Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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16/09/2008 (Nº 25) Formação do Engenheiro Ambiental e Educação Ambiental: o caso da visita a Empresa de Saneamento Urbano – S.A.U
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Educação Ambiental em Ação 25

Formação do Engenheiro Ambiental e Educação Ambiental: o caso da visita a Empresa de Saneamento Urbano – S.A.U.

 

 

Maristela Zamoner*

 

*Mestre em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Especialista em Educação Ambiental pelo Instituto Brasileiro de Pós-graduação e Extensão, Licenciada em Ciências Biológicas (UFPR).

Docente de disciplinas na área biológica na graduação de Engenharia Ambiental da Faculdade Anchieta de Ensino Superior do Paraná (FAESP); atua na Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC)/Secretaria Municipal da Saúde (SMS)/Centro de Saúde Ambiental (CSA)/Coordenação de Vigilância em Saúde Ambiental (CVSA).

Endereço: Rua Lívio Peterlle, 283 apto 301 – Tingui – Curitiba/PR – 82620240.

Telefone: (041) 9656 6288; Fax: (041) 3672 2612; E-mails: maristelaz@curitiba.org.br; mzamoner@sms.curitiba.pr.gov.br.

 

 

Resumo

 

O curso de Engenharia Ambiental é um dos cursos superiores da área ambiental que mais crescem no Brasil. A formação deste profissional é permeada pela Educação Ambiental. Este entendimento é reforçado pelo fato de que, atualmente, sabe-se que a solução de vários problemas ambientais, muitos dos quais serão objeto de trabalho de engenheiros ambientais, dependem primordialmente de Educação Ambiental. A proposta deste trabalho é analisar uma experiência de visita monitorada interdisciplinar e sua contribuição para formação do Engenheiro Ambiental. Foi realizada visita a uma empresa de saneamento urbano que conduz o controle de populações consideradas pragas urbanas, trabalho intimamente relacionado à ações de Educação Ambiental. Esta visita foi decisiva para que os alunos assimilassem a importância das estratégias de Educação Ambiental para sua futura atuação profissional.

 

Palavras-chave: Engenharia Ambiental, Educação Ambiental, Visita Monitorada.

 

 

Title: The Training of Environmental Engineers and Environmental Education: a case of a visit to an urban sanitation firm

 

Abstract

 

Environmental Engineering is one of the graduate courses in the Environmental area that has expanded the most in Brazil. The training of this professional is associated with Environmental Education.  This understanding is reinforced by the fact that it is currently known that the solution for many environmental problems – many of which will be the object of work for environmental engineers – depends primarily on Environmental Education. This paper aims to analyze an experience of an interdisciplinary monitored visit and its contribution to the Environmental Engineering training. There has been a visit to an urban sanitation firm that conducts the control of populations which are considered urban plagues, a work that is closely related to the action in Environmental Engineering. This visit was decisive for students to take in the importance of strategies in Environmental Education for their future professional performance.

 

Keywords: Environmental Engineering, Environmental Education, Monitored Visit.

 

 

Introdução

 

A educação superior ainda prioriza métodos pouco contributivos para o desenvolvimento de indivíduos autônomos (ROZENDO, et al., 1999). O ensino focado exclusivamente na teoria, que é tratada de maneira dicotomizada da prática, funciona como um receituário para realização de determinada tarefa, o que compromete a autonomia do indivíduo (SERAFIM, 2001). A forma como os conteúdos são abordados pode ajudar o indivíduo a se apropriar de informações e ser capaz de promover sua articulação, favorecendo a compreensão de sua realidade humana e social (MASETTO, 2000). As vivências de situações concretas capazes de promover aproximação com a realidade, significam maior compreensão durante a formação dos indivíduos (BOADA apud SERAFIM, 2001), por isto, a investigação de ações pedagógicas voltadas para prática é importante.

O curso de Engenharia Ambiental é um dos cursos superiores da área ambiental que mais crescem no Brasil (REIS et al., 2005). A portaria que estabeleceu este curso foi a nº. 1.693, de 05 de dezembro de 1994 do MEC (BRASIL, 1994). O parecer CES n. 1.362, de 12 de dezembro de 2001, que define princípios, fundamentos, condições e procedimentos da formação de engenheiros, instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Engenharia (BRASIL, 2001).

O mercado de trabalho deste profissional envolve várias áreas, o que é característico das profissões que tratam de questões ambientais. A formação do engenheiro ambiental pode ser entendida como permeada também pela Educação Ambiental, uma vez que a Lei N° 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui sua Política Nacional, considera que a Educação Ambiental, diz respeito aos processos que permitem a construção de valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente. A Engenharia Ambiental também diz respeito a estas questões. Este entendimento é reforçado pelo fato de que, atualmente, sabe-se que a solução de problemas ambientais, muitos dos quais serão objeto de trabalho de engenheiros ambientais, dependem primordialmente de estratégias de Educação Ambiental (ZAMONER, 2007).

Atualmente, é conhecida a importância das ações de Educação Ambiental não só para a qualidade do ambiente como também para a saúde humana (Saúde Ambiental). Neste sentido, os trabalhos educacionais precisam envolver, de maneira interdisciplinar, a atuação de uma diversidade de profissionais. Para exemplificar, podemos abordar a questão do controle urbano de populações de mosquitos e roedores transmissores de doenças, como dengue e leptospirose, respectivamente. Este tipo trabalho prescinde ações de manejo ambiental como controle de fatores ambientais que favorecem a instalação e proliferação destas populações consideradas pragas urbanas. O controle destes fatores ambientais, por sua vez, depende da colaboração efetiva das populações humanas expostas aos referidos riscos de doenças. Esta colaboração se dá em conseqüência de estratégias de sensibilização - Educação Ambiental. No Brasil, estas ações são atribuídas ao governo, por meio de suas Secretarias de Saúde, que já vêm abrindo concursos e contratando engenheiros ambientais (ZAMONER, 2006). Algumas das Secretarias Municipais de Saúde terceirizam estes serviços, contratando empresas especializadas em ações que incluem a Educação Ambiental das populações sob a responsabilidade da contratante. Estas empresas também podem contar com engenheiros ambientais no seu quadro profissional.

Desta forma, percebe-se que é essencial que o engenheiro ambiental seja um profissional com conhecimento teórico e prático da Educação Ambiental, da qual dependerá, em muitas situações, para a qualidade da sua atuação profissional.

Entretanto, de acordo com a portaria que instituiu o curso de Engenharia Ambiental no Brasil, a Educação Ambiental não é uma disciplina obrigatória (BRASIL, 1994). Nestes termos, a Educação Ambiental do futuro engenheiro ambiental fica relegada às estratégias oportunizadas ou não por alguns de seus professores, através de atividades interdisciplinares ou paralelas à educação formal. Estas estratégias podem incluir visitas a uma diversidade de locais relacionados à Educação Ambiental: museus, feiras, sistemas domésticos de utilização de águas pluviais, empresas de tratamento de resíduos, empresas de saneamento urbano etc.. As visitas constituem estratégias que permitem ao aluno uma vivência de aproximação com a realidade, favorecendo uma visão ampla dos conhecimentos necessários para futura atuação profissional de qualidade. A sensibilização dos futuros engenheiros ambientais para a necessidade do conhecimento teórico e prático a respeito da Educação Ambiental, pode ser enfaticamente oportunizada por meio de visitas a empresas prestadoras de serviços ambientais, que incluem de maneira indispensável ações de Educação Ambiental.

Curitiba é uma das cidades brasileiras com maior número de cursos de Engenharia Ambiental (BRASIL, 2004). Desta forma, esta cidade é particularmente interessante para o estudo da formação deste profissional, o que já vem ocorrendo (ZAMONER, 2006).

Nesta cidade, a empresa terceirizada que presta serviços de saneamento urbano é a S.A.U. – Saneamento Ambiental Urbano, tendo assumido a responsabilidade de controle dos mosquitos e roedores transmissores de doenças. Esta empresa iniciou suas atividades como terceirizada da Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC) – Secretaria Municipal da Saúde (SMS), no ano de 2002, desde quando vem atuando em ações de controle ambiental que incluem extensas atividades de Educação Ambiental. Estas atividades abrangem: capacitação de agentes de controle ambiental que entram em contato direto com a população para orientação no sentido preventivo; estudos e eventos na área de educação ambiental; produção de material educativo e abertura para visitas monitoradas de estudantes da Educação Básica e Superior.

A proposta deste trabalho é analisar a experiência de uma visita monitorada de alunos do 5º período de Engenharia Ambiental da Faculdade Anchieta de Ensino Superior do Paraná – FAESP, à empresa S.A.U. – Saneamento Ambiental Urbano, analisando sua contribuição para formação do Engenheiro Ambiental, com especial enfoque no reconhecimento da importância da Educação Ambiental para futura atuação profissional.

 

 

Metodologia

 

Foi realizada visita monitorada como método interdisciplinar, relacionando conteúdos de:

 

·      Biologia Geral (disciplina cursada no primeiro semestre de 2006);

·      Ecologia Geral (disciplina cursada no segundo semestre de 2006);

·      Ecologia Aplicada (disciplina cursada no primeiro semestre de 2007);

·      Bioquímica (disciplina cursada no primeiro semestre de 2007);

·      Saúde Ambiental (disciplina não cursada, obrigatória e prevista para o segundo semestre de 2008);

·      Educação Ambiental (disciplina não cursada, não obrigatória e prevista como optativa).

 

Participaram da visita nove alunos do 5º Período do curso de Engenharia Ambiental da Faculdade Anchieta de Ensino Superior do Paraná (FAESP). A visita ocorreu no primeiro semestre de 2007, no mês de junho.

 

A Empresa Saneamento Ambiental Urbano (S.A.U.)

 

A S.A.U. é uma empresa que realiza serviços de saneamento urbano para outras empresas e para órgãos governamentais como, por exemplo, prefeituras.

As atividades que desempenha para a PMC/SMS incluem o controle do mosquito transmissor de doenças como Dengue (especialmente do gênero Aedes), o controle de populações murinas e recolhimento de animais mortos. O trabalho realizado pela empresa abrange atividades permanentes de Educação Ambiental das populações expostas aos riscos de doenças provenientes da proliferação excessiva de mosquitos e roedores.

 

Educação Ambiental realizada pela S.A.U.

 

O controle das populações que são consideradas pragas urbanas depende do comportamento das populações humanas, portanto, depende essencialmente de estratégias constantes e eficientes de Educação Ambiental. Estas estratégias são promovidas pela S.A.U. de maneira direcionada a cada problemática ambiental focada em seus objetivos:

 

·      a proliferação de mosquitos transmissores de doenças ocorre em diversos reservatórios de água, inclusive pneus, vasos, latas e outros resíduos que, em geral, são mal gerenciados pelas próprias populações humanas. Logo, a solução deste problema depende da sensibilização das pessoas. Como a S.A.U. trabalha com questões que abrangem esta sensibilização, a atividade de Educação Ambiental é essencial para a efetividade dos serviços de controle dos mosquitos transmissores de doenças. Agentes de controle são capacitados e visitam as residências dos moradores verificando condições ambientais que representam riscos para o desenvolvimento de mosquitos. Paralelamente, os agentes de controle conversam com os moradores, instruindo para que assumam atitudes preventivas. Nestas ocasiões, também são distribuídos materiais educativos;

 

·      a proliferação dos roedores ocorre comumente em centros urbanos devido à: disponibilização de abrigo, alimento, água e acesso (conhecidos como 4 As). Os hábitos humanos que constituem estes fatores são: deixar restos de alimentos expostos, facilitar o acesso dos animais, oportunizar locais para abrigo e aquisição de água. Para o efetivo controle das populações murinas, é indispensável o manejo ambiental dos destes fatores que favorecem a sua instalação e proliferação. Assim, a sensibilização das pessoas é indispensável. A S.A.U., portanto, atua também neste aspecto com atividades de Educação Ambiental. Os agentes de controle são treinados para realização do controle efetivo das populações murinas e também sensibilização das populações humanas. Equipes especiais são direcionadas às áreas de maior ocorrência de roedores e as populações humanas são orientadas sobre os cuidados em relação aos 4 As, ao uso de venenos não autorizados pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e aos riscos para a saúde. Também são distribuídos materiais educacionais com informações voltadas ao controle das condições ambientais capazes de reduzir as populações murinas e consequentemente os riscos à saúde.

 

 

Visita – Empresa Saneamento Ambiental Urbano (S.A.U.)

 

A duração da visita foi de 4 aulas, em um sábado pela manhã. As quatro aulas foram divididas em três momentos distintos, descritos a seguir:

 

1.        Os alunos foram recebidos no estacionamento coberto da empresa, que foi preparado para a visita com a colocação de cadeiras e instalação de equipamento de projeção de slides. Inicialmente, assistiram a uma palestra ilustrada, proferida por duas funcionárias da empresa, uma Licenciada em Ciências Biológicas e outra graduada em Pedagogia. Neste momento, os alunos foram esclarecidos sobre: os aspectos biológicos do vetor transmissor da doença Dengue e dos roedores; as doenças que transmitem; a necessidade da Educação Ambiental para seu efetivo controle. Foi abordado o trabalho da empresa como um todo, mas, com especial enfoque em relação à Educação Ambiental da população como estratégia permanente, visando controle das populações de mosquitos e roedores. Também foram apresentados os resultados que a empresa vem obtendo, tanto em relação ao controle de mosquitos e roedores, quanto em relação à sensibilização da população.

 

2.        Na seqüência, os alunos foram encaminhados ao laboratório de identificação de espécies (principalmente mosquitos), onde tiveram contato com as técnicas de identificação das espécies reconhecidas como vetores. Os funcionários da empresa mostraram o trabalho de recebimento e identificação de animais. Foram abordadas, especialmente, as diferenças entre os gêneros Aedes (reconhecimento de duas espécies transmissoras) e Culex (mosquitos com ocorrência freqüente, mas, não transmissores de Dengue). O reconhecimento foi feito nas fases larvais e de adultos. Foi discutido que a população vem sendo esclarecida sobre as características dos referidos vetores, porque nota-se o envio de animais de outros grupos além de mosquitos. Este esclarecimento da população é muito importante, principalmente tendo em vista que, em uma situação de ocorrência de uma epidemia, poderia haver perda de tempo dos técnicos com animais de grupos muito distintos do inseto alvo. Foi relatado que a população, quando desinformada, envia grande quantidade de animais que não são nem mosquitos. Esta é a situação que compromete o tempo dos técnicos que, obrigatoriamente, devem responder à cada envio de exemplar biológico. Este relato mostra a importância dos processos de Educação Ambiental da população.

 

3.        Em seguida, direcionaram-se para um espaço onde estava disposta uma maquete educativa, a Maquete Ambiental. Este material de Educação Ambiental foi desenvolvido pelo Centro de Saúde Ambiental da PMC/SMS e apresenta cerca de 20 problemas ambientais como: riscos em relação à saúde do trabalhador, má destinação de resíduos sólidos (lixo), poluição de rios, riscos de proliferação de mosquitos transmissores de Dengue, disponibilidade de alimentos, acesso, água e abrigo para roedores etc.. Existe quase uma dezena de Maquetes Ambientais distribuídas pelos Distritos Sanitários da cidade, sendo utilizadas nos mais diversos eventos que abrangem estratégias de Educação Ambiental. Este material didático tem por objetivo apresentar os diversos problemas ambientais urbanos em uma visão ampla e simultânea. A Maquete Ambiental é utilizada em programas de Educação Ambiental, sendo reconhecida como eficiente para sensibilizar a respeito de problemas e da relevância da responsabilidade individual no gerenciamento urbano. A estratégia utilizada pelos educadores é a apresentação da maquete e discussão de cada situação representada. Primeiramente, descreve-se um problema ambiental escolhido na maquete, seu risco à saúde e, posteriormente, a atitude ambientalmente correta que cada cidadão deve assumir para preservação do ambiente e da saúde. Desta forma, procede-se com os diversos problemas representados, em uma ampla explanação.

 

Os alunos foram orientados a realizar, em casa, um relatório completo sobre as atividades vivenciadas na visita.

Na aula seguinte, os relatórios foram entregues e os alunos receberam formulários para proceder à avaliação dos três momentos organizados pela S.A.U. Para cada um dos três momentos da visita o aluno escolheu uma das alternativas: “Muito Bom”; “Regular”; “Ruim”, justificando sua escolha. Também atribuíram uma nota geral à visita. Foi aberto um debate para discutir:

 

·      a importância da visita para a formação como engenheiro ambiental;

·      as características da empresa visitada e de seus funcionários;

·      os trabalhos ambientais da empresa;

·      os problemas relacionados com mosquitos vetores de doenças, populações murinas e animais mortos;

·      os conteúdos das diversas disciplinas envolvidas nos conhecimentos abrangidos na visita;

·      a importância decisiva do trabalho de Educação Ambiental para estratégias de controle ambiental de pragas urbanas;

·      a relevância do fato de que, na empresa, a Educação Ambiental é conduzida por profissionais com formação na área da educação: Licenciatura em Ciências Biológicas e graduação em Pedagogia, que agem de forma articulada com profissionais de outras áreas.

 

As disciplinas e conteúdos que permearam a visita de maneira interdisciplinar foram:

 

·                    Biologia Geral:

·        seres vivos: Reino Animalia (artrópodos, roedores e outros animais);

·        biologia de mosquitos vetores transmissores de Dengue;

·        caracterização da doença Dengue;

·        biologia de roedores;

·        caracterização das doenças transmitidas por roedores, principalmente leptospirose.

 

·                    Ecologia Geral:

·               relações ecológicas (parasitismo, comensalismo, cleptoparasitismo etc.);

·               condições ambientais que favorecem o desenvolvimento dos vetores da doença Dengue;

·               condições ambientais que favorecem o desenvolvimento dos roedores;

·               estrutura dos ecossistemas;

·               produção e decomposição;

·               cadeias e teias alimentares;

·               estrutura das comunidades.

 

·                    Ecologia Aplicada:

·        crescimento populacional;

·        ecologia de populações: controle de populações que constituem pragas urbanas;

·        interações entre populações;

·        ecologia e dinâmica de comunidades;

·        fatores ecológicos – limitantes;

·        mudanças globais – temperatura global e desenvolvimento de insetos;

·        recursos naturais renováveis, proteção, degradação e recuperação;

·        desenvolvimento e manutenção do equilíbrio ecológico;

·        técnicas de manejo ambiental para controle das populações de roedores;

·        técnicas de manejo ambiental para controle das populações de mosquitos, especialmente do gênero Aedes.

 

·                    Bioquímica:

·        tratamento de águas de piscinas;

·        controle químico de mosquitos, especialmente do gênero Aedes;

·        controle químico de populações murinas.

 

·                    Saúde Ambiental:

·        Saúde Pública e Saúde Coletiva;

·        zoonoses;

·        doenças ambientais;

·        Vigilância Sanitária e Vigilância em Saúde Ambiental;

·   ambientes saudáveis.

 

·                    Educação Ambiental: embora esta disciplina não seja obrigatória, inevitavelmente permeou o trabalho interdisciplinar através dos seguintes conteúdos:

·        Estratégias de sensibilização das populações para o controle dos fatores favoráveis ao desenvolvimento dos vetores da doença Dengue;

·        Estratégias de sensibilização das populações humanas para o controle dos fatores que favorecem o desenvolvimento de populações murinas;

·        Estratégias de sensibilização das populações humanas para o controle do uso irregular de produtos químicos para o controle de populações murinas;

·        Estratégias de sensibilização das populações humanas para a importância da correta separação dos resíduos urbanos.

 

Resultados e discussão

 

A média de notas atribuídas à visita foi de 9,0, sendo que a mais alta foi 10,0 e a mais baixa foi 7,0.

A avaliação escrita dos alunos, em formulários, apresentou os seguintes dados:

 

· Palestra: todos os alunos consideraram a palestra como um momento “Muito Bom”;

· Laboratório: um aluno entendeu que o momento no laboratório foi “Regular”, justificando que teve dificuldades em relação ao uso do microscópio. Todos os demais consideraram “Muito Bom”;

· Maquete Ambiental: o momento da explanação com a Maquete Ambiental foi considerado “Regular” por dois alunos, que justificaram considerando que houve pouco tempo disponibilizado para esta atividade. Todos os demais consideraram “Muito Bom”;

· Nenhuma atividade foi considerada “Ruim” por nenhum aluno.

 

Durante o debate sobre esta visita, realizado em sala de aula, os alunos mostraram-se surpresos com o trabalho realizado pela empresa, relatando que não imaginavam que existisse uma empresa como a visitada. Analisaram que, por meio da visita monitorada, foi possível perceber a importância de diversos aspectos, dentre os quais se destacam:

 

·          conhecer os aspectos biológicos das espécies consideradas pragas;

·          compreender a relação entre ambiente, transmissão de doenças e Educação Ambiental;

·          a importância do controle de águas de piscina e outros reservatórios;

·          a relevância do manejo ambiental para redução ao mínimo de produtos químicos para controle de pragas;

·          a necessidade da Educação Ambiental não só como estratégia para solução dos problemas ambientais, como também como conhecimento teórico necessário á sua formação.

 

A leitura dos relatórios permitiu perceber que:

 

·          os alunos relacionaram adequadamente os conteúdos das diversas disciplinas, compreendendo a natureza interdisciplinar das questões ambientais;

·          assimilaram os aspectos apresentados na visita, reconhecendo a importância da Educação Ambiental para o controle de populações consideradas pragas urbanas e consequentemente para o controle da disseminação de doenças.

 

 

Conclusões

 

Esta estratégia de visita monitorada foi eficiente para o estudante de engenharia ambiental compreender os aspectos ambientais relacionados ao controle de pragas urbanas. Percebeu-se que também foi eficiente como estratégia para que o aluno perceba a natureza interdisciplinar destas questões, favorecendo uma vivência prática de possibilidades de atuação profissional.

A visita foi decisiva para que os futuros engenheiros ambientais assimilassem a importância das estratégias de Educação Ambiental, bem como a necessidade deste conhecimento para futura atuação profissional.

 

Considerações finais

 

Uma vez que a Educação Ambiental é decisiva para a eficiência de muitas ações voltadas à qualidade ambiental e até mesmo à saúde de populações humanas, dever-se-ia discutir a possibilidade de inseri-la como disciplina obrigatória nos cursos de Engenharia Ambiental, já que o objetivo desta graduação é formar um profissional cujo objeto de trabalho é o Ambiente. Outra possibilidade é a avaliação de uma política que sustente a Educação Ambiental como abordagem transversal obrigatória na Educação Superior da área ambiental, nos moldes propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Básica (BRASIL, 1997).

Enquanto a Educação Ambiental não é uma disciplina obrigatória e/ou não tem sua abordagem transversal estruturada em graduações voltadas á formação de profissionais da área ambiental, as visitas que permitem ao estudante desta área perceber a sua importância podem ser essenciais para a futura atuação profissional.

 

 

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ZAMONER, M. Biologia Ambiental. 1. ed. Curitiba: Protexto. 2007.

 

 

AGRADECIMENTOS:

 

À Faculdade Anchieta de Ensino Superior do Paraná, pelo apoio.

À S.A.U., por oportunizar a visita.

Ilustrações: Silvana Santos