Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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Para Sensibilizar
A simplicidade depende de referências, ou não?
Semana passada, através da mídia escrita
e televisiva, vivenciamos fatos até então ocorridos tão distante, e não
menos assustadores, como o tsunami na Ásia em dezembro de 2004 ou o furacão
Katrina em agosto de 2005. Mas o fato ocorrido em Santa Catarina,
aqui, agora, tão próximo de nós, parece que é diretamente conosco que está
acontecendo. Não tenho muitos conhecidos que moram
naquela região, apesar de me sentir tão próxima de todos. Até semana passada muitos dos atingidos,
jamais poderiam se imaginar vivendo sem seu carro de último tipo, seu notebook,
ou seu celular, ao mesmo tempo em que o seu melhor amigo da escola, lutava ainda
para comprar seu primeiro carro, enquanto um colega festejava a compra de seu
primeiro aparelho de televisão, outro estava guardando dinheiro para adquirir a
viagem de seus sonhos, a vizinha pintava a casa já pensando nas festas de fim
de ano, a avó de um deles arrumava os presentes de Natal, pois pela primeira
vez em muitos anos ela conseguiria reunir todos os netos e filhos de uma só
vez. Mas, de repente, começou a chover mais
forte. É certo que nos últimos meses a chuva era uma constante, mas agora
chovia muito mais forte. E os rios não suportaram tanta água, em
tão pouco tempo e subiram rapidamente. Os mares também se encheram, não dando
espaço para as águas dos rios, e os morros que já estavam úmidos, agora se
encharcavam, a ponto de suas encostas, que antes eram firmes, “como rochas”,
agora escorriam, transformados em lama. Em três dias chovera o que era esperado
para alguns meses, e algumas cidades de Santa Catarina quase que desapareceram.
Blumenau e Itajaí, parece terem sido as mais atingidas. O noticiário informa que 60% das áreas
de moradia já não podem voltar a ser habitadas, pois os morros, ou não mais
existem, ou não são considerados seguros pela defesa civil. Não sei, ao certo, quantos desaparecidos
existem em todo o estado, mas de uma coisa eu sei: os sobreviventes não estão
mais preocupados com seu carro de último tipo, ou seus bens materiais, pois estão
vivendo todos, lado a lado, em abrigos públicos, e vivendo neste momento
exatamente a mesma história. Uma história que é feita de amor,
solidariedade, fé e muita força de vontade. Força a todos os sobreviventes de Santa
Catarina e de tantos outros locais onde ocorreram qualquer fato desagradável. Felicidades para todos. |