Estamos sendo lembrados de que somos tão vulneráveis que, se cortarem nosso ar por alguns minutos, a gente morre. - Ailton Krenak
ISSN 1678-0701 · Volume XXI, Número 86 · Março-Maio/2024
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AVALIAÇÃO DA PERCEPÇÃO AMBIENTAL DA
SOCIEDADE FRENTE AO CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BÁSICA Roosevelt da Silva Fernandes (1); Debora
Guerra Maia Coelho Dias (2); Gina Strauch Serafim (3); Alessandra LMS
Albuquerque (4) (1)
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental – NEPA / UNIVIX, Rua José Alves,
nº 301, cep 29075-080, Goiabeiras, Vitória – ES,
e-mail: roosevelt@ebrnet.com.br (2)
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental – NEPA / UNIVIX, Rua José Alves,
nº 301, cep 29075-080, Goiabeiras, Vitória – ES,
e-mail: deboragmaia@hotmail.com (3)
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental – NEPA / UNIVIX, Rua José Alves,
nº 301, cep 29075-080, Goiabeiras, Vitória – ES,
e-mail: gina@univix.br (4)
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental – NEPA / UNIVIX, Rua José Alves,
nº 301, cep 29075-080, Goiabeiras, Vitória – ES,
e-mail: alessandra@univix.br RESUMO O
Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA, em parceria com o Curso de
Direito da Faculdade Brasileira – UNIVIX / VITÓRIA
- ES, estruturou e aplicou uma pesquisa de percepção ambiental a 1.028 cidadãos,
da Grande Vitória e alguns municípios do interior do estado. A pesquisa teve
como base a metodologia desenvolvida pelo NEPA, que já serviu de base para
aplicação em várias outras pesquisas. Dessa forma, estruturou-se uma equipe
de pesquisadores, a partir dos alunos do Curso de Direito, para
aplicação dos questionários. Neste trabalho são apresentados os
resultados da pesquisa realizada. A pesquisa permite identificar e quantificar
os primeiros indicadores sobre o nível de conhecimento ambiental da sociedade,
o que irá permitir aos educadores ambientais um importante banco de dados através
do qual poderão definir intervenções preventivas e corretivas, através de
programas estruturados de Educação Ambiental. Esse trabalho pode ser
considerado como inédito no Espírito Santo, uma vez que não há registro de
nenhuma pesquisa anterior voltada especificamente à análise da "percepção
ambiental da sociedade frente à legislação ambiental básica”. Tal banco de
dados, que os autores pretendem ampliar com dados de outros estados, propicia a
discussão de não conformidades do conhecimento ambiental da sociedade, aspecto
diretamente ligado ao perfil de cidadania ambiental da mesma. Palavras-chaves:
percepção ambiental; legislação ambiental; cidadania. ABSTRACT Abstract:
The Group of Studies on Environmental Perception (NEPA – Univix) in
collaboration with the School of Law of the College UNIVIX in Vitoria-ES,
Brasil, developed and applied a research concerning the environmental perception
of citizens in the Metropolitan Area of the city of Vitoria and in some counties
in the interior of the State. It involved 1028 persons. The methodology used was
developed by the NEPA group and has been used in previous works. The research
group was composed of students from the Law School, who were in charge of the
interviews. This paper presentes the results of the work. The research allows
the identification and quantification indicators that show the level of
environmental knowledge of the citizens in general. This knowledge will provide
a data base for educators in the environmental field and will be an important
support for the development of programs and actions concerning environmental
education. This work is unprecedented in the state of Espírito Santo. The
authors intend to extend the data base to include data from other states. The
work will enhance the discussion on the non-conformities identified among the
citizens, which is an important aspect of the so called environmental
citizenship. Key-words: environmental perception, environmental legislation;
citizenship. 1.
INTRODUÇÃO O Núcleo de
Estudos em Percepção Ambiental / NEPA, ligado a Faculdade Brasileira –
UNIVIX, Vitória – ES, criado em 2003, vem se dedicando a análise da percepção
ambiental em segmentos formadores de opinião, recebendo o apoio da
ArcelorMittal Tubarão, Aracruz Celulose, e da VALE, através da manutenção de
bolsas de iniciação científica para alunos ligados ao núcleo, e cobertura de
despesas de participação de bolsistas e professores em eventos técnicos e
científicos. O Núcleo
busca conhecer, de diferentes segmentos sócio-economicos, a percepção do
segmento em relação ao meio ambiente, de forma a conhecer e quantificar a relação
do homem com o meio como qual que interage. Desse modo, vale pensar que todo
processo de percepção de acordo com Berdague, et al (2006), […] “inclui
apreensão da realidade através dos sentidos, cognição, avaliação e
conduta. As três primeiras fases têm como produto um modelo pessoal da
realidade, que influencia diretamente na conduta do indivíduo”. A presente
pesquisa objetiva à avaliação da percepção ambiental, que para Okamoto
(2003), é a visão individual do ambiente, acerca do contexto, que o leva a
reagir de forma diferente com o meio a sua volta. Desse modo buscou-se analisar
como as comunidades, órgãos de governo, lideranças comunitárias, estudantes
e professores do ensino superior, entre outras classes, percebem o meio ambiente
e seu conhecimento em Legislação Ambiental. De acordo com
Faggionato (2002), “cada indivíduo percebe, reage e responde diferentemente
frente às ações sobre o meio. As respostas ou manifestações são, portanto,
resultado das percepções, dos processos cognitivos, julgamentos e expectativas
de cada indivíduo”. Dessa forma, estudar a percepção ambiental da sociedade
se faz necessário para a compreensão da relação homem e ambiente. O
objetivo da pesquisa é a estruturação de um banco de dados a partir das não
conformidades identificadas e quantificadas nos segmento amostrados,
relacionadas ao não conhecimento ambiental da sociedade, e aspectos
ligados ao comportamento social frente à Legislação Ambiental básica, de
forma que sejam criados programas específicos, que visem corrigir tais lacunas
através do pré-diagnóstico das necessidades do grupo, bem como, verificar
pontos de programas de educação ambiental, já implantados, que demandem a
necessidade de ações corretivas. 2.
METODOLOGIA Segundo
Faggionato (2002), existem várias formas de se estudar a percepção ambiental,
entre elas o uso de questionários, mapas mentais e até representação fotográfica.
Para a autora existem trabalhos de
percepção ambiental […] “que
buscam não apenas o entendimento do que o indivíduo percebe, mas promover a
sensibilização, bem como o desenvolvimento do sistema de percepção e
compreensão do ambiente”. Essa pesquisa
foi desenvolvida com o intuito de conhecer a percepção ambiental, o nível de
informação, o interesse na participação de ações que contribuam para a
qualidade ambiental, medindo o conhecimento básico da sociedade sobre a Legislação
Ambiental. Desse modo,
buscou-se desenvolver o método de pesquisa de levantamento de dados, que
pudesse abranger todas as questões propostas. A metodologia utilizada para
coletar dados foi a aplicação de um questionário quantitativo sobre a percepção
ambiental do entrevistado. O instrumento da pesquisa foi estruturado pelo NEPA,
contendo 42 (quarenta e duas) perguntas de opções objetivas do tipo
“fechada”, podendo, em algumas questões, ser justificada a resposta, uma
vez que o sucesso deste tipo de pesquisa está intimamente ligado a estruturação
do questionário (FERNANDES et al.,
2003). A população
amostral foi de 1.028 (hum mil
e vinte oito) cidadãos interessados em participar da pesquisa. Dessa
forma, estruturou-se uma equipe composta de 26 (vinte e seis) pesquisadores,
formada por alunos do Curso de Direito da Faculdade Brasileira, de todos os períodos,
para aplicação dos questionários, que atuaram junto a diferentes segmentos
da sociedade, fazendo parte da amostra, servidores municipais e estaduais,
professores e alunos de nível superior de diferentes cursos e instituições,
pessoas das comunidades, e lideranças comunitárias, entre outros. A análise dos dados quantitativos foi
feita através do SPSS (Statistical Package Science Social), versão 8.0, que é
um programa especializado em análise de dados, tendo como foco análises estatísticas.
Os resultados da pesquisa irão sustentar debates internos ao curso de Direito
da UNIVIX, com a consequente geração de propostas de intervenção junto a
sociedade. 3.
RESULTADOS DA PESQUISA 3.1
Perfil
dos Entrevistados
Gênero:
Observa-se que houve um equilíbrio
representativo entre os gêneros com 59,6% do sexo feminino, e 40,1% do sexo
masculino. Idade:
A idade de maior incidência entre os entrevistados
foi 18 anos. O valor médio de idade ficou entre 30 e 31 anos, com
limites extremos entre 18 e 84 anos. Amostra: Foram
entrevistadas 1.028 (Hum mil e vinte oito) pessoas, nos municípios de Vitória, Vila Velha, Serra, Cachoeiro de
Itapemirim, Domingos Martins, Cariacia, Montanha, Viana e Aracruz. Localidade:
Foram aplicados
856 (oitocentos e cinquenta e seis) questionários na Região da
Grande Vitória, e 172 (cento e tenta e dois) no Interior do Estado. Grau
de escolaridade: Entre os entrevistados, constatou-se 6,5% com Ensino Fundamental, 3,9%
com Ensino Médio Técnico, 16,1% com Ensino Médio, 42, 5% com Ensino Superior,
sendo que, 1,9% não responderam. 3.2
Síntese dos Resultados Participação
em cursos, palestras, ou atividades ligadas ao Meio Ambiente:
Observa-se na predominância da opção
“não” , com 76,8%, fato que evidencia a carência de informações na área
ambiental, disponibilizada à sociedade. Não há como inferir se as informações
foram disponibilizadas e não percebidas pela sociedade ou se, efetivamente, não
foram oferecidas. Conhecimento
Ambiental, preparo para o mercado de trabalho: Apesar
do elevado índice de 69,1% no que se refere à resposta “As informações
sobre Meio Ambiente são importantes para melhorar essa formação”, a
pesquisa mostra que ainda há segmentos que percebem, de forma diferente, a
importância dos assuntos ligados ao meio ambiente. Mês
de comemoração da Semana Nacional do Meio ambiente: Nesse
questionamento, apenas 24,9% da população amostral percebe a realização
anual da “Semana Nacional do Meio Ambiente”, evento que é caracterizado por
grande divulgação na mídia, onde os temas ambientais ficam em evidência,
portanto deveriam ser percebidos por uma parcela maior da sociedade, o que não
ficou evidenciado na pesquisa. Este fato corrobora a análise anterior de que não
basta apenas “ fornecer informações” à sociedade. Organização
Não Governamental atuante na área ambiental no Município: Entre as pessoas entrevistadas, apenas 7,2% afirmam “conhecer alguma
Organização Não-Governamental” no município onde residem. Fica claro que
existe um significativo distanciamento entre as ONG's ambientalistas e a
sociedade. Credibilidade
das Organizações Não Governamentais ligadas ao Meio ambiente: Apesar
de haver um grande distanciamento entre as ONG's e a sociedade, como apresentado
no item anterior, da análise deste questionamento percebe-se um elevado nível
de confiança chegando a 73,7% da população pesquisada, o que denota, que a
atuação dessas organizações é avaliada de forma positiva pela sociedade,
apesar de não conhece-las. Hábito de navegar em sites ligados à Temática Meio Ambiente: A
pesquisa também revela o quanto é
pequeno o número de pessoas que acessam, ou se interessam, por sites
direcionados a assuntos ambientais, apenas 12%, sendo essa informação outro
indicador do distanciamento da sociedade em relação aos temas ambientais. Acesso à
leitura de jornais: Nesse ponto, que é relevante ao processo de informação, percebemos que
apenas 24,5% dos entrevistados, têm acesso diário a jornais, portanto,
possivelmente, uma sociedade que se informa preferencialmente através da
televisão. Vale ressaltar que uma parcela considerável da amostra pesquisada,
14,2% dos entrevistados, afirmam não ter o costume de ler jornais. Responsabilidade
de cuidar/zelar pelo Meio Ambiente: Nesse quesito tem-se um bom nível de percepção por
parte da sociedade, onde 72,2% dos entrevistados afirmam que “todos” somos
responsáveis pela preservação ambiental. Criação
de Leis para proteger o Meio Ambiente: Para 48,9% dos entrevistados, a solução para a
proteção do Meio Ambiente está em aplicar corretamente as Leis existentes, em
paralelo com a criação de novas Leis. Ressalta-se os 14,4% dos entrevistados,
que optaram pelo item “precisamos de mais Leis. Preocupação
das Associações Comunitárias com os Problemas Ambientais: Nesse
aspecto, os resultados apresentaram um baixo índice de desempenho das lideranças
comunitárias representativas da sociedade. Apenas 6,6% dos entrevistados
consideram que as lideranças comunitárias pautam suas ações, o tempo todo,
tendo como foco as questões ambientais. Participa
ou já participou de atividades ligadas ao Meio Ambiente junto a comunidade: Percebe-se
uma baixa interação dos cidadãos com suas comunidades, sendo que
apenas 8,4% dos entrevistados percebem a importância da participação em
atividades que contribuam para o crescimento da conscientização ambiental, e
envolvendo-se diretamente com ações ligadas ao Meio Ambiente em suas
comunidades. Participação
em Audiência Pública específica às relações do Meio Ambiente: Apesar
da importância do instrumento, que tem a intenção da informação e
conscientização de temas relevantes do Meio Ambiente de interesse direto da
sociedade, apenas 10,6% admitem já ter participado de uma Audiência Pública,
um número expressivamente baixo, diante da relevância dos temas que ali são
tratados e deliberados. SEAMA:
Nessa pergunta, apenas 41,8% da população
amostral, soube responder que a SEAMA (Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos), é um órgão
estadual que trata dos problemas ambientais. O
Governo atua eficazmente em relação ao Meio Ambiente: Uma
parcela pequena, 8,1% da amostra, percebe positivamente as ações do governo,
em relação à fiscalização e controle frente às necessidades do Meio
Ambiente. Licenciamento
Ambiental: Quando perguntado sobre a
razão da existência do Licenciamento Ambiental, apenas 55,7% percebem
corretamente que o instrumento cobre toda e qualquer Empresa que possua
atividades que interferem no Meio Ambiente. Nível
de percepção da poluição em relação à saúde da população local: 67,8%
da amostra, percebe de maneira negativa, que as doenças relacionadas à população
tem correlação com a poluição. A
atenção da mídia em relação aos assuntos ligados ao Meio ambiente: Nessa
pergunta apenas 15,8% da população amostral acredita que jornais, rádios,
tv’s e internet, dedicam sua atenção a assuntos relacionados ao Meio
Ambiente. Percepção
da ação das Indústrias: Quando
perguntado sobre a primeira palavra que vem a cabeça quando se pensa em “Indústria”,
dentre as opções explicitadas tem-se: Desenvolvimento, Lucro, Poluição,
Emprego e Responsabilidade Social, apesar de 52,9% dos entrevistados afirmam que
o primeiro pensamento é na palavra “Poluição”. Orientação
das compras: Quando perguntado sobre o
que orienta a compra dos produtos, dentre as opções tem-se: Preço, Qualidade,
Embalagem, Preocupação Ambiental e a Marca, observando-se
que apenas 7,1% dos entrevistados evidenciam preocupação com as questões
ambientais. Ação
positiva – Identificação de ações ligadas ao ambiente: Nessa
pergunta analisou-se a interação da sociedade com o meio ambiente, onde 44,5%
da amostra, admite não identificar nenhuma ação que poderia ajudar e
contribuir de forma positiva para o Meio Ambiente. Interesse
em assuntos relacionados à temática da pesquisa: Outro
ponto referencial para análise, dado que apenas 48,6% se interessam em buscar
informações sobre assuntos ligados à temática ambiental. A
frequência da discussão em familia, sobre Meio Ambiente: Outro
preocupante indicador, é que apenas 24,1% das pessoas entrevistas, indicaram a
opção “quase sempre, falam de temas ambientais” dentro de seus lares. Danos
– Efeitos sobre o Meio Ambiente: 60,1%
da população amostral indicaram as opções “não” e “não sei”, se no
dia-a-dia causam algum dano ao meio ambiente, fator esse, que é preocupante. Grau
de incômodo: Quando perguntado em
relação ao município onde mora, o incômodo relacionado à poluição das águas
e do ar, uso abusivo de agrotóxicos, esgostos não tratados, desmatamento, lixo
não acondicionado adequadamente, poluição visual e sonora,
percebe-se que o que mais incomoda é a poluição do ar
seguido dos esgotos não tratados. Mudança
na situação ambiental: Nessa
pergunta, é perceptível como as pessoas gostariam de fazer algo para mudar ou
evitar problemas ambientais. Na tabulação dos dados constata-se que 89,9% dos
participantes da pesquisa tomariam alguma atitude para evitar esses incômodos
ambientais. Ação
para mudar a situação de incômodo: Quando
perguntado qual atitude tomaria para mudar algum problema ambiental, dentre as
opções tem-se: participaria de um
abaixo-assinado, pediria ajuda à politicos, pediria ajuda às instituições de
ensino, participariam de manifestação de rua, participaria de uma audiência pública,
procuraria informar a imprensa, participaria de reunião convocada pela
comunidade, faria filiação a partido político ligados às questões
ambientais, faria filiação em ONG’s. Observa-se que 38,2% optaram por
“participaria de abaixo-assinado”, e os 61,8% restantes se dividiram entre
as outras opções. Informações
sobre os problemas ambientais: Quando
perguntado sobre quais problemas gostariam de obter informações, dentre as opções
tem-se:
efeito El Niño, engenharia genética, mudanças climáticas,
desmatamento e desertificação, degradação das zonas costeiras, aumento dos níveis
dos oceanos, emissão de gases dos veículos automóveis, redução da camada de
ozônio, aumento da poluição do ar, exploração dos aquiferos hídricos,
pobreza, poluição dos mares, exploração dos recursos marinhos, emissão de
gases pelas indústrias, consumo de energia, perda da biodiversidade, disperdício
dos recursos naturais, poluição do solo, percebe-se um equilíbrio entre os tópicos,
mas chama a atenção os 35,3% interessados em conhecer um pouco mais sobre
engenharia genética. Responsabilidade
pelo impacto ambiental: Observa-se que
entre as opções, Governo, Industria, Agricultura, Pecuária, Comércio e
População, os participantes da pesquisa acreditam que o maior causador do
impacto ambiental no município residente, está ligado as indústrias com
50,8%. Análise
sobre o Governo: Em análise
individual do desempenho do Governo, 10,7% da população amostral acredita que
o mesmo investe em meio ambiente e cumpre com as normas ambientais. Análise
sobre a Indústria: Em relação à análise
individual das empresas, apenas 6,4% dos participantes da pesquisa, acreditam
que as mesmas investem em meio ambiente e cumprem as normas ambientais. Desenvolvimento
econômico e social sem impactos ambientais: Quando perguntado se pode haver desenvolvimento econômico e social sem
que haja efeitos prejudiciais ao meio ambiente, 42,8% dos participantes
acreditam que sim. Nivel
de poluição e emprego: Quando
perguntado se aceitaria um aumento no nível de poluição no município ONDE
reside, em troca de maiores oportunidades de emprego, 78,6% assinalaram a
opção “não”. Coleta
seletiva: Observa-se nesse quesito,
que apenas 34,4% das pessoas que participaram da pesquisa, fazem em suas casas
coleta seletiva do lixo, mostrando
que muito se fala em “coleta seletiva”, porém pouco se adota. Ministério
Público: Quando perguntado se é possível
recorrer ao Ministério Público para resolver problemas ambientais, tem-se um
bom nível de percepção por parte
da sociedade, onde 65,4% acreditam que sim. Agenda
21: Quando questionado a respeito do
programa de ação que reelabora idéias e formula propostas sobre
desenvolvimento, assim conhecido como Agenda 21, registra-se que apenas 4.2%
sabem o que é, e do que se trata. Formação
dos profissionais: Quando perguntado
em relação à formação profissional que as instituições de ensino superior
estão proporcionando a seus formandos, 62,6% acreditam que poucas são as
instituições que estão colocando no mercado, pessoas que sabem tratar dos
problemas ambientais, trazendo soluções inovadoras e aplicáveis. Crimes
ambientais: Foi perguntado a opinão
sobre “o que ocorre se uma pessoa cometer um crime contra o meio ambiente”,
e a percepção dos entrevistados foi boa, 56% da população amostral acredita
que uma das penas é a prisão. 4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS À luz dos resultados da pesquisa os
autores podem fazer algumas inferências para uma maior reflexão por parte da
sociedade, das instituições de ensino e do Poder Público. Através
da amostra pesquisada, pode ser destacado que a população não possui um
adequado nível de conhecimento da Legislação Ambiental básica e poucos
percebem que é possível promover mudanças apenas a partir de uma maior
conscientização da sociedade, ou seja, do aprimoramento do nível de cidadania
ambiental. Vale
observar, que mesmo não sabendo de que forma poderiam ajudar na preservação
ambiental, os participantes da pesquisa, em sua grande maioria acreditam que
“somos todos” responsáveis pelo meio ambiente, entrando em acordo com o
disposto no Art. 255 da Constituição Federal, onde “todos têm direito ao
meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial
à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo, para as presentes e futuras gerações.” Quanto ao fortalecimento da atuação da mídia
em relação a assuntos ligados ao
meio ambiente, é percebido um baixo nível de avaliação da atuação da
mesma. Segundo Souza e Fernandes (2002),: Se por um lado o interesse da mídia cresce
à medida que a sociedade também se organiza e cobra ações mais equilibradas
em relação ao meio ambiente, por outro temos o problema da qualidade do
material que se mostra na TV ou se publica nos jornais ou na Internet. Vale enfatizar que os veículos de comunicação
têm o poder de levar aos cidadãos, o conhecimento de assuntos variados, como
também os ambientais, proporcionando a formação de opinião (e ajuda a transformar e aumentar a
qualidade de vida) da sociedade. É observado, na opinião dos
entrevistados, que a falta de informação e aplicabilidade do conhecimento, é
resultado de um conjunto de fatores, político, econômico, cultural e tecnológico,
sendo fator imprescindível à conscientização da sociedade como agente
catalizador de todo o processo. É relevante que se comente, sobre as
Leis Ambientais. No Brasil, a Constituição Federal de 1988, ao dedicar,
de forma inovadora, todo um Capítulo ao Meio Ambiente, impôs como obrigação
da sociedade e do próprio Estado, a preservação e defesa ao Meio Ambiente,
podendo ser consideradas, desse modo, avançadas e bem elaboradas. De acordo com o resultado da pesquisa, é
notório que a sociedade acredita que o problema está na aplicação destas,
que por fatores dos mais diversos, inviabiliza e torna falha a sua execução. Outro ponto a ser observado, é o pouco
conhecimento por parte da sociedade da importância de instrumentos legais como
Licenciamento Ambiental e Audiências Públicas. Desde a Lei Federal nº 6.938,
de 31 de agosto de 1981, o licenciamento ambiental é um dos mais importantes
instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA, para o controle de
atividades efetivas ou potencialmente poluidoras, processo intimamente ligado,
aos empreendimentos de siginificativo impacto ambiental, a realização de Audiências
Públicas. Caraciolo (2000), cita o Art. 1º da Resolução
CONAMA nº 237/97, onde Licenciamento Ambiental é: O procedimento administrativo pelo qual o
órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação
e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais considerados efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que,
sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as
disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.
Quanto aos crimes ambientais, a sociedade
apresenta um bom nível de percepção de que de acordo com o Art. 60 da Lei
Federal 9.605/98, onde: Construir,
reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do Território
Nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem
licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando
as normas legais e regulamentares pertinentes aplica-se: pena – detenção, de
um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 5.
RECOMENDAÇÃO A pesquisa visou caracterizar e enfatizar a importância da compreensão
de como a sociedade percebe a legislação Ambiental básica, essencial a atuação
do cidadão frente aos problemas ambientais colocados à sua apreciação.
Portanto é essencial que sirva de estímulo à reflexão de todos que estão
ligados à discussão da temática ambiental, particularmente àqueles que
estruturam políticas públicas voltadas a Educação Ambiental. A pesquisa evidenciou ser um instrumento importante na identificação
e quantificação de não comformidade do conhecimento ambiental da
sociedade, contexto que propicia a definição de ações preventivas e
corretivas que induzam as mudanças necessárias. Deveria ser levada a outros municípios do estado de modo a assegurar,
segundo uma visão em âmbito estadual, o pleno conhecimento do estado da arte
da percepção ambiental da sociedade frente às necessidades de consolidação
da cidadania ambiental. 6.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BERDAGUE, C. et al. Percepção ambiental: a cidade versus seu
rio. In: FONTES, et al. (ORG.) Recursos Hídricos e percepção
ambiental no município de Viçosa, MG. Viçosa: Folha de Viçosa, 2006. BRASIL.
Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas de condutas e atividades lesivas ao meio amiente, e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, 13 de fev. 2000. Disponível em: <http://www.in.gov.br>.
Acesso em: 11 de maio de 2008. BRASIL.
Constituição (1988). Lei nº 8.974, de 05 de janeiro de 1995. Artigo 255. Constituição
[da] República Federativa do Brasil. Brasilia: Senado Federal, 1988. CARACIOLO,
P. M. de G. Aplostila de legislação
ambiental sobre licenciamento e fiscalização. Ministério do Meio
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Acesso em: 07 de maio de 2008.
FAGGIONATO,
Sandra. Percepção ambiental. Texto
disponibilizado em 2002. Disponivel em:<http://educar.sc.usp.br/biologia/textos/m_a_txt4.html>.
Acesso em: 03 de abr. de 2008. FERNANDES, R.
S. et al. Percepção ambiental dos
alunos da Faculdade Brasileira –
UNIVIX – Vitória / ES. Congresso Brasileiro de Pesquisas Ambientais e Saúde,
julho 2003, Santos – SP. E VII Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e
Meio Ambiente / ENGEMA, novembro de 2003, Fundação Getúlio Vargas,
Universidade de São Paulo.
SOUSA,
Cidoval M. de; FERNANDES, Francisco A. M. Mídia
e meio ambiente: limites e possibilidades. Artigo disponibilizado em 2002. Disponivel em: <http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/mmidiaemeioambiente-N2-2002.pdf>
Acesso em: 03 de abr. de 2008. OKAMOTO, Jun.
Percepção ambiental e comportamento.
São Paulo: Makenzie, 2003. 7.
AGRADECIMENTOS Alice
Destefani Salvador, Aline Elias Tosi, Ana
Carolina Rodrigues do Nascimento, Ana Paula Roncete de Oliveira, Anny Sampaio
Rampinelli de Andrade, Arthur Camuzzi Oliveira, Caroline Roris Silva, Clarissa
Massariol Oliveira, Edson Wander da Silva, Gabriela Bernardo Deorce, Giovanna
Roberta Galvão Metzker Alcântara, Grecco Chequer Cruz e Silva, João Marcos
Brazolino, Julia Zuccon Betini, Laura Sebastiana Breijão Fernandes, Lya de
Oliveira Moura, Luis Fernando Abbud Araújo, Márcio Xavier Quintino, Marco Vinícius
Mota Berto, Mariana Lopes Binda, Mariana Bossoes Biasutti, Milena Meyer Kautsky, Raphael
Heringer Cordeiro Ornelas, Rosimary Cardoso Duarte, Soraya Doellinger Assad, Thaise
Valério de Almeida, Mayke Meyer Miertschink. |