcendeu
a Educação Artística, com abordagens de temáticas de suma importância, como
o estudo da localização geográfica e problemas urbanos na ilha, gramática,
leitura e interpretação de textos em EA. Os
alunos ao desenharem e ao pintarem paisagens demonstraram preocupação com os
problemas ambientais que vêm ocorrendo na ilha de
Caratateua. Suas produções enfatizaram principalmente o aumento de
invasões na escola e seu entorno, a poluição do rio Maguari, a poluição do
ar causada pelas descargas dos ônibus, o aumento da violência, a falta de praças
e de parques para passearem e brincarem. Alguns pais também se mostraram
surpreendidos com a mudança de comportamento de seus filhos, pois as atividades
do projeto eram desenvolvidas todos os sábados, no período da manhã (8h às 12h).
Nesse dia, de acordo com os depoimentos, os filhos acordavam bem cedo para
prepararem o seu material de anotações e desenhos para chegarem à escola com
antecedência. Além disso, alguns pais ou responsáveis
deram alguns depoimentos: “estou satisfeita, pois vejo meu filho lendo
mais”; “[...] outro dia perguntou para avó para que serviam algumas
plantas”; “ele está brigando menos com os irmãos”; “está tendo mais
gosto de vir estudar na escola”; “parece estar mais feliz...”. Ao refletirmos sobre estes posicionamentos e
depoimentos, reconhecemos resultados de nossos empenhos em prol da Educação
como processo, que liberta da falta de criticidade, apatia, inércia e omissão
ante problemáticas ambientais, sempre atreladas a aspectos econômicos, sociais
e culturais, conforme argumenta Lima (2004). Ainda em sintonia com este autor,
também consideramos relevante o resgatar da autonomia vinculada à liberdade de
pensamento, na qual nossos alunos exerçam o direito de escolher em relação as
suas vidas, no ambiente que integram, considerando-se as necessidades
individuais e sociais. Obviamente os bons resultados jamais seriam
alcançados sem o empenho docente. Entretanto concordamos com as palavras de
Carvalho (2003, p. 10): “[...] Um só
professor é incapaz de mudar o clima de uma escola.”
Temos clareza que somente através do trabalho coletivo, cujas ações procedam
de reflexão e livre iniciativa, poderemos começar a modificar o contexto de
uma escola tradicional, cujos olhos e ouvidos não podem estar fechados às
características da comunidade que atende. E não basta apenas fazer diferente,
é necessário manter as conquistas, numa atmosfera perene de revisões e
retroalimentações, para garantir que bons resultados, como os referidos por
alunos e seus pais, não se percam nos meandros cotidianos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O Projeto Semeando as Cores, que inicialmente
tinha o objetivo de despertar o interesse do alunado para o universo artístico,
foi se expandindo. O diferencial do Projeto foi realizar um cabedal de
atividades interdisciplinares - com uma visão mais integradora e abrangente de
interpretação da realidade da Escola Professor
Antônio Brasileiro de Carvalho – as quais, durante as aulas regulares, não aconteciam. As reuniões periódicas ocorridas com a participação de todos os
envolvidos no Projeto foram essenciais não só para construção
de novos saberes/técnicas e a
incorporação desses conteúdos no
processo
de formação coletiva dos educadores envolvidos, assim como para a elaboração
de novas estratégias de ensino e definição de novas estruturas
e práticas curriculares.
As reuniões também foram importantes para as decisões logísticas: local,
data, horários, seleção dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos no decorrer
do processo para exposições, seleção de patrimônio histórico para visitação
... Com a abordagem interdisciplinar - um importante viés a ser perseguido
pelos educadores, porque favorece uma compreensão mais globalizada do ambiente,
trabalhando a interação equilibrada entre os seres humanos e a natureza -
buscamos superar a fragmentação do conhecimento, aspecto ainda freqüente na
realidade da sala de aula. Nesse contexto, o diálogo entre os diversos saberes, científicos ou
populares, de maneira que através do confronto entre todos esses saberes
emergissem as concepções e as formulações que os diferenciassem, conduziram
à definição de limites e às possibilidades de integração. De fato, verificamos
que todos os atores envolvidos ajudaram bastante no progresso educacional dos
alunos participantes, que vêm conquistando os seus espaços, alcançando
as necessidades cognitivas, afetivas e de geração de aptidões para uma
atividade responsável e ética dos alunos como agente social transformador. Em
vista do exposto, conseguimos identificar, ainda que timidamente, aspectos de
uma educação transformadora. Finalizamos retornando
à epígrafe de Freire (1987) a qual abre esse artigo, cujo conceito descreve o
respeito que deve existir entre os seres humanos, que deve ser fundamental para
a eliminação dos oprimidos. Nesse sentido, concluímos que nós, os
educadores, não somos mais fiéis depositários, mas, sim, construtores dessa
nova realidade! AGRADECIMENTOS:
A
coordenação, professores e funcionários da Escola
Professor Antônio Brasileiro de Carvalho, pelo apoio logístico. Aos alunos
participantes do Projeto. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS. ANDRADE,
André Brandão Paes de.
Projeto Semeando as Cores na Educação Ambiental. Núcleo
de Meio Ambiente: Universidade Federal do Pará. (Monografia de Especialização
em Educação Ambiental e Conservação de Recursos Hídricos). 2003. ANDRADE, André Brandão
Paes de; SOUZA, Simony Paes de; BELÚCIO, Lucinice Ferreira; MELLO, Clara
Ferreira de; NAKAYAMA, Luiza. Uma forma
de Educar: Arte e Ciência. CNNECIM - Congresso Norte/Nordeste de Educação
em Ciência e Matemática. Belém: Universidade Federal do Pará. ISBN 853380475
– X, p. 595-603. 2004. BRANDÃO,
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