Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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10/03/2009 (Nº 27) PROJETOS ESCOLARES: SENSIBILIZAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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educação ambiental em Ação

PROJETOS ESCOLARES: SENSIBILIZAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

 

 

PIATTI, Célia Beatriz.

Mestre em educação

Supervisora Pedagógica de

6º ao 9º ano - CSDB

Celiabp@brturbo.com.br

  

Resumo

Este trabalho tem como objetivo relatar uma experiência realizada com alunos de 7ºanos de uma escola particular de Campo Grande-MS, envolvidos em um projeto de Educação Ambiental.

Introdução

 

Para muitos a Educação Ambiental é a possibilidade de trabalhar com os alunos o conceito de ecologia, porém, a Educação Ambiental vai além de repassar conceitos. Para Reigota (2002) é uma proposta que altera a educação como a conhecemos, não sendo necessariamente uma prática pedagógica voltada para a transmissão de conhecimentos sobre a ecologia.

Não é uma educação vista apenas como um recurso pedagógico, mas como a participação plena dos cidadãos nas discussões, debates e decisões sobre a questão ambiental.

            Para o trabalho com a Educação Ambiental é necessário romper com o modelo da educação tradicional e desenvolver uma educação crítica e emancipatória, na qual a criança e o jovem têm a possibilidade de atuar, propor idéias e sugerir melhorias para o ambiente onde vive. A escola, a sua casa, a rua e o bairro, poderão ser alvos de observação e de ações com futuras intervenções para melhoria da qualidade de vida da população.

Não basta repassar informações aos alunos. Estas são divulgadas diariamente pela mídia. É preciso sensibilizar, refletir e debater sobre situações diferentes e provocadoras. Criar condições para que eles vivenciem a Educação Ambiental no seu dia-a-dia.

Trazer a Educação Ambiental para a escola é propor mudanças de atitudes, ir além do saber (conceitos) e do saber fazer (procedimentos) é preciso avançar em direção ao saber ser (valores). Construir valores sólidos que promovam o pensar crítico do aluno acerca das questões ambientais a sua volta.

Diante da proposta de inserir a Educação Ambiental no espaço escolar é preciso repensar o papel do professor na perspectiva de consolidar o trabalho efetivo com uma educação, na qual ele compreenda o seu papel diante da formação integral do aluno.

Cabe ao professor, mediado por seu ensino, mostrar ao educando que, a situação atual que vivemos é conseqüência da ação humana, sempre em busca de entender o que está a sua volta, para melhorar e suprir suas necessidades. Essa busca faz do homem um ser em processo de intensa construção de conhecimento e de busca pelas mudanças no ambiente em que vive

É o professor que deverá propiciar situações, as quais o aluno possa ampliar seu conhecimento, avançar em seu desenvolvimento intelectual, criar atitudes de preservação do ambiente, de respeito a tudo que a natureza oferece, possibilitando uma formação integral de valores essenciais para sua existência.

O papel do professor diante da Educação Ambiental é fundamental, sua postura está estreitamente ligada à construção de valores éticos para que o aluno possa atuar como cidadão, capaz de melhorar a qualidade da vida humana por meio de sua atuação.

A Educação Ambiental dever servir de reflexão para mudanças na sociedade. É preciso antes de tudo concebê-la como um espectro de possibilidades para alterações saudáveis no ambiente a partir de uma prática na qual a criança e o jovem possam rever o seu modo de viver e assumir responsabilidades que favoreçam a construção de uma sociedade mais justa e ética.

Uma possibilidade de trabalhar com a Educação Ambiental é inserir no currículo escolar os projetos que devem ter como objetivo a produção de uma nova consciência que sirva como instrumento de intervenção em situações reais, nas quais professores e alunos compartilham os objetivos do trabalho e os conteúdos são organizados em torno de questões para favorecer a compreensão da multiplicidade de aspectos que compõem a realidade da comunidade local.

O trabalho didático com projetos pode integrar a organização curricular, utilizando-se de momentos específicos, de modo a articular os conteúdos das várias disciplinas curriculares. “Um projeto fornece uma oportunidade para os estudantes disporem de conceitos e habilidades previamente dominados a serviço de uma nova meta ou empreendimento” (GARDNER, 1994, p.189).

Os projetos permitem ao aluno valorizar as ações locais como instância fundamental para a transformação dos problemas de âmbito regional e global, transformando a escola em local não apenas de recebimento de informações, mas de ação, de fonte de criação de situações que possam refletir resultados positivos em relação à sociedade.

Nessa perspectiva, nosso relato de experiência, tem como objetivo, revelar um Projeto de Educação Ambiental, com alunos de 7º anos de uma escola particular de Campo Grande - MS.

 

 Projeto: idealização, sensibilização e aprendizagem.

 

A partir da proposta de organizar projetos envolvendo a temática ambiental, professores e alunos foram convidados a promoverem ações que revelassem a importância e necessidade deste trabalho. Foram intensos desafios, formação continuada para os professores, leituras e estudos constantes na perspectiva de compreender como se processa o ensino, ao inserir no currículo, a Educação Ambiental.

Primeiramente, os professores  compreenderam que não ensinamos Educação Ambiental, mas vivemos momentos nos quais ela perpassa nossas aulas, transversalisa os conteúdos, impõe novos debates e discussões sobre a própria sala de aula, ambiente de trocas coletivas, onde “a prática pedagógica deve ser criativa e democrática, fundamentada no diálogo entre professor e alunos” (REIGOTA, 2002, p.27).

No início, os projetos não apresentavam consistência na execução e ficavam restritos às meras pesquisas bibliográficas e buscas de informações. Aos poucos, ficaram sólidos e apresentaram aos alunos um mundo de possibilidades de pensar para agir sobre o ambiente.

Ao acreditar que a escola tem o papel de educar integralmente, o professor compreende que por meio do trabalho com os projetos, cria a possibilidade de o aluno descobrir, investigar, observar, ir a campo e buscar soluções para os problemas levantados.

A partir da idéia de que planejar um projeto não significa apenas a busca de informações com posteriores avaliações sobre o que aluno aprendeu, o professor se torna um aprendiz, pois também é convidado a viver o projeto em toda a sua plenitude de estudos e práticas criativas.

Ao professor cabe compreender que o trabalho com projetos não significa que este estará desconectado dos conteúdos, ao contrário, os conteúdos poderão ser mais interessantes e atraentes ao serem aliados aos projetos.

Uma característica dos projetos é a possibilidade de articular as diferentes áreas de conhecimento, oferecendo ao aluno a formação ampla em diversas competências, privilegiada em diferentes contextos.

Os Projetos de Trabalho contribuem para  uma resignificação dos espaços de aprendizagem de tal forma que eles se voltem para a formação de sujeitos ativos, reflexivos, atuantes e participantes (HERNANDEZ, 1998).

O trabalho com projetos possibilita ao aluno compreender que, o que se aprende na escola deve transcender as paredes da sala de aula e atingir um nível regional e global de atuação e ação, considerando o seu papel de cidadão responsável pelo planeta de hoje e de amanhã.

 

O projeto: uma experiência rica em Educação Ambiental

 

Na perspectiva de trabalhar a Educação Ambiental elaboramos o projeto intitulado: viagem de estudos às usinas de Jupiá e Ilha solteira, com alunos de 7º anos de uma escola particular de Campo Grande-MS. Participaram do projeto 35 alunos e três professores, das disciplinas de  Ciências, Geografia e  Língua Portuguesa.

 

O projeto contemplou uma viagem às usinas com o objetivo de promover a reflexão dos alunos acerca da construção de uma usina e a ação do homem diante dos impactos causados no ecossistema.

 Situada sobre o Rio Paraná, na intersecção com o Rio Sucuriú, no ponto chamado Jupiá, entre as cidades de Três Lagoas (Mato Grosso do Sul) e Castilho (São Paulo), a Usina Hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias é a terceira maior usina hidrelétrica do Brasil.

A construção da Usina do Jupiá, como também é chamada, foi iniciada na primeira metade da década de 1960 pelo governador Adhemar Pereira de Barros, e finalizada no ano de 1974, utilizando tecnologia inteiramente brasileira. Apesar de ter sido um projeto desenvolvido durante a ditadura militar, período marcado por obras faraônicas, a Usina Hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias é relativamente eficaz em termos da área alagada e da destruição ambiental causada e da eletricidade ali produzida

 Entre as três maiores usinas hidrelétricas do Brasil, perde somente para a maior, a Usina hidrelétrica de Itaipu, em termos de eficiência, ultrapassando a Usina hidrelétrica de Ilha Solteira.

A usina possui 14 unidades geradoras (turbinas Kaplan), com potência instalada total de 1.551,2 MW. Tem, também, dois grupos turbina-gerador para serviço auxiliar, com potência instalada de 4.750 kW em cada grupo. Sua barragem tem 5.495 m de comprimento e seu reservatório tem 330 km². Além disso, a Usina hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias tem a seu dispôr uma eclusa que permite a navegação do Rio Paraná, além da integração hidroviária com o Rio Tietê.

A Usina Hidrelétrica Ilha Solteira é a maior usina hidrelétrica da CESP e do Estado de São Paulo e a terceira maior usina do Brasil. Está localizada no rio Paraná, entre os municípios de Ilha Solteira (SP) e Selvíria (MS) (localização).

Em conjunto com a Usina hidrelétrica Engenheiro Sousa Dias (Jupiá), compõe o sexto maior complexo hidrelétrico do mundo.Sua potência instalada é de 3.444,0 MW e tem 20 unidades geradoras com turbinas tipo Francis.

É uma usina com alto desempenho operacional que, além da produção de energia elétrica, é de fundamental importância para o controle da tensão e freqüência do Sistema Interligado Nacional.Sua barragem tem 5.605 m de comprimento e seu reservatório tem 1.195 km² de extensão.

O Canal Pereira Barreto, com 9.600 m de comprimento, interliga os reservatórios da Usina Hidrelétrica Ilha Solteira e da Usina Hidrelétrica Três Irmãos, propiciando a operação energética integrada dos dois aproveitamentos hidrelétricos.Em março de 2000, seu processo de geração de energia elétrica foi certificado pelo Bureau Veritas Quality Internacional, baseado na NBR ISO 9002:1994

O vertedouro da usina Ilha Solteira contém 19 vãos e uma descarga total de m³/s 38.300.00. As águas do rio Tietê, afluente do rio Paraná, desembocam a montante de Jupiá e a jusante da usina de Ilha Solteira, respectivamente. Existe, porém, um desvio para que parte da vazão destes rios possa ser desviada entre os reservatórios de Ilha Solteira e Três Irmãos com a finalidade de se promover melhor desempenho energético e controle de afluências nos aproveitamentos.

Ao preparar as atividades os alunos foram mobilizados pelo real escopo do projeto. Inicialmente, o percurso proporcionou aos participantes consolidar as amizades, divertir e aprender. Durante a viagem, já tiveram a oportunidade de observar a grandeza do ecossistema, a riqueza da vegetação, a beleza dos animais silvestres. 

Ao chegar à usina de Jupiá assistiram um vídeo acompanhado de uma palestra com um Engenheiro da CESP (Companhia Energética de São Paulo) q ressaltando a importância da preservação da água, como um bem precioso da humanidade. Diante das imagens e explicações do engenheiro, os alunos puderam perguntar, tirar dúvidas e refletir sobre situações do dia-a-dia que podem prejudicar o futuro da água no planeta.

 Posteriormente, visitaram o viveiro de plantas que retrata a preocupação dos administradores da CESP em suavizar os danos causados pela construção das usinas, pois o impacto dessa edificação retirou os animais de seu habitat, bem como cortou as árvores nativas da região.

Ao visitar o viveiro observaram que se faz o plantio de várias mudas para a realização do reflorestamento ciliar. Há também uma dedicação exclusiva ao manejo pesqueiro realizado na perspectiva de manter vivas as espécies nativas do Rio Paraná, com variedades do Vale do Paraíba. Essa atividade já devolveu à natureza 85 milhões de alevinos.

Ao visitarem as instalações e receberem as informações do monitor sobre o funcionamento da usina puderam constatar que, diante da tecnologia implantada no local, há uma intensa batalha de recuperação do ecossistema. O que permitiu aos alunos compreenderem que, mesmo diante da inovação é possível recuperar o ambiente a partir da conscientização de cada um.

Na usina de Ilha Solteira, assistiram um vídeo que propiciou refletir sobre a importância do uso consciente da água e da energia elétrica nos ambientes em que vivem. Tiveram a possibilidade de ver a potência das turbinas que geram a energia elétrica para a região e também puderam observar a quantidade de água represada nos lagos para gerar a energia suficiente para o conforto da população.

Por último, visitaram o Parque Zoológico que tem por objetivo a conservação da fauna e flora. Local que abriga 65 diferentes espécies. Os animais são mantidos em ambientes semelhantes o seu habitat natural. Um trabalho de alto nível na preservação, reprodução e criação em cativeiros de espécies como o jacaré-de-papo amarelo, arara canindé, tamanduá-bandeira, bugio vermelho, cervo-do-pantanal, lobo-guará ,jaguatirica, cachorro-do-mato-vinagre, entre outros.

A fauna e a flora são vistas de maneira a fazer refletir sobre o compromisso do homem em preservar, valorizar e respeitar a natureza para que a geração de hoje e as futuras possam também usufruir das belezas naturais e dar continuidade à preservação.

Discussões, debates e reflexões foram constantes durante a viagem pelos alunos que, motivados pelo que observavam e instigados pelo que ouviam, perguntavam e questionavam sobre situações que contemplavam.

Durante as atividades, coletaram dados, imagens, analisaram as informações, registraram as dúvidas, observaram o entorno, compararam imagens, por meio de fotos, do local antes da construção, questionaram os engenheiros sobre sustentabilidade e o respeito a diversidade da fauna e flora local.

Após a viagem, foram convidados a discutir as questões, momento no qual tiveram oportunidade de expor a opinião de cada um diante da experiência,refletir sobre a importância de pensar sobre a capacidade de um homem se manter inserido no ambiente sem, contudo, impactar violentamente esse meio.  Sabendo usar os recursos naturais e, de alguma forma, devolvê-los ao planeta por meio de práticas ou técnicas bem desenvolvidas para este fim.

 

Conforme o depoimento dos alunos fica claro que as atividades serviram para suscitar o pensamento crítico acerca da experiência propiciada a eles:

 

__ Nossa, a usina é muito grande e também é necessária para produzir energia, mas eu achei importante que eles também se preocuparam com os animais e com as plantas. Ainda bem que vão replantar as árvores, assim poderá melhorar o local (aluno A).

__Eu gostei da viagem, já vim aqui com o meu pai, mas nunca parei para pensar sobre o impacto da usina no meio ambiente, na importância de preservar as árvores e os peixes daquele lugar (aluno B).

 

__ [...] O homem pode construir uma usina, mas precisa pensar também que não pode deixar os animais sem seu habitat e também não pode tirar as plantas que protegem o solo, mas também é preciso fornecer energia para as pessoas e por isso eu achei interessante que eles estão tentando melhorar o local que foi mudado para a construção da usina (aluno C).

 

__ A gente gasta muita água sem pensar o quanto ela é necessária para muitas coisas e principalmente para gerar energia.Vou pensar mais sobre usar direito a água para não faltar depois (aluno D).

__Eu vou pensar mais sobre o uso certo da água, pois podemos ficar sem ela se não economizarmos e isso acontecerá em breve (aluno E).

 

Ao reunir os alunos para retomar as atividades e discutir sobre tudo que vivenciaram na viagem, consideramos que oferecemos a eles a possibilidade de vivenciar, observar, comparar, refletir sobre questões que podem consolidar as suas atitudes, para que possam compreender que são capazes de agir para melhoria do meio ambiente.

Os professores idealizadores do projeto puderam avaliar as atividades tendo em vista a participação dos alunos durante todo o percurso.Fica claro no

depoimento dos professores que a atividade realizada a partir de um projeto tem significado para a aprendizagem dos alunos:

__ Fiquei surpresa com a curiosidade dos alunos.As perguntas constantes revelaram a necessidade de vivenciar o estudo em lócus (profa. A)

__ Realmente o projeto oportuniza ao aluno viver o tema em estudo.Questionar, observar, tirar conclusões e aprender com significado para a vida (prof.B)

__A viagem vai ser pauta das aulas durante todo o ano, pois vai permear todos os conteúdos de Geografia.É uma grande riqueza trabalhar com projetos que não sejam apenas de pesquisa bibliográfica.O aluno pode viver a experiência concreta do estudo. (prof.C)

 

Ao participar de um projeto o aluno tem a oportunidade de ir além dos conteúdos vistos em sala de aula, de receber informações, de ser passivo diante da construção do conhecimento.Ao participar da atividade e discutir as questões vivenciadas, tem a possibilidade de pensar mais criticamente sobre os problemas e as soluções da situação vivenciada.

Acreditamos que, cada aluno participante teve a oportunidade de compreender a sua responsabilidade com os bens do planeta que hoje são seus, no futuro serão de seus filhos e netos.

 

  Algumas considerações

 

No processo de ensino cabe ao professor o papel de mediador do processo de aprender, sendo necessário a sua compreensão sobre como atuar para que o aluno possa avançar no processo de construção dos conhecimentos.

 O processo de ensino não deve corresponder à mera transmissão de informações, mas partir de atividades que possibilitem ao aluno, relacionar, comparar, criticar, opinar ou refutar as informações, transformando estes dados em conhecimentos mais complexos e sólidos.

Mais que formar meros acumuladores de informação, a escola precisa ser espaço de reflexão contínua sobre o ato de aprender, para que recursos sejam mobilizados na formação integral das crianças e jovens, possibilitando que a aprendizagem ocorra de forma significativa. Portanto, os projetos são fonte de riqueza no trabalho cuja intenção é criar um aluno crítico e atuante na sociedade onde vive.

O trabalho com projetos aproxima os alunos, une as disciplinas, propicia uma aprendizagem significativa, integra os conteúdos à vida cotidiana, socializa o conhecimento entre os alunos e a comunidade educativa.

O trabalho com projetos não é uma proposta fácil, pois exige do professor criar e recriar constantemente o seu planejamento e do aluno constantes estudos, esforço, empenho e aprofundamento das questões em estudo.

Ao trabalhar com os projetos o professor está criando possibilidades de articular as disciplinas, de se comunicar com os colegas de diferentes áreas gerando a interdisciplinaridade, de inserir os temas transversais aos conteúdos, de aprender junto com os alunos, de transcender os muros da escola, para que o aluno possa agir no ambiente em que vive e não apenas adquirir informações, mas usá-las em prol de melhorias com ações locais e globais.

 

Referências

 

BURITY, J. A. Interdisciplinaridade, discurso e diálogo científico. In: Simpósio Interdisciplinaridade em Questão - Campina Grande: Universidade Estadual da Paraíba. Anais, 1998.

FAZENDA, I.C.A. Interdisciplinaridade um projeto em parceria. São Paulo: Loyola, 1995.

GARDNER,H.Estruturas da Mente.Porto Alegre:Artes Médicas,1994

GRÜN, M. Ética e educação ambiental. A conexão necessária.Campinas,SP: Papirus,1996.

HERNANDES, F. e MONTSERRAT V.A organização do currículo por projetos de trabalho. Porto Alegre:Artes Médicas,1998.

JAPIASSÚ, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.

MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa. A teoria de David Ausubel. São Paulo: Moraes, 1982.

REIGOTA,M.Meio ambiente e representação social.São Paulo,Cortez,2002.

TUNES, E. Os conceitos científicos e o desenvolvimento do pensamento verbal. Caderno Cedes, ano XX, nº 35, julho, 2000.

VERNIER,J.O meio ambiente. Campinas, SP:Papirus,1994

Http./www. cesp. com. br - Acesso em 05/01/2009

 

 

Ilustrações: Silvana Santos